'Um Broto Legal': Celly Campello superou preconceito e deu voz ao rock nacional


Longa traz Mariana Alexandre no papel da roqueira, que marcou o cenário musical dos anos 1950 e 1960; veja trailer

Por Luiz Carlos Merten

Comemorou-se no domingo, 19, o Dia do Cinema Brasileiro. Haveria muito a festejar, em termos de qualidade, filmes como Espero Que Esta Te Encontre e Estejas Bem, Amigo Secreto e Um Broto Legal, mas a frequência continua baixa. Muita gente ainda tem medo de voltar às salas e os jovens, mais destemidos, correm para ver os blockbusters. O cinema brasileiro continua mendigando no próprio mercado. 

Luiz Alberto Pereira, o Gal, conseguiu 25 salas em todo o País para a sua cinebiografia da pioneira do rock nacional, Celly Campello. Apenas 25! - e em algumas o horário nem é cheio. 

Marianna Alexandre é Celly Campello no filme 'Um Broto Legal' Foto: Pandora Filmes
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Havia a expectativa, mesmo assim, de um público razoável. Marianna Alexandre, que faz o papel, tem mais de 6 milhões de seguidores nas redes sociais e os coroas - de 60 e 70 anos - com certeza se lembram de Celly. "O-ó que broto legal, garota fenomenal/Fez um sucesso total/E abafou no festival." O filme fez míseros 3 mil espectadores no fim de semana. Merecia muito mais. Gal Pereira tem no currículo cinebiografias como Hans Staden. É o primeiro a reconhecer que Um Broto Legal é muito diferente. Está mais no espírito de Tapete Vermelho, sua bela celebração da figura de Mazzaropi, com antológica interpretação de Matheus Nachtergaele como o jeca. 

Gal conta sua motivação. Ele também é de Taubaté, como Celly e o irmão, Tony. Conhece aquele clube, a piscina, a rádio em que ela cantava, mas a verdadeira motivação foi outra. “Era muito pequeno, mas percebia o frisson da juventude, da minha irmã, que sabia de memória todas as músicas da Celly. Sua intenção era aprofundar o comportamento de uma garotada que encontrava, no rock nacional que estava surgindo - estou falando do fim dos anos 1950 -, o seu próprio caminho.” 

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Ajudou muito o fato de o corroteirista Dimas de Oliveira Jr. ter conhecido Celly e até ter assistido a muitos dos seus shows. “Era fundamental captar o espírito da época, tanto no comportamento dos jovens como nas locações e nos traços culturais.” Há uma ingenuidade calculada, e muito carinho na relação dos irmãos. 

Tony, que saiu de Taubaté para fazer carreira em São Paulo, impôs a irmã. Foi até quem a renomeou - era Célia, virou Celly. “Ela morreu em 2003, mas o Tony segue vivo e deu dicas muito importantes.” Gírias, a relação dos artistas com as gravadoras. Tony contou muitas histórias que estão no filme. Emprestou objetos de sua coleção para garantir a autenticidade. “E, claro, fizemos uma extensa pesquisa no Museu da Imagem e do Som, que tem um arquivo musical bem preservado, com grandes entrevistas de muitos artistas.” 

Marianna Alexandre é Celly Campello e Murilo Armacollo, seu irmão, Tony, no filme 'Um Broto Legal' Foto: Pandora Filmes
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No sábado, 18, Celly teria feito 80 anos. Estava no auge, colecionando sucessos como Um Broto Legal, Banho de Lua e Estúpido Cupido, quando abandonou a carreira por amor. O namorado, futuro marido, não queria uma mulher artista. “Era uma época de muito preconceito, e é disso que o filme também fala”, esclarece o diretor. 

A época, o tom, tudo representava desafio, e ainda havia o “quem?” Quem poderia fazer o papel? Teria de ser bonita, carismática, teria de cantar e atuar. “Testei muitas garotas, mas quando a Marianna sentou ao piano e tocou e cantou Estúpido Cupido, a busca acabou. Tinha de ser ela.” Murilo Armacollo, que faz o irmão, “foi outro achado maravilhoso. Os dois vieram dos musicais. Fizeram três juntos”. 

