Tensão frouxa faz 'Antes de Dormir' se perder


As premissas para uma boa trama de suspense são dadas, mas, aos poucos, o desenvolvimento cai na mesmice

Por Luiz Zanin Oricchio

Christine Lucas (Nicole Kidman) acorda todo dia sem saber o que aconteceu na véspera. O homem com quem dorme tem de se apresentar todo santo dia como seu marido. Precisa também contar à esposa o que aconteceu. Depois de um acidente sofrido muitos anos atrás, o cérebro da mulher não mais retém as informações recebidas durante o dia. A cada manhã, Christine é uma página em branco. Esse é o mote de Antes de Dormir, suspense psicológico de Rowan Joffe.

reference
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Thriller que, diga-se, funciona apenas até certo ponto. Christine, guardadas as devidas proporções, é como a personagem de Mia Farrow em

O Bebê de Rosemary

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, de Roman Polanski. Embora as tramas dos dois filmes nada tenham em comum, a situação das personagens é a mesma, pelo menos num ponto fundamental: não sabem em quem acreditar nem a quem recorrer. Para Rosemary, todos podem ser bruxos, inclusive o marido. Christine logo começa a desconfiar que nem todos, e provavelmente ninguém, lhe diz a verdade. Privada de memória, não sabe a quem buscar para reconstruir seu passado enigmático.

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Ainda mais quando a trama se complica ao receber o telefonema de um médico, o Doutor Nasch (Mark Strong), que sustenta tê-la sob tratamento há um bom tempo. Ele indica como encontrar escondida numa caixa em seu guarda-roupas uma câmera de vídeo, na qual registra o dia anterior como forma de recordá-lo. Uma espécie de diário audiovisual.

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Com o auxílio deste médico, e da sua câmera, Christine tentará partir em busca da memória perdida. Como adicional, digamos, de insalubridade, Nasch sugere, sem entrar em detalhes, que talvez seja melhor Christine nada revelar do tratamento e da câmera ao marido, Ben (Colin Firth). Quer dizer, as premissas para uma boa trama de suspense estão dadas.

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Uma mulher doente e de passado incerto, que não sabe em quem confiar, rodeada de vários tipos que garantem apenas desejar-lhe o melhor, etc.

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Acontece que o desenvolvimento não fica à altura dos primeiros passos e, aos poucos, a história vai caindo nas armadilhas da mesmice até se deteriorar quase por completo.

Esse efeito não se dá por falta de credibilidade ficcional do elenco. Pelo contrário. Nicole encarna bem a fragilidade da sua personagem, mas, ao mesmo tempo sua determinação em superar-se. Firth talvez seja classudo demais para as nuances do papel que lhe cabe. Strong é o mais fraco de todos, e compõe um Dr. Nasch bastante monocórdio. Mas o problema não está aí, no time escalado para dar vida à história, mas à trama propriamente dita.

Existe uma regra básica para os filmes de suspense: o espectador não pode adivinhar a direção da trama e, menos ainda, seu desfecho. Quando isso acontece, há um enfraquecimento geral do efeito. Hitchcock, que era um perfeccionista, em sua longa entrevista a François Truffaut diz que o público não pode pensar que o cineasta o está enganando. Quando isso acontece, perde-se o espectador.

Em mais de um momento, experimenta-se em

Antes de Dormir

esse afrouxamento da tensão. Algumas passagens parecem artificiais demais, difíceis de engolir. Em outras, há o apelo a desenlaces bastante improváveis. Parece coisa mal escrita. Ou mal pensada, o que dá na mesma. E, com isso, o filme se perde.

Christine Lucas (Nicole Kidman) acorda todo dia sem saber o que aconteceu na véspera. O homem com quem dorme tem de se apresentar todo santo dia como seu marido. Precisa também contar à esposa o que aconteceu. Depois de um acidente sofrido muitos anos atrás, o cérebro da mulher não mais retém as informações recebidas durante o dia. A cada manhã, Christine é uma página em branco. Esse é o mote de Antes de Dormir, suspense psicológico de Rowan Joffe.

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Thriller que, diga-se, funciona apenas até certo ponto. Christine, guardadas as devidas proporções, é como a personagem de Mia Farrow em

O Bebê de Rosemary

, de Roman Polanski. Embora as tramas dos dois filmes nada tenham em comum, a situação das personagens é a mesma, pelo menos num ponto fundamental: não sabem em quem acreditar nem a quem recorrer. Para Rosemary, todos podem ser bruxos, inclusive o marido. Christine logo começa a desconfiar que nem todos, e provavelmente ninguém, lhe diz a verdade. Privada de memória, não sabe a quem buscar para reconstruir seu passado enigmático.

Ainda mais quando a trama se complica ao receber o telefonema de um médico, o Doutor Nasch (Mark Strong), que sustenta tê-la sob tratamento há um bom tempo. Ele indica como encontrar escondida numa caixa em seu guarda-roupas uma câmera de vídeo, na qual registra o dia anterior como forma de recordá-lo. Uma espécie de diário audiovisual.

