William Shatner: “Minha viagem ao espaço deveria ser uma celebração, mas pareceu um funeral”


Intérprete do Capitão Kirk, de ‘Star Trek’, ator americano que foi ao espaço com a Blue Origin está preocupado com avanço da crise climática e a destruição ambiental

Por Jonathan Edwards
Atualização:

The Washington Post - William Shatner esperava que, ir ao espaço em outubro de 2021, o induziria “à catarse final” - uma sensação de conexão entre todas as coisas vivas. Em vez disso, tendo encarado “a frieza viciosa do espaço”, ele se viu confuso quando a nave Blue Origin pousou e voltou para a Terra.

Tocando o chão, Shatner chorou, e ele não tinha certeza do motivo.

“Todo mundo estava agitando garrafas de champanhe, era uma sensação de realização. E eu não me sentia assim. Eu não estava comemorando. Estava, não sei, sacudindo meus punhos para os deuses”, disse Shatner ao The Washington Post.

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Várias horas se passaram até Shatner perceber o que estava vivenciando: “Grande dor... pelo planeta”. O ator, agora com 91 anos, está envolvido em causas ambientais há anos. Mas sua viagem de 13 de outubro a bordo da nave Blue Origin, que o tornou o humano mais velho a visitar o espaço, deu a esse trabalho uma nova urgência, disse ele. A justaposição de seu “vazio frio, escuro e negro” com “a calorosa nutrição da Terra abaixo” o encheu de profundo desespero e provocou uma percepção.

O ator William Shatner conversa com Audrey Powers, Chris Boshuizen e Glen de Vries Foto: MIKE BLAKE

“Descobri que a beleza não está lá fora, está aqui embaixo, com todos nós. Deixar isso para trás tornou minha conexão com nosso pequeno planeta ainda mais profunda”, escreveu ele em um trecho de seu novo livro, Boldly Go: Reflections on a Life of Awe and Wonder (Vá Corajosamente: Reflexões sobre uma vida de admiração e admiração, em tradução livre), que foi publicado na quinta-feira pela revista Variety.

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Por três temporadas, em meados da década de 1960, Shatner trouxe o espaço, a fronteira final, para os lares americanos no papel do Capitão James Kirk em Star Trek: A Série Original. E foi mais ou menos nessa época em que estava interpretando o comandante fictício da USS Enterprise que Shatner leu o seminal texto ecológico de Rachel Carson, Primavera Silenciosa (1962), que ele descreveu no ano passado como um abridor de olhos.

“Li e comecei a berrar sobre o aquecimento do planeta”, disse ele. “Mas ninguém levou a sério.”

Ainda assim, Shatner continuou pregando a favor do meio ambiente. Ele estrelou o filme Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa (1986), no qual sua equipe viaja no tempo para salvar as baleias jubarte, que estavam ameaçadas na época, porque são as únicas criaturas que podem se comunicar com uma sonda alienígena que ameaça destruir a Terra. O filme foi inspirado em ações do Greenpeace, que viu as doações aumentarem após o lançamento do blockbuster e reagiu ao dizer que “o filme reforça sutilmente o motivo de o Greenpeace existir”.

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Em 2009, Shatner repreendeu a Hewlett-Packard por não cumprir sua promessa de produzir um computador “livre de tóxicos”. E ele advertiu consistentemente que a superpopulação e as mudanças climáticas são ameaças existenciais para a humanidade.

Depois de interpretar por décadas um capitão de nave espacial fictício, Shatner finalmente teve sua própria chance de se aventurar na fronteira final. Em agosto de 2021, dois meses antes de seu voo civil, Shatner disse que queria ir ao espaço para poder olhar para “a circunferência terrestre azul” e deu a entender que “um amigo muito empreendedor” já havia pensado em como colocar Shatner em um voo civil.

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Dois meses depois, a Blue Origin, a empresa espacial de propriedade do bilionário Jeff Bezos, anunciou que Shatner e três outros passageiros voariam para o espaço em sua segunda missão espacial. Em um comunicado à imprensa, Shatner descreveu a oportunidade de ver o espaço como “um milagre”. (Bezos também é proprietário do The Post.)

Um dia antes de decolar, Shatner estava empolgado com sua iminente viagem ao espaço. Em um videoclipe, brincou sobre pular da cápsula da nave espacial. Em outro, ele disse que planejava ter o nariz pressionado contra a janela e que, quando o fizesse, não queria ver “um pequeno gremlin” olhando para ele.