A cantora Celly Campello Foto: Acervo Estadão
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E ainda houve a contribuição do restante do elenco. Claudio Fontana, conhecido da TV e do teatro, faz o assessor de imprensa da gravadora. O próprio Fontana conta: “O Gal é um diretor muito aberto a sugestões. Tudo o que pode tornar o filme melhor ele aceita. Propus que o meu personagem fosse uma espécie de papagaio, ou de grilo falante. Ele fica repetindo, feito eco, as palavras do dono da gravadora. Ficou engraçado”. 

Ainda há tempo de aumentar o público de Um Broto Legal. 3 mil e um, dois. Como na letra da música: “O broto então se revelou/Mostrou ser maioral/A turma toda até parou/No rock’n’roll nós dois demos um show”. 

Comemorou-se no domingo, 19, o Dia do Cinema Brasileiro. Haveria muito a festejar, em termos de qualidade, filmes como Espero Que Esta Te Encontre e Estejas Bem, Amigo Secreto e Um Broto Legal, mas a frequência continua baixa. Muita gente ainda tem medo de voltar às salas e os jovens, mais destemidos, correm para ver os blockbusters. O cinema brasileiro continua mendigando no próprio mercado. 

Luiz Alberto Pereira, o Gal, conseguiu 25 salas em todo o País para a sua cinebiografia da pioneira do rock nacional, Celly Campello. Apenas 25! - e em algumas o horário nem é cheio. 

Marianna Alexandre é Celly Campello no filme 'Um Broto Legal' Foto: Pandora Filmes

Havia a expectativa, mesmo assim, de um público razoável. Marianna Alexandre, que faz o papel, tem mais de 6 milhões de seguidores nas redes sociais e os coroas - de 60 e 70 anos - com certeza se lembram de Celly. "O-ó que broto legal, garota fenomenal/Fez um sucesso total/E abafou no festival." O filme fez míseros 3 mil espectadores no fim de semana. Merecia muito mais. Gal Pereira tem no currículo cinebiografias como Hans Staden. É o primeiro a reconhecer que Um Broto Legal é muito diferente. Está mais no espírito de Tapete Vermelho, sua bela celebração da figura de Mazzaropi, com antológica interpretação de Matheus Nachtergaele como o jeca. 

Gal conta sua motivação. Ele também é de Taubaté, como Celly e o irmão, Tony. Conhece aquele clube, a piscina, a rádio em que ela cantava, mas a verdadeira motivação foi outra. “Era muito pequeno, mas percebia o frisson da juventude, da minha irmã, que sabia de memória todas as músicas da Celly. Sua intenção era aprofundar o comportamento de uma garotada que encontrava, no rock nacional que estava surgindo - estou falando do fim dos anos 1950 -, o seu próprio caminho.” 

Ajudou muito o fato de o corroteirista Dimas de Oliveira Jr. ter conhecido Celly e até ter assistido a muitos dos seus shows. “Era fundamental captar o espírito da época, tanto no comportamento dos jovens como nas locações e nos traços culturais.” Há uma ingenuidade calculada, e muito carinho na relação dos irmãos. 

Tony, que saiu de Taubaté para fazer carreira em São Paulo, impôs a irmã. Foi até quem a renomeou - era Célia, virou Celly. “Ela morreu em 2003, mas o Tony segue vivo e deu dicas muito importantes.” Gírias, a relação dos artistas com as gravadoras. Tony contou muitas histórias que estão no filme. Emprestou objetos de sua coleção para garantir a autenticidade. “E, claro, fizemos uma extensa pesquisa no Museu da Imagem e do Som, que tem um arquivo musical bem preservado, com grandes entrevistas de muitos artistas.” 

