Estamos em uma simulação de computador? É melhor não descobrir


Cientistas já acreditam ser possível testar se vivemos em uma simulação, mas, caso esse experimento seja feito, os resultados podem ser catastróficos

Por Preston Greene

Desde a década de 1990 pesquisadores no campo das ciências sociais e biológicas têm utilizado simulações de computador para resolver questões sobre o nosso mundo: o que causa a guerra? Que sistemas políticos são os mais estáveis? Como a mudança climática afeta a migração global? A qualidade dessas simulações é variável, uma vez que são limitadas pela maneira como os modernos computadores conseguem imitar a enorme complexidade do nosso mundo – o que significa que não eles conseguem muito bem. Mas e se um dia os computadores se tornarem tão poderosos e essas simulações se tornarem tão sofisticadas que cada “pessoa” simulada no código computacional for um indivíduo tão complicado como você ou eu, a ponto de acreditar que está realmente vivo? E se isto já ocorreu? 

Cena de 'Matrix' (1999), das irmãs Wachowski, que imagina seres humanos vivendo em um mundo simulado Foto: Warner Home Video

Em 2003 o filósofo Nick Bostrom ofereceu um argumento brilhante de que podemos estar vivendo em uma simulação de computador criada por uma civilização mais avançada. E afirmou que se você acredita que a nossa civilização um dia executará muitas simulações sofisticadas no tocante aos seus ancestrais então deve acreditar que estamos provavelmente numa simulação ancestral neste momento. Qual é o raciocínio dele? Se as pessoas acabarem desenvolvendo a tecnologia da simulação – não importa quanto tempo vai durar – então o número de pessoas simuladas com experiências exatamente como as nossas será imensamente maior do que as não simuladas.  Se muitas pessoas são simulações, concluiu o professor Bostrom, são grandes as probabilidades de que nós próprios somos simulações. Nosso mundo seria apenas uma simulação de muitos, talvez uma parte de um projeto de pesquisa para estudar a história da civilização. Como explicou o físico (e prêmio Nobel) George Smoot, “se você é um antropólogo/historiador e quer compreender a ascensão e queda das civilizações, então necessitará realizar muitas simulações envolvendo milhões a bilhões de pessoas”.  A teoria de que estamos vivendo numa simulação de computador pode soar bizarra, mas tem adeptos. O empresário de tecnologia Elon Musk disse que as probabilidades de que não somos pessoas simuladas são de “uma em bilhões”. O professor Smoot calcula que a proporção de indivíduos simulados em relação às pessoas reais pode ser tão grande como 10¹² para 1.  Nos últimos anos, cientistas ficaram interessados em testar a teoria. Em 2012, inspirado pelo trabalho do professor Bostrom, físicos da Universidade de Washington propuseram um experimento empírico da hipótese da simulação. Os detalhes são complexos, mas a idéia básica é simples: algumas das simulações de computador do nosso cosmos feitas hoje produzem anomalias peculiares – por exemplo, há falhas reveladoras no comportamento de raios cósmicos simulados. Examinando de perto os raios cósmicos em nosso universo, os físicos sugerem, podemos detectar anomalias comparáveis, oferecendo evidências de que vivemos numa simulação.  