'Espero que o Bolsonaro tenha um ataque de lucidez', diz Delfim Netto


Por Sonia Racy
Delfim Netto. Foto: Hélvio Romero/Estadão

Tentar projetar o que pode acontecer no Brasil, ante a briga irracional entre os três Poderes seria a mesma coisa que tentar saber como e quando o mundo sairá da pandemia da covid-19. "A covid está mais democrática", ironizou Delfim Netto, em conversa com a coluna ontem.

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Se Bolsonaro for intimado pelo STF e não cumprir a ordem, o que pode acontecer? "A Polícia Federal vai prendê-lo. Não tenho a menor dúvida". E qual seria a reação do Exército? "Simplesmente aplaudir o cumprimento da lei. É uma ilusão pensar que as Forças Armadas são propriedade do Bolsonaro. Elas são instituições nacionais que respeitam a lei, portanto respeitam decisões do Supremo".

A coluna lembra que Renan Calheiros, quando presidente do Senado, não cumpriu ordem do STF e nada aconteceu. "Aí desvalorizou-se o Supremo. Só que agora, nós não podemos imaginar que isso possa acontecer de novo", frisa o economista, ex-ministro e ex-deputado federal. Aqui vão trechos da conversa.

Ministro, a agressividade está solta. Há possibilidade de apaziguamento?

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Deixa eu lhe dizer, nós precisamos voltar a respeitar as instituições. Não é possível que a falta de educação seja um comportamento normal. No caso do ministro do Supremo, defendo que as decisões pessoais não devem sobreviver. As decisões do STF só são decisões quando o pleno decide. Nenhum ministro deve decidir de maneira monocrática, nenhum tem esse poder. Quem decide é o pleno.

Alguma possibilidade das Forças Armadas entrarem nessa confusão?

Não. Elas hoje são instituições do Estado graças à contribuição do presidente Castello Branco. Não existem mais aqueles generais que ficavam 20 anos e faziam um grupo que impunha a sua vontade. O primitivismo acabou. Somos hoje um País mais muito mais civilizado graças a Castello. Hoje, um general de brigada, em 4 anos, ou é promovido ao Exército ou é aposentado.

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E quando Bolsonaro se refere ao "meu" Exército?

Um abuso de linguagem. O Exército não é dele, não é de ninguém. Cumpre suas missões. Bolsonaro é um corajoso sem respeito pelas instituições. Vamos ver se ele tem um ataque de lucidez.

O que podemos esperar nas próximas semanas, no curto prazo?

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Olha, do Bolsonaro eu espero um pouco mais de educação e de respeito às instituições do País. E dos ministros do Supremo que ajam sempre através do pleno, que usem menos as decisões pessoais.

O senhor acredita em impeachment?

Se ele continuar provocando, seria a solução. Espero que ele tenha um ataque de lucidez. A única coisa que você não pode dizer é que o Bolsonaro seja um fraco. O que falta a ele é o respeito pelas instituições. A solução mais adequada, já que ele entrou pelo voto, que saia também pelo voto.

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Se Lula for eleito em 2022, o Exército acata a decisão da população?

Mas é evidente. Nós estamos confundindo, o Lula fez um governo maravilhoso. Nós estamos confundindo a Dilma com o Lula. Quem destruiu tudo foi a Dilma. E o Exército não tem que aceitar nada. Vai ficar no quartel. O presidente da República é o chefe das Forças Armadas.

E a economia no Brasil?

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A economia está funcionando quase que independente da política. Essa que é a verdade. O Brasil se cansou de ficar esperando um presidente que seja capaz de fazer uma política econômica realmente para o crescimento.

Delfim Netto. Foto: Hélvio Romero/Estadão

Tentar projetar o que pode acontecer no Brasil, ante a briga irracional entre os três Poderes seria a mesma coisa que tentar saber como e quando o mundo sairá da pandemia da covid-19. "A covid está mais democrática", ironizou Delfim Netto, em conversa com a coluna ontem.

Se Bolsonaro for intimado pelo STF e não cumprir a ordem, o que pode acontecer? "A Polícia Federal vai prendê-lo. Não tenho a menor dúvida". E qual seria a reação do Exército? "Simplesmente aplaudir o cumprimento da lei. É uma ilusão pensar que as Forças Armadas são propriedade do Bolsonaro. Elas são instituições nacionais que respeitam a lei, portanto respeitam decisões do Supremo".

A coluna lembra que Renan Calheiros, quando presidente do Senado, não cumpriu ordem do STF e nada aconteceu. "Aí desvalorizou-se o Supremo. Só que agora, nós não podemos imaginar que isso possa acontecer de novo", frisa o economista, ex-ministro e ex-deputado federal. Aqui vão trechos da conversa.

Ministro, a agressividade está solta. Há possibilidade de apaziguamento?

Deixa eu lhe dizer, nós precisamos voltar a respeitar as instituições. Não é possível que a falta de educação seja um comportamento normal. No caso do ministro do Supremo, defendo que as decisões pessoais não devem sobreviver. As decisões do STF só são decisões quando o pleno decide. Nenhum ministro deve decidir de maneira monocrática, nenhum tem esse poder. Quem decide é o pleno.

Alguma possibilidade das Forças Armadas entrarem nessa confusão?

