Coluna quinzenal do roteirista Lusa Silvestre com crônicas sobre a vida vista com ironia dramática

Opinião|O que significa ser romântico hoje? Uma pesquisa britânica dá pistas


Muitos dos códigos do romantismo foram pra cucuia, mas ele tem salvação

Por Lusa Silvestre

Importante separar o romantismo artístico do comportamental pra esta nossa conversa. Primeiro, falemos do artístico. Na música, tivemos Chopin, Lizst, Beethoven e Robertão. Adoro. Já na literatura romântica, misericórdia! A Moreninha, Iracema, Amor de Perdição. Lembram? Estudantes de direito, conversas cheias de rococó, mulheres tratadas como cristal. Aquilo que lemos na escola com muito sacrifício. Foi uma fase bem difícil pra quem sentava com vista para a quadra de futebol.

E existe o romantismo comportamental. É dele que estou me referindo; da lida cheia de liturgias e teretetês nas relações amorosas. É o pas de deux do casal; uma coreografia de seduções onde há um homem provedor e uma mulher frágil. Este romantismo anacrônico, ó: caducou.

Difícil achar mulher frágil e muitos dos códigos do romantismo foram pra cucuia. Citando um: mandar flores. Tem gente que não gosta de ganhar, ué. Flores pedem vaso, água, poda – dão trabalho. Só que as pessoas já estão ocupadas demais fazendo calls, discutindo issues dos mindsets e patrulhando a vida dos outros. As flores morrem de inanição e desgosto.

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Mandar flores, abrir a porta do carro e pagar a conta do jantar já não são mais sinônimos de romantismo. Pesquisa britânica indica que a gentileza é o atributo mais apreciado nos tempos atuais. Foto: gstockstudio/ Adobe Stock

Abrir a porta do carro era um gesto lindo; você debruçava perto da dama para abrir a carruagem e ela entrar. Os corpos se aprochegavam, perfumes, cabelos, olerê. Tudo isso virou um botão na chave de ignição. Não há Porsche que tenha um botão que apita e pisca bom de lábia.

O homem pagar a conta do jantar também virou tabu. É mesmo uma atitude meio paternalista, sugere que ele tem mais grana do que ela. O mundo não é mais assim; o matriarcado vem forte e me chama que eu gosto. Me sinto total disruptivo quando é a mulher que banca a refeição. Não vale ser a minha mulher - porque a conta é conjunta.

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Mas parece que agora o romantismo tem salvação - promete uma pesquisa da British Journal of Social Psycology. Nela, os cientistas pegaram vários retratos de homens e mostraram pra um grupo. E contaram os atributos de cada fotografado: esse sujeito é educado, aquele é destemido. Sabe qual característica foi a mais apreciada? A gentileza. Isso mesmo: os gentis eram considerados mais bonitos até do que os bem-humorados ou inteligentes.

Pronto: achamos o novo romantismo. Se antes abrir a porta do carro tinha seu charme, hoje o que vale é saber ouvir. Em vez de bancar o jantar, melhor ser cortês com todo mundo no restaurante. Flores é pra continuar mandando - azar de quem não gosta. Eu vou adotar essa filosofia. Como sou careca e tenho 1,73 de altura, minha melhor arma é ser gentil mesmo.

Importante separar o romantismo artístico do comportamental pra esta nossa conversa. Primeiro, falemos do artístico. Na música, tivemos Chopin, Lizst, Beethoven e Robertão. Adoro. Já na literatura romântica, misericórdia! A Moreninha, Iracema, Amor de Perdição. Lembram? Estudantes de direito, conversas cheias de rococó, mulheres tratadas como cristal. Aquilo que lemos na escola com muito sacrifício. Foi uma fase bem difícil pra quem sentava com vista para a quadra de futebol.

E existe o romantismo comportamental. É dele que estou me referindo; da lida cheia de liturgias e teretetês nas relações amorosas. É o pas de deux do casal; uma coreografia de seduções onde há um homem provedor e uma mulher frágil. Este romantismo anacrônico, ó: caducou.

Difícil achar mulher frágil e muitos dos códigos do romantismo foram pra cucuia. Citando um: mandar flores. Tem gente que não gosta de ganhar, ué. Flores pedem vaso, água, poda – dão trabalho. Só que as pessoas já estão ocupadas demais fazendo calls, discutindo issues dos mindsets e patrulhando a vida dos outros. As flores morrem de inanição e desgosto.

Mandar flores, abrir a porta do carro e pagar a conta do jantar já não são mais sinônimos de romantismo. Pesquisa britânica indica que a gentileza é o atributo mais apreciado nos tempos atuais. Foto: gstockstudio/ Adobe Stock

Abrir a porta do carro era um gesto lindo; você debruçava perto da dama para abrir a carruagem e ela entrar. Os corpos se aprochegavam, perfumes, cabelos, olerê. Tudo isso virou um botão na chave de ignição. Não há Porsche que tenha um botão que apita e pisca bom de lábia.