Experimentos similares foram oferecidos em 2017 e 2018. O professor Smoot referindo-se à promessa dessas propostas, declarou que “somos uma simulação e a física consegue provar isto”.  Até agora nenhum desses experimentos foi realizado e espero que jamais sejam. Na verdade estou escrevendo a respeito para alertar que seguir em frente com tais experimentos é uma ideia catastroficamente ruim, que poderá resultar na aniquilação do nosso universo.  Pense o seguinte: se um pesquisador deseja testar a eficácia de uma nova droga, é basicamente importante que os pacientes não saibam se estão recebendo o medicamento ou um placebo. Se souberem quem está recebendo o que, o experimento é inútil e tem de ser cancelado.  Do mesmo modo, como afirmei em um artigo a ser publicado na revista Erkenntnis, se o nosso universo foi criado por uma civilização avançada para fins de pesquisa, então é sensato imaginar que é crucial para os pesquisadores que não saibamos que estamos numa simulação.  Claro que os experimentos propostos podem não detectar alguma coisa sugerindo que vivemos numa simulação de computador. Neste caso, os resultados não provarão nada, Este é o meu argumento: os resultados dos experimentos serão interessantes apenas quando forem perigosos.  Mesmo que o fato de sabermos que vivemos numa simulação de computador tenha um valor considerável, o custo envolvido – que é incorrer no risco de extinguir nosso universo – será muitas vezes maior.  Considere a hipotética proposta de um experimento no Grande Colisor de Hádrons (ou LHC, localizado no CERN – organização européia para pesquisa Nuclear), o maior acelerador de partículas do mundo: “este experimento não tem probabilidade de produzir com sucesso um resultado interessante, mas se o conseguir, poderá causar a aniquilação do nosso universo”. Seria justificado levar a cabo este experimento? Claro que não.  Até onde é do meu conhecimento, nenhum físico que propôs o experimento considerou os riscos potenciais deste trabalho. O que surpreende, especialmente porque o próprio professor Bostrom identificou explicitamente um “encerramento da simulação” como possível causa da extinção de toda vida humana.  Esta área de pesquisa acadêmica está repleta de especulações e incertezas, mas uma coisa é certa: se os cientistas levarem adiante esses experimentos, os resultados serão ou extremamente desinteressantes ou espetacularmente perigosos. E realmente vale a pena o risco? / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Desde a década de 1990 pesquisadores no campo das ciências sociais e biológicas têm utilizado simulações de computador para resolver questões sobre o nosso mundo: o que causa a guerra? Que sistemas políticos são os mais estáveis? Como a mudança climática afeta a migração global? A qualidade dessas simulações é variável, uma vez que são limitadas pela maneira como os modernos computadores conseguem imitar a enorme complexidade do nosso mundo – o que significa que não eles conseguem muito bem. Mas e se um dia os computadores se tornarem tão poderosos e essas simulações se tornarem tão sofisticadas que cada “pessoa” simulada no código computacional for um indivíduo tão complicado como você ou eu, a ponto de acreditar que está realmente vivo? E se isto já ocorreu? 

