Meritocracia pressupõe 'igualdade de oportunidades', diz secretária


Por Bianca Ribeiro
PATRICIA ELLEN. FOTO: SILVANA GARZARO/ESTADÃO 

 

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Patrícia Ellen é uma das poucas integrantes do primeiro escalão de João Doria a ter um gabinete à disposição para despachar no Bandeirantes. Aos 41 anos, a secretária de Desenvolvimento Econômico do governo paulista se tornou referência constante nos discursos do tucano, após ter deixado o mundo corporativo (foi sócia da consultoria de projetos McKinsey) para ganhar um salário "modesto" como titular da pasta responsável por atrair investimentos.

Nesta conversa com a coluna, no Palácio, a secretária falou do contraste entre sua história e o que faz hoje. "Falar em meritocracia no Brasil, com este contexto desigual, chega a ser insanidade", resume, ressaltando que "é preciso haver igualdade de oportunidades para que se possa falar em meritocracia". Um de seus argumentos, no caso, é sua própria história. "Nasci no Campo Limpo, tenho família e amigos com problemas com drogas, ferrados, primas que tiveram filhos aos 13 anos. Você acha que eles não quiseram vencer? Eles não tiveram sorte!" Sua conclusão: "Acho um absurdo a gente ter que falar de sorte hoje no Brasil. Minha família é meu presente para me dar choque de realidade". No depoimento, falou de desafios, das eleições de 2022, de uma síndrome de pânico que teve em 2010 e por fim de sua passagem por Harvard, nos EUA. E até se emocionou ao relembrar sua infância pobre pertinho da sede do governo, entre os bairros de Campo Limpo e o Real Parque, onde ainda vivem seus pais.

O desabafo sobre meritocracia, esclarece a secretária, não significa que ela seja contra. "Acredito em igualdade de oportunidades, investir em educação. Sou supercompetitiva. O governador bota pressão em todo mundo. E está supercerto. Mas eu estou aqui (no Palácio, em pé de igualdade). Ela acredita que o caminho para o Brasil vencer é o mesmo que ela percorreu: educação, qualificação profissional e emprego. "Esta agenda do ensino técnico é a única forma de não sacrificarmos a próxima geração no Brasil. Se a gente não formar essas pessoas para o mercado, vamos encostar todo mundo". E retoma, de novo, sua própria experiência, de uma jovem que cresceu "sendo incluída e excluída" dos grupos com que convivia. "Ou eu era a filha do dono da lojinha na favela ou a pobre da escola particular".

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Em 2010, esse histórico lhe rendeu uma síndrome do pânico - o que a levou a tirar um ano sabático: foi para Harvard com bolsa da Fundação Lemann. "Eu me sentia uma impostora, me distanciando da minha origem humilde. Aos 30 anos ganhava bem, ajudava a família, mas muitos amigos e familiares continuavam ferrados". Na volta, conheceu o então prefeito Doria e recusou seu convite para ser secretaria de Empreendedorismo. Preferiu ficar na McKinsey e, como técnica, atuou em projetos para os governos Dilma Rousseff, Michel Temer, Eduardo Campos, Eduardo Paes, ACM Neto.

Depois do convite de Doria ela fundou, em 2016, com Ilona Szabó e Leandro Machado, o Agora!, movimento de renovação política que tem Luciano Huck como um dos integrantes. Também deu aulas a candidatos do RenovaBR. Sobre a candidatura presidencial embrionária de Huck, que pode enfrentar o governador Doria em 2022, a secretária desconversa: "Não me convém opinar". /CECÍLIA RAMOS E PEDRO VENCESLAU

PATRICIA ELLEN. FOTO: SILVANA GARZARO/ESTADÃO 

 

Patrícia Ellen é uma das poucas integrantes do primeiro escalão de João Doria a ter um gabinete à disposição para despachar no Bandeirantes. Aos 41 anos, a secretária de Desenvolvimento Econômico do governo paulista se tornou referência constante nos discursos do tucano, após ter deixado o mundo corporativo (foi sócia da consultoria de projetos McKinsey) para ganhar um salário "modesto" como titular da pasta responsável por atrair investimentos.

Nesta conversa com a coluna, no Palácio, a secretária falou do contraste entre sua história e o que faz hoje. "Falar em meritocracia no Brasil, com este contexto desigual, chega a ser insanidade", resume, ressaltando que "é preciso haver igualdade de oportunidades para que se possa falar em meritocracia". Um de seus argumentos, no caso, é sua própria história. "Nasci no Campo Limpo, tenho família e amigos com problemas com drogas, ferrados, primas que tiveram filhos aos 13 anos. Você acha que eles não quiseram vencer? Eles não tiveram sorte!" Sua conclusão: "Acho um absurdo a gente ter que falar de sorte hoje no Brasil. Minha família é meu presente para me dar choque de realidade". No depoimento, falou de desafios, das eleições de 2022, de uma síndrome de pânico que teve em 2010 e por fim de sua passagem por Harvard, nos EUA. E até se emocionou ao relembrar sua infância pobre pertinho da sede do governo, entre os bairros de Campo Limpo e o Real Parque, onde ainda vivem seus pais.

