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Falando de Música - Bons pianistas da nova safra


Jovens pianistas listados pela revista Gramophone para aumentar sua coleção de Chopin: a russa Zlata Chochieva, o russo Pavel Kolesnikov e o brasileiro Cristian Budu.

Por Estado da Arte
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Por Leandro Oliveira

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No dia 14 da última semana, a prestigiosa revista inglesa Gramophone elencou dez entre as "melhores formas de aumentar a coleção Chopin" de nossa discoteca. O resultado, como costuma acontecer em tais rankings, é heterodoxo: ao lado de gravações históricas (Lipatti com as "Valsas" e Rubinstein com as Polonaises), há registros consagrados, como os de Argerich e Charles Dutoit com os "Concertos", Perahia com as "Baladas" além de Maria João Pires e os "Noturnos".

Ausências notáveis podem ser justificadas pelo título: afinal, uma discoteca Chopin a ser aumentada há de contar com algumas outras gravações célebres (Zimermman, Ashkenazi, Pollini). Mas além da razoável surpresa de ver listado obras menos prestigiadas, como a "Sonata para Violoncelo" do compositor polonês (com Raphael Wallfisch e John York) ou a referência à sofisticada canadense Janina Fialkowska (pelas "Sonatas para piano") notável mesmo é o elenco de representantes da novíssima geração.

A russa Zlata Chochieva (1985) é selecionada por sua versão dos "Estudos", Pavel Kolesnikov (1989) pelas "Mazurcas" (gravação vencedora do Diapason D'Or, entre outros prêmios em 2016) e o brasileiro Cristian Budu (1988) pelos "Prelúdios op.28". A lista acaba por propor a investigação de algumas entre as mais interessantes figuras em ascensão no mercado internacional.

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Se algo reúne essas três personalidades de formação tão distantes é o preciosismo com o trato das sonoridades do instrumento que, em parte por conta de escolhas criteriosas do uso do pedal tonal, permite a exploração da rica matriz polifônica da obra de Chopin, além da preservação de uma certa atmosfera outonal, com tempos controlados e soluções musicais cujas eventuais mágicas se dão menos pelo brilho virtuosístico de projeção e velocidade que pelo ajuste entre pequenas liberdades agógicas, subdivisão fraseológica sofisticada e sutis variações dinâmicas. Sim: Chochieva, Kolesnikov e Budu são artistas muito genuínos, mas podemos elogiar, com suas presenças na lista da Gramophone, um certo critério coerente no gosto dos críticos da revista.

E como é bom ouvir esse repertório sem a grandiloquência quase circense com a qual muitos entre os novos pianistas costumam feri-lo recentemente. Para tanto, sugiro a escuta atenta do segundo e quarto estudos do op. 10 ou primeiro e sexto estudos do op. 25 de Chochieva -- ou, claro, a mais que comovente versão do sétimo, da mesma coleção. Do mesmo modo, a menção aos "Prelúdios op. 28" na bela versão de Budu me faz crer num certo cansaço, por parte da crítica inglesa, com o furor de leituras chopinianas inauguradas em meados da década de sessenta, e que acabam por encontrar um certo paroxismo atualmente em artistas como Lang Lang, Yuja Wang ou outros entre os tantos impressionantes orientais nascidos desde a segunda metade da década de oitenta.

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A vitória de Budu no concurso Clara Haskill em 2014, e agora sua lembrança pela Gramophone ao lado de Chochieva e Kolesnikov, parece demonstrar haver espaço no mercado para certo tipo de "personagem" pianístico que teria caído em ostracismo comercial nas últimas décadas. Como chama-lo? Talvez por "pianista-poeta". Só podemos agradecer.

 

Leandro Oliveira é compositor e regente de orquestra, e anfitrião do projeto "Falando de Música" da Osesp

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Por Leandro Oliveira

No dia 14 da última semana, a prestigiosa revista inglesa Gramophone elencou dez entre as "melhores formas de aumentar a coleção Chopin" de nossa discoteca. O resultado, como costuma acontecer em tais rankings, é heterodoxo: ao lado de gravações históricas (Lipatti com as "Valsas" e Rubinstein com as Polonaises), há registros consagrados, como os de Argerich e Charles Dutoit com os "Concertos", Perahia com as "Baladas" além de Maria João Pires e os "Noturnos".