Cena de 'Matrix' (1999), das irmãs Wachowski, que imagina seres humanos vivendo em um mundo simulado Foto: Warner Home Video

Em 2003 o filósofo Nick Bostrom ofereceu um argumento brilhante de que podemos estar vivendo em uma simulação de computador criada por uma civilização mais avançada. E afirmou que se você acredita que a nossa civilização um dia executará muitas simulações sofisticadas no tocante aos seus ancestrais então deve acreditar que estamos provavelmente numa simulação ancestral neste momento. Qual é o raciocínio dele? Se as pessoas acabarem desenvolvendo a tecnologia da simulação – não importa quanto tempo vai durar – então o número de pessoas simuladas com experiências exatamente como as nossas será imensamente maior do que as não simuladas.  Se muitas pessoas são simulações, concluiu o professor Bostrom, são grandes as probabilidades de que nós próprios somos simulações. Nosso mundo seria apenas uma simulação de muitos, talvez uma parte de um projeto de pesquisa para estudar a história da civilização. Como explicou o físico (e prêmio Nobel) George Smoot, “se você é um antropólogo/historiador e quer compreender a ascensão e queda das civilizações, então necessitará realizar muitas simulações envolvendo milhões a bilhões de pessoas”.  A teoria de que estamos vivendo numa simulação de computador pode soar bizarra, mas tem adeptos. O empresário de tecnologia Elon Musk disse que as probabilidades de que não somos pessoas simuladas são de “uma em bilhões”. O professor Smoot calcula que a proporção de indivíduos simulados em relação às pessoas reais pode ser tão grande como 10¹² para 1.  Nos últimos anos, cientistas ficaram interessados em testar a teoria. Em 2012, inspirado pelo trabalho do professor Bostrom, físicos da Universidade de Washington propuseram um experimento empírico da hipótese da simulação. Os detalhes são complexos, mas a idéia básica é simples: algumas das simulações de computador do nosso cosmos feitas hoje produzem anomalias peculiares – por exemplo, há falhas reveladoras no comportamento de raios cósmicos simulados. Examinando de perto os raios cósmicos em nosso universo, os físicos sugerem, podemos detectar anomalias comparáveis, oferecendo evidências de que vivemos numa simulação.  Experimentos similares foram oferecidos em 2017 e 2018. O professor Smoot referindo-se à promessa dessas propostas, declarou que “somos uma simulação e a física consegue provar isto”.  Até agora nenhum desses experimentos foi realizado e espero que jamais sejam. Na verdade estou escrevendo a respeito para alertar que seguir em frente com tais experimentos é uma ideia catastroficamente ruim, que poderá resultar na aniquilação do nosso universo.  Pense o seguinte: se um pesquisador deseja testar a eficácia de uma nova droga, é basicamente importante que os pacientes não saibam se estão recebendo o medicamento ou um placebo. Se souberem quem está recebendo o que, o experimento é inútil e tem de ser cancelado.  Do mesmo modo, como afirmei em um artigo a ser publicado na revista Erkenntnis, se o nosso universo foi criado por uma civilização avançada para fins de pesquisa, então é sensato imaginar que é crucial para os pesquisadores que não saibamos que estamos numa simulação.  Claro que os experimentos propostos podem não detectar alguma coisa sugerindo que vivemos numa simulação de computador. Neste caso, os resultados não provarão nada, Este é o meu argumento: os resultados dos experimentos serão interessantes apenas quando forem perigosos.  Mesmo que o fato de sabermos que vivemos numa simulação de computador tenha um valor considerável, o custo envolvido – que é incorrer no risco de extinguir nosso universo – será muitas vezes maior.  Considere a hipotética proposta de um experimento no Grande Colisor de Hádrons (ou LHC, localizado no CERN – organização européia para pesquisa Nuclear), o maior acelerador de partículas do mundo: “este experimento não tem probabilidade de produzir com sucesso um resultado interessante, mas se o conseguir, poderá causar a aniquilação do nosso universo”. Seria justificado levar a cabo este experimento? Claro que não.  Até onde é do meu conhecimento, nenhum físico que propôs o experimento considerou os riscos potenciais deste trabalho. O que surpreende, especialmente porque o próprio professor Bostrom identificou explicitamente um “encerramento da simulação” como possível causa da extinção de toda vida humana.  Esta área de pesquisa acadêmica está repleta de especulações e incertezas, mas uma coisa é certa: se os cientistas levarem adiante esses experimentos, os resultados serão ou extremamente desinteressantes ou espetacularmente perigosos. E realmente vale a pena o risco? / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Desde a década de 1990 pesquisadores no campo das ciências sociais e biológicas têm utilizado simulações de computador para resolver questões sobre o nosso mundo: o que causa a guerra? Que sistemas políticos são os mais estáveis? Como a mudança climática afeta a migração global? A qualidade dessas simulações é variável, uma vez que são limitadas pela maneira como os modernos computadores conseguem imitar a enorme complexidade do nosso mundo – o que significa que não eles conseguem muito bem. Mas e se um dia os computadores se tornarem tão poderosos e essas simulações se tornarem tão sofisticadas que cada “pessoa” simulada no código computacional for um indivíduo tão complicado como você ou eu, a ponto de acreditar que está realmente vivo? E se isto já ocorreu? 

Cena de 'Matrix' (1999), das irmãs Wachowski, que imagina seres humanos vivendo em um mundo simulado Foto: Warner Home Video