Então, no dia do lançamento, às 9h49 (horário local), o foguete New Shepard da Blue Origin - em homenagem a Alan Shepard, o primeiro americano a ir ao espaço - decolou. O voo de Shatner durou pouco mais de 10 minutos, subindo a uma altura de cerca de 66 milhas, quatro milhas além de um dos limites geralmente considerados a borda do espaço.

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Abismo escuro

Durante o voo, a tripulação viu a Terra abaixo e o abismo escuro do outro lado, experimentando ausência de peso por alguns minutos. Shatner disse que olhou pela janela, preocupado com a cor e a curvatura da Terra abaixo dele, mesmo enquanto suportava o desconforto da falta de peso e depois a “escuridão sinistra” do espaço.

Então, eles desceram. Desacelerada por paraquedas, sua cápsula pousou no deserto perto de Van Horn, Texas, enquanto a Blue Origin celebrava uma missão bem-sucedida. Imediatamente após o voo espacial, Shatner agradeceu a Bezos por lhe dar “a experiência mais profunda que posso imaginar”.

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“Estou tão emocionado com o que acabou de acontecer. É extraordinário”, disse Shatner. “Espero nunca me recuperar disso. Espero manter o que sinto agora. Não quero perdê-lo.”

Ele não perdeu, disse ao The Post no domingo, 9. Mas processou aquele momento nas horas, dias e meses seguintes. Descreveu a experiência como “um toque de clarim” para deter as mudanças climáticas. Shatner disse que os efeitos devastadores já estão começando a aparecer, citando a recente destruição da costa do Golfo da Flórida pelo furacão Ian e as chuvas torrenciais no Paquistão. Essas forças sísmicas têm o poder de extinguir espécies de animais e plantas, às vezes sem que os humanos saibam que elas existiam.

“Estou ciente de que a cada momento que passa, seres que levaram 5 bilhões de anos para surgir estão se extinguindo”, disse Shatner. “Nós nunca vamos conhecê-los.”

Lembrando do esforço para construir a bomba atômica na Segunda Guerra Mundial, ele pediu um segundo “Projeto Manhattan de cientistas”, um grupo de cérebros encarregado de remover o dióxido de carbono, metano e outros gases de efeito estufa da atmosfera. “Não há tempo para guerra”, disse, referindo-se à invasão da Ucrânia pela Rússia. “Isso só contribui para as próximas extinções, que incluirão seres humanos.”

Shatner então mencionou o contraste entre sua expectativa do voo versus o que aconteceu enquanto flutuava livremente a quase 350 mil pés acima da Terra um ano atrás. Ele descreveu a experiência em um trecho de seu livro.

“Isso me encheu de pavor”, escreveu. “Minha viagem ao espaço deveria ser uma celebração; em vez disso, parecia um funeral.”

The Washington Post - William Shatner esperava que, ir ao espaço em outubro de 2021, o induziria “à catarse final” - uma sensação de conexão entre todas as coisas vivas. Em vez disso, tendo encarado “a frieza viciosa do espaço”, ele se viu confuso quando a nave Blue Origin pousou e voltou para a Terra.

Tocando o chão, Shatner chorou, e ele não tinha certeza do motivo.

“Todo mundo estava agitando garrafas de champanhe, era uma sensação de realização. E eu não me sentia assim. Eu não estava comemorando. Estava, não sei, sacudindo meus punhos para os deuses”, disse Shatner ao The Washington Post.

Várias horas se passaram até Shatner perceber o que estava vivenciando: “Grande dor... pelo planeta”. O ator, agora com 91 anos, está envolvido em causas ambientais há anos. Mas sua viagem de 13 de outubro a bordo da nave Blue Origin, que o tornou o humano mais velho a visitar o espaço, deu a esse trabalho uma nova urgência, disse ele. A justaposição de seu “vazio frio, escuro e negro” com “a calorosa nutrição da Terra abaixo” o encheu de profundo desespero e provocou uma percepção.

O ator William Shatner conversa com Audrey Powers, Chris Boshuizen e Glen de Vries Foto: MIKE BLAKE

“Descobri que a beleza não está lá fora, está aqui embaixo, com todos nós. Deixar isso para trás tornou minha conexão com nosso pequeno planeta ainda mais profunda”, escreveu ele em um trecho de seu novo livro, Boldly Go: Reflections on a Life of Awe and Wonder (Vá Corajosamente: Reflexões sobre uma vida de admiração e admiração, em tradução livre), que foi publicado na quinta-feira pela revista Variety.

