‘Barbie’ renova blockbusters ao entender imaginário de metade da população mundial: nós, mulheres


Ao elencar referências de ‘Grease’ a ‘Orgulho e Preconceito’, longa brinca com a cultura ‘de menininha’, como uma grande piada interna entre milhões de mulheres ocidentais; leia análise

Por Dora Guerra
Atualização:

Blockbuster é blockbuster por um motivo. Com Barbie, me lembrei de qual é esse motivo.

Com tantos filmes dos universos Marvel e DC que marcaram a última década, nem sempre foi possível acompanhar essa onda cultural. Apesar de haver uma tentativa de retratação por parte desses filmes – “mulheres podem ser super-heroínas ou, no mínimo, donzelas que não estão em apuros”, sugerem as tramas –, raramente enxerguei essas obras como feitas para mulheres. Na minha experiência pessoal, tudo bem: eu não cresci lendo quadrinhos do Homem-Aranha.

Mas eu cresci brincando com Barbies. Esse universo cor-de-rosa era o que me cercava na infância, até que a adolescência me fez acreditar que a feminilidade excessiva (e rosa!) era sinal de fraqueza. Foi essa história – a minha e de tantas outras mulheres no mundo – que Barbie, o longa-metragem, soube reconhecer.

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Margot Robbie como Barbie Foto: Reprodução Instagram @warnerbrosbr

O filme, dirigido e co-roteirizado por Greta Gerwig, faz uso quase desenfreado de piadas e referências para dizer, sem sutileza, que entende o lugar que essas bonecas ocupam no nosso imaginário. E afirma: Barbie não é a salvadora, tampouco a vilã da experiência feminina. Mas é uma representação dela.

Barbie é um longa que retrata situações aparentemente particulares para nós, mas que, quando ditas em voz alta, são perceptivelmente universais. Desde as brincadeiras com a companhia da mãe (e os rabiscos criativos na cara de uma boneca) até as pressões estéticas e o medo de não ser boa o suficiente, todas as questões abordadas dizem da vida de uma mulher.

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Na verdade, o filme parece uma lista de easter eggs da experiência feminina. Ao elencar referências de Grease a Orgulho e Preconceito, o longa também brinca com a cultura “de menininha”, como uma grande piada interna entre milhões de mulheres ocidentais. Parece uma resposta à minha versão adolescente: não é porque é rosa, ou para meninas, que é menos válido.

A personagem Barbie em sua terra, a Barbielândia Foto: Warner Bros. / AP

Mas Barbie não pretende ser uma obra de filosofia feminista; pretende ser (e é) um filme leve. E por isso, o bom humor nos carrega pela trama sem que a gente saia estafado. É uma experiência divertida, sorridente e levemente surreal, como era brincar de Barbie. E ainda que o longa faça críticas aos homens, este não os exclui.

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Só não foi feito pensando neles especificamente. Foi feito pensando em nós, mulheres. E se o público visado é praticamente metade da população mundial, acredito que ainda seja um blockbuster.

Blockbuster é blockbuster por um motivo. Com Barbie, me lembrei de qual é esse motivo.

Com tantos filmes dos universos Marvel e DC que marcaram a última década, nem sempre foi possível acompanhar essa onda cultural. Apesar de haver uma tentativa de retratação por parte desses filmes – “mulheres podem ser super-heroínas ou, no mínimo, donzelas que não estão em apuros”, sugerem as tramas –, raramente enxerguei essas obras como feitas para mulheres. Na minha experiência pessoal, tudo bem: eu não cresci lendo quadrinhos do Homem-Aranha.

Mas eu cresci brincando com Barbies. Esse universo cor-de-rosa era o que me cercava na infância, até que a adolescência me fez acreditar que a feminilidade excessiva (e rosa!) era sinal de fraqueza. Foi essa história – a minha e de tantas outras mulheres no mundo – que Barbie, o longa-metragem, soube reconhecer.

Margot Robbie como Barbie Foto: Reprodução Instagram @warnerbrosbr

O filme, dirigido e co-roteirizado por Greta Gerwig, faz uso quase desenfreado de piadas e referências para dizer, sem sutileza, que entende o lugar que essas bonecas ocupam no nosso imaginário. E afirma: Barbie não é a salvadora, tampouco a vilã da experiência feminina. Mas é uma representação dela.

