Literatura infantil e outras histórias

Conheça o escritor que venceu o Alma, o maior prêmio da literatura infantil mundial


O Prêmio Memorial Astrid Lindgren entrega anualmente o equivalente a R$ 2,08 milhões ao vencedor, que pode ser escritor, ilustrador, contador de história e promotor de leitura

Por Bia Reis
 

Bart Moeyaert vence o Alma / Crédito: Suzanne Kronholm/Divulgação/Alma

Escrevo para a criança que eu fui e para a criança que mora em mim, dizia a escritora sueca Astrid Lindgren (1907-2002). Astrid é conhecida por seu personagem Pippi Longstocking, ou Píppi Meialonga em português, que desafia e testa adultos sobre os direitos das meninas - e se tornou um ícone feminista. Reconhecida pela capacidade singular de lembrar como as crianças pensam e sentem e por transmitir essa percepção para leitores de todas as idades, a escritora dá nome ao Prêmio Memorial Astrid Lindgren (Alma), uma das mais prestigiosas premiações da literatura infantil mundial e que paga ao vencedor o maior valor: 5 milhões de coroas suecas, ou R$ 2,08 milhões.

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Astrid foi citada como referência e inspiração pelo escritor premiado este ano pelo Alma, o belga Bart Moeyaert, de 54 anos, que tem mais de 50 obras publicadas e traduzidas para 21 idiomas, entre ficção, livros ilustrados, poesia, peças de teatro, roteiros de televisão e ensaios. No Brasil, é difícil encontrar livros de Bart - Me Dá Um Beijo (Ediouro, 1996) e A Criação (CosacNaify, 2006) estão fora de catálogo (mas quem quiser conhecer pode procurar em sebos, como a Estante Virtual).

"Li os livros de Astrid Lindgren quando tinha 9 anos. O mundo de Astrid era como a minha própria família, e o mundo real era como o dela. Depois eu entendi que o mundo dela era sobre inclusão. Isso foi reconfortante porque eu era solitário na minha grande família, porque era o mais novo. E isso influenciou o meu trabalho", afirmou Bart, depois de ser anunciado vencedor do Alma, na semana passada, durante a Feira do Livro Infantil de Bolonha, na Itália.

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Na justificativa da escolha, o júri escreveu: "A linguagem condensada e musical de Bart Moeyaert vibra com emoções reprimidas e desejos não verbalizados. Ele retrata relacionamentos em momentos de crise com um imediatismo cinematográfico, mesmo que suas narrativas complexas surgiram novos caminhos. O trabalho luminoso de Bart Moeyaert ressalta o fato de livros para crianças e jovens tem um lugar de destaque na literatura mundial".

ESTANTE DE LETRINHAS No Instagram @blogestantedeletrinhas No Facebook @blogestantedeletrinhas Contato: estante.letrinhas@gmail.com

Os jurados apontaram, entre os livros de destaque, seu mais recente romance, de 2018: Everybody's Sorry Today (Todo Mundo Está Desculpado). Nele, Bart faz o retrato de Bianca, uma menina de 12 anos. It's Love We Don't Understand (É o Amor que Não Conseguimos Entender), em que conta a história de uma família que desmorona, pelo olhar de uma garota de 15 anos, foi apontado como sua obra-prima. Foram ainda citados Bare Hands (Com as Próprias Mãos), que descreve os sentimentos conflitantes de um menino em uma movimentada noite de ano-novo, e Brothers (Irmãos), seu livro autobiográfico, em que escreve com carinho e humor sobre como foi crescer sendo o caçula de sete irmãos.

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Direção do Alma anuncia vencedor. Crédito: Stefan Tell/Divulgação/Alma

A vida de Bart

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Nascido em 1964, em Bruxelas, na Bélgica, Bart foi pela primeira vez para a escola em 1970. Ansioso para aprender a ler e a escrever, ele sublinhava as palavras que já entendia e deixava passar as de três sílabas, ainda difíceis. Ao longo da década de 70, foi se aproximando cada vez mais da escrita. Em 74, publicou um jornal interno, digitado em sete cópias. Na sequência, escreveu sua primeira história mais longa e a chama de livro.