Por três temporadas, em meados da década de 1960, Shatner trouxe o espaço, a fronteira final, para os lares americanos no papel do Capitão James Kirk em Star Trek: A Série Original. E foi mais ou menos nessa época em que estava interpretando o comandante fictício da USS Enterprise que Shatner leu o seminal texto ecológico de Rachel Carson, Primavera Silenciosa (1962), que ele descreveu no ano passado como um abridor de olhos.

“Li e comecei a berrar sobre o aquecimento do planeta”, disse ele. “Mas ninguém levou a sério.”

Ainda assim, Shatner continuou pregando a favor do meio ambiente. Ele estrelou o filme Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa (1986), no qual sua equipe viaja no tempo para salvar as baleias jubarte, que estavam ameaçadas na época, porque são as únicas criaturas que podem se comunicar com uma sonda alienígena que ameaça destruir a Terra. O filme foi inspirado em ações do Greenpeace, que viu as doações aumentarem após o lançamento do blockbuster e reagiu ao dizer que “o filme reforça sutilmente o motivo de o Greenpeace existir”.

Em 2009, Shatner repreendeu a Hewlett-Packard por não cumprir sua promessa de produzir um computador “livre de tóxicos”. E ele advertiu consistentemente que a superpopulação e as mudanças climáticas são ameaças existenciais para a humanidade.

Depois de interpretar por décadas um capitão de nave espacial fictício, Shatner finalmente teve sua própria chance de se aventurar na fronteira final. Em agosto de 2021, dois meses antes de seu voo civil, Shatner disse que queria ir ao espaço para poder olhar para “a circunferência terrestre azul” e deu a entender que “um amigo muito empreendedor” já havia pensado em como colocar Shatner em um voo civil.

Dois meses depois, a Blue Origin, a empresa espacial de propriedade do bilionário Jeff Bezos, anunciou que Shatner e três outros passageiros voariam para o espaço em sua segunda missão espacial. Em um comunicado à imprensa, Shatner descreveu a oportunidade de ver o espaço como “um milagre”. (Bezos também é proprietário do The Post.)

Um dia antes de decolar, Shatner estava empolgado com sua iminente viagem ao espaço. Em um videoclipe, brincou sobre pular da cápsula da nave espacial. Em outro, ele disse que planejava ter o nariz pressionado contra a janela e que, quando o fizesse, não queria ver “um pequeno gremlin” olhando para ele.

Então, no dia do lançamento, às 9h49 (horário local), o foguete New Shepard da Blue Origin - em homenagem a Alan Shepard, o primeiro americano a ir ao espaço - decolou. O voo de Shatner durou pouco mais de 10 minutos, subindo a uma altura de cerca de 66 milhas, quatro milhas além de um dos limites geralmente considerados a borda do espaço.

Abismo escuro

Durante o voo, a tripulação viu a Terra abaixo e o abismo escuro do outro lado, experimentando ausência de peso por alguns minutos. Shatner disse que olhou pela janela, preocupado com a cor e a curvatura da Terra abaixo dele, mesmo enquanto suportava o desconforto da falta de peso e depois a “escuridão sinistra” do espaço.

Então, eles desceram. Desacelerada por paraquedas, sua cápsula pousou no deserto perto de Van Horn, Texas, enquanto a Blue Origin celebrava uma missão bem-sucedida. Imediatamente após o voo espacial, Shatner agradeceu a Bezos por lhe dar “a experiência mais profunda que posso imaginar”.

“Estou tão emocionado com o que acabou de acontecer. É extraordinário”, disse Shatner. “Espero nunca me recuperar disso. Espero manter o que sinto agora. Não quero perdê-lo.”

Ele não perdeu, disse ao The Post no domingo, 9. Mas processou aquele momento nas horas, dias e meses seguintes. Descreveu a experiência como “um toque de clarim” para deter as mudanças climáticas. Shatner disse que os efeitos devastadores já estão começando a aparecer, citando a recente destruição da costa do Golfo da Flórida pelo furacão Ian e as chuvas torrenciais no Paquistão. Essas forças sísmicas têm o poder de extinguir espécies de animais e plantas, às vezes sem que os humanos saibam que elas existiam.