Barbie é um longa que retrata situações aparentemente particulares para nós, mas que, quando ditas em voz alta, são perceptivelmente universais. Desde as brincadeiras com a companhia da mãe (e os rabiscos criativos na cara de uma boneca) até as pressões estéticas e o medo de não ser boa o suficiente, todas as questões abordadas dizem da vida de uma mulher.

Na verdade, o filme parece uma lista de easter eggs da experiência feminina. Ao elencar referências de Grease a Orgulho e Preconceito, o longa também brinca com a cultura “de menininha”, como uma grande piada interna entre milhões de mulheres ocidentais. Parece uma resposta à minha versão adolescente: não é porque é rosa, ou para meninas, que é menos válido.

A personagem Barbie em sua terra, a Barbielândia Foto: Warner Bros. / AP

Mas Barbie não pretende ser uma obra de filosofia feminista; pretende ser (e é) um filme leve. E por isso, o bom humor nos carrega pela trama sem que a gente saia estafado. É uma experiência divertida, sorridente e levemente surreal, como era brincar de Barbie. E ainda que o longa faça críticas aos homens, este não os exclui.

Só não foi feito pensando neles especificamente. Foi feito pensando em nós, mulheres. E se o público visado é praticamente metade da população mundial, acredito que ainda seja um blockbuster.

Blockbuster é blockbuster por um motivo. Com Barbie, me lembrei de qual é esse motivo.

Com tantos filmes dos universos Marvel e DC que marcaram a última década, nem sempre foi possível acompanhar essa onda cultural. Apesar de haver uma tentativa de retratação por parte desses filmes – “mulheres podem ser super-heroínas ou, no mínimo, donzelas que não estão em apuros”, sugerem as tramas –, raramente enxerguei essas obras como feitas para mulheres. Na minha experiência pessoal, tudo bem: eu não cresci lendo quadrinhos do Homem-Aranha.

Mas eu cresci brincando com Barbies. Esse universo cor-de-rosa era o que me cercava na infância, até que a adolescência me fez acreditar que a feminilidade excessiva (e rosa!) era sinal de fraqueza. Foi essa história – a minha e de tantas outras mulheres no mundo – que Barbie, o longa-metragem, soube reconhecer.

Margot Robbie como Barbie Foto: Reprodução Instagram @warnerbrosbr

O filme, dirigido e co-roteirizado por Greta Gerwig, faz uso quase desenfreado de piadas e referências para dizer, sem sutileza, que entende o lugar que essas bonecas ocupam no nosso imaginário. E afirma: Barbie não é a salvadora, tampouco a vilã da experiência feminina. Mas é uma representação dela.

Barbie é um longa que retrata situações aparentemente particulares para nós, mas que, quando ditas em voz alta, são perceptivelmente universais. Desde as brincadeiras com a companhia da mãe (e os rabiscos criativos na cara de uma boneca) até as pressões estéticas e o medo de não ser boa o suficiente, todas as questões abordadas dizem da vida de uma mulher.

Na verdade, o filme parece uma lista de easter eggs da experiência feminina. Ao elencar referências de Grease a Orgulho e Preconceito, o longa também brinca com a cultura “de menininha”, como uma grande piada interna entre milhões de mulheres ocidentais. Parece uma resposta à minha versão adolescente: não é porque é rosa, ou para meninas, que é menos válido.

A personagem Barbie em sua terra, a Barbielândia Foto: Warner Bros. / AP

Mas Barbie não pretende ser uma obra de filosofia feminista; pretende ser (e é) um filme leve. E por isso, o bom humor nos carrega pela trama sem que a gente saia estafado. É uma experiência divertida, sorridente e levemente surreal, como era brincar de Barbie. E ainda que o longa faça críticas aos homens, este não os exclui.

Só não foi feito pensando neles especificamente. Foi feito pensando em nós, mulheres. E se o público visado é praticamente metade da população mundial, acredito que ainda seja um blockbuster.

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