Marianna Alexandre é Celly Campello e Murilo Armacollo, seu irmão, Tony, no filme 'Um Broto Legal' Foto: Pandora Filmes

No sábado, 18, Celly teria feito 80 anos. Estava no auge, colecionando sucessos como Um Broto Legal, Banho de Lua e Estúpido Cupido, quando abandonou a carreira por amor. O namorado, futuro marido, não queria uma mulher artista. “Era uma época de muito preconceito, e é disso que o filme também fala”, esclarece o diretor. 

A época, o tom, tudo representava desafio, e ainda havia o “quem?” Quem poderia fazer o papel? Teria de ser bonita, carismática, teria de cantar e atuar. “Testei muitas garotas, mas quando a Marianna sentou ao piano e tocou e cantou Estúpido Cupido, a busca acabou. Tinha de ser ela.” Murilo Armacollo, que faz o irmão, “foi outro achado maravilhoso. Os dois vieram dos musicais. Fizeram três juntos”. 

A cantora Celly Campello Foto: Acervo Estadão

E ainda houve a contribuição do restante do elenco. Claudio Fontana, conhecido da TV e do teatro, faz o assessor de imprensa da gravadora. O próprio Fontana conta: “O Gal é um diretor muito aberto a sugestões. Tudo o que pode tornar o filme melhor ele aceita. Propus que o meu personagem fosse uma espécie de papagaio, ou de grilo falante. Ele fica repetindo, feito eco, as palavras do dono da gravadora. Ficou engraçado”. 

Ainda há tempo de aumentar o público de Um Broto Legal. 3 mil e um, dois. Como na letra da música: “O broto então se revelou/Mostrou ser maioral/A turma toda até parou/No rock’n’roll nós dois demos um show”. 

Comemorou-se no domingo, 19, o Dia do Cinema Brasileiro. Haveria muito a festejar, em termos de qualidade, filmes como Espero Que Esta Te Encontre e Estejas Bem, Amigo Secreto e Um Broto Legal, mas a frequência continua baixa. Muita gente ainda tem medo de voltar às salas e os jovens, mais destemidos, correm para ver os blockbusters. O cinema brasileiro continua mendigando no próprio mercado. 

Luiz Alberto Pereira, o Gal, conseguiu 25 salas em todo o País para a sua cinebiografia da pioneira do rock nacional, Celly Campello. Apenas 25! - e em algumas o horário nem é cheio. 

Marianna Alexandre é Celly Campello no filme 'Um Broto Legal' Foto: Pandora Filmes

Havia a expectativa, mesmo assim, de um público razoável. Marianna Alexandre, que faz o papel, tem mais de 6 milhões de seguidores nas redes sociais e os coroas - de 60 e 70 anos - com certeza se lembram de Celly. "O-ó que broto legal, garota fenomenal/Fez um sucesso total/E abafou no festival." O filme fez míseros 3 mil espectadores no fim de semana. Merecia muito mais. Gal Pereira tem no currículo cinebiografias como Hans Staden. É o primeiro a reconhecer que Um Broto Legal é muito diferente. Está mais no espírito de Tapete Vermelho, sua bela celebração da figura de Mazzaropi, com antológica interpretação de Matheus Nachtergaele como o jeca. 

Gal conta sua motivação. Ele também é de Taubaté, como Celly e o irmão, Tony. Conhece aquele clube, a piscina, a rádio em que ela cantava, mas a verdadeira motivação foi outra. “Era muito pequeno, mas percebia o frisson da juventude, da minha irmã, que sabia de memória todas as músicas da Celly. Sua intenção era aprofundar o comportamento de uma garotada que encontrava, no rock nacional que estava surgindo - estou falando do fim dos anos 1950 -, o seu próprio caminho.” 

Ajudou muito o fato de o corroteirista Dimas de Oliveira Jr. ter conhecido Celly e até ter assistido a muitos dos seus shows. “Era fundamental captar o espírito da época, tanto no comportamento dos jovens como nas locações e nos traços culturais.” Há uma ingenuidade calculada, e muito carinho na relação dos irmãos. 

