A ´escolha de sofia', segundo Arminio Fraga


Por Sonia Racy
Arminio Fraga. Foto: Silvana Garzaro/Estadão

O ano começou enterrando a esperança de que, pelo menos parte do ajuste fiscal - o referente à tributação -, se concretizasse para valer a partir da aprovação. Hoje, qualquer mudança nas regras só entra em vigência a partir do ano que vem. Portanto, mesmo que se consiga aprová-las em 2021, elas terão impacto nas contas públicas somente em 2022.

continua após a publicidade

Simultaneamente, a pandemia não dá sinais de que pode arrefecer tão cedo, indicando necessidade urgente da volta do pagamento de algum tipo de auxílio emergencial. Caso contrário, segundo a maior parte dos economistas, o impacto social e econômico será gigante. Os mais descrentes, porém, defendem "travar Bolsonaro", isto é, barrar qualquer gasto novo do governo federal. Acreditam que se isso não acontecer, a sangria só vai aumentar. E o País sofrerá consequências igualmente nefastas. De concreto mesmo, o fato que o governo Bolsonaro se encontra em uma bifurcação de difícil resolução.

Indagado, Arminio Fraga lamenta a perda do timing de mudança do sistema tributário brasileiro. "A princípio, não é possível mudar a tributação para esse ano, mas pelo que acompanho, muita coisa já foi inventada em Brasília e eu não falaria isso com total convicção. Pode aparecer uma brecha, a gente nunca sabe."

Qual seria a alternativa? Segundo o ex-presidente do BC, a opção seria tentar fazer um mix: "Algum tipo de ajuste dos gastos - dentro da família dos gastos tributários, que, contabilmente não são gastos, mas o princípio é o mesmo". No entanto, esse movimento teria que ser crível e "ele é de construção difícil. A base seria fazer um ajuste primário maior que o custo do gasto emergencial".

continua após a publicidade

Então, acha que o auxílio emergencial tem que continuar? "Tenho alta convicção disso diante do estado complicadíssimo - tanto sanitário quanto econômico que estamos vivendo. E tem que ser muito bem-feito, sem abrir espaço para extensão desse auxílio. Tem gente que acha que é impossível, que o mercado não aguenta. Outros acham o oposto, que é possível reintroduzir o estado emergencial e o mercado se adapta. Eu estou no meio do caminho. Será muito arriscado se o aumento de gastos não for exclusivamente claramente para o auxílio emergencial."

O mercado financeiro nacional e internacional reagiria bem mesmo com uma medida sobre gasto emergencial bem feita? "Na atual conjuntura das contas brasileiras, é difícil prever. Há uma imensa liquidez pelo mundo e acredito que ela pode ajudar o Brasil. A liquidez global é vento a favor do Brasil e do mundo, pois "tira força das forças antidemocráticas e reabre a possibilidade de maior coordenação global".

Sua agenda 2222 - publicada e explicada pela coluna - é viável? "Fiz uma proposta que acho correta. Entretanto, não estou dizendo que acredito que esse governo vá implementar algo parecido." E a agenda Paulo Guedes tem futuro? "Ele teve dificuldade em formular e executar a agenda liberal. Mas justiça seja feita, boa parte do que ele propôs, quem vetou foi o próprio presidente."

Arminio Fraga. Foto: Silvana Garzaro/Estadão

O ano começou enterrando a esperança de que, pelo menos parte do ajuste fiscal - o referente à tributação -, se concretizasse para valer a partir da aprovação. Hoje, qualquer mudança nas regras só entra em vigência a partir do ano que vem. Portanto, mesmo que se consiga aprová-las em 2021, elas terão impacto nas contas públicas somente em 2022.

Simultaneamente, a pandemia não dá sinais de que pode arrefecer tão cedo, indicando necessidade urgente da volta do pagamento de algum tipo de auxílio emergencial. Caso contrário, segundo a maior parte dos economistas, o impacto social e econômico será gigante. Os mais descrentes, porém, defendem "travar Bolsonaro", isto é, barrar qualquer gasto novo do governo federal. Acreditam que se isso não acontecer, a sangria só vai aumentar. E o País sofrerá consequências igualmente nefastas. De concreto mesmo, o fato que o governo Bolsonaro se encontra em uma bifurcação de difícil resolução.

Indagado, Arminio Fraga lamenta a perda do timing de mudança do sistema tributário brasileiro. "A princípio, não é possível mudar a tributação para esse ano, mas pelo que acompanho, muita coisa já foi inventada em Brasília e eu não falaria isso com total convicção. Pode aparecer uma brecha, a gente nunca sabe."

