Wagner Moura estreia ‘Sergio’ no Festival de Sundance


Filme lembra trajetória do diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, morto em atentado terrorista em Bagdá em 2003; ator conversou com o 'Estado' no Festival

Por Guilherme Sobota
Atualização:

PARK CITY, UTAH - Wagner Moura acaba de acrescentar ao seu currículo mais um trabalho no cinema: ele já foi capitão, piloto da Força Aérea cubana, salva-vidas de uma praia, hacker de ficção científica, entre outros – agora, ele vive o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello (1948-2003), Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, no filme Sergio, produção que chega aos cinemas e à Netflix em abril. 

O longa teve sua estreia mundial na terça, 28, fora de competição, no Festival de Cinema de Sundance, nos EUA, onde Moura também é membro do júri na categoria ficção internacional.

Filme se baseia no livro O Homem Que Queria Salvar o Mundo – Uma Biografia de Sérgio Vieira de Mello, escrito pela diplomata americana Samantha Power. Dirigido por Greg Barker, que já havia produzido o documentário biográfico Sergio para a HBO, o longa é uma ficção que se concentra nos últimos anos de vida de Sérgio, como o brasileiro era mais conhecido. Interpretado por Wagner Moura, o diplomata acaba se envolvendo afetivamente com a economista argentina Carolina Larriera (Ana de Armas), que só em 2o17 foi reconhecida pela Justiça brasileira como esposa de Sérgio. 

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Wagner Moura interpreta o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello no filme 'Sergio' Foto: Netflix

Carolina foi a última pessoa próxima a ver o diplomata com vida. Ele foi morto num atentando terrorista à sede da ONU em Bagdá, Iraque, em 19 de agosto de 2003, quando exercia sua função de tentar restabelecer a democracia no país após a invasão do Exército americano, que levou à queda de Saddam Hussein.

O filme explora também o tempo que Sérgio passou como representante especial da Administração Transitória da ONU no Timor-Leste, entre 1999 e 2002, na qual foi bem-sucedido ao criar uma nova Constituição e deixar o país como uma democracia. Antes disso, ele já havia atuado com bons resultados em várias missões em países como Bangladesh, Chipre, Moçambique, Líbano e Camboja. Cotado para ser o sucessor de Kofi Annan como secretário-geral da ONU, Sérgio aceitou com relutância a tarefa no Iraque, e encontrou muita resistência americana para o seu trabalho. 

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O atentado à bomba que o matou foi mais tarde reivindicado pela Al-Qaeda, que confirmou que o brasileiro era o alvo principal. A linha condutora do filme, que funciona com diversos flashbacks, é o tempo que Sérgio passou preso nos destroços da explosão.

Sergio faz parte do projeto de Wagner Moura de produzir filmes sobre figuras latinas sem reproduzir estereótipos. “Não é uma negação a Narcos, acho que a série teve uma grande importância política”, lembra Moura ao Estado, em Sundance. “O grupo latino é o mais sub-representado em Hollywood, não apenas no porcentual de atores na tela, mas na maneira como suas histórias são contadas”, ressalta. 

Depois de ler o livro de Power e assistir ao documentário de Baker (que já tinha o direito sobre a história), entrou em contato com o diretor e descobriu que ele também queria fazer um novo filme. “A ambição era falar sobre empatia.” Para o ator e produtor, Sérgio foi um dos últimos grandes líderes mundiais a ter essa característica.

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Moura fez contato com os filhos de Sérgio, que vivem em Genebra, e com Carolina, que hoje mora no Rio e é professora universitária, mas conta que houve relutância em relação à nova produção. “Existe uma disputa de narrativas com relação à vida de Sérgio”, diz. “Mas nosso projeto está baseado sobretudo no livro da Samantha e em outras pesquisas.”

O ator também e explica que quando trabalha com personagem real procura não gerar expectativa de que vai ser ele, afinal, a pessoa que vai fazer o papel. 

A história continua tendo força porque Sérgio era um ser político, brasileiro, que acabou assassinado por conta da sua atuação em defesa dos direitos humanos. “Esse projeto faz sentido na minha trajetória”, conta Moura. “Vivemos em um mundo em que defender os direitos humanos virou algo ‘errado’.”