Em 2003 o filósofo Nick Bostrom ofereceu um argumento brilhante de que podemos estar vivendo em uma simulação de computador criada por uma civilização mais avançada. E afirmou que se você acredita que a nossa civilização um dia executará muitas simulações sofisticadas no tocante aos seus ancestrais então deve acreditar que estamos provavelmente numa simulação ancestral neste momento. Qual é o raciocínio dele? Se as pessoas acabarem desenvolvendo a tecnologia da simulação – não importa quanto tempo vai durar – então o número de pessoas simuladas com experiências exatamente como as nossas será imensamente maior do que as não simuladas.  Se muitas pessoas são simulações, concluiu o professor Bostrom, são grandes as probabilidades de que nós próprios somos simulações. Nosso mundo seria apenas uma simulação de muitos, talvez uma parte de um projeto de pesquisa para estudar a história da civilização. Como explicou o físico (e prêmio Nobel) George Smoot, “se você é um antropólogo/historiador e quer compreender a ascensão e queda das civilizações, então necessitará realizar muitas simulações envolvendo milhões a bilhões de pessoas”.  A teoria de que estamos vivendo numa simulação de computador pode soar bizarra, mas tem adeptos. O empresário de tecnologia Elon Musk disse que as probabilidades de que não somos pessoas simuladas são de “uma em bilhões”. O professor Smoot calcula que a proporção de indivíduos simulados em relação às pessoas reais pode ser tão grande como 10¹² para 1.  Nos últimos anos, cientistas ficaram interessados em testar a teoria. Em 2012, inspirado pelo trabalho do professor Bostrom, físicos da Universidade de Washington propuseram um experimento empírico da hipótese da simulação. Os detalhes são complexos, mas a idéia básica é simples: algumas das simulações de computador do nosso cosmos feitas hoje produzem anomalias peculiares – por exemplo, há falhas reveladoras no comportamento de raios cósmicos simulados. Examinando de perto os raios cósmicos em nosso universo, os físicos sugerem, podemos detectar anomalias comparáveis, oferecendo evidências de que vivemos numa simulação.  Experimentos similares foram oferecidos em 2017 e 2018. O professor Smoot referindo-se à promessa dessas propostas, declarou que “somos uma simulação e a física consegue provar isto”.  Até agora nenhum desses experimentos foi realizado e espero que jamais sejam. Na verdade estou escrevendo a respeito para alertar que seguir em frente com tais experimentos é uma ideia catastroficamente ruim, que poderá resultar na aniquilação do nosso universo.  Pense o seguinte: se um pesquisador deseja testar a eficácia de uma nova droga, é basicamente importante que os pacientes não saibam se estão recebendo o medicamento ou um placebo. Se souberem quem está recebendo o que, o experimento é inútil e tem de ser cancelado.  Do mesmo modo, como afirmei em um artigo a ser publicado na revista Erkenntnis, se o nosso universo foi criado por uma civilização avançada para fins de pesquisa, então é sensato imaginar que é crucial para os pesquisadores que não saibamos que estamos numa simulação.  Claro que os experimentos propostos podem não detectar alguma coisa sugerindo que vivemos numa simulação de computador. Neste caso, os resultados não provarão nada, Este é o meu argumento: os resultados dos experimentos serão interessantes apenas quando forem perigosos.  Mesmo que o fato de sabermos que vivemos numa simulação de computador tenha um valor considerável, o custo envolvido – que é incorrer no risco de extinguir nosso universo – será muitas vezes maior.  Considere a hipotética proposta de um experimento no Grande Colisor de Hádrons (ou LHC, localizado no CERN – organização européia para pesquisa Nuclear), o maior acelerador de partículas do mundo: “este experimento não tem probabilidade de produzir com sucesso um resultado interessante, mas se o conseguir, poderá causar a aniquilação do nosso universo”. Seria justificado levar a cabo este experimento? Claro que não.  Até onde é do meu conhecimento, nenhum físico que propôs o experimento considerou os riscos potenciais deste trabalho. O que surpreende, especialmente porque o próprio professor Bostrom identificou explicitamente um “encerramento da simulação” como possível causa da extinção de toda vida humana.  Esta área de pesquisa acadêmica está repleta de especulações e incertezas, mas uma coisa é certa: se os cientistas levarem adiante esses experimentos, os resultados serão ou extremamente desinteressantes ou espetacularmente perigosos. E realmente vale a pena o risco? / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Desde a década de 1990 pesquisadores no campo das ciências sociais e biológicas têm utilizado simulações de computador para resolver questões sobre o nosso mundo: o que causa a guerra? Que sistemas políticos são os mais estáveis? Como a mudança climática afeta a migração global? A qualidade dessas simulações é variável, uma vez que são limitadas pela maneira como os modernos computadores conseguem imitar a enorme complexidade do nosso mundo – o que significa que não eles conseguem muito bem. Mas e se um dia os computadores se tornarem tão poderosos e essas simulações se tornarem tão sofisticadas que cada “pessoa” simulada no código computacional for um indivíduo tão complicado como você ou eu, a ponto de acreditar que está realmente vivo? E se isto já ocorreu? 

