Entre a adoração e o repúdio, o mito


Seis décadas depois da morte de Vargas, seu nome ainda desperta reações apaixonadas e antagônicas

Por Lira Neto
Foto de arquivo do ex-presidente Getúlio Vargas na década de 50 Foto: Reprodução/AE

“Deixo à sanha dos meus inimigos o legado de minha morte.” Assim começava a carta de cinco páginas escrita à mão por Getúlio, encontrada por um ajudante de ordens dez dias antes do suicídio, entre os papéis sobre a mesa de trabalho do presidente. “Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas”, prosseguia o manuscrito. “Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que cometi, mas de poderosos interesses que contrariei.”

Menos conhecido do que a famosa carta-testamento - que na verdade foi redigida e datilografada pelo secretário Maciel Filho -, o texto em questão era apenas mais um entre cartas, anotações e bilhetes de despedida que Getúlio escreveu ao longo de sua trajetória política. 

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Desde 1930, ao assumir o comando do movimento civil-militar que o levaria ao poder, ele já anunciava, em seus escritos íntimos, a disposição de não passar à posteridade como um vencido, de não sair da vida para entrar na história sob o estigma da humilhação e da derrota. “Sinto que só o sacrifício da vida poderá resgatar o erro de um fracasso”, escreveu, em seu diário, meia hora antes da eclosão da chamada Revolução de 30.

Em 10 de julho de 1932, no dia seguinte ao estopim da Revolução Constitucionalista em São Paulo, prevendo a possibilidade de uma deposição vexatória, escreveu uma nova e nítida mensagem de suicida: “Escolho a única solução digna para não cair na desonra nem sair pelo ridículo”, ameaçou. Do mesmo modo, dez anos depois, em 1942, quando após estudado e pragmático suspense decidiu comunicar ao subsecretário de Estado americano, Sumner Wells, que o Brasil marcharia ao lado dos Aliados na 2.ª Guerra Mundial, anotou, em uma folha pautada de caderno: “Respondi-lhe que ele poderia contar com o Brasil, mas que nessa decisão eu jogava a minha vida, porque não sobreviveria a um desastre para a minha pátria”.

Próximo ao final da Guerra, em abril de 1945, quando se tornara claro que os militares que o haviam sustentado como ditador já trabalhavam por sua derrubada do poder, insistiu no mesmo tema. “Lúcido e consciente, estou resolvido ao sacrifício para que ele fique como um protesto, marcando a consciência dos traidores”, deixou registrado, em mais uma carta de adeus. Em novembro daquele mesmo ano, já apeado da Presidência, recolhido a São Borja, ameaçado pelos que queriam deportá-lo do País, voltou à carga: “Talvez só com o meu sacrifício eu consiga remir os inocentes que estão sendo perseguidos e libertar-me das mesquinharias”, escreveu. 

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Em todas essas ocasiões, nutrira a convicção de que a posteridade o absolveria, de que o gesto extremo neutralizaria a ação dos adversários, de que sua morte seria uma espécie de autoimolação e de prestação de contas com o futuro. “Cada gota do meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência”, dizia a célebre carta-testamento tornada pública em agosto de 1954. “Aos que pensam que me derrotaram, respondo com a minha vitória.”

Hoje, decorridos exatos 60 anos do suicídio de Getúlio, sua figura histórica continua a despertar reações apaixonadas e radicalmente antagônicas. Amado e odiado na mesma proporção, alvo de devotadas hagiografias e de veementes libelos, considerado por uns o reformador social que modernizou o Brasil, por outros o ditador autoritário que utilizou as massas como massa de manobra e instrumento de dominação política, Getúlio Vargas segue a nos desafiar com suas ambivalências e controvérsias.

A permanência da polarização em torno de seu nome e de seu legado é a melhor prova da desconcertante atualidade das inúmeras discussões que suscitou. Nesse sentido, quando observada em perspectiva, a discussão política no Brasil parece engalfinhar-se em questões que, de forma surpreendente, ainda remontam à Era Vargas. Em um país onde persistem desigualdades e injustiças abissais a serem superadas, getulistas e antigetulistas - ou seus herdeiros diretos e indiretos - se enfrentam e trocam estridências em torno de questões que nos remetem, de modo insistente, ao trágico e longínquo 1954.

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Como assinalei ao final do terceiro volume da biografia Getúlio (Companhia das Letras, 2014), o melhor caminho para compreender esse personagem controvertido, ainda tão vivo em nosso imaginário coletivo mesmo após seis décadas de sua morte física, não é o da devoção sincera ou o da negação irrestrita. Em algum ponto entre uma e outra margem, entre a adoração e o repúdio, deve estar a melhor maneira de perceber e decifrar o mito. 