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Em relação a sua estreia como diretor, em Marighella, Moura teve problemas para distribuir o filme, que agora já tem data para chegar aos cinemas brasileiros, em 14 de maio. Já sobre Sergio, o ator espera que o longa seja recebido “com muito amor” e diz que não vê nenhum potencial de polêmica no filme. “Não é possível que exista alguém que, mesmo com um olhar político diferente do meu, não dê importância à trajetória de Sérgio Vieira de Mello”, afirma o artista. “Ele era um cara muito pragmático.” 

Moura cita uma cena do filme em que o diplomata encontra um dos líderes do Khmer Vermelho, partido de extrema-esquerda do Camboja, Ieng Sary. Os dois foram colegas na Sorbonne e participaram das revoltas estudantis de Maio de 1968 em Paris. Na ocasião, Sary lembrou, decepcionado: “Você também era um revolucionário”. (A ação de Sérgio no Camboja levou à repatriação de 350 mil refugiados.) 

O diplomata teve ainda bom trânsito com George W. Bush. “Sérgio sabia jogar o jogo de poder, o que não desmerece em nenhum momento sua atuação. Ele admite que não pode mudar o mundo, mas que pode ajudar esses refugiados. Isso já é muita coisa”, acrescenta Wagner Moura.

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Veja o trailer de 'Sergio':

PARK CITY, UTAH - Wagner Moura acaba de acrescentar ao seu currículo mais um trabalho no cinema: ele já foi capitão, piloto da Força Aérea cubana, salva-vidas de uma praia, hacker de ficção científica, entre outros – agora, ele vive o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello (1948-2003), Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, no filme Sergio, produção que chega aos cinemas e à Netflix em abril. 

O longa teve sua estreia mundial na terça, 28, fora de competição, no Festival de Cinema de Sundance, nos EUA, onde Moura também é membro do júri na categoria ficção internacional.

Filme se baseia no livro O Homem Que Queria Salvar o Mundo – Uma Biografia de Sérgio Vieira de Mello, escrito pela diplomata americana Samantha Power. Dirigido por Greg Barker, que já havia produzido o documentário biográfico Sergio para a HBO, o longa é uma ficção que se concentra nos últimos anos de vida de Sérgio, como o brasileiro era mais conhecido. Interpretado por Wagner Moura, o diplomata acaba se envolvendo afetivamente com a economista argentina Carolina Larriera (Ana de Armas), que só em 2o17 foi reconhecida pela Justiça brasileira como esposa de Sérgio. 

Wagner Moura interpreta o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello no filme 'Sergio' Foto: Netflix

Carolina foi a última pessoa próxima a ver o diplomata com vida. Ele foi morto num atentando terrorista à sede da ONU em Bagdá, Iraque, em 19 de agosto de 2003, quando exercia sua função de tentar restabelecer a democracia no país após a invasão do Exército americano, que levou à queda de Saddam Hussein.

O filme explora também o tempo que Sérgio passou como representante especial da Administração Transitória da ONU no Timor-Leste, entre 1999 e 2002, na qual foi bem-sucedido ao criar uma nova Constituição e deixar o país como uma democracia. Antes disso, ele já havia atuado com bons resultados em várias missões em países como Bangladesh, Chipre, Moçambique, Líbano e Camboja. Cotado para ser o sucessor de Kofi Annan como secretário-geral da ONU, Sérgio aceitou com relutância a tarefa no Iraque, e encontrou muita resistência americana para o seu trabalho. 

O atentado à bomba que o matou foi mais tarde reivindicado pela Al-Qaeda, que confirmou que o brasileiro era o alvo principal. A linha condutora do filme, que funciona com diversos flashbacks, é o tempo que Sérgio passou preso nos destroços da explosão.

Sergio faz parte do projeto de Wagner Moura de produzir filmes sobre figuras latinas sem reproduzir estereótipos. “Não é uma negação a Narcos, acho que a série teve uma grande importância política”, lembra Moura ao Estado, em Sundance. “O grupo latino é o mais sub-representado em Hollywood, não apenas no porcentual de atores na tela, mas na maneira como suas histórias são contadas”, ressalta. 

Depois de ler o livro de Power e assistir ao documentário de Baker (que já tinha o direito sobre a história), entrou em contato com o diretor e descobriu que ele também queria fazer um novo filme. “A ambição era falar sobre empatia.” Para o ator e produtor, Sérgio foi um dos últimos grandes líderes mundiais a ter essa característica.