“Estou ciente de que a cada momento que passa, seres que levaram 5 bilhões de anos para surgir estão se extinguindo”, disse Shatner. “Nós nunca vamos conhecê-los.”

Lembrando do esforço para construir a bomba atômica na Segunda Guerra Mundial, ele pediu um segundo “Projeto Manhattan de cientistas”, um grupo de cérebros encarregado de remover o dióxido de carbono, metano e outros gases de efeito estufa da atmosfera. “Não há tempo para guerra”, disse, referindo-se à invasão da Ucrânia pela Rússia. “Isso só contribui para as próximas extinções, que incluirão seres humanos.”

Shatner então mencionou o contraste entre sua expectativa do voo versus o que aconteceu enquanto flutuava livremente a quase 350 mil pés acima da Terra um ano atrás. Ele descreveu a experiência em um trecho de seu livro.

“Isso me encheu de pavor”, escreveu. “Minha viagem ao espaço deveria ser uma celebração; em vez disso, parecia um funeral.”

The Washington Post - William Shatner esperava que, ir ao espaço em outubro de 2021, o induziria “à catarse final” - uma sensação de conexão entre todas as coisas vivas. Em vez disso, tendo encarado “a frieza viciosa do espaço”, ele se viu confuso quando a nave Blue Origin pousou e voltou para a Terra.

Tocando o chão, Shatner chorou, e ele não tinha certeza do motivo.

“Todo mundo estava agitando garrafas de champanhe, era uma sensação de realização. E eu não me sentia assim. Eu não estava comemorando. Estava, não sei, sacudindo meus punhos para os deuses”, disse Shatner ao The Washington Post.

Várias horas se passaram até Shatner perceber o que estava vivenciando: “Grande dor... pelo planeta”. O ator, agora com 91 anos, está envolvido em causas ambientais há anos. Mas sua viagem de 13 de outubro a bordo da nave Blue Origin, que o tornou o humano mais velho a visitar o espaço, deu a esse trabalho uma nova urgência, disse ele. A justaposição de seu “vazio frio, escuro e negro” com “a calorosa nutrição da Terra abaixo” o encheu de profundo desespero e provocou uma percepção.

O ator William Shatner conversa com Audrey Powers, Chris Boshuizen e Glen de Vries Foto: MIKE BLAKE

“Descobri que a beleza não está lá fora, está aqui embaixo, com todos nós. Deixar isso para trás tornou minha conexão com nosso pequeno planeta ainda mais profunda”, escreveu ele em um trecho de seu novo livro, Boldly Go: Reflections on a Life of Awe and Wonder (Vá Corajosamente: Reflexões sobre uma vida de admiração e admiração, em tradução livre), que foi publicado na quinta-feira pela revista Variety.

Por três temporadas, em meados da década de 1960, Shatner trouxe o espaço, a fronteira final, para os lares americanos no papel do Capitão James Kirk em Star Trek: A Série Original. E foi mais ou menos nessa época em que estava interpretando o comandante fictício da USS Enterprise que Shatner leu o seminal texto ecológico de Rachel Carson, Primavera Silenciosa (1962), que ele descreveu no ano passado como um abridor de olhos.

“Li e comecei a berrar sobre o aquecimento do planeta”, disse ele. “Mas ninguém levou a sério.”

Ainda assim, Shatner continuou pregando a favor do meio ambiente. Ele estrelou o filme Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa (1986), no qual sua equipe viaja no tempo para salvar as baleias jubarte, que estavam ameaçadas na época, porque são as únicas criaturas que podem se comunicar com uma sonda alienígena que ameaça destruir a Terra. O filme foi inspirado em ações do Greenpeace, que viu as doações aumentarem após o lançamento do blockbuster e reagiu ao dizer que “o filme reforça sutilmente o motivo de o Greenpeace existir”.

Em 2009, Shatner repreendeu a Hewlett-Packard por não cumprir sua promessa de produzir um computador “livre de tóxicos”. E ele advertiu consistentemente que a superpopulação e as mudanças climáticas são ameaças existenciais para a humanidade.

Depois de interpretar por décadas um capitão de nave espacial fictício, Shatner finalmente teve sua própria chance de se aventurar na fronteira final. Em agosto de 2021, dois meses antes de seu voo civil, Shatner disse que queria ir ao espaço para poder olhar para “a circunferência terrestre azul” e deu a entender que “um amigo muito empreendedor” já havia pensado em como colocar Shatner em um voo civil.