Bart viria a publicar seu primeiro livro em 1983, aos 19 anos. Dueto com Notas Falsas teve uma trajetória impressionante. A segunda edição da obra foi feita apenas quatro meses depois do lançamento. Em 1984, o livro recebeu o Prêmio do Júri Infantil e Juvenil Flamengo e foi traduzido para japonês, húngaro, alemão e catalão. E ainda virou musical, adquirindo status de clássico moderno. Após terminar os estudos de holandês, alemão e história em Bruxelas, Bart se mudou para Antuérpia.

Trabalhou como freelancer para a revista Flair, analisando livros infantis e traduzindo artigos. Para a revista, escreveu um ensaio sobre a vida de Astrid Lindgren. Em 1992, tornou-se editor da revista Top e após três anos decidiu dedicar-se integralmente à carreira de escritor. Se conectou aos palcos, atuando como ator e também escrevendo sua primeira peça.

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Em 2001, foi convidado pelo compositor Filip Bral a adaptar o conto de fadas eslovaco Berona, e deste trabalho nasceu o livro ilustrado Luna Van de Boom, que vem com um CD. Neste período, foi premiado com o Woutertje Pieterse Prijs por seu livro Brothers. Nos anos seguintes, passou a trabalhar como professor de redação no Conservatório Real de Antuérpia e estreou como poeta.

O Alma

O Alma foi criado em 2002 pelo governo da Suécia para homenagear a escritora Astrid Lindgren e promover o interesse pela literatura infantil e juvenil em todo o mundo. A premiação é concedida a escritores, ilustradores, contadores de histórias e promotores de leitura.

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Até hoje, apenas uma brasileira foi laureada com o Alma: a escritora Lygia Bojunga, em 2004. Entre os premiados também estão Maurice Sendak (2003), Shaun Tan (2011) e Isol (2013).

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Bart Moeyaert vence o Alma / Crédito: Suzanne Kronholm/Divulgação/Alma

Escrevo para a criança que eu fui e para a criança que mora em mim, dizia a escritora sueca Astrid Lindgren (1907-2002). Astrid é conhecida por seu personagem Pippi Longstocking, ou Píppi Meialonga em português, que desafia e testa adultos sobre os direitos das meninas - e se tornou um ícone feminista. Reconhecida pela capacidade singular de lembrar como as crianças pensam e sentem e por transmitir essa percepção para leitores de todas as idades, a escritora dá nome ao Prêmio Memorial Astrid Lindgren (Alma), uma das mais prestigiosas premiações da literatura infantil mundial e que paga ao vencedor o maior valor: 5 milhões de coroas suecas, ou R$ 2,08 milhões.

Astrid foi citada como referência e inspiração pelo escritor premiado este ano pelo Alma, o belga Bart Moeyaert, de 54 anos, que tem mais de 50 obras publicadas e traduzidas para 21 idiomas, entre ficção, livros ilustrados, poesia, peças de teatro, roteiros de televisão e ensaios. No Brasil, é difícil encontrar livros de Bart - Me Dá Um Beijo (Ediouro, 1996) e A Criação (CosacNaify, 2006) estão fora de catálogo (mas quem quiser conhecer pode procurar em sebos, como a Estante Virtual).

"Li os livros de Astrid Lindgren quando tinha 9 anos. O mundo de Astrid era como a minha própria família, e o mundo real era como o dela. Depois eu entendi que o mundo dela era sobre inclusão. Isso foi reconfortante porque eu era solitário na minha grande família, porque era o mais novo. E isso influenciou o meu trabalho", afirmou Bart, depois de ser anunciado vencedor do Alma, na semana passada, durante a Feira do Livro Infantil de Bolonha, na Itália.

Na justificativa da escolha, o júri escreveu: "A linguagem condensada e musical de Bart Moeyaert vibra com emoções reprimidas e desejos não verbalizados. Ele retrata relacionamentos em momentos de crise com um imediatismo cinematográfico, mesmo que suas narrativas complexas surgiram novos caminhos. O trabalho luminoso de Bart Moeyaert ressalta o fato de livros para crianças e jovens tem um lugar de destaque na literatura mundial".