Moura fez contato com os filhos de Sérgio, que vivem em Genebra, e com Carolina, que hoje mora no Rio e é professora universitária, mas conta que houve relutância em relação à nova produção. “Existe uma disputa de narrativas com relação à vida de Sérgio”, diz. “Mas nosso projeto está baseado sobretudo no livro da Samantha e em outras pesquisas.”

O ator também e explica que quando trabalha com personagem real procura não gerar expectativa de que vai ser ele, afinal, a pessoa que vai fazer o papel. 

A história continua tendo força porque Sérgio era um ser político, brasileiro, que acabou assassinado por conta da sua atuação em defesa dos direitos humanos. “Esse projeto faz sentido na minha trajetória”, conta Moura. “Vivemos em um mundo em que defender os direitos humanos virou algo ‘errado’.”

Em relação a sua estreia como diretor, em Marighella, Moura teve problemas para distribuir o filme, que agora já tem data para chegar aos cinemas brasileiros, em 14 de maio. Já sobre Sergio, o ator espera que o longa seja recebido “com muito amor” e diz que não vê nenhum potencial de polêmica no filme. “Não é possível que exista alguém que, mesmo com um olhar político diferente do meu, não dê importância à trajetória de Sérgio Vieira de Mello”, afirma o artista. “Ele era um cara muito pragmático.” 

Moura cita uma cena do filme em que o diplomata encontra um dos líderes do Khmer Vermelho, partido de extrema-esquerda do Camboja, Ieng Sary. Os dois foram colegas na Sorbonne e participaram das revoltas estudantis de Maio de 1968 em Paris. Na ocasião, Sary lembrou, decepcionado: “Você também era um revolucionário”. (A ação de Sérgio no Camboja levou à repatriação de 350 mil refugiados.) 

O diplomata teve ainda bom trânsito com George W. Bush. “Sérgio sabia jogar o jogo de poder, o que não desmerece em nenhum momento sua atuação. Ele admite que não pode mudar o mundo, mas que pode ajudar esses refugiados. Isso já é muita coisa”, acrescenta Wagner Moura.

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PARK CITY, UTAH - Wagner Moura acaba de acrescentar ao seu currículo mais um trabalho no cinema: ele já foi capitão, piloto da Força Aérea cubana, salva-vidas de uma praia, hacker de ficção científica, entre outros – agora, ele vive o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello (1948-2003), Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, no filme Sergio, produção que chega aos cinemas e à Netflix em abril. 

O longa teve sua estreia mundial na terça, 28, fora de competição, no Festival de Cinema de Sundance, nos EUA, onde Moura também é membro do júri na categoria ficção internacional.

Filme se baseia no livro O Homem Que Queria Salvar o Mundo – Uma Biografia de Sérgio Vieira de Mello, escrito pela diplomata americana Samantha Power. Dirigido por Greg Barker, que já havia produzido o documentário biográfico Sergio para a HBO, o longa é uma ficção que se concentra nos últimos anos de vida de Sérgio, como o brasileiro era mais conhecido. Interpretado por Wagner Moura, o diplomata acaba se envolvendo afetivamente com a economista argentina Carolina Larriera (Ana de Armas), que só em 2o17 foi reconhecida pela Justiça brasileira como esposa de Sérgio. 

Wagner Moura interpreta o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello no filme 'Sergio' Foto: Netflix

Carolina foi a última pessoa próxima a ver o diplomata com vida. Ele foi morto num atentando terrorista à sede da ONU em Bagdá, Iraque, em 19 de agosto de 2003, quando exercia sua função de tentar restabelecer a democracia no país após a invasão do Exército americano, que levou à queda de Saddam Hussein.

O filme explora também o tempo que Sérgio passou como representante especial da Administração Transitória da ONU no Timor-Leste, entre 1999 e 2002, na qual foi bem-sucedido ao criar uma nova Constituição e deixar o país como uma democracia. Antes disso, ele já havia atuado com bons resultados em várias missões em países como Bangladesh, Chipre, Moçambique, Líbano e Camboja. Cotado para ser o sucessor de Kofi Annan como secretário-geral da ONU, Sérgio aceitou com relutância a tarefa no Iraque, e encontrou muita resistência americana para o seu trabalho. 

O atentado à bomba que o matou foi mais tarde reivindicado pela Al-Qaeda, que confirmou que o brasileiro era o alvo principal. A linha condutora do filme, que funciona com diversos flashbacks, é o tempo que Sérgio passou preso nos destroços da explosão.