Qual seria a alternativa? Segundo o ex-presidente do BC, a opção seria tentar fazer um mix: "Algum tipo de ajuste dos gastos - dentro da família dos gastos tributários, que, contabilmente não são gastos, mas o princípio é o mesmo". No entanto, esse movimento teria que ser crível e "ele é de construção difícil. A base seria fazer um ajuste primário maior que o custo do gasto emergencial".

Então, acha que o auxílio emergencial tem que continuar? "Tenho alta convicção disso diante do estado complicadíssimo - tanto sanitário quanto econômico que estamos vivendo. E tem que ser muito bem-feito, sem abrir espaço para extensão desse auxílio. Tem gente que acha que é impossível, que o mercado não aguenta. Outros acham o oposto, que é possível reintroduzir o estado emergencial e o mercado se adapta. Eu estou no meio do caminho. Será muito arriscado se o aumento de gastos não for exclusivamente claramente para o auxílio emergencial."

O mercado financeiro nacional e internacional reagiria bem mesmo com uma medida sobre gasto emergencial bem feita? "Na atual conjuntura das contas brasileiras, é difícil prever. Há uma imensa liquidez pelo mundo e acredito que ela pode ajudar o Brasil. A liquidez global é vento a favor do Brasil e do mundo, pois "tira força das forças antidemocráticas e reabre a possibilidade de maior coordenação global".

Sua agenda 2222 - publicada e explicada pela coluna - é viável? "Fiz uma proposta que acho correta. Entretanto, não estou dizendo que acredito que esse governo vá implementar algo parecido." E a agenda Paulo Guedes tem futuro? "Ele teve dificuldade em formular e executar a agenda liberal. Mas justiça seja feita, boa parte do que ele propôs, quem vetou foi o próprio presidente."

Arminio Fraga. Foto: Silvana Garzaro/Estadão

O ano começou enterrando a esperança de que, pelo menos parte do ajuste fiscal - o referente à tributação -, se concretizasse para valer a partir da aprovação. Hoje, qualquer mudança nas regras só entra em vigência a partir do ano que vem. Portanto, mesmo que se consiga aprová-las em 2021, elas terão impacto nas contas públicas somente em 2022.

Simultaneamente, a pandemia não dá sinais de que pode arrefecer tão cedo, indicando necessidade urgente da volta do pagamento de algum tipo de auxílio emergencial. Caso contrário, segundo a maior parte dos economistas, o impacto social e econômico será gigante. Os mais descrentes, porém, defendem "travar Bolsonaro", isto é, barrar qualquer gasto novo do governo federal. Acreditam que se isso não acontecer, a sangria só vai aumentar. E o País sofrerá consequências igualmente nefastas. De concreto mesmo, o fato que o governo Bolsonaro se encontra em uma bifurcação de difícil resolução.

Indagado, Arminio Fraga lamenta a perda do timing de mudança do sistema tributário brasileiro. "A princípio, não é possível mudar a tributação para esse ano, mas pelo que acompanho, muita coisa já foi inventada em Brasília e eu não falaria isso com total convicção. Pode aparecer uma brecha, a gente nunca sabe."

Qual seria a alternativa? Segundo o ex-presidente do BC, a opção seria tentar fazer um mix: "Algum tipo de ajuste dos gastos - dentro da família dos gastos tributários, que, contabilmente não são gastos, mas o princípio é o mesmo". No entanto, esse movimento teria que ser crível e "ele é de construção difícil. A base seria fazer um ajuste primário maior que o custo do gasto emergencial".

Então, acha que o auxílio emergencial tem que continuar? "Tenho alta convicção disso diante do estado complicadíssimo - tanto sanitário quanto econômico que estamos vivendo. E tem que ser muito bem-feito, sem abrir espaço para extensão desse auxílio. Tem gente que acha que é impossível, que o mercado não aguenta. Outros acham o oposto, que é possível reintroduzir o estado emergencial e o mercado se adapta. Eu estou no meio do caminho. Será muito arriscado se o aumento de gastos não for exclusivamente claramente para o auxílio emergencial."

O mercado financeiro nacional e internacional reagiria bem mesmo com uma medida sobre gasto emergencial bem feita? "Na atual conjuntura das contas brasileiras, é difícil prever. Há uma imensa liquidez pelo mundo e acredito que ela pode ajudar o Brasil. A liquidez global é vento a favor do Brasil e do mundo, pois "tira força das forças antidemocráticas e reabre a possibilidade de maior coordenação global".

Sua agenda 2222 - publicada e explicada pela coluna - é viável? "Fiz uma proposta que acho correta. Entretanto, não estou dizendo que acredito que esse governo vá implementar algo parecido." E a agenda Paulo Guedes tem futuro? "Ele teve dificuldade em formular e executar a agenda liberal. Mas justiça seja feita, boa parte do que ele propôs, quem vetou foi o próprio presidente."

Tudo Sobre

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.