Dois meses depois, a Blue Origin, a empresa espacial de propriedade do bilionário Jeff Bezos, anunciou que Shatner e três outros passageiros voariam para o espaço em sua segunda missão espacial. Em um comunicado à imprensa, Shatner descreveu a oportunidade de ver o espaço como “um milagre”. (Bezos também é proprietário do The Post.)

Um dia antes de decolar, Shatner estava empolgado com sua iminente viagem ao espaço. Em um videoclipe, brincou sobre pular da cápsula da nave espacial. Em outro, ele disse que planejava ter o nariz pressionado contra a janela e que, quando o fizesse, não queria ver “um pequeno gremlin” olhando para ele.

Então, no dia do lançamento, às 9h49 (horário local), o foguete New Shepard da Blue Origin - em homenagem a Alan Shepard, o primeiro americano a ir ao espaço - decolou. O voo de Shatner durou pouco mais de 10 minutos, subindo a uma altura de cerca de 66 milhas, quatro milhas além de um dos limites geralmente considerados a borda do espaço.

Abismo escuro

Durante o voo, a tripulação viu a Terra abaixo e o abismo escuro do outro lado, experimentando ausência de peso por alguns minutos. Shatner disse que olhou pela janela, preocupado com a cor e a curvatura da Terra abaixo dele, mesmo enquanto suportava o desconforto da falta de peso e depois a “escuridão sinistra” do espaço.

Então, eles desceram. Desacelerada por paraquedas, sua cápsula pousou no deserto perto de Van Horn, Texas, enquanto a Blue Origin celebrava uma missão bem-sucedida. Imediatamente após o voo espacial, Shatner agradeceu a Bezos por lhe dar “a experiência mais profunda que posso imaginar”.

“Estou tão emocionado com o que acabou de acontecer. É extraordinário”, disse Shatner. “Espero nunca me recuperar disso. Espero manter o que sinto agora. Não quero perdê-lo.”

Ele não perdeu, disse ao The Post no domingo, 9. Mas processou aquele momento nas horas, dias e meses seguintes. Descreveu a experiência como “um toque de clarim” para deter as mudanças climáticas. Shatner disse que os efeitos devastadores já estão começando a aparecer, citando a recente destruição da costa do Golfo da Flórida pelo furacão Ian e as chuvas torrenciais no Paquistão. Essas forças sísmicas têm o poder de extinguir espécies de animais e plantas, às vezes sem que os humanos saibam que elas existiam.

“Estou ciente de que a cada momento que passa, seres que levaram 5 bilhões de anos para surgir estão se extinguindo”, disse Shatner. “Nós nunca vamos conhecê-los.”

Lembrando do esforço para construir a bomba atômica na Segunda Guerra Mundial, ele pediu um segundo “Projeto Manhattan de cientistas”, um grupo de cérebros encarregado de remover o dióxido de carbono, metano e outros gases de efeito estufa da atmosfera. “Não há tempo para guerra”, disse, referindo-se à invasão da Ucrânia pela Rússia. “Isso só contribui para as próximas extinções, que incluirão seres humanos.”

Shatner então mencionou o contraste entre sua expectativa do voo versus o que aconteceu enquanto flutuava livremente a quase 350 mil pés acima da Terra um ano atrás. Ele descreveu a experiência em um trecho de seu livro.

“Isso me encheu de pavor”, escreveu. “Minha viagem ao espaço deveria ser uma celebração; em vez disso, parecia um funeral.”

The Washington Post - William Shatner esperava que, ir ao espaço em outubro de 2021, o induziria “à catarse final” - uma sensação de conexão entre todas as coisas vivas. Em vez disso, tendo encarado “a frieza viciosa do espaço”, ele se viu confuso quando a nave Blue Origin pousou e voltou para a Terra.

Tocando o chão, Shatner chorou, e ele não tinha certeza do motivo.

“Todo mundo estava agitando garrafas de champanhe, era uma sensação de realização. E eu não me sentia assim. Eu não estava comemorando. Estava, não sei, sacudindo meus punhos para os deuses”, disse Shatner ao The Washington Post.