Sergio faz parte do projeto de Wagner Moura de produzir filmes sobre figuras latinas sem reproduzir estereótipos. “Não é uma negação a Narcos, acho que a série teve uma grande importância política”, lembra Moura ao Estado, em Sundance. “O grupo latino é o mais sub-representado em Hollywood, não apenas no porcentual de atores na tela, mas na maneira como suas histórias são contadas”, ressalta. 

Depois de ler o livro de Power e assistir ao documentário de Baker (que já tinha o direito sobre a história), entrou em contato com o diretor e descobriu que ele também queria fazer um novo filme. “A ambição era falar sobre empatia.” Para o ator e produtor, Sérgio foi um dos últimos grandes líderes mundiais a ter essa característica.

Moura fez contato com os filhos de Sérgio, que vivem em Genebra, e com Carolina, que hoje mora no Rio e é professora universitária, mas conta que houve relutância em relação à nova produção. “Existe uma disputa de narrativas com relação à vida de Sérgio”, diz. “Mas nosso projeto está baseado sobretudo no livro da Samantha e em outras pesquisas.”

O ator também e explica que quando trabalha com personagem real procura não gerar expectativa de que vai ser ele, afinal, a pessoa que vai fazer o papel. 

A história continua tendo força porque Sérgio era um ser político, brasileiro, que acabou assassinado por conta da sua atuação em defesa dos direitos humanos. “Esse projeto faz sentido na minha trajetória”, conta Moura. “Vivemos em um mundo em que defender os direitos humanos virou algo ‘errado’.”

Em relação a sua estreia como diretor, em Marighella, Moura teve problemas para distribuir o filme, que agora já tem data para chegar aos cinemas brasileiros, em 14 de maio. Já sobre Sergio, o ator espera que o longa seja recebido “com muito amor” e diz que não vê nenhum potencial de polêmica no filme. “Não é possível que exista alguém que, mesmo com um olhar político diferente do meu, não dê importância à trajetória de Sérgio Vieira de Mello”, afirma o artista. “Ele era um cara muito pragmático.” 

Moura cita uma cena do filme em que o diplomata encontra um dos líderes do Khmer Vermelho, partido de extrema-esquerda do Camboja, Ieng Sary. Os dois foram colegas na Sorbonne e participaram das revoltas estudantis de Maio de 1968 em Paris. Na ocasião, Sary lembrou, decepcionado: “Você também era um revolucionário”. (A ação de Sérgio no Camboja levou à repatriação de 350 mil refugiados.) 

O diplomata teve ainda bom trânsito com George W. Bush. “Sérgio sabia jogar o jogo de poder, o que não desmerece em nenhum momento sua atuação. Ele admite que não pode mudar o mundo, mas que pode ajudar esses refugiados. Isso já é muita coisa”, acrescenta Wagner Moura.

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PARK CITY, UTAH - Wagner Moura acaba de acrescentar ao seu currículo mais um trabalho no cinema: ele já foi capitão, piloto da Força Aérea cubana, salva-vidas de uma praia, hacker de ficção científica, entre outros – agora, ele vive o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello (1948-2003), Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, no filme Sergio, produção que chega aos cinemas e à Netflix em abril. 

O longa teve sua estreia mundial na terça, 28, fora de competição, no Festival de Cinema de Sundance, nos EUA, onde Moura também é membro do júri na categoria ficção internacional.

Filme se baseia no livro O Homem Que Queria Salvar o Mundo – Uma Biografia de Sérgio Vieira de Mello, escrito pela diplomata americana Samantha Power. Dirigido por Greg Barker, que já havia produzido o documentário biográfico Sergio para a HBO, o longa é uma ficção que se concentra nos últimos anos de vida de Sérgio, como o brasileiro era mais conhecido. Interpretado por Wagner Moura, o diplomata acaba se envolvendo afetivamente com a economista argentina Carolina Larriera (Ana de Armas), que só em 2o17 foi reconhecida pela Justiça brasileira como esposa de Sérgio. 

Wagner Moura interpreta o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello no filme 'Sergio' Foto: Netflix

Carolina foi a última pessoa próxima a ver o diplomata com vida. Ele foi morto num atentando terrorista à sede da ONU em Bagdá, Iraque, em 19 de agosto de 2003, quando exercia sua função de tentar restabelecer a democracia no país após a invasão do Exército americano, que levou à queda de Saddam Hussein.