Tony, que saiu de Taubaté para fazer carreira em São Paulo, impôs a irmã. Foi até quem a renomeou - era Célia, virou Celly. “Ela morreu em 2003, mas o Tony segue vivo e deu dicas muito importantes.” Gírias, a relação dos artistas com as gravadoras. Tony contou muitas histórias que estão no filme. Emprestou objetos de sua coleção para garantir a autenticidade. “E, claro, fizemos uma extensa pesquisa no Museu da Imagem e do Som, que tem um arquivo musical bem preservado, com grandes entrevistas de muitos artistas.” 

Marianna Alexandre é Celly Campello e Murilo Armacollo, seu irmão, Tony, no filme 'Um Broto Legal' Foto: Pandora Filmes

No sábado, 18, Celly teria feito 80 anos. Estava no auge, colecionando sucessos como Um Broto Legal, Banho de Lua e Estúpido Cupido, quando abandonou a carreira por amor. O namorado, futuro marido, não queria uma mulher artista. “Era uma época de muito preconceito, e é disso que o filme também fala”, esclarece o diretor. 

A época, o tom, tudo representava desafio, e ainda havia o “quem?” Quem poderia fazer o papel? Teria de ser bonita, carismática, teria de cantar e atuar. “Testei muitas garotas, mas quando a Marianna sentou ao piano e tocou e cantou Estúpido Cupido, a busca acabou. Tinha de ser ela.” Murilo Armacollo, que faz o irmão, “foi outro achado maravilhoso. Os dois vieram dos musicais. Fizeram três juntos”. 

A cantora Celly Campello Foto: Acervo Estadão

E ainda houve a contribuição do restante do elenco. Claudio Fontana, conhecido da TV e do teatro, faz o assessor de imprensa da gravadora. O próprio Fontana conta: “O Gal é um diretor muito aberto a sugestões. Tudo o que pode tornar o filme melhor ele aceita. Propus que o meu personagem fosse uma espécie de papagaio, ou de grilo falante. Ele fica repetindo, feito eco, as palavras do dono da gravadora. Ficou engraçado”. 

Ainda há tempo de aumentar o público de Um Broto Legal. 3 mil e um, dois. Como na letra da música: “O broto então se revelou/Mostrou ser maioral/A turma toda até parou/No rock’n’roll nós dois demos um show”. 

Comemorou-se no domingo, 19, o Dia do Cinema Brasileiro. Haveria muito a festejar, em termos de qualidade, filmes como Espero Que Esta Te Encontre e Estejas Bem, Amigo Secreto e Um Broto Legal, mas a frequência continua baixa. Muita gente ainda tem medo de voltar às salas e os jovens, mais destemidos, correm para ver os blockbusters. O cinema brasileiro continua mendigando no próprio mercado. 

Luiz Alberto Pereira, o Gal, conseguiu 25 salas em todo o País para a sua cinebiografia da pioneira do rock nacional, Celly Campello. Apenas 25! - e em algumas o horário nem é cheio. 

Marianna Alexandre é Celly Campello no filme 'Um Broto Legal' Foto: Pandora Filmes

Havia a expectativa, mesmo assim, de um público razoável. Marianna Alexandre, que faz o papel, tem mais de 6 milhões de seguidores nas redes sociais e os coroas - de 60 e 70 anos - com certeza se lembram de Celly. "O-ó que broto legal, garota fenomenal/Fez um sucesso total/E abafou no festival." O filme fez míseros 3 mil espectadores no fim de semana. Merecia muito mais. Gal Pereira tem no currículo cinebiografias como Hans Staden. É o primeiro a reconhecer que Um Broto Legal é muito diferente. Está mais no espírito de Tapete Vermelho, sua bela celebração da figura de Mazzaropi, com antológica interpretação de Matheus Nachtergaele como o jeca. 