Várias horas se passaram até Shatner perceber o que estava vivenciando: “Grande dor... pelo planeta”. O ator, agora com 91 anos, está envolvido em causas ambientais há anos. Mas sua viagem de 13 de outubro a bordo da nave Blue Origin, que o tornou o humano mais velho a visitar o espaço, deu a esse trabalho uma nova urgência, disse ele. A justaposição de seu “vazio frio, escuro e negro” com “a calorosa nutrição da Terra abaixo” o encheu de profundo desespero e provocou uma percepção.

O ator William Shatner conversa com Audrey Powers, Chris Boshuizen e Glen de Vries Foto: MIKE BLAKE

“Descobri que a beleza não está lá fora, está aqui embaixo, com todos nós. Deixar isso para trás tornou minha conexão com nosso pequeno planeta ainda mais profunda”, escreveu ele em um trecho de seu novo livro, Boldly Go: Reflections on a Life of Awe and Wonder (Vá Corajosamente: Reflexões sobre uma vida de admiração e admiração, em tradução livre), que foi publicado na quinta-feira pela revista Variety.

Por três temporadas, em meados da década de 1960, Shatner trouxe o espaço, a fronteira final, para os lares americanos no papel do Capitão James Kirk em Star Trek: A Série Original. E foi mais ou menos nessa época em que estava interpretando o comandante fictício da USS Enterprise que Shatner leu o seminal texto ecológico de Rachel Carson, Primavera Silenciosa (1962), que ele descreveu no ano passado como um abridor de olhos.

“Li e comecei a berrar sobre o aquecimento do planeta”, disse ele. “Mas ninguém levou a sério.”

Ainda assim, Shatner continuou pregando a favor do meio ambiente. Ele estrelou o filme Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa (1986), no qual sua equipe viaja no tempo para salvar as baleias jubarte, que estavam ameaçadas na época, porque são as únicas criaturas que podem se comunicar com uma sonda alienígena que ameaça destruir a Terra. O filme foi inspirado em ações do Greenpeace, que viu as doações aumentarem após o lançamento do blockbuster e reagiu ao dizer que “o filme reforça sutilmente o motivo de o Greenpeace existir”.

Em 2009, Shatner repreendeu a Hewlett-Packard por não cumprir sua promessa de produzir um computador “livre de tóxicos”. E ele advertiu consistentemente que a superpopulação e as mudanças climáticas são ameaças existenciais para a humanidade.

Depois de interpretar por décadas um capitão de nave espacial fictício, Shatner finalmente teve sua própria chance de se aventurar na fronteira final. Em agosto de 2021, dois meses antes de seu voo civil, Shatner disse que queria ir ao espaço para poder olhar para “a circunferência terrestre azul” e deu a entender que “um amigo muito empreendedor” já havia pensado em como colocar Shatner em um voo civil.

Dois meses depois, a Blue Origin, a empresa espacial de propriedade do bilionário Jeff Bezos, anunciou que Shatner e três outros passageiros voariam para o espaço em sua segunda missão espacial. Em um comunicado à imprensa, Shatner descreveu a oportunidade de ver o espaço como “um milagre”. (Bezos também é proprietário do The Post.)

Um dia antes de decolar, Shatner estava empolgado com sua iminente viagem ao espaço. Em um videoclipe, brincou sobre pular da cápsula da nave espacial. Em outro, ele disse que planejava ter o nariz pressionado contra a janela e que, quando o fizesse, não queria ver “um pequeno gremlin” olhando para ele.

Então, no dia do lançamento, às 9h49 (horário local), o foguete New Shepard da Blue Origin - em homenagem a Alan Shepard, o primeiro americano a ir ao espaço - decolou. O voo de Shatner durou pouco mais de 10 minutos, subindo a uma altura de cerca de 66 milhas, quatro milhas além de um dos limites geralmente considerados a borda do espaço.

Abismo escuro

Durante o voo, a tripulação viu a Terra abaixo e o abismo escuro do outro lado, experimentando ausência de peso por alguns minutos. Shatner disse que olhou pela janela, preocupado com a cor e a curvatura da Terra abaixo dele, mesmo enquanto suportava o desconforto da falta de peso e depois a “escuridão sinistra” do espaço.

Então, eles desceram. Desacelerada por paraquedas, sua cápsula pousou no deserto perto de Van Horn, Texas, enquanto a Blue Origin celebrava uma missão bem-sucedida. Imediatamente após o voo espacial, Shatner agradeceu a Bezos por lhe dar “a experiência mais profunda que posso imaginar”.

