Coluna quinzenal do roteirista Lusa Silvestre com crônicas sobre a vida vista com ironia dramática

Opinião|O matriarcado já começou. E vai voar caco de macho alfa pra tudo quanto é lado


E, do lado de cá, quem pra lutar? Quem pode gritar ‘Esparta!’ junto comigo? Elon Musk? Esse foge no primeiro foguete

Por Lusa Silvestre

“Professor, eu sou a Nairobi. Berlim não está em condições. Que comece o matriarcado” – decretou a personagem de Alba Flores na série La Casa de Papel, chamando a responsabilidade. Foi o big bang do feminismo pragmático, de resultado.

Ninguém deu bola. Até porque os homens estavam no comando desde que o sapiens apareceu e - convenhamos - apesar das guerras, das fomes, da pobreza, dos genocídios, das pandemias, do clima, da intolerância, da homofobia, do racismo, da misoginia, do obscurantismo, do capitalismo, do comunismo e do Pablo Marçal, até que fomos bem. Sobrevivemos há 200 mil anos. Por comparação, nesse tempo mamutes se tornaram fósseis enquanto humanos viraram influencers. Não havia motivo pra preocupação. Ainda.

Só que o movimento cresceu bem diante do nosso descaso. Vai contando: Natuza, Sadi e Duailibi; Doutoras Luana e Ludmila; Renata Silveira e Leila Pereira. Carla Madeira e Anitta. Taylor Swift, Jacinda Arden da Nova Zelândia, Greta Thunberg - e mais um monte de empoderadas inclementes, prontas pra mudar o mundo. E, do lado de cá, quem pra lutar? Quem pode gritar “Esparta!” junto comigo? Elon Musk? Esse foge no primeiro foguete.

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Alba Flores em 'La Casa de Papel', quando declara que o matriarcado começou. Foto: Netflix/Divulgação

No cinema, quase todas as minhas chefes são mulheres. Neste jornal, idem. Na Olimpíada, vishhh, só deu elas. Todo o nosso ouro veio de mulheres, encurralando os meninos na própria irrelevância esportiva. Se em Los Angeles ainda tiver competição de breakdance, vamos levar a seleção masculina de futebol. São bons de coreografia.

A gente não tratou elas direito. Queimamos Joana Darc. Cortamos o pescoço da Maria Antonieta. Vistoriamos o que devem fazer com o próprio corpo, enquanto cultivamos uma bolota peluda de hérnia pra fora do umbigo. Assobiamos, passamos a mão, arrumamos jeito de encostar nelas no metrô. Pois então: as minas agora querem vingança. Kamala vem aí - e o que acontece nos EUA repercute pelo mundo. É a grande virada universal.

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Em casa, lutando pela sobrevivência, propus uma mudança política: a monarquia parlamentar – onde minha mulher é a primeira ministra e eu sou o rei. Ela manda em tudo, eu só apareço sorrindo nas festas. Não colou. Sugeri daí um regime absolutista clássico: minha mulher é Luis XIV, o Estado é ela - e eu sou o bobo da corte. Ela respondeu que isso já acontece na prática. Não sei mais o que fazer. Elas estão vindo - e trazendo junto Iemanjá e Nossa Senhora Aparecida como aliadas. Vai voar caco de macho alfa pra tudo quanto é lado.

“Professor, eu sou a Nairobi. Berlim não está em condições. Que comece o matriarcado” – decretou a personagem de Alba Flores na série La Casa de Papel, chamando a responsabilidade. Foi o big bang do feminismo pragmático, de resultado.

Ninguém deu bola. Até porque os homens estavam no comando desde que o sapiens apareceu e - convenhamos - apesar das guerras, das fomes, da pobreza, dos genocídios, das pandemias, do clima, da intolerância, da homofobia, do racismo, da misoginia, do obscurantismo, do capitalismo, do comunismo e do Pablo Marçal, até que fomos bem. Sobrevivemos há 200 mil anos. Por comparação, nesse tempo mamutes se tornaram fósseis enquanto humanos viraram influencers. Não havia motivo pra preocupação. Ainda.