Gal conta sua motivação. Ele também é de Taubaté, como Celly e o irmão, Tony. Conhece aquele clube, a piscina, a rádio em que ela cantava, mas a verdadeira motivação foi outra. “Era muito pequeno, mas percebia o frisson da juventude, da minha irmã, que sabia de memória todas as músicas da Celly. Sua intenção era aprofundar o comportamento de uma garotada que encontrava, no rock nacional que estava surgindo - estou falando do fim dos anos 1950 -, o seu próprio caminho.” 

Ajudou muito o fato de o corroteirista Dimas de Oliveira Jr. ter conhecido Celly e até ter assistido a muitos dos seus shows. “Era fundamental captar o espírito da época, tanto no comportamento dos jovens como nas locações e nos traços culturais.” Há uma ingenuidade calculada, e muito carinho na relação dos irmãos. 

Tony, que saiu de Taubaté para fazer carreira em São Paulo, impôs a irmã. Foi até quem a renomeou - era Célia, virou Celly. “Ela morreu em 2003, mas o Tony segue vivo e deu dicas muito importantes.” Gírias, a relação dos artistas com as gravadoras. Tony contou muitas histórias que estão no filme. Emprestou objetos de sua coleção para garantir a autenticidade. “E, claro, fizemos uma extensa pesquisa no Museu da Imagem e do Som, que tem um arquivo musical bem preservado, com grandes entrevistas de muitos artistas.” 

Marianna Alexandre é Celly Campello e Murilo Armacollo, seu irmão, Tony, no filme 'Um Broto Legal' Foto: Pandora Filmes

No sábado, 18, Celly teria feito 80 anos. Estava no auge, colecionando sucessos como Um Broto Legal, Banho de Lua e Estúpido Cupido, quando abandonou a carreira por amor. O namorado, futuro marido, não queria uma mulher artista. “Era uma época de muito preconceito, e é disso que o filme também fala”, esclarece o diretor. 

A época, o tom, tudo representava desafio, e ainda havia o “quem?” Quem poderia fazer o papel? Teria de ser bonita, carismática, teria de cantar e atuar. “Testei muitas garotas, mas quando a Marianna sentou ao piano e tocou e cantou Estúpido Cupido, a busca acabou. Tinha de ser ela.” Murilo Armacollo, que faz o irmão, “foi outro achado maravilhoso. Os dois vieram dos musicais. Fizeram três juntos”. 

A cantora Celly Campello Foto: Acervo Estadão

E ainda houve a contribuição do restante do elenco. Claudio Fontana, conhecido da TV e do teatro, faz o assessor de imprensa da gravadora. O próprio Fontana conta: “O Gal é um diretor muito aberto a sugestões. Tudo o que pode tornar o filme melhor ele aceita. Propus que o meu personagem fosse uma espécie de papagaio, ou de grilo falante. Ele fica repetindo, feito eco, as palavras do dono da gravadora. Ficou engraçado”. 

Ainda há tempo de aumentar o público de Um Broto Legal. 3 mil e um, dois. Como na letra da música: “O broto então se revelou/Mostrou ser maioral/A turma toda até parou/No rock’n’roll nós dois demos um show”. 

Comemorou-se no domingo, 19, o Dia do Cinema Brasileiro. Haveria muito a festejar, em termos de qualidade, filmes como Espero Que Esta Te Encontre e Estejas Bem, Amigo Secreto e Um Broto Legal, mas a frequência continua baixa. Muita gente ainda tem medo de voltar às salas e os jovens, mais destemidos, correm para ver os blockbusters. O cinema brasileiro continua mendigando no próprio mercado. 

Luiz Alberto Pereira, o Gal, conseguiu 25 salas em todo o País para a sua cinebiografia da pioneira do rock nacional, Celly Campello. Apenas 25! - e em algumas o horário nem é cheio. 