“Estou tão emocionado com o que acabou de acontecer. É extraordinário”, disse Shatner. “Espero nunca me recuperar disso. Espero manter o que sinto agora. Não quero perdê-lo.”

Ele não perdeu, disse ao The Post no domingo, 9. Mas processou aquele momento nas horas, dias e meses seguintes. Descreveu a experiência como “um toque de clarim” para deter as mudanças climáticas. Shatner disse que os efeitos devastadores já estão começando a aparecer, citando a recente destruição da costa do Golfo da Flórida pelo furacão Ian e as chuvas torrenciais no Paquistão. Essas forças sísmicas têm o poder de extinguir espécies de animais e plantas, às vezes sem que os humanos saibam que elas existiam.

“Estou ciente de que a cada momento que passa, seres que levaram 5 bilhões de anos para surgir estão se extinguindo”, disse Shatner. “Nós nunca vamos conhecê-los.”

Lembrando do esforço para construir a bomba atômica na Segunda Guerra Mundial, ele pediu um segundo “Projeto Manhattan de cientistas”, um grupo de cérebros encarregado de remover o dióxido de carbono, metano e outros gases de efeito estufa da atmosfera. “Não há tempo para guerra”, disse, referindo-se à invasão da Ucrânia pela Rússia. “Isso só contribui para as próximas extinções, que incluirão seres humanos.”

Shatner então mencionou o contraste entre sua expectativa do voo versus o que aconteceu enquanto flutuava livremente a quase 350 mil pés acima da Terra um ano atrás. Ele descreveu a experiência em um trecho de seu livro.

“Isso me encheu de pavor”, escreveu. “Minha viagem ao espaço deveria ser uma celebração; em vez disso, parecia um funeral.”

The Washington Post - William Shatner esperava que, ir ao espaço em outubro de 2021, o induziria “à catarse final” - uma sensação de conexão entre todas as coisas vivas. Em vez disso, tendo encarado “a frieza viciosa do espaço”, ele se viu confuso quando a nave Blue Origin pousou e voltou para a Terra.

Tocando o chão, Shatner chorou, e ele não tinha certeza do motivo.

“Todo mundo estava agitando garrafas de champanhe, era uma sensação de realização. E eu não me sentia assim. Eu não estava comemorando. Estava, não sei, sacudindo meus punhos para os deuses”, disse Shatner ao The Washington Post.

Várias horas se passaram até Shatner perceber o que estava vivenciando: “Grande dor... pelo planeta”. O ator, agora com 91 anos, está envolvido em causas ambientais há anos. Mas sua viagem de 13 de outubro a bordo da nave Blue Origin, que o tornou o humano mais velho a visitar o espaço, deu a esse trabalho uma nova urgência, disse ele. A justaposição de seu “vazio frio, escuro e negro” com “a calorosa nutrição da Terra abaixo” o encheu de profundo desespero e provocou uma percepção.

O ator William Shatner conversa com Audrey Powers, Chris Boshuizen e Glen de Vries Foto: MIKE BLAKE

“Descobri que a beleza não está lá fora, está aqui embaixo, com todos nós. Deixar isso para trás tornou minha conexão com nosso pequeno planeta ainda mais profunda”, escreveu ele em um trecho de seu novo livro, Boldly Go: Reflections on a Life of Awe and Wonder (Vá Corajosamente: Reflexões sobre uma vida de admiração e admiração, em tradução livre), que foi publicado na quinta-feira pela revista Variety.

Por três temporadas, em meados da década de 1960, Shatner trouxe o espaço, a fronteira final, para os lares americanos no papel do Capitão James Kirk em Star Trek: A Série Original. E foi mais ou menos nessa época em que estava interpretando o comandante fictício da USS Enterprise que Shatner leu o seminal texto ecológico de Rachel Carson, Primavera Silenciosa (1962), que ele descreveu no ano passado como um abridor de olhos.

“Li e comecei a berrar sobre o aquecimento do planeta”, disse ele. “Mas ninguém levou a sério.”

Ainda assim, Shatner continuou pregando a favor do meio ambiente. Ele estrelou o filme Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa (1986), no qual sua equipe viaja no tempo para salvar as baleias jubarte, que estavam ameaçadas na época, porque são as únicas criaturas que podem se comunicar com uma sonda alienígena que ameaça destruir a Terra. O filme foi inspirado em ações do Greenpeace, que viu as doações aumentarem após o lançamento do blockbuster e reagiu ao dizer que “o filme reforça sutilmente o motivo de o Greenpeace existir”.