Com o auxílio deste médico, e da sua câmera, Christine tentará partir em busca da memória perdida. Como adicional, digamos, de insalubridade, Nasch sugere, sem entrar em detalhes, que talvez seja melhor Christine nada revelar do tratamento e da câmera ao marido, Ben (Colin Firth). Quer dizer, as premissas para uma boa trama de suspense estão dadas.

Uma mulher doente e de passado incerto, que não sabe em quem confiar, rodeada de vários tipos que garantem apenas desejar-lhe o melhor, etc.

Acontece que o desenvolvimento não fica à altura dos primeiros passos e, aos poucos, a história vai caindo nas armadilhas da mesmice até se deteriorar quase por completo.

Esse efeito não se dá por falta de credibilidade ficcional do elenco. Pelo contrário. Nicole encarna bem a fragilidade da sua personagem, mas, ao mesmo tempo sua determinação em superar-se. Firth talvez seja classudo demais para as nuances do papel que lhe cabe. Strong é o mais fraco de todos, e compõe um Dr. Nasch bastante monocórdio. Mas o problema não está aí, no time escalado para dar vida à história, mas à trama propriamente dita.

Existe uma regra básica para os filmes de suspense: o espectador não pode adivinhar a direção da trama e, menos ainda, seu desfecho. Quando isso acontece, há um enfraquecimento geral do efeito. Hitchcock, que era um perfeccionista, em sua longa entrevista a François Truffaut diz que o público não pode pensar que o cineasta o está enganando. Quando isso acontece, perde-se o espectador.

Em mais de um momento, experimenta-se em

Antes de Dormir

esse afrouxamento da tensão. Algumas passagens parecem artificiais demais, difíceis de engolir. Em outras, há o apelo a desenlaces bastante improváveis. Parece coisa mal escrita. Ou mal pensada, o que dá na mesma. E, com isso, o filme se perde.

Christine Lucas (Nicole Kidman) acorda todo dia sem saber o que aconteceu na véspera. O homem com quem dorme tem de se apresentar todo santo dia como seu marido. Precisa também contar à esposa o que aconteceu. Depois de um acidente sofrido muitos anos atrás, o cérebro da mulher não mais retém as informações recebidas durante o dia. A cada manhã, Christine é uma página em branco. Esse é o mote de Antes de Dormir, suspense psicológico de Rowan Joffe.

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Thriller que, diga-se, funciona apenas até certo ponto. Christine, guardadas as devidas proporções, é como a personagem de Mia Farrow em

O Bebê de Rosemary

, de Roman Polanski. Embora as tramas dos dois filmes nada tenham em comum, a situação das personagens é a mesma, pelo menos num ponto fundamental: não sabem em quem acreditar nem a quem recorrer. Para Rosemary, todos podem ser bruxos, inclusive o marido. Christine logo começa a desconfiar que nem todos, e provavelmente ninguém, lhe diz a verdade. Privada de memória, não sabe a quem buscar para reconstruir seu passado enigmático.

Ainda mais quando a trama se complica ao receber o telefonema de um médico, o Doutor Nasch (Mark Strong), que sustenta tê-la sob tratamento há um bom tempo. Ele indica como encontrar escondida numa caixa em seu guarda-roupas uma câmera de vídeo, na qual registra o dia anterior como forma de recordá-lo. Uma espécie de diário audiovisual.

Com o auxílio deste médico, e da sua câmera, Christine tentará partir em busca da memória perdida. Como adicional, digamos, de insalubridade, Nasch sugere, sem entrar em detalhes, que talvez seja melhor Christine nada revelar do tratamento e da câmera ao marido, Ben (Colin Firth). Quer dizer, as premissas para uma boa trama de suspense estão dadas.

Uma mulher doente e de passado incerto, que não sabe em quem confiar, rodeada de vários tipos que garantem apenas desejar-lhe o melhor, etc.

Acontece que o desenvolvimento não fica à altura dos primeiros passos e, aos poucos, a história vai caindo nas armadilhas da mesmice até se deteriorar quase por completo.

Esse efeito não se dá por falta de credibilidade ficcional do elenco. Pelo contrário. Nicole encarna bem a fragilidade da sua personagem, mas, ao mesmo tempo sua determinação em superar-se. Firth talvez seja classudo demais para as nuances do papel que lhe cabe. Strong é o mais fraco de todos, e compõe um Dr. Nasch bastante monocórdio. Mas o problema não está aí, no time escalado para dar vida à história, mas à trama propriamente dita.

Existe uma regra básica para os filmes de suspense: o espectador não pode adivinhar a direção da trama e, menos ainda, seu desfecho. Quando isso acontece, há um enfraquecimento geral do efeito. Hitchcock, que era um perfeccionista, em sua longa entrevista a François Truffaut diz que o público não pode pensar que o cineasta o está enganando. Quando isso acontece, perde-se o espectador.

Em mais de um momento, experimenta-se em

Antes de Dormir

esse afrouxamento da tensão. Algumas passagens parecem artificiais demais, difíceis de engolir. Em outras, há o apelo a desenlaces bastante improváveis. Parece coisa mal escrita. Ou mal pensada, o que dá na mesma. E, com isso, o filme se perde.

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