Só que o movimento cresceu bem diante do nosso descaso. Vai contando: Natuza, Sadi e Duailibi; Doutoras Luana e Ludmila; Renata Silveira e Leila Pereira. Carla Madeira e Anitta. Taylor Swift, Jacinda Arden da Nova Zelândia, Greta Thunberg - e mais um monte de empoderadas inclementes, prontas pra mudar o mundo. E, do lado de cá, quem pra lutar? Quem pode gritar “Esparta!” junto comigo? Elon Musk? Esse foge no primeiro foguete.

Alba Flores em 'La Casa de Papel', quando declara que o matriarcado começou. Foto: Netflix/Divulgação

No cinema, quase todas as minhas chefes são mulheres. Neste jornal, idem. Na Olimpíada, vishhh, só deu elas. Todo o nosso ouro veio de mulheres, encurralando os meninos na própria irrelevância esportiva. Se em Los Angeles ainda tiver competição de breakdance, vamos levar a seleção masculina de futebol. São bons de coreografia.

A gente não tratou elas direito. Queimamos Joana Darc. Cortamos o pescoço da Maria Antonieta. Vistoriamos o que devem fazer com o próprio corpo, enquanto cultivamos uma bolota peluda de hérnia pra fora do umbigo. Assobiamos, passamos a mão, arrumamos jeito de encostar nelas no metrô. Pois então: as minas agora querem vingança. Kamala vem aí - e o que acontece nos EUA repercute pelo mundo. É a grande virada universal.

Em casa, lutando pela sobrevivência, propus uma mudança política: a monarquia parlamentar – onde minha mulher é a primeira ministra e eu sou o rei. Ela manda em tudo, eu só apareço sorrindo nas festas. Não colou. Sugeri daí um regime absolutista clássico: minha mulher é Luis XIV, o Estado é ela - e eu sou o bobo da corte. Ela respondeu que isso já acontece na prática. Não sei mais o que fazer. Elas estão vindo - e trazendo junto Iemanjá e Nossa Senhora Aparecida como aliadas. Vai voar caco de macho alfa pra tudo quanto é lado.

“Professor, eu sou a Nairobi. Berlim não está em condições. Que comece o matriarcado” – decretou a personagem de Alba Flores na série La Casa de Papel, chamando a responsabilidade. Foi o big bang do feminismo pragmático, de resultado.

Ninguém deu bola. Até porque os homens estavam no comando desde que o sapiens apareceu e - convenhamos - apesar das guerras, das fomes, da pobreza, dos genocídios, das pandemias, do clima, da intolerância, da homofobia, do racismo, da misoginia, do obscurantismo, do capitalismo, do comunismo e do Pablo Marçal, até que fomos bem. Sobrevivemos há 200 mil anos. Por comparação, nesse tempo mamutes se tornaram fósseis enquanto humanos viraram influencers. Não havia motivo pra preocupação. Ainda.

Só que o movimento cresceu bem diante do nosso descaso. Vai contando: Natuza, Sadi e Duailibi; Doutoras Luana e Ludmila; Renata Silveira e Leila Pereira. Carla Madeira e Anitta. Taylor Swift, Jacinda Arden da Nova Zelândia, Greta Thunberg - e mais um monte de empoderadas inclementes, prontas pra mudar o mundo. E, do lado de cá, quem pra lutar? Quem pode gritar “Esparta!” junto comigo? Elon Musk? Esse foge no primeiro foguete.

Alba Flores em 'La Casa de Papel', quando declara que o matriarcado começou. Foto: Netflix/Divulgação

No cinema, quase todas as minhas chefes são mulheres. Neste jornal, idem. Na Olimpíada, vishhh, só deu elas. Todo o nosso ouro veio de mulheres, encurralando os meninos na própria irrelevância esportiva. Se em Los Angeles ainda tiver competição de breakdance, vamos levar a seleção masculina de futebol. São bons de coreografia.