O filme explora também o tempo que Sérgio passou como representante especial da Administração Transitória da ONU no Timor-Leste, entre 1999 e 2002, na qual foi bem-sucedido ao criar uma nova Constituição e deixar o país como uma democracia. Antes disso, ele já havia atuado com bons resultados em várias missões em países como Bangladesh, Chipre, Moçambique, Líbano e Camboja. Cotado para ser o sucessor de Kofi Annan como secretário-geral da ONU, Sérgio aceitou com relutância a tarefa no Iraque, e encontrou muita resistência americana para o seu trabalho. 

O atentado à bomba que o matou foi mais tarde reivindicado pela Al-Qaeda, que confirmou que o brasileiro era o alvo principal. A linha condutora do filme, que funciona com diversos flashbacks, é o tempo que Sérgio passou preso nos destroços da explosão.

Sergio faz parte do projeto de Wagner Moura de produzir filmes sobre figuras latinas sem reproduzir estereótipos. “Não é uma negação a Narcos, acho que a série teve uma grande importância política”, lembra Moura ao Estado, em Sundance. “O grupo latino é o mais sub-representado em Hollywood, não apenas no porcentual de atores na tela, mas na maneira como suas histórias são contadas”, ressalta. 

Depois de ler o livro de Power e assistir ao documentário de Baker (que já tinha o direito sobre a história), entrou em contato com o diretor e descobriu que ele também queria fazer um novo filme. “A ambição era falar sobre empatia.” Para o ator e produtor, Sérgio foi um dos últimos grandes líderes mundiais a ter essa característica.

Moura fez contato com os filhos de Sérgio, que vivem em Genebra, e com Carolina, que hoje mora no Rio e é professora universitária, mas conta que houve relutância em relação à nova produção. “Existe uma disputa de narrativas com relação à vida de Sérgio”, diz. “Mas nosso projeto está baseado sobretudo no livro da Samantha e em outras pesquisas.”

O ator também e explica que quando trabalha com personagem real procura não gerar expectativa de que vai ser ele, afinal, a pessoa que vai fazer o papel. 

A história continua tendo força porque Sérgio era um ser político, brasileiro, que acabou assassinado por conta da sua atuação em defesa dos direitos humanos. “Esse projeto faz sentido na minha trajetória”, conta Moura. “Vivemos em um mundo em que defender os direitos humanos virou algo ‘errado’.”

Em relação a sua estreia como diretor, em Marighella, Moura teve problemas para distribuir o filme, que agora já tem data para chegar aos cinemas brasileiros, em 14 de maio. Já sobre Sergio, o ator espera que o longa seja recebido “com muito amor” e diz que não vê nenhum potencial de polêmica no filme. “Não é possível que exista alguém que, mesmo com um olhar político diferente do meu, não dê importância à trajetória de Sérgio Vieira de Mello”, afirma o artista. “Ele era um cara muito pragmático.” 

Moura cita uma cena do filme em que o diplomata encontra um dos líderes do Khmer Vermelho, partido de extrema-esquerda do Camboja, Ieng Sary. Os dois foram colegas na Sorbonne e participaram das revoltas estudantis de Maio de 1968 em Paris. Na ocasião, Sary lembrou, decepcionado: “Você também era um revolucionário”. (A ação de Sérgio no Camboja levou à repatriação de 350 mil refugiados.) 

O diplomata teve ainda bom trânsito com George W. Bush. “Sérgio sabia jogar o jogo de poder, o que não desmerece em nenhum momento sua atuação. Ele admite que não pode mudar o mundo, mas que pode ajudar esses refugiados. Isso já é muita coisa”, acrescenta Wagner Moura.

Veja o trailer de 'Sergio':

PARK CITY, UTAH - Wagner Moura acaba de acrescentar ao seu currículo mais um trabalho no cinema: ele já foi capitão, piloto da Força Aérea cubana, salva-vidas de uma praia, hacker de ficção científica, entre outros – agora, ele vive o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello (1948-2003), Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, no filme Sergio, produção que chega aos cinemas e à Netflix em abril. 

O longa teve sua estreia mundial na terça, 28, fora de competição, no Festival de Cinema de Sundance, nos EUA, onde Moura também é membro do júri na categoria ficção internacional.