Não. Elas hoje são instituições do Estado graças à contribuição do presidente Castello Branco. Não existem mais aqueles generais que ficavam 20 anos e faziam um grupo que impunha a sua vontade. O primitivismo acabou. Somos hoje um País mais muito mais civilizado graças a Castello. Hoje, um general de brigada, em 4 anos, ou é promovido ao Exército ou é aposentado.

E quando Bolsonaro se refere ao "meu" Exército?

Um abuso de linguagem. O Exército não é dele, não é de ninguém. Cumpre suas missões. Bolsonaro é um corajoso sem respeito pelas instituições. Vamos ver se ele tem um ataque de lucidez.

O que podemos esperar nas próximas semanas, no curto prazo?

Olha, do Bolsonaro eu espero um pouco mais de educação e de respeito às instituições do País. E dos ministros do Supremo que ajam sempre através do pleno, que usem menos as decisões pessoais.

O senhor acredita em impeachment?

Se ele continuar provocando, seria a solução. Espero que ele tenha um ataque de lucidez. A única coisa que você não pode dizer é que o Bolsonaro seja um fraco. O que falta a ele é o respeito pelas instituições. A solução mais adequada, já que ele entrou pelo voto, que saia também pelo voto.

Se Lula for eleito em 2022, o Exército acata a decisão da população?

Mas é evidente. Nós estamos confundindo, o Lula fez um governo maravilhoso. Nós estamos confundindo a Dilma com o Lula. Quem destruiu tudo foi a Dilma. E o Exército não tem que aceitar nada. Vai ficar no quartel. O presidente da República é o chefe das Forças Armadas.

E a economia no Brasil?

A economia está funcionando quase que independente da política. Essa que é a verdade. O Brasil se cansou de ficar esperando um presidente que seja capaz de fazer uma política econômica realmente para o crescimento.

Delfim Netto. Foto: Hélvio Romero/Estadão

Tentar projetar o que pode acontecer no Brasil, ante a briga irracional entre os três Poderes seria a mesma coisa que tentar saber como e quando o mundo sairá da pandemia da covid-19. "A covid está mais democrática", ironizou Delfim Netto, em conversa com a coluna ontem.

Se Bolsonaro for intimado pelo STF e não cumprir a ordem, o que pode acontecer? "A Polícia Federal vai prendê-lo. Não tenho a menor dúvida". E qual seria a reação do Exército? "Simplesmente aplaudir o cumprimento da lei. É uma ilusão pensar que as Forças Armadas são propriedade do Bolsonaro. Elas são instituições nacionais que respeitam a lei, portanto respeitam decisões do Supremo".

A coluna lembra que Renan Calheiros, quando presidente do Senado, não cumpriu ordem do STF e nada aconteceu. "Aí desvalorizou-se o Supremo. Só que agora, nós não podemos imaginar que isso possa acontecer de novo", frisa o economista, ex-ministro e ex-deputado federal. Aqui vão trechos da conversa.

Ministro, a agressividade está solta. Há possibilidade de apaziguamento?

Deixa eu lhe dizer, nós precisamos voltar a respeitar as instituições. Não é possível que a falta de educação seja um comportamento normal. No caso do ministro do Supremo, defendo que as decisões pessoais não devem sobreviver. As decisões do STF só são decisões quando o pleno decide. Nenhum ministro deve decidir de maneira monocrática, nenhum tem esse poder. Quem decide é o pleno.

Alguma possibilidade das Forças Armadas entrarem nessa confusão?

Não. Elas hoje são instituições do Estado graças à contribuição do presidente Castello Branco. Não existem mais aqueles generais que ficavam 20 anos e faziam um grupo que impunha a sua vontade. O primitivismo acabou. Somos hoje um País mais muito mais civilizado graças a Castello. Hoje, um general de brigada, em 4 anos, ou é promovido ao Exército ou é aposentado.

E quando Bolsonaro se refere ao "meu" Exército?

Um abuso de linguagem. O Exército não é dele, não é de ninguém. Cumpre suas missões. Bolsonaro é um corajoso sem respeito pelas instituições. Vamos ver se ele tem um ataque de lucidez.

O que podemos esperar nas próximas semanas, no curto prazo?

Olha, do Bolsonaro eu espero um pouco mais de educação e de respeito às instituições do País. E dos ministros do Supremo que ajam sempre através do pleno, que usem menos as decisões pessoais.

O senhor acredita em impeachment?

Se ele continuar provocando, seria a solução. Espero que ele tenha um ataque de lucidez. A única coisa que você não pode dizer é que o Bolsonaro seja um fraco. O que falta a ele é o respeito pelas instituições. A solução mais adequada, já que ele entrou pelo voto, que saia também pelo voto.

Se Lula for eleito em 2022, o Exército acata a decisão da população?

Mas é evidente. Nós estamos confundindo, o Lula fez um governo maravilhoso. Nós estamos confundindo a Dilma com o Lula. Quem destruiu tudo foi a Dilma. E o Exército não tem que aceitar nada. Vai ficar no quartel. O presidente da República é o chefe das Forças Armadas.

E a economia no Brasil?

A economia está funcionando quase que independente da política. Essa que é a verdade. O Brasil se cansou de ficar esperando um presidente que seja capaz de fazer uma política econômica realmente para o crescimento.

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