Em 2009, Shatner repreendeu a Hewlett-Packard por não cumprir sua promessa de produzir um computador “livre de tóxicos”. E ele advertiu consistentemente que a superpopulação e as mudanças climáticas são ameaças existenciais para a humanidade.

Depois de interpretar por décadas um capitão de nave espacial fictício, Shatner finalmente teve sua própria chance de se aventurar na fronteira final. Em agosto de 2021, dois meses antes de seu voo civil, Shatner disse que queria ir ao espaço para poder olhar para “a circunferência terrestre azul” e deu a entender que “um amigo muito empreendedor” já havia pensado em como colocar Shatner em um voo civil.

Dois meses depois, a Blue Origin, a empresa espacial de propriedade do bilionário Jeff Bezos, anunciou que Shatner e três outros passageiros voariam para o espaço em sua segunda missão espacial. Em um comunicado à imprensa, Shatner descreveu a oportunidade de ver o espaço como “um milagre”. (Bezos também é proprietário do The Post.)

Um dia antes de decolar, Shatner estava empolgado com sua iminente viagem ao espaço. Em um videoclipe, brincou sobre pular da cápsula da nave espacial. Em outro, ele disse que planejava ter o nariz pressionado contra a janela e que, quando o fizesse, não queria ver “um pequeno gremlin” olhando para ele.

Então, no dia do lançamento, às 9h49 (horário local), o foguete New Shepard da Blue Origin - em homenagem a Alan Shepard, o primeiro americano a ir ao espaço - decolou. O voo de Shatner durou pouco mais de 10 minutos, subindo a uma altura de cerca de 66 milhas, quatro milhas além de um dos limites geralmente considerados a borda do espaço.

Abismo escuro

Durante o voo, a tripulação viu a Terra abaixo e o abismo escuro do outro lado, experimentando ausência de peso por alguns minutos. Shatner disse que olhou pela janela, preocupado com a cor e a curvatura da Terra abaixo dele, mesmo enquanto suportava o desconforto da falta de peso e depois a “escuridão sinistra” do espaço.

Então, eles desceram. Desacelerada por paraquedas, sua cápsula pousou no deserto perto de Van Horn, Texas, enquanto a Blue Origin celebrava uma missão bem-sucedida. Imediatamente após o voo espacial, Shatner agradeceu a Bezos por lhe dar “a experiência mais profunda que posso imaginar”.

“Estou tão emocionado com o que acabou de acontecer. É extraordinário”, disse Shatner. “Espero nunca me recuperar disso. Espero manter o que sinto agora. Não quero perdê-lo.”

Ele não perdeu, disse ao The Post no domingo, 9. Mas processou aquele momento nas horas, dias e meses seguintes. Descreveu a experiência como “um toque de clarim” para deter as mudanças climáticas. Shatner disse que os efeitos devastadores já estão começando a aparecer, citando a recente destruição da costa do Golfo da Flórida pelo furacão Ian e as chuvas torrenciais no Paquistão. Essas forças sísmicas têm o poder de extinguir espécies de animais e plantas, às vezes sem que os humanos saibam que elas existiam.

“Estou ciente de que a cada momento que passa, seres que levaram 5 bilhões de anos para surgir estão se extinguindo”, disse Shatner. “Nós nunca vamos conhecê-los.”

Lembrando do esforço para construir a bomba atômica na Segunda Guerra Mundial, ele pediu um segundo “Projeto Manhattan de cientistas”, um grupo de cérebros encarregado de remover o dióxido de carbono, metano e outros gases de efeito estufa da atmosfera. “Não há tempo para guerra”, disse, referindo-se à invasão da Ucrânia pela Rússia. “Isso só contribui para as próximas extinções, que incluirão seres humanos.”

Shatner então mencionou o contraste entre sua expectativa do voo versus o que aconteceu enquanto flutuava livremente a quase 350 mil pés acima da Terra um ano atrás. Ele descreveu a experiência em um trecho de seu livro.

“Isso me encheu de pavor”, escreveu. “Minha viagem ao espaço deveria ser uma celebração; em vez disso, parecia um funeral.”

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