Marianna Alexandre é Celly Campello no filme 'Um Broto Legal' Foto: Pandora Filmes

Havia a expectativa, mesmo assim, de um público razoável. Marianna Alexandre, que faz o papel, tem mais de 6 milhões de seguidores nas redes sociais e os coroas - de 60 e 70 anos - com certeza se lembram de Celly. "O-ó que broto legal, garota fenomenal/Fez um sucesso total/E abafou no festival." O filme fez míseros 3 mil espectadores no fim de semana. Merecia muito mais. Gal Pereira tem no currículo cinebiografias como Hans Staden. É o primeiro a reconhecer que Um Broto Legal é muito diferente. Está mais no espírito de Tapete Vermelho, sua bela celebração da figura de Mazzaropi, com antológica interpretação de Matheus Nachtergaele como o jeca. 

Gal conta sua motivação. Ele também é de Taubaté, como Celly e o irmão, Tony. Conhece aquele clube, a piscina, a rádio em que ela cantava, mas a verdadeira motivação foi outra. “Era muito pequeno, mas percebia o frisson da juventude, da minha irmã, que sabia de memória todas as músicas da Celly. Sua intenção era aprofundar o comportamento de uma garotada que encontrava, no rock nacional que estava surgindo - estou falando do fim dos anos 1950 -, o seu próprio caminho.” 

Ajudou muito o fato de o corroteirista Dimas de Oliveira Jr. ter conhecido Celly e até ter assistido a muitos dos seus shows. “Era fundamental captar o espírito da época, tanto no comportamento dos jovens como nas locações e nos traços culturais.” Há uma ingenuidade calculada, e muito carinho na relação dos irmãos. 

Tony, que saiu de Taubaté para fazer carreira em São Paulo, impôs a irmã. Foi até quem a renomeou - era Célia, virou Celly. “Ela morreu em 2003, mas o Tony segue vivo e deu dicas muito importantes.” Gírias, a relação dos artistas com as gravadoras. Tony contou muitas histórias que estão no filme. Emprestou objetos de sua coleção para garantir a autenticidade. “E, claro, fizemos uma extensa pesquisa no Museu da Imagem e do Som, que tem um arquivo musical bem preservado, com grandes entrevistas de muitos artistas.” 

Marianna Alexandre é Celly Campello e Murilo Armacollo, seu irmão, Tony, no filme 'Um Broto Legal' Foto: Pandora Filmes

No sábado, 18, Celly teria feito 80 anos. Estava no auge, colecionando sucessos como Um Broto Legal, Banho de Lua e Estúpido Cupido, quando abandonou a carreira por amor. O namorado, futuro marido, não queria uma mulher artista. “Era uma época de muito preconceito, e é disso que o filme também fala”, esclarece o diretor. 

A época, o tom, tudo representava desafio, e ainda havia o “quem?” Quem poderia fazer o papel? Teria de ser bonita, carismática, teria de cantar e atuar. “Testei muitas garotas, mas quando a Marianna sentou ao piano e tocou e cantou Estúpido Cupido, a busca acabou. Tinha de ser ela.” Murilo Armacollo, que faz o irmão, “foi outro achado maravilhoso. Os dois vieram dos musicais. Fizeram três juntos”. 

A cantora Celly Campello Foto: Acervo Estadão

E ainda houve a contribuição do restante do elenco. Claudio Fontana, conhecido da TV e do teatro, faz o assessor de imprensa da gravadora. O próprio Fontana conta: “O Gal é um diretor muito aberto a sugestões. Tudo o que pode tornar o filme melhor ele aceita. Propus que o meu personagem fosse uma espécie de papagaio, ou de grilo falante. Ele fica repetindo, feito eco, as palavras do dono da gravadora. Ficou engraçado”. 

Ainda há tempo de aumentar o público de Um Broto Legal. 3 mil e um, dois. Como na letra da música: “O broto então se revelou/Mostrou ser maioral/A turma toda até parou/No rock’n’roll nós dois demos um show”. 

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