Alguns heróis usam máscaras e estão na linha de frente do combate ao coronavírus. Estão espalhados em hospitais, postos de atendimento e consultórios de todo o País. São médicas, enfermeiros, condutores de ambulância, equipes de apoio e limpeza, todos empenhados no combate à pandemia e em salvar vidas. Essa dedicação diária merece mais que aplausos. E é por isso que o Estado convida você a homenagear esses profissionais usando a hashtag #AbracoNaSaude, no Twitter: https://www.estadao. com.r/infograficos/brasil,de-um-abraco-na-saude-do-brasil-contra-o-coronavirus,1086559 Seu apoio vai entrar em uma contagem de abraços que pode ser acompanhada no Estadao.com.br. Lá, você também vai encontrar histórias inspiradoras e cards para compartilhar nas redes sociais, marcando os profissionais da saúde que fazem parte da luta contra a covid-19. Agora, conheça um pouco da história desses heróis. O que mudou no cotidiano dessas pessoas? Como lidam com o risco de infecção? Como atendem pacientes e consolam as próprias famílias? Nesta edição, vamos contar a história da enfermeira Janaína Maria Felix de Moraes, que cresceu na Cohab 2, em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo, começou a vida como office-girl e hoje é linha de frente no com em um dos principais hospitais do País. Também vamos mostrar o que aconteceu com a cardiologista e intensivista Danielle da Silva Saldanha – que além de médica é praticante de remo. O esporte precisou ser deixado um pouco de lado no dia em que ela sentiu um cansaço estranho e foi para o isolamento. Já a intensivista pediátrica do Hospital das Clínicas, Fabiane Aliotti Regalio, deixou temporariamente de atuar com crianças para se dedicar aos pacientes do coronavírus. Ela ressalta a importância da corrente de solidariedade. Mas não há só médicas e enfermeiras entre os heróis. O condutor de ambulância Marcos Paulo do Nascimento fala sobre a missão e as dificuldades de uma corrida contra o vírus.
Anna Nery. Quando ainda era adolescente, Janaína Maria Felix de Moraes ajudava a família trabalhando como office-girl no centro da cidade. E foi com o salário de muito “corre” que ela pagou o primeiro curso de enfermagem. Logo, apaixonou-se pelo ofício e foi aprimorando sua formação até chegar à faculdade. “Eu trilhei um caminho legal, contrariei estatísticas, fui a primeira pessoa da minha família aqui em São Paulo com curso superior”, disse. Hoje, ela é uma das principais enfermeiras do Hospital Albert Einstein. Sobre a luta contra o coronavírus, ela diz: “Essa é uma profissão de doação e de muito amor. No futuro, os profissionais da saúde serão lembrados como Anna Nery (pioneira na enfermagem no Brasil).” Ela disse sentir o carinho das pessoas, mas adverte: “A melhor maneira de me homenagear é ficando em casa”.
Na UTI. Remo cinco vezes por semana, às vezes antes de o sol nascer. Dois dias para corrida, em percurso de até seis quilômetros. Trabalho na UTI de dois hospitais.” Rotina apertada, que reúne em altas doses duas das paixões de Danielle da Silva Saldanha, 45 anos : a medicina e o esporte. Atividades que teve de interromper por 14 dias. Ela passou a sentir um cansaço estranho. Foi ao médico, fez tomografia. Nada de pneumonia, apenas os sinais de uma infecção viral. O teste para a covid-19 ela não conseguiu realizar. Mas o passo seguinte foi ir para casa e preparar o isolamento. Sua filha de 17 anos, que tem asma e está no grupo de risco, precisou ficar com a família do namorado. Danielle melhorou, piorou um pouco novamente perto do nono dia, tornou a ir ao hospital. “Só tive um momento de medo real, em que imaginei que poderia ficar com alguma sequela nos pulmões e não poder fazer as atividades que eu gosto.” Na quarta, 1º de abril, recomeçou no trabalho. Na sequência, retomou a série com o personal trainer. / Carla Miranda
Na ambulância. Chegar com rapidez e cuidado pode ser a diferença entre perder ou salvar uma vida. Essa é a premissa que não sai da cabeça do condutor de ambulância Marcos Paulo do Nascimento, 43 anos. “Faço remoções inter hospitalares, levo e busco pacientes. Não tem nada melhor do que ver a alegria de um familiar quando você chega a tempo para fazer a diferença na recuperação de uma pessoa.” Ele conta que atualmente “caem de 5 ou 6 chamados” de transporte para pessoas suspeitas ou confirmadas com coronavírus em um único plantão. Ele contou que já tem colegas que foram afastados por suspeita de coronavírus. “Ninguém sai de casa para ficar doente, mas para salvar vidas.” Apesar do medo, Marcos não pretende deixar de ajudar pessoas. “Moro no extremo de Guarulhos, acordo às 4h50 da manhã. Pego um ônibus até a Estação Armênia, vou de metrô até a Sé. Depois, troco de linha e desço na Estação D. Pedro. Lá, pego o Fura-fila até o Sacomã. É Recompensador. Estamos em uma guerra pela sobrevivência.” / Gilberto Amendola
'Covidário'. Fabiane e equipe viram a UTI pediátrica no Instituto Central do Hospital das Clínicas ser esvaziada. Os pacientes foram realocados para outros espaços e tudo se transformou em um grande “covidário”, espaço dedicado a doentes da covid-19. “Nunca passamos por nada parecido. Todos seremos impactados nas nossas vidas pessoais.” Manter o próprio equilíbrio e o da equipe é um ponto fundamental para Fabiane Aliotti Regalio, 41 anos. “Claro, existe o medo de não dar conta e sucumbir física e emocionalmente. Alguns médicos mais novos podem sentir mais e precisar de ajuda. Vamos ter de prestar atenção e conversar muito sobre nossa postura e responsabilidades”, afirma. Além de atender os pacientes, a médica está atuando na contratação de urgência de médicos. “Recebi mensagens de médicos do País inteiro, gente que tem mais de 30 anos de profissão, gente que só atua em consultório, gente que está disposta a largar tudo e vir nos ajudar na linha de frente. Isso nos dá muita força.” / Gilberto Amendola