Cena de 'Matrix' (1999), das irmãs Wachowski, que imagina seres humanos vivendo em um mundo simulado Foto: Warner Home Video

Em 2003 o filósofo Nick Bostrom ofereceu um argumento brilhante de que podemos estar vivendo em uma simulação de computador criada por uma civilização mais avançada. E afirmou que se você acredita que a nossa civilização um dia executará muitas simulações sofisticadas no tocante aos seus ancestrais então deve acreditar que estamos provavelmente numa simulação ancestral neste momento. Qual é o raciocínio dele? Se as pessoas acabarem desenvolvendo a tecnologia da simulação – não importa quanto tempo vai durar – então o número de pessoas simuladas com experiências exatamente como as nossas será imensamente maior do que as não simuladas.  Se muitas pessoas são simulações, concluiu o professor Bostrom, são grandes as probabilidades de que nós próprios somos simulações. Nosso mundo seria apenas uma simulação de muitos, talvez uma parte de um projeto de pesquisa para estudar a história da civilização. Como explicou o físico (e prêmio Nobel) George Smoot, “se você é um antropólogo/historiador e quer compreender a ascensão e queda das civilizações, então necessitará realizar muitas simulações envolvendo milhões a bilhões de pessoas”.  A teoria de que estamos vivendo numa simulação de computador pode soar bizarra, mas tem adeptos. O empresário de tecnologia Elon Musk disse que as probabilidades de que não somos pessoas simuladas são de “uma em bilhões”. O professor Smoot calcula que a proporção de indivíduos simulados em relação às pessoas reais pode ser tão grande como 10¹² para 1.  Nos últimos anos, cientistas ficaram interessados em testar a teoria. Em 2012, inspirado pelo trabalho do professor Bostrom, físicos da Universidade de Washington propuseram um experimento empírico da hipótese da simulação. Os detalhes são complexos, mas a idéia básica é simples: algumas das simulações de computador do nosso cosmos feitas hoje produzem anomalias peculiares – por exemplo, há falhas reveladoras no comportamento de raios cósmicos simulados. Examinando de perto os raios cósmicos em nosso universo, os físicos sugerem, podemos detectar anomalias comparáveis, oferecendo evidências de que vivemos numa simulação.  Experimentos similares foram oferecidos em 2017 e 2018. O professor Smoot referindo-se à promessa dessas propostas, declarou que “somos uma simulação e a física consegue provar isto”.  Até agora nenhum desses experimentos foi realizado e espero que jamais sejam. Na verdade estou escrevendo a respeito para alertar que seguir em frente com tais experimentos é uma ideia catastroficamente ruim, que poderá resultar na aniquilação do nosso universo.  Pense o seguinte: se um pesquisador deseja testar a eficácia de uma nova droga, é basicamente importante que os pacientes não saibam se estão recebendo o medicamento ou um placebo. Se souberem quem está recebendo o que, o experimento é inútil e tem de ser cancelado.  Do mesmo modo, como afirmei em um artigo a ser publicado na revista Erkenntnis, se o nosso universo foi criado por uma civilização avançada para fins de pesquisa, então é sensato imaginar que é crucial para os pesquisadores que não saibamos que estamos numa simulação.  Claro que os experimentos propostos podem não detectar alguma coisa sugerindo que vivemos numa simulação de computador. Neste caso, os resultados não provarão nada, Este é o meu argumento: os resultados dos experimentos serão interessantes apenas quando forem perigosos.  Mesmo que o fato de sabermos que vivemos numa simulação de computador tenha um valor considerável, o custo envolvido – que é incorrer no risco de extinguir nosso universo – será muitas vezes maior.  Considere a hipotética proposta de um experimento no Grande Colisor de Hádrons (ou LHC, localizado no CERN – organização européia para pesquisa Nuclear), o maior acelerador de partículas do mundo: “este experimento não tem probabilidade de produzir com sucesso um resultado interessante, mas se o conseguir, poderá causar a aniquilação do nosso universo”. Seria justificado levar a cabo este experimento? Claro que não.  Até onde é do meu conhecimento, nenhum físico que propôs o experimento considerou os riscos potenciais deste trabalho. O que surpreende, especialmente porque o próprio professor Bostrom identificou explicitamente um “encerramento da simulação” como possível causa da extinção de toda vida humana.  Esta área de pesquisa acadêmica está repleta de especulações e incertezas, mas uma coisa é certa: se os cientistas levarem adiante esses experimentos, os resultados serão ou extremamente desinteressantes ou espetacularmente perigosos. E realmente vale a pena o risco? / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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