*

Lira Neto é jornalista e escritor

Foto de arquivo do ex-presidente Getúlio Vargas na década de 50 Foto: Reprodução/AE

“Deixo à sanha dos meus inimigos o legado de minha morte.” Assim começava a carta de cinco páginas escrita à mão por Getúlio, encontrada por um ajudante de ordens dez dias antes do suicídio, entre os papéis sobre a mesa de trabalho do presidente. “Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas”, prosseguia o manuscrito. “Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que cometi, mas de poderosos interesses que contrariei.”

Menos conhecido do que a famosa carta-testamento - que na verdade foi redigida e datilografada pelo secretário Maciel Filho -, o texto em questão era apenas mais um entre cartas, anotações e bilhetes de despedida que Getúlio escreveu ao longo de sua trajetória política. 

Desde 1930, ao assumir o comando do movimento civil-militar que o levaria ao poder, ele já anunciava, em seus escritos íntimos, a disposição de não passar à posteridade como um vencido, de não sair da vida para entrar na história sob o estigma da humilhação e da derrota. “Sinto que só o sacrifício da vida poderá resgatar o erro de um fracasso”, escreveu, em seu diário, meia hora antes da eclosão da chamada Revolução de 30.

Em 10 de julho de 1932, no dia seguinte ao estopim da Revolução Constitucionalista em São Paulo, prevendo a possibilidade de uma deposição vexatória, escreveu uma nova e nítida mensagem de suicida: “Escolho a única solução digna para não cair na desonra nem sair pelo ridículo”, ameaçou. Do mesmo modo, dez anos depois, em 1942, quando após estudado e pragmático suspense decidiu comunicar ao subsecretário de Estado americano, Sumner Wells, que o Brasil marcharia ao lado dos Aliados na 2.ª Guerra Mundial, anotou, em uma folha pautada de caderno: “Respondi-lhe que ele poderia contar com o Brasil, mas que nessa decisão eu jogava a minha vida, porque não sobreviveria a um desastre para a minha pátria”.

Próximo ao final da Guerra, em abril de 1945, quando se tornara claro que os militares que o haviam sustentado como ditador já trabalhavam por sua derrubada do poder, insistiu no mesmo tema. “Lúcido e consciente, estou resolvido ao sacrifício para que ele fique como um protesto, marcando a consciência dos traidores”, deixou registrado, em mais uma carta de adeus. Em novembro daquele mesmo ano, já apeado da Presidência, recolhido a São Borja, ameaçado pelos que queriam deportá-lo do País, voltou à carga: “Talvez só com o meu sacrifício eu consiga remir os inocentes que estão sendo perseguidos e libertar-me das mesquinharias”, escreveu. 

Em todas essas ocasiões, nutrira a convicção de que a posteridade o absolveria, de que o gesto extremo neutralizaria a ação dos adversários, de que sua morte seria uma espécie de autoimolação e de prestação de contas com o futuro. “Cada gota do meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência”, dizia a célebre carta-testamento tornada pública em agosto de 1954. “Aos que pensam que me derrotaram, respondo com a minha vitória.”

Hoje, decorridos exatos 60 anos do suicídio de Getúlio, sua figura histórica continua a despertar reações apaixonadas e radicalmente antagônicas. Amado e odiado na mesma proporção, alvo de devotadas hagiografias e de veementes libelos, considerado por uns o reformador social que modernizou o Brasil, por outros o ditador autoritário que utilizou as massas como massa de manobra e instrumento de dominação política, Getúlio Vargas segue a nos desafiar com suas ambivalências e controvérsias.

A permanência da polarização em torno de seu nome e de seu legado é a melhor prova da desconcertante atualidade das inúmeras discussões que suscitou. Nesse sentido, quando observada em perspectiva, a discussão política no Brasil parece engalfinhar-se em questões que, de forma surpreendente, ainda remontam à Era Vargas. Em um país onde persistem desigualdades e injustiças abissais a serem superadas, getulistas e antigetulistas - ou seus herdeiros diretos e indiretos - se enfrentam e trocam estridências em torno de questões que nos remetem, de modo insistente, ao trágico e longínquo 1954.

Como assinalei ao final do terceiro volume da biografia Getúlio (Companhia das Letras, 2014), o melhor caminho para compreender esse personagem controvertido, ainda tão vivo em nosso imaginário coletivo mesmo após seis décadas de sua morte física, não é o da devoção sincera ou o da negação irrestrita. Em algum ponto entre uma e outra margem, entre a adoração e o repúdio, deve estar a melhor maneira de perceber e decifrar o mito. 

