O júri do julgamento de Harvey Weinstein soube na sexta, 24, que o produtor contratou um detetive particular para investigar dezenas de mulheres que suspeitava que pudessem contar para jornalistas suas supostas agressões sexuais. Dois meses antes do início do escândalo que deu origem ao movimento #MeToo em outubro de 2017, o ex-produtor de Hollywood enviou um e-mail com uma “lista negra” de pessoas que queria investigar a um detetive particular.
A lista inclui dezenas de nomes, alguns destacados em vermelho para indicar as pessoas que mais preocupavam o produtor, e quem contou isso ao tribunal foi o próprio investigador contratado, Sam Anson. Segundo o detetive, a lista tinha os nomes das atrizes Rose McGowan, que Weinstein afirma que estava tentando chantageá-lo, e a da série Família Soprano, Annabella Sciorra, que na quinta, 23, testemunhou sobre suposto estupro cometido por ele.
O ex-homem forte de Hollywood pode ser condenado a uma pena máxima de prisão perpétua se declarado culpado de violentar a atriz Jessica Mann em 2013 e de agredir sexualmente a ex-assistente de produção Mimi Haleyi, em 2006. Sam Anson falou à corte penal de Manhattan que recebeu o e-mail de Weinstein em 17 de agosto de 2017, mas não seguiu suas instruções. Anson afirmou também que conversou por telefone com Weinstein na época. “Ele disse que estava preocupado que as reportagens sobre ele descrevessem seu comportamento sexual de modo negativo.”
O New York Times e a revista The New Yorker publicaram extensos artigos sobre alegações de agressão sexual contra Weinstein em outubro de 2017. Mais de 80 mulheres, incluindo as atrizes Salma Hayek e Angelina Jolie, denunciaram Weinstein por assédio, agressão sexual ou estupro desde o surgimento do escândalo sobre seus supostos abusos em outubro de 2017. Weinstein nega e diz que todos os seus relacionamentos foram consensuais.
Na sexta, a psiquiatra Barbara Liv foi chamada como testemunha pela promotoria para dissipar vários “mitos” sobre estupro e revelou ao júri que as vítimas de agressão sexual às vezes ficam em contato com o agressor por anos após o incidente.
Weinstein, que vestia um terno escuro, fez anotações enquanto ouvia o depoimento de Liv. Ela disse aos jurados que a maioria das agressões sexuais é cometida por alguém que as vítimas conhecem, e não por um desconhecido, como se acredita normalmente.
A psiquiatra, que foi chamada como testemunha em mais de 200 julgamentos de agressão sexual, incluindo do comediante Bill Cosby, afirmou que é errado acreditar que as vítimas sempre resistem aos agressores. Outra ideia equivocada, informou, é a de que as vítimas geralmente denunciam o ataque a amigos ou à polícia.