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Os jurados apontaram, entre os livros de destaque, seu mais recente romance, de 2018: Everybody's Sorry Today (Todo Mundo Está Desculpado). Nele, Bart faz o retrato de Bianca, uma menina de 12 anos. It's Love We Don't Understand (É o Amor que Não Conseguimos Entender), em que conta a história de uma família que desmorona, pelo olhar de uma garota de 15 anos, foi apontado como sua obra-prima. Foram ainda citados Bare Hands (Com as Próprias Mãos), que descreve os sentimentos conflitantes de um menino em uma movimentada noite de ano-novo, e Brothers (Irmãos), seu livro autobiográfico, em que escreve com carinho e humor sobre como foi crescer sendo o caçula de sete irmãos.

 

Direção do Alma anuncia vencedor. Crédito: Stefan Tell/Divulgação/Alma

A vida de Bart

Nascido em 1964, em Bruxelas, na Bélgica, Bart foi pela primeira vez para a escola em 1970. Ansioso para aprender a ler e a escrever, ele sublinhava as palavras que já entendia e deixava passar as de três sílabas, ainda difíceis. Ao longo da década de 70, foi se aproximando cada vez mais da escrita. Em 74, publicou um jornal interno, digitado em sete cópias. Na sequência, escreveu sua primeira história mais longa e a chama de livro.

Bart viria a publicar seu primeiro livro em 1983, aos 19 anos. Dueto com Notas Falsas teve uma trajetória impressionante. A segunda edição da obra foi feita apenas quatro meses depois do lançamento. Em 1984, o livro recebeu o Prêmio do Júri Infantil e Juvenil Flamengo e foi traduzido para japonês, húngaro, alemão e catalão. E ainda virou musical, adquirindo status de clássico moderno. Após terminar os estudos de holandês, alemão e história em Bruxelas, Bart se mudou para Antuérpia.

Trabalhou como freelancer para a revista Flair, analisando livros infantis e traduzindo artigos. Para a revista, escreveu um ensaio sobre a vida de Astrid Lindgren. Em 1992, tornou-se editor da revista Top e após três anos decidiu dedicar-se integralmente à carreira de escritor. Se conectou aos palcos, atuando como ator e também escrevendo sua primeira peça.

Em 2001, foi convidado pelo compositor Filip Bral a adaptar o conto de fadas eslovaco Berona, e deste trabalho nasceu o livro ilustrado Luna Van de Boom, que vem com um CD. Neste período, foi premiado com o Woutertje Pieterse Prijs por seu livro Brothers. Nos anos seguintes, passou a trabalhar como professor de redação no Conservatório Real de Antuérpia e estreou como poeta.

O Alma

O Alma foi criado em 2002 pelo governo da Suécia para homenagear a escritora Astrid Lindgren e promover o interesse pela literatura infantil e juvenil em todo o mundo. A premiação é concedida a escritores, ilustradores, contadores de histórias e promotores de leitura.

Até hoje, apenas uma brasileira foi laureada com o Alma: a escritora Lygia Bojunga, em 2004. Entre os premiados também estão Maurice Sendak (2003), Shaun Tan (2011) e Isol (2013).

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Bart Moeyaert vence o Alma / Crédito: Suzanne Kronholm/Divulgação/Alma

Escrevo para a criança que eu fui e para a criança que mora em mim, dizia a escritora sueca Astrid Lindgren (1907-2002). Astrid é conhecida por seu personagem Pippi Longstocking, ou Píppi Meialonga em português, que desafia e testa adultos sobre os direitos das meninas - e se tornou um ícone feminista. Reconhecida pela capacidade singular de lembrar como as crianças pensam e sentem e por transmitir essa percepção para leitores de todas as idades, a escritora dá nome ao Prêmio Memorial Astrid Lindgren (Alma), uma das mais prestigiosas premiações da literatura infantil mundial e que paga ao vencedor o maior valor: 5 milhões de coroas suecas, ou R$ 2,08 milhões.

Astrid foi citada como referência e inspiração pelo escritor premiado este ano pelo Alma, o belga Bart Moeyaert, de 54 anos, que tem mais de 50 obras publicadas e traduzidas para 21 idiomas, entre ficção, livros ilustrados, poesia, peças de teatro, roteiros de televisão e ensaios. No Brasil, é difícil encontrar livros de Bart - Me Dá Um Beijo (Ediouro, 1996) e A Criação (CosacNaify, 2006) estão fora de catálogo (mas quem quiser conhecer pode procurar em sebos, como a Estante Virtual).