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Lira Neto é jornalista e escritor

Foto de arquivo do ex-presidente Getúlio Vargas na década de 50 Foto: Reprodução/AE

“Deixo à sanha dos meus inimigos o legado de minha morte.” Assim começava a carta de cinco páginas escrita à mão por Getúlio, encontrada por um ajudante de ordens dez dias antes do suicídio, entre os papéis sobre a mesa de trabalho do presidente. “Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas”, prosseguia o manuscrito. “Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que cometi, mas de poderosos interesses que contrariei.”

Menos conhecido do que a famosa carta-testamento - que na verdade foi redigida e datilografada pelo secretário Maciel Filho -, o texto em questão era apenas mais um entre cartas, anotações e bilhetes de despedida que Getúlio escreveu ao longo de sua trajetória política. 

Desde 1930, ao assumir o comando do movimento civil-militar que o levaria ao poder, ele já anunciava, em seus escritos íntimos, a disposição de não passar à posteridade como um vencido, de não sair da vida para entrar na história sob o estigma da humilhação e da derrota. “Sinto que só o sacrifício da vida poderá resgatar o erro de um fracasso”, escreveu, em seu diário, meia hora antes da eclosão da chamada Revolução de 30.

Em 10 de julho de 1932, no dia seguinte ao estopim da Revolução Constitucionalista em São Paulo, prevendo a possibilidade de uma deposição vexatória, escreveu uma nova e nítida mensagem de suicida: “Escolho a única solução digna para não cair na desonra nem sair pelo ridículo”, ameaçou. Do mesmo modo, dez anos depois, em 1942, quando após estudado e pragmático suspense decidiu comunicar ao subsecretário de Estado americano, Sumner Wells, que o Brasil marcharia ao lado dos Aliados na 2.ª Guerra Mundial, anotou, em uma folha pautada de caderno: “Respondi-lhe que ele poderia contar com o Brasil, mas que nessa decisão eu jogava a minha vida, porque não sobreviveria a um desastre para a minha pátria”.

Próximo ao final da Guerra, em abril de 1945, quando se tornara claro que os militares que o haviam sustentado como ditador já trabalhavam por sua derrubada do poder, insistiu no mesmo tema. “Lúcido e consciente, estou resolvido ao sacrifício para que ele fique como um protesto, marcando a consciência dos traidores”, deixou registrado, em mais uma carta de adeus. Em novembro daquele mesmo ano, já apeado da Presidência, recolhido a São Borja, ameaçado pelos que queriam deportá-lo do País, voltou à carga: “Talvez só com o meu sacrifício eu consiga remir os inocentes que estão sendo perseguidos e libertar-me das mesquinharias”, escreveu. 

Em todas essas ocasiões, nutrira a convicção de que a posteridade o absolveria, de que o gesto extremo neutralizaria a ação dos adversários, de que sua morte seria uma espécie de autoimolação e de prestação de contas com o futuro. “Cada gota do meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência”, dizia a célebre carta-testamento tornada pública em agosto de 1954. “Aos que pensam que me derrotaram, respondo com a minha vitória.”

Hoje, decorridos exatos 60 anos do suicídio de Getúlio, sua figura histórica continua a despertar reações apaixonadas e radicalmente antagônicas. Amado e odiado na mesma proporção, alvo de devotadas hagiografias e de veementes libelos, considerado por uns o reformador social que modernizou o Brasil, por outros o ditador autoritário que utilizou as massas como massa de manobra e instrumento de dominação política, Getúlio Vargas segue a nos desafiar com suas ambivalências e controvérsias.

A permanência da polarização em torno de seu nome e de seu legado é a melhor prova da desconcertante atualidade das inúmeras discussões que suscitou. Nesse sentido, quando observada em perspectiva, a discussão política no Brasil parece engalfinhar-se em questões que, de forma surpreendente, ainda remontam à Era Vargas. Em um país onde persistem desigualdades e injustiças abissais a serem superadas, getulistas e antigetulistas - ou seus herdeiros diretos e indiretos - se enfrentam e trocam estridências em torno de questões que nos remetem, de modo insistente, ao trágico e longínquo 1954.

Como assinalei ao final do terceiro volume da biografia Getúlio (Companhia das Letras, 2014), o melhor caminho para compreender esse personagem controvertido, ainda tão vivo em nosso imaginário coletivo mesmo após seis décadas de sua morte física, não é o da devoção sincera ou o da negação irrestrita. Em algum ponto entre uma e outra margem, entre a adoração e o repúdio, deve estar a melhor maneira de perceber e decifrar o mito. 