O homem pagar a conta do jantar também virou tabu. É mesmo uma atitude meio paternalista, sugere que ele tem mais grana do que ela. O mundo não é mais assim; o matriarcado vem forte e me chama que eu gosto. Me sinto total disruptivo quando é a mulher que banca a refeição. Não vale ser a minha mulher - porque a conta é conjunta.

Mas parece que agora o romantismo tem salvação - promete uma pesquisa da British Journal of Social Psycology. Nela, os cientistas pegaram vários retratos de homens e mostraram pra um grupo. E contaram os atributos de cada fotografado: esse sujeito é educado, aquele é destemido. Sabe qual característica foi a mais apreciada? A gentileza. Isso mesmo: os gentis eram considerados mais bonitos até do que os bem-humorados ou inteligentes.

Pronto: achamos o novo romantismo. Se antes abrir a porta do carro tinha seu charme, hoje o que vale é saber ouvir. Em vez de bancar o jantar, melhor ser cortês com todo mundo no restaurante. Flores é pra continuar mandando - azar de quem não gosta. Eu vou adotar essa filosofia. Como sou careca e tenho 1,73 de altura, minha melhor arma é ser gentil mesmo.

Importante separar o romantismo artístico do comportamental pra esta nossa conversa. Primeiro, falemos do artístico. Na música, tivemos Chopin, Lizst, Beethoven e Robertão. Adoro. Já na literatura romântica, misericórdia! A Moreninha, Iracema, Amor de Perdição. Lembram? Estudantes de direito, conversas cheias de rococó, mulheres tratadas como cristal. Aquilo que lemos na escola com muito sacrifício. Foi uma fase bem difícil pra quem sentava com vista para a quadra de futebol.

E existe o romantismo comportamental. É dele que estou me referindo; da lida cheia de liturgias e teretetês nas relações amorosas. É o pas de deux do casal; uma coreografia de seduções onde há um homem provedor e uma mulher frágil. Este romantismo anacrônico, ó: caducou.

Difícil achar mulher frágil e muitos dos códigos do romantismo foram pra cucuia. Citando um: mandar flores. Tem gente que não gosta de ganhar, ué. Flores pedem vaso, água, poda – dão trabalho. Só que as pessoas já estão ocupadas demais fazendo calls, discutindo issues dos mindsets e patrulhando a vida dos outros. As flores morrem de inanição e desgosto.

Mandar flores, abrir a porta do carro e pagar a conta do jantar já não são mais sinônimos de romantismo. Pesquisa britânica indica que a gentileza é o atributo mais apreciado nos tempos atuais. Foto: gstockstudio/ Adobe Stock

Abrir a porta do carro era um gesto lindo; você debruçava perto da dama para abrir a carruagem e ela entrar. Os corpos se aprochegavam, perfumes, cabelos, olerê. Tudo isso virou um botão na chave de ignição. Não há Porsche que tenha um botão que apita e pisca bom de lábia.

O homem pagar a conta do jantar também virou tabu. É mesmo uma atitude meio paternalista, sugere que ele tem mais grana do que ela. O mundo não é mais assim; o matriarcado vem forte e me chama que eu gosto. Me sinto total disruptivo quando é a mulher que banca a refeição. Não vale ser a minha mulher - porque a conta é conjunta.

Mas parece que agora o romantismo tem salvação - promete uma pesquisa da British Journal of Social Psycology. Nela, os cientistas pegaram vários retratos de homens e mostraram pra um grupo. E contaram os atributos de cada fotografado: esse sujeito é educado, aquele é destemido. Sabe qual característica foi a mais apreciada? A gentileza. Isso mesmo: os gentis eram considerados mais bonitos até do que os bem-humorados ou inteligentes.

Pronto: achamos o novo romantismo. Se antes abrir a porta do carro tinha seu charme, hoje o que vale é saber ouvir. Em vez de bancar o jantar, melhor ser cortês com todo mundo no restaurante. Flores é pra continuar mandando - azar de quem não gosta. Eu vou adotar essa filosofia. Como sou careca e tenho 1,73 de altura, minha melhor arma é ser gentil mesmo.

Importante separar o romantismo artístico do comportamental pra esta nossa conversa. Primeiro, falemos do artístico. Na música, tivemos Chopin, Lizst, Beethoven e Robertão. Adoro. Já na literatura romântica, misericórdia! A Moreninha, Iracema, Amor de Perdição. Lembram? Estudantes de direito, conversas cheias de rococó, mulheres tratadas como cristal. Aquilo que lemos na escola com muito sacrifício. Foi uma fase bem difícil pra quem sentava com vista para a quadra de futebol.

E existe o romantismo comportamental. É dele que estou me referindo; da lida cheia de liturgias e teretetês nas relações amorosas. É o pas de deux do casal; uma coreografia de seduções onde há um homem provedor e uma mulher frágil. Este romantismo anacrônico, ó: caducou.

Difícil achar mulher frágil e muitos dos códigos do romantismo foram pra cucuia. Citando um: mandar flores. Tem gente que não gosta de ganhar, ué. Flores pedem vaso, água, poda – dão trabalho. Só que as pessoas já estão ocupadas demais fazendo calls, discutindo issues dos mindsets e patrulhando a vida dos outros. As flores morrem de inanição e desgosto.