Ausências notáveis podem ser justificadas pelo título: afinal, uma discoteca Chopin a ser aumentada há de contar com algumas outras gravações célebres (Zimermman, Ashkenazi, Pollini). Mas além da razoável surpresa de ver listado obras menos prestigiadas, como a "Sonata para Violoncelo" do compositor polonês (com Raphael Wallfisch e John York) ou a referência à sofisticada canadense Janina Fialkowska (pelas "Sonatas para piano") notável mesmo é o elenco de representantes da novíssima geração.

A russa Zlata Chochieva (1985) é selecionada por sua versão dos "Estudos", Pavel Kolesnikov (1989) pelas "Mazurcas" (gravação vencedora do Diapason D'Or, entre outros prêmios em 2016) e o brasileiro Cristian Budu (1988) pelos "Prelúdios op.28". A lista acaba por propor a investigação de algumas entre as mais interessantes figuras em ascensão no mercado internacional.

Se algo reúne essas três personalidades de formação tão distantes é o preciosismo com o trato das sonoridades do instrumento que, em parte por conta de escolhas criteriosas do uso do pedal tonal, permite a exploração da rica matriz polifônica da obra de Chopin, além da preservação de uma certa atmosfera outonal, com tempos controlados e soluções musicais cujas eventuais mágicas se dão menos pelo brilho virtuosístico de projeção e velocidade que pelo ajuste entre pequenas liberdades agógicas, subdivisão fraseológica sofisticada e sutis variações dinâmicas. Sim: Chochieva, Kolesnikov e Budu são artistas muito genuínos, mas podemos elogiar, com suas presenças na lista da Gramophone, um certo critério coerente no gosto dos críticos da revista.

E como é bom ouvir esse repertório sem a grandiloquência quase circense com a qual muitos entre os novos pianistas costumam feri-lo recentemente. Para tanto, sugiro a escuta atenta do segundo e quarto estudos do op. 10 ou primeiro e sexto estudos do op. 25 de Chochieva -- ou, claro, a mais que comovente versão do sétimo, da mesma coleção. Do mesmo modo, a menção aos "Prelúdios op. 28" na bela versão de Budu me faz crer num certo cansaço, por parte da crítica inglesa, com o furor de leituras chopinianas inauguradas em meados da década de sessenta, e que acabam por encontrar um certo paroxismo atualmente em artistas como Lang Lang, Yuja Wang ou outros entre os tantos impressionantes orientais nascidos desde a segunda metade da década de oitenta.

A vitória de Budu no concurso Clara Haskill em 2014, e agora sua lembrança pela Gramophone ao lado de Chochieva e Kolesnikov, parece demonstrar haver espaço no mercado para certo tipo de "personagem" pianístico que teria caído em ostracismo comercial nas últimas décadas. Como chama-lo? Talvez por "pianista-poeta". Só podemos agradecer.

 

Leandro Oliveira é compositor e regente de orquestra, e anfitrião do projeto "Falando de Música" da Osesp

 

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No dia 14 da última semana, a prestigiosa revista inglesa Gramophone elencou dez entre as "melhores formas de aumentar a coleção Chopin" de nossa discoteca. O resultado, como costuma acontecer em tais rankings, é heterodoxo: ao lado de gravações históricas (Lipatti com as "Valsas" e Rubinstein com as Polonaises), há registros consagrados, como os de Argerich e Charles Dutoit com os "Concertos", Perahia com as "Baladas" além de Maria João Pires e os "Noturnos".

Ausências notáveis podem ser justificadas pelo título: afinal, uma discoteca Chopin a ser aumentada há de contar com algumas outras gravações célebres (Zimermman, Ashkenazi, Pollini). Mas além da razoável surpresa de ver listado obras menos prestigiadas, como a "Sonata para Violoncelo" do compositor polonês (com Raphael Wallfisch e John York) ou a referência à sofisticada canadense Janina Fialkowska (pelas "Sonatas para piano") notável mesmo é o elenco de representantes da novíssima geração.

A russa Zlata Chochieva (1985) é selecionada por sua versão dos "Estudos", Pavel Kolesnikov (1989) pelas "Mazurcas" (gravação vencedora do Diapason D'Or, entre outros prêmios em 2016) e o brasileiro Cristian Budu (1988) pelos "Prelúdios op.28". A lista acaba por propor a investigação de algumas entre as mais interessantes figuras em ascensão no mercado internacional.