A gente não tratou elas direito. Queimamos Joana Darc. Cortamos o pescoço da Maria Antonieta. Vistoriamos o que devem fazer com o próprio corpo, enquanto cultivamos uma bolota peluda de hérnia pra fora do umbigo. Assobiamos, passamos a mão, arrumamos jeito de encostar nelas no metrô. Pois então: as minas agora querem vingança. Kamala vem aí - e o que acontece nos EUA repercute pelo mundo. É a grande virada universal.

Em casa, lutando pela sobrevivência, propus uma mudança política: a monarquia parlamentar – onde minha mulher é a primeira ministra e eu sou o rei. Ela manda em tudo, eu só apareço sorrindo nas festas. Não colou. Sugeri daí um regime absolutista clássico: minha mulher é Luis XIV, o Estado é ela - e eu sou o bobo da corte. Ela respondeu que isso já acontece na prática. Não sei mais o que fazer. Elas estão vindo - e trazendo junto Iemanjá e Nossa Senhora Aparecida como aliadas. Vai voar caco de macho alfa pra tudo quanto é lado.

“Professor, eu sou a Nairobi. Berlim não está em condições. Que comece o matriarcado” – decretou a personagem de Alba Flores na série La Casa de Papel, chamando a responsabilidade. Foi o big bang do feminismo pragmático, de resultado.

Ninguém deu bola. Até porque os homens estavam no comando desde que o sapiens apareceu e - convenhamos - apesar das guerras, das fomes, da pobreza, dos genocídios, das pandemias, do clima, da intolerância, da homofobia, do racismo, da misoginia, do obscurantismo, do capitalismo, do comunismo e do Pablo Marçal, até que fomos bem. Sobrevivemos há 200 mil anos. Por comparação, nesse tempo mamutes se tornaram fósseis enquanto humanos viraram influencers. Não havia motivo pra preocupação. Ainda.

Só que o movimento cresceu bem diante do nosso descaso. Vai contando: Natuza, Sadi e Duailibi; Doutoras Luana e Ludmila; Renata Silveira e Leila Pereira. Carla Madeira e Anitta. Taylor Swift, Jacinda Arden da Nova Zelândia, Greta Thunberg - e mais um monte de empoderadas inclementes, prontas pra mudar o mundo. E, do lado de cá, quem pra lutar? Quem pode gritar “Esparta!” junto comigo? Elon Musk? Esse foge no primeiro foguete.

Alba Flores em 'La Casa de Papel', quando declara que o matriarcado começou. Foto: Netflix/Divulgação

No cinema, quase todas as minhas chefes são mulheres. Neste jornal, idem. Na Olimpíada, vishhh, só deu elas. Todo o nosso ouro veio de mulheres, encurralando os meninos na própria irrelevância esportiva. Se em Los Angeles ainda tiver competição de breakdance, vamos levar a seleção masculina de futebol. São bons de coreografia.

A gente não tratou elas direito. Queimamos Joana Darc. Cortamos o pescoço da Maria Antonieta. Vistoriamos o que devem fazer com o próprio corpo, enquanto cultivamos uma bolota peluda de hérnia pra fora do umbigo. Assobiamos, passamos a mão, arrumamos jeito de encostar nelas no metrô. Pois então: as minas agora querem vingança. Kamala vem aí - e o que acontece nos EUA repercute pelo mundo. É a grande virada universal.

Em casa, lutando pela sobrevivência, propus uma mudança política: a monarquia parlamentar – onde minha mulher é a primeira ministra e eu sou o rei. Ela manda em tudo, eu só apareço sorrindo nas festas. Não colou. Sugeri daí um regime absolutista clássico: minha mulher é Luis XIV, o Estado é ela - e eu sou o bobo da corte. Ela respondeu que isso já acontece na prática. Não sei mais o que fazer. Elas estão vindo - e trazendo junto Iemanjá e Nossa Senhora Aparecida como aliadas. Vai voar caco de macho alfa pra tudo quanto é lado.

Opinião por Lusa Silvestre

Roteirista dos filmes 'Estômago', 'O Roubo da Taça', 'Medida Provisória' e 'Sequestro do Voo 375'.

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