Renato Zurlini aprova a decisão da ginasta americana Simone Biles em desistir da final individual na Olimpíada por problemas de saúde mental. Ex-triatleta e surfista, prega - depois de um ano e meio de pandemia - o autoconhecimento como instrumento dessa travessia pela qual o mundo passa. O terapeuta e mediador reflexivo conta que além dos atendimentos regulares em seu consultório, está realizando uma série de encontros-jantares batizados de Eat, Talk & Think. A proposta para essa pandemia é exercitar o processo de escuta e abrir o espaço para a vulnerabilidade de cada um - seguindo, claro, os protocolos contra covid-19.
Considerando o caso Simone Biles, qual é o perigo de seguir em frente, com alta pressão, quando não se está bem emocionalmente?
A confiança é fundamental para uma boa performance. Se o emocional está abalado, a chance de algo grave acontecer é enorme. Um erro pode levar a uma lesão grave que pode comprometer o futuro profissional da atleta e também sua vida pessoal.
Como a pandemia afetou a saúde mental das pessoas?
As pessoas estão lutando com as emoções, tentando entender o que estão sentindo. A grande maioria não se sente desesperada, não é um quadro de depressão. Apenas se sentem sem alegria, sem foco e objetivos claros, uma sensação de estagnação, desânimo e vazio.
É possível atingir resultados palpáveis com terapia?
O processo terapêutico se fundamenta na auto-observação e na transformação de emoções. Se tornar consciente sobre os desconfortos ajuda a identificar a fonte da questão e abre possibilidades para criar ações e mudar a realidade.
Quais os pré-requisitos para que o processo terapêutico funcione?
É fundamental a pessoa reconhecer a dor e ter a motivação para mudar. Ter a percepção que o cenário não é saudável e aceitar a ajuda externa de um profissional para mudar seus comportamentos.