Se algo reúne essas três personalidades de formação tão distantes é o preciosismo com o trato das sonoridades do instrumento que, em parte por conta de escolhas criteriosas do uso do pedal tonal, permite a exploração da rica matriz polifônica da obra de Chopin, além da preservação de uma certa atmosfera outonal, com tempos controlados e soluções musicais cujas eventuais mágicas se dão menos pelo brilho virtuosístico de projeção e velocidade que pelo ajuste entre pequenas liberdades agógicas, subdivisão fraseológica sofisticada e sutis variações dinâmicas. Sim: Chochieva, Kolesnikov e Budu são artistas muito genuínos, mas podemos elogiar, com suas presenças na lista da Gramophone, um certo critério coerente no gosto dos críticos da revista.

E como é bom ouvir esse repertório sem a grandiloquência quase circense com a qual muitos entre os novos pianistas costumam feri-lo recentemente. Para tanto, sugiro a escuta atenta do segundo e quarto estudos do op. 10 ou primeiro e sexto estudos do op. 25 de Chochieva -- ou, claro, a mais que comovente versão do sétimo, da mesma coleção. Do mesmo modo, a menção aos "Prelúdios op. 28" na bela versão de Budu me faz crer num certo cansaço, por parte da crítica inglesa, com o furor de leituras chopinianas inauguradas em meados da década de sessenta, e que acabam por encontrar um certo paroxismo atualmente em artistas como Lang Lang, Yuja Wang ou outros entre os tantos impressionantes orientais nascidos desde a segunda metade da década de oitenta.

A vitória de Budu no concurso Clara Haskill em 2014, e agora sua lembrança pela Gramophone ao lado de Chochieva e Kolesnikov, parece demonstrar haver espaço no mercado para certo tipo de "personagem" pianístico que teria caído em ostracismo comercial nas últimas décadas. Como chama-lo? Talvez por "pianista-poeta". Só podemos agradecer.

 

Leandro Oliveira é compositor e regente de orquestra, e anfitrião do projeto "Falando de Música" da Osesp

 

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Por Leandro Oliveira

No dia 14 da última semana, a prestigiosa revista inglesa Gramophone elencou dez entre as "melhores formas de aumentar a coleção Chopin" de nossa discoteca. O resultado, como costuma acontecer em tais rankings, é heterodoxo: ao lado de gravações históricas (Lipatti com as "Valsas" e Rubinstein com as Polonaises), há registros consagrados, como os de Argerich e Charles Dutoit com os "Concertos", Perahia com as "Baladas" além de Maria João Pires e os "Noturnos".

Ausências notáveis podem ser justificadas pelo título: afinal, uma discoteca Chopin a ser aumentada há de contar com algumas outras gravações célebres (Zimermman, Ashkenazi, Pollini). Mas além da razoável surpresa de ver listado obras menos prestigiadas, como a "Sonata para Violoncelo" do compositor polonês (com Raphael Wallfisch e John York) ou a referência à sofisticada canadense Janina Fialkowska (pelas "Sonatas para piano") notável mesmo é o elenco de representantes da novíssima geração.

A russa Zlata Chochieva (1985) é selecionada por sua versão dos "Estudos", Pavel Kolesnikov (1989) pelas "Mazurcas" (gravação vencedora do Diapason D'Or, entre outros prêmios em 2016) e o brasileiro Cristian Budu (1988) pelos "Prelúdios op.28". A lista acaba por propor a investigação de algumas entre as mais interessantes figuras em ascensão no mercado internacional.

Se algo reúne essas três personalidades de formação tão distantes é o preciosismo com o trato das sonoridades do instrumento que, em parte por conta de escolhas criteriosas do uso do pedal tonal, permite a exploração da rica matriz polifônica da obra de Chopin, além da preservação de uma certa atmosfera outonal, com tempos controlados e soluções musicais cujas eventuais mágicas se dão menos pelo brilho virtuosístico de projeção e velocidade que pelo ajuste entre pequenas liberdades agógicas, subdivisão fraseológica sofisticada e sutis variações dinâmicas. Sim: Chochieva, Kolesnikov e Budu são artistas muito genuínos, mas podemos elogiar, com suas presenças na lista da Gramophone, um certo critério coerente no gosto dos críticos da revista.