Filme se baseia no livro O Homem Que Queria Salvar o Mundo – Uma Biografia de Sérgio Vieira de Mello, escrito pela diplomata americana Samantha Power. Dirigido por Greg Barker, que já havia produzido o documentário biográfico Sergio para a HBO, o longa é uma ficção que se concentra nos últimos anos de vida de Sérgio, como o brasileiro era mais conhecido. Interpretado por Wagner Moura, o diplomata acaba se envolvendo afetivamente com a economista argentina Carolina Larriera (Ana de Armas), que só em 2o17 foi reconhecida pela Justiça brasileira como esposa de Sérgio. 

Wagner Moura interpreta o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello no filme 'Sergio' Foto: Netflix

Carolina foi a última pessoa próxima a ver o diplomata com vida. Ele foi morto num atentando terrorista à sede da ONU em Bagdá, Iraque, em 19 de agosto de 2003, quando exercia sua função de tentar restabelecer a democracia no país após a invasão do Exército americano, que levou à queda de Saddam Hussein.

O filme explora também o tempo que Sérgio passou como representante especial da Administração Transitória da ONU no Timor-Leste, entre 1999 e 2002, na qual foi bem-sucedido ao criar uma nova Constituição e deixar o país como uma democracia. Antes disso, ele já havia atuado com bons resultados em várias missões em países como Bangladesh, Chipre, Moçambique, Líbano e Camboja. Cotado para ser o sucessor de Kofi Annan como secretário-geral da ONU, Sérgio aceitou com relutância a tarefa no Iraque, e encontrou muita resistência americana para o seu trabalho. 

O atentado à bomba que o matou foi mais tarde reivindicado pela Al-Qaeda, que confirmou que o brasileiro era o alvo principal. A linha condutora do filme, que funciona com diversos flashbacks, é o tempo que Sérgio passou preso nos destroços da explosão.

Sergio faz parte do projeto de Wagner Moura de produzir filmes sobre figuras latinas sem reproduzir estereótipos. “Não é uma negação a Narcos, acho que a série teve uma grande importância política”, lembra Moura ao Estado, em Sundance. “O grupo latino é o mais sub-representado em Hollywood, não apenas no porcentual de atores na tela, mas na maneira como suas histórias são contadas”, ressalta. 

Depois de ler o livro de Power e assistir ao documentário de Baker (que já tinha o direito sobre a história), entrou em contato com o diretor e descobriu que ele também queria fazer um novo filme. “A ambição era falar sobre empatia.” Para o ator e produtor, Sérgio foi um dos últimos grandes líderes mundiais a ter essa característica.

Moura fez contato com os filhos de Sérgio, que vivem em Genebra, e com Carolina, que hoje mora no Rio e é professora universitária, mas conta que houve relutância em relação à nova produção. “Existe uma disputa de narrativas com relação à vida de Sérgio”, diz. “Mas nosso projeto está baseado sobretudo no livro da Samantha e em outras pesquisas.”

O ator também e explica que quando trabalha com personagem real procura não gerar expectativa de que vai ser ele, afinal, a pessoa que vai fazer o papel. 

A história continua tendo força porque Sérgio era um ser político, brasileiro, que acabou assassinado por conta da sua atuação em defesa dos direitos humanos. “Esse projeto faz sentido na minha trajetória”, conta Moura. “Vivemos em um mundo em que defender os direitos humanos virou algo ‘errado’.”

Em relação a sua estreia como diretor, em Marighella, Moura teve problemas para distribuir o filme, que agora já tem data para chegar aos cinemas brasileiros, em 14 de maio. Já sobre Sergio, o ator espera que o longa seja recebido “com muito amor” e diz que não vê nenhum potencial de polêmica no filme. “Não é possível que exista alguém que, mesmo com um olhar político diferente do meu, não dê importância à trajetória de Sérgio Vieira de Mello”, afirma o artista. “Ele era um cara muito pragmático.” 

Moura cita uma cena do filme em que o diplomata encontra um dos líderes do Khmer Vermelho, partido de extrema-esquerda do Camboja, Ieng Sary. Os dois foram colegas na Sorbonne e participaram das revoltas estudantis de Maio de 1968 em Paris. Na ocasião, Sary lembrou, decepcionado: “Você também era um revolucionário”. (A ação de Sérgio no Camboja levou à repatriação de 350 mil refugiados.) 

O diplomata teve ainda bom trânsito com George W. Bush. “Sérgio sabia jogar o jogo de poder, o que não desmerece em nenhum momento sua atuação. Ele admite que não pode mudar o mundo, mas que pode ajudar esses refugiados. Isso já é muita coisa”, acrescenta Wagner Moura.

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