O desabafo sobre meritocracia, esclarece a secretária, não significa que ela seja contra. "Acredito em igualdade de oportunidades, investir em educação. Sou supercompetitiva. O governador bota pressão em todo mundo. E está supercerto. Mas eu estou aqui (no Palácio, em pé de igualdade). Ela acredita que o caminho para o Brasil vencer é o mesmo que ela percorreu: educação, qualificação profissional e emprego. "Esta agenda do ensino técnico é a única forma de não sacrificarmos a próxima geração no Brasil. Se a gente não formar essas pessoas para o mercado, vamos encostar todo mundo". E retoma, de novo, sua própria experiência, de uma jovem que cresceu "sendo incluída e excluída" dos grupos com que convivia. "Ou eu era a filha do dono da lojinha na favela ou a pobre da escola particular".

Em 2010, esse histórico lhe rendeu uma síndrome do pânico - o que a levou a tirar um ano sabático: foi para Harvard com bolsa da Fundação Lemann. "Eu me sentia uma impostora, me distanciando da minha origem humilde. Aos 30 anos ganhava bem, ajudava a família, mas muitos amigos e familiares continuavam ferrados". Na volta, conheceu o então prefeito Doria e recusou seu convite para ser secretaria de Empreendedorismo. Preferiu ficar na McKinsey e, como técnica, atuou em projetos para os governos Dilma Rousseff, Michel Temer, Eduardo Campos, Eduardo Paes, ACM Neto.

Depois do convite de Doria ela fundou, em 2016, com Ilona Szabó e Leandro Machado, o Agora!, movimento de renovação política que tem Luciano Huck como um dos integrantes. Também deu aulas a candidatos do RenovaBR. Sobre a candidatura presidencial embrionária de Huck, que pode enfrentar o governador Doria em 2022, a secretária desconversa: "Não me convém opinar". /CECÍLIA RAMOS E PEDRO VENCESLAU

PATRICIA ELLEN. FOTO: SILVANA GARZARO/ESTADÃO 

 

Patrícia Ellen é uma das poucas integrantes do primeiro escalão de João Doria a ter um gabinete à disposição para despachar no Bandeirantes. Aos 41 anos, a secretária de Desenvolvimento Econômico do governo paulista se tornou referência constante nos discursos do tucano, após ter deixado o mundo corporativo (foi sócia da consultoria de projetos McKinsey) para ganhar um salário "modesto" como titular da pasta responsável por atrair investimentos.

Nesta conversa com a coluna, no Palácio, a secretária falou do contraste entre sua história e o que faz hoje. "Falar em meritocracia no Brasil, com este contexto desigual, chega a ser insanidade", resume, ressaltando que "é preciso haver igualdade de oportunidades para que se possa falar em meritocracia". Um de seus argumentos, no caso, é sua própria história. "Nasci no Campo Limpo, tenho família e amigos com problemas com drogas, ferrados, primas que tiveram filhos aos 13 anos. Você acha que eles não quiseram vencer? Eles não tiveram sorte!" Sua conclusão: "Acho um absurdo a gente ter que falar de sorte hoje no Brasil. Minha família é meu presente para me dar choque de realidade". No depoimento, falou de desafios, das eleições de 2022, de uma síndrome de pânico que teve em 2010 e por fim de sua passagem por Harvard, nos EUA. E até se emocionou ao relembrar sua infância pobre pertinho da sede do governo, entre os bairros de Campo Limpo e o Real Parque, onde ainda vivem seus pais.

O desabafo sobre meritocracia, esclarece a secretária, não significa que ela seja contra. "Acredito em igualdade de oportunidades, investir em educação. Sou supercompetitiva. O governador bota pressão em todo mundo. E está supercerto. Mas eu estou aqui (no Palácio, em pé de igualdade). Ela acredita que o caminho para o Brasil vencer é o mesmo que ela percorreu: educação, qualificação profissional e emprego. "Esta agenda do ensino técnico é a única forma de não sacrificarmos a próxima geração no Brasil. Se a gente não formar essas pessoas para o mercado, vamos encostar todo mundo". E retoma, de novo, sua própria experiência, de uma jovem que cresceu "sendo incluída e excluída" dos grupos com que convivia. "Ou eu era a filha do dono da lojinha na favela ou a pobre da escola particular".

Em 2010, esse histórico lhe rendeu uma síndrome do pânico - o que a levou a tirar um ano sabático: foi para Harvard com bolsa da Fundação Lemann. "Eu me sentia uma impostora, me distanciando da minha origem humilde. Aos 30 anos ganhava bem, ajudava a família, mas muitos amigos e familiares continuavam ferrados". Na volta, conheceu o então prefeito Doria e recusou seu convite para ser secretaria de Empreendedorismo. Preferiu ficar na McKinsey e, como técnica, atuou em projetos para os governos Dilma Rousseff, Michel Temer, Eduardo Campos, Eduardo Paes, ACM Neto.

Depois do convite de Doria ela fundou, em 2016, com Ilona Szabó e Leandro Machado, o Agora!, movimento de renovação política que tem Luciano Huck como um dos integrantes. Também deu aulas a candidatos do RenovaBR. Sobre a candidatura presidencial embrionária de Huck, que pode enfrentar o governador Doria em 2022, a secretária desconversa: "Não me convém opinar". /CECÍLIA RAMOS E PEDRO VENCESLAU

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