Após décadas de mobilizações de moradores e artistas do entorno, o Parque Augusta será finalmente aberto ao público no sábado. Vai revelar descobertas da cidade de São Paulo do passado, além de incorporar demandas de diferentes grupos relacionados à área verde no centro da cidade. O desfecho veio após inúmeras disputas pelo terreno. A solução veio em acordo fechado em 2018 entre Ministério Público, construtoras e Prefeitura.
Samuel Kruchin, arquiteto responsável pelo projeto do parque, conta que ali não há resquício de Mata Atlântica como se pensou. Há sim espécies exóticas e um jardim histórico, centenário, que era do Colégio Des Oiseaux. " Reservado às freiras, era um lugar que chamavam de Colina". O primeiro ponto do projeto foi recompor o jardim histórico. "Bem como a ideia desse lugar sagrado e de reflexão," diz o especialista. No terreno, parado há 50 anos, estavam desde encobertos oratórios até uma gruta.
O arquiteto reconstituiu os dois edifícios , a portaria do tradicional colégio para mulheres aberto em 1907 e uma casa onde está até hoje, mantido, o grafite de um tamanduá gigante. O projeto contempla ainda pedidos da comunidade local: espaço de redes, cachorródromo, praça para crianças, bicicletário, arquibancada para assistir apresentações e sede administrativa.
Muro
Há também caminhos contemporâneos e trilhas históricas na área de 25 mil metros quadrados. O muro de tijolos na rua Augusta, alvo de debate sobre se deveria ser derrubado, por tirar a visibilidade do parque, foi mantido. "O muro é quase icônico. É parte da história daquele lugar, mostra como as ruas se configuraram, tem as arcadas", explica o arquiteto.
Outro ponto de destaque é o aterramento sobre o que restou da escola demolida nos anos 1970. "No futuro, seria interessante começarmos a olhar mais para esse subsolo, tentar trazer para o parque outros fragmentos do que ali está escondido", Kruchin. | PAULA BONELLI