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Lira Neto é jornalista e escritor

Foto de arquivo do ex-presidente Getúlio Vargas na década de 50 Foto: Reprodução/AE

“Deixo à sanha dos meus inimigos o legado de minha morte.” Assim começava a carta de cinco páginas escrita à mão por Getúlio, encontrada por um ajudante de ordens dez dias antes do suicídio, entre os papéis sobre a mesa de trabalho do presidente. “Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas”, prosseguia o manuscrito. “Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que cometi, mas de poderosos interesses que contrariei.”

Menos conhecido do que a famosa carta-testamento - que na verdade foi redigida e datilografada pelo secretário Maciel Filho -, o texto em questão era apenas mais um entre cartas, anotações e bilhetes de despedida que Getúlio escreveu ao longo de sua trajetória política. 

Desde 1930, ao assumir o comando do movimento civil-militar que o levaria ao poder, ele já anunciava, em seus escritos íntimos, a disposição de não passar à posteridade como um vencido, de não sair da vida para entrar na história sob o estigma da humilhação e da derrota. “Sinto que só o sacrifício da vida poderá resgatar o erro de um fracasso”, escreveu, em seu diário, meia hora antes da eclosão da chamada Revolução de 30.

Em 10 de julho de 1932, no dia seguinte ao estopim da Revolução Constitucionalista em São Paulo, prevendo a possibilidade de uma deposição vexatória, escreveu uma nova e nítida mensagem de suicida: “Escolho a única solução digna para não cair na desonra nem sair pelo ridículo”, ameaçou. Do mesmo modo, dez anos depois, em 1942, quando após estudado e pragmático suspense decidiu comunicar ao subsecretário de Estado americano, Sumner Wells, que o Brasil marcharia ao lado dos Aliados na 2.ª Guerra Mundial, anotou, em uma folha pautada de caderno: “Respondi-lhe que ele poderia contar com o Brasil, mas que nessa decisão eu jogava a minha vida, porque não sobreviveria a um desastre para a minha pátria”.

Próximo ao final da Guerra, em abril de 1945, quando se tornara claro que os militares que o haviam sustentado como ditador já trabalhavam por sua derrubada do poder, insistiu no mesmo tema. “Lúcido e consciente, estou resolvido ao sacrifício para que ele fique como um protesto, marcando a consciência dos traidores”, deixou registrado, em mais uma carta de adeus. Em novembro daquele mesmo ano, já apeado da Presidência, recolhido a São Borja, ameaçado pelos que queriam deportá-lo do País, voltou à carga: “Talvez só com o meu sacrifício eu consiga remir os inocentes que estão sendo perseguidos e libertar-me das mesquinharias”, escreveu. 

Em todas essas ocasiões, nutrira a convicção de que a posteridade o absolveria, de que o gesto extremo neutralizaria a ação dos adversários, de que sua morte seria uma espécie de autoimolação e de prestação de contas com o futuro. “Cada gota do meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência”, dizia a célebre carta-testamento tornada pública em agosto de 1954. “Aos que pensam que me derrotaram, respondo com a minha vitória.”

Hoje, decorridos exatos 60 anos do suicídio de Getúlio, sua figura histórica continua a despertar reações apaixonadas e radicalmente antagônicas. Amado e odiado na mesma proporção, alvo de devotadas hagiografias e de veementes libelos, considerado por uns o reformador social que modernizou o Brasil, por outros o ditador autoritário que utilizou as massas como massa de manobra e instrumento de dominação política, Getúlio Vargas segue a nos desafiar com suas ambivalências e controvérsias.

A permanência da polarização em torno de seu nome e de seu legado é a melhor prova da desconcertante atualidade das inúmeras discussões que suscitou. Nesse sentido, quando observada em perspectiva, a discussão política no Brasil parece engalfinhar-se em questões que, de forma surpreendente, ainda remontam à Era Vargas. Em um país onde persistem desigualdades e injustiças abissais a serem superadas, getulistas e antigetulistas - ou seus herdeiros diretos e indiretos - se enfrentam e trocam estridências em torno de questões que nos remetem, de modo insistente, ao trágico e longínquo 1954.

Como assinalei ao final do terceiro volume da biografia Getúlio (Companhia das Letras, 2014), o melhor caminho para compreender esse personagem controvertido, ainda tão vivo em nosso imaginário coletivo mesmo após seis décadas de sua morte física, não é o da devoção sincera ou o da negação irrestrita. Em algum ponto entre uma e outra margem, entre a adoração e o repúdio, deve estar a melhor maneira de perceber e decifrar o mito. 

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Lira Neto é jornalista e escritor

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