E como é bom ouvir esse repertório sem a grandiloquência quase circense com a qual muitos entre os novos pianistas costumam feri-lo recentemente. Para tanto, sugiro a escuta atenta do segundo e quarto estudos do op. 10 ou primeiro e sexto estudos do op. 25 de Chochieva -- ou, claro, a mais que comovente versão do sétimo, da mesma coleção. Do mesmo modo, a menção aos "Prelúdios op. 28" na bela versão de Budu me faz crer num certo cansaço, por parte da crítica inglesa, com o furor de leituras chopinianas inauguradas em meados da década de sessenta, e que acabam por encontrar um certo paroxismo atualmente em artistas como Lang Lang, Yuja Wang ou outros entre os tantos impressionantes orientais nascidos desde a segunda metade da década de oitenta.

A vitória de Budu no concurso Clara Haskill em 2014, e agora sua lembrança pela Gramophone ao lado de Chochieva e Kolesnikov, parece demonstrar haver espaço no mercado para certo tipo de "personagem" pianístico que teria caído em ostracismo comercial nas últimas décadas. Como chama-lo? Talvez por "pianista-poeta". Só podemos agradecer.

 

Leandro Oliveira é compositor e regente de orquestra, e anfitrião do projeto "Falando de Música" da Osesp

 

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Por Leandro Oliveira

No dia 14 da última semana, a prestigiosa revista inglesa Gramophone elencou dez entre as "melhores formas de aumentar a coleção Chopin" de nossa discoteca. O resultado, como costuma acontecer em tais rankings, é heterodoxo: ao lado de gravações históricas (Lipatti com as "Valsas" e Rubinstein com as Polonaises), há registros consagrados, como os de Argerich e Charles Dutoit com os "Concertos", Perahia com as "Baladas" além de Maria João Pires e os "Noturnos".

Ausências notáveis podem ser justificadas pelo título: afinal, uma discoteca Chopin a ser aumentada há de contar com algumas outras gravações célebres (Zimermman, Ashkenazi, Pollini). Mas além da razoável surpresa de ver listado obras menos prestigiadas, como a "Sonata para Violoncelo" do compositor polonês (com Raphael Wallfisch e John York) ou a referência à sofisticada canadense Janina Fialkowska (pelas "Sonatas para piano") notável mesmo é o elenco de representantes da novíssima geração.

A russa Zlata Chochieva (1985) é selecionada por sua versão dos "Estudos", Pavel Kolesnikov (1989) pelas "Mazurcas" (gravação vencedora do Diapason D'Or, entre outros prêmios em 2016) e o brasileiro Cristian Budu (1988) pelos "Prelúdios op.28". A lista acaba por propor a investigação de algumas entre as mais interessantes figuras em ascensão no mercado internacional.

Se algo reúne essas três personalidades de formação tão distantes é o preciosismo com o trato das sonoridades do instrumento que, em parte por conta de escolhas criteriosas do uso do pedal tonal, permite a exploração da rica matriz polifônica da obra de Chopin, além da preservação de uma certa atmosfera outonal, com tempos controlados e soluções musicais cujas eventuais mágicas se dão menos pelo brilho virtuosístico de projeção e velocidade que pelo ajuste entre pequenas liberdades agógicas, subdivisão fraseológica sofisticada e sutis variações dinâmicas. Sim: Chochieva, Kolesnikov e Budu são artistas muito genuínos, mas podemos elogiar, com suas presenças na lista da Gramophone, um certo critério coerente no gosto dos críticos da revista.

E como é bom ouvir esse repertório sem a grandiloquência quase circense com a qual muitos entre os novos pianistas costumam feri-lo recentemente. Para tanto, sugiro a escuta atenta do segundo e quarto estudos do op. 10 ou primeiro e sexto estudos do op. 25 de Chochieva -- ou, claro, a mais que comovente versão do sétimo, da mesma coleção. Do mesmo modo, a menção aos "Prelúdios op. 28" na bela versão de Budu me faz crer num certo cansaço, por parte da crítica inglesa, com o furor de leituras chopinianas inauguradas em meados da década de sessenta, e que acabam por encontrar um certo paroxismo atualmente em artistas como Lang Lang, Yuja Wang ou outros entre os tantos impressionantes orientais nascidos desde a segunda metade da década de oitenta.

A vitória de Budu no concurso Clara Haskill em 2014, e agora sua lembrança pela Gramophone ao lado de Chochieva e Kolesnikov, parece demonstrar haver espaço no mercado para certo tipo de "personagem" pianístico que teria caído em ostracismo comercial nas últimas décadas. Como chama-lo? Talvez por "pianista-poeta". Só podemos agradecer.

 

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