Mandar flores, abrir a porta do carro e pagar a conta do jantar já não são mais sinônimos de romantismo. Pesquisa britânica indica que a gentileza é o atributo mais apreciado nos tempos atuais. Foto: gstockstudio/ Adobe Stock

Abrir a porta do carro era um gesto lindo; você debruçava perto da dama para abrir a carruagem e ela entrar. Os corpos se aprochegavam, perfumes, cabelos, olerê. Tudo isso virou um botão na chave de ignição. Não há Porsche que tenha um botão que apita e pisca bom de lábia.

O homem pagar a conta do jantar também virou tabu. É mesmo uma atitude meio paternalista, sugere que ele tem mais grana do que ela. O mundo não é mais assim; o matriarcado vem forte e me chama que eu gosto. Me sinto total disruptivo quando é a mulher que banca a refeição. Não vale ser a minha mulher - porque a conta é conjunta.

Mas parece que agora o romantismo tem salvação - promete uma pesquisa da British Journal of Social Psycology. Nela, os cientistas pegaram vários retratos de homens e mostraram pra um grupo. E contaram os atributos de cada fotografado: esse sujeito é educado, aquele é destemido. Sabe qual característica foi a mais apreciada? A gentileza. Isso mesmo: os gentis eram considerados mais bonitos até do que os bem-humorados ou inteligentes.

Pronto: achamos o novo romantismo. Se antes abrir a porta do carro tinha seu charme, hoje o que vale é saber ouvir. Em vez de bancar o jantar, melhor ser cortês com todo mundo no restaurante. Flores é pra continuar mandando - azar de quem não gosta. Eu vou adotar essa filosofia. Como sou careca e tenho 1,73 de altura, minha melhor arma é ser gentil mesmo.

Importante separar o romantismo artístico do comportamental pra esta nossa conversa. Primeiro, falemos do artístico. Na música, tivemos Chopin, Lizst, Beethoven e Robertão. Adoro. Já na literatura romântica, misericórdia! A Moreninha, Iracema, Amor de Perdição. Lembram? Estudantes de direito, conversas cheias de rococó, mulheres tratadas como cristal. Aquilo que lemos na escola com muito sacrifício. Foi uma fase bem difícil pra quem sentava com vista para a quadra de futebol.

E existe o romantismo comportamental. É dele que estou me referindo; da lida cheia de liturgias e teretetês nas relações amorosas. É o pas de deux do casal; uma coreografia de seduções onde há um homem provedor e uma mulher frágil. Este romantismo anacrônico, ó: caducou.

Difícil achar mulher frágil e muitos dos códigos do romantismo foram pra cucuia. Citando um: mandar flores. Tem gente que não gosta de ganhar, ué. Flores pedem vaso, água, poda – dão trabalho. Só que as pessoas já estão ocupadas demais fazendo calls, discutindo issues dos mindsets e patrulhando a vida dos outros. As flores morrem de inanição e desgosto.

Mandar flores, abrir a porta do carro e pagar a conta do jantar já não são mais sinônimos de romantismo. Pesquisa britânica indica que a gentileza é o atributo mais apreciado nos tempos atuais. Foto: gstockstudio/ Adobe Stock

Abrir a porta do carro era um gesto lindo; você debruçava perto da dama para abrir a carruagem e ela entrar. Os corpos se aprochegavam, perfumes, cabelos, olerê. Tudo isso virou um botão na chave de ignição. Não há Porsche que tenha um botão que apita e pisca bom de lábia.

O homem pagar a conta do jantar também virou tabu. É mesmo uma atitude meio paternalista, sugere que ele tem mais grana do que ela. O mundo não é mais assim; o matriarcado vem forte e me chama que eu gosto. Me sinto total disruptivo quando é a mulher que banca a refeição. Não vale ser a minha mulher - porque a conta é conjunta.

Mas parece que agora o romantismo tem salvação - promete uma pesquisa da British Journal of Social Psycology. Nela, os cientistas pegaram vários retratos de homens e mostraram pra um grupo. E contaram os atributos de cada fotografado: esse sujeito é educado, aquele é destemido. Sabe qual característica foi a mais apreciada? A gentileza. Isso mesmo: os gentis eram considerados mais bonitos até do que os bem-humorados ou inteligentes.

Pronto: achamos o novo romantismo. Se antes abrir a porta do carro tinha seu charme, hoje o que vale é saber ouvir. Em vez de bancar o jantar, melhor ser cortês com todo mundo no restaurante. Flores é pra continuar mandando - azar de quem não gosta. Eu vou adotar essa filosofia. Como sou careca e tenho 1,73 de altura, minha melhor arma é ser gentil mesmo.

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Opinião por Lusa Silvestre

Roteirista dos filmes 'Estômago', 'O Roubo da Taça', 'Medida Provisória' e 'Sequestro do Voo 375'.

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