"Li os livros de Astrid Lindgren quando tinha 9 anos. O mundo de Astrid era como a minha própria família, e o mundo real era como o dela. Depois eu entendi que o mundo dela era sobre inclusão. Isso foi reconfortante porque eu era solitário na minha grande família, porque era o mais novo. E isso influenciou o meu trabalho", afirmou Bart, depois de ser anunciado vencedor do Alma, na semana passada, durante a Feira do Livro Infantil de Bolonha, na Itália.

Na justificativa da escolha, o júri escreveu: "A linguagem condensada e musical de Bart Moeyaert vibra com emoções reprimidas e desejos não verbalizados. Ele retrata relacionamentos em momentos de crise com um imediatismo cinematográfico, mesmo que suas narrativas complexas surgiram novos caminhos. O trabalho luminoso de Bart Moeyaert ressalta o fato de livros para crianças e jovens tem um lugar de destaque na literatura mundial".

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Os jurados apontaram, entre os livros de destaque, seu mais recente romance, de 2018: Everybody's Sorry Today (Todo Mundo Está Desculpado). Nele, Bart faz o retrato de Bianca, uma menina de 12 anos. It's Love We Don't Understand (É o Amor que Não Conseguimos Entender), em que conta a história de uma família que desmorona, pelo olhar de uma garota de 15 anos, foi apontado como sua obra-prima. Foram ainda citados Bare Hands (Com as Próprias Mãos), que descreve os sentimentos conflitantes de um menino em uma movimentada noite de ano-novo, e Brothers (Irmãos), seu livro autobiográfico, em que escreve com carinho e humor sobre como foi crescer sendo o caçula de sete irmãos.

 

Direção do Alma anuncia vencedor. Crédito: Stefan Tell/Divulgação/Alma

A vida de Bart

Nascido em 1964, em Bruxelas, na Bélgica, Bart foi pela primeira vez para a escola em 1970. Ansioso para aprender a ler e a escrever, ele sublinhava as palavras que já entendia e deixava passar as de três sílabas, ainda difíceis. Ao longo da década de 70, foi se aproximando cada vez mais da escrita. Em 74, publicou um jornal interno, digitado em sete cópias. Na sequência, escreveu sua primeira história mais longa e a chama de livro.

Bart viria a publicar seu primeiro livro em 1983, aos 19 anos. Dueto com Notas Falsas teve uma trajetória impressionante. A segunda edição da obra foi feita apenas quatro meses depois do lançamento. Em 1984, o livro recebeu o Prêmio do Júri Infantil e Juvenil Flamengo e foi traduzido para japonês, húngaro, alemão e catalão. E ainda virou musical, adquirindo status de clássico moderno. Após terminar os estudos de holandês, alemão e história em Bruxelas, Bart se mudou para Antuérpia.

Trabalhou como freelancer para a revista Flair, analisando livros infantis e traduzindo artigos. Para a revista, escreveu um ensaio sobre a vida de Astrid Lindgren. Em 1992, tornou-se editor da revista Top e após três anos decidiu dedicar-se integralmente à carreira de escritor. Se conectou aos palcos, atuando como ator e também escrevendo sua primeira peça.

Em 2001, foi convidado pelo compositor Filip Bral a adaptar o conto de fadas eslovaco Berona, e deste trabalho nasceu o livro ilustrado Luna Van de Boom, que vem com um CD. Neste período, foi premiado com o Woutertje Pieterse Prijs por seu livro Brothers. Nos anos seguintes, passou a trabalhar como professor de redação no Conservatório Real de Antuérpia e estreou como poeta.

O Alma

O Alma foi criado em 2002 pelo governo da Suécia para homenagear a escritora Astrid Lindgren e promover o interesse pela literatura infantil e juvenil em todo o mundo. A premiação é concedida a escritores, ilustradores, contadores de histórias e promotores de leitura.

Até hoje, apenas uma brasileira foi laureada com o Alma: a escritora Lygia Bojunga, em 2004. Entre os premiados também estão Maurice Sendak (2003), Shaun Tan (2011) e Isol (2013).

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Bart Moeyaert vence o Alma / Crédito: Suzanne Kronholm/Divulgação/Alma

Escrevo para a criança que eu fui e para a criança que mora em mim, dizia a escritora sueca Astrid Lindgren (1907-2002). Astrid é conhecida por seu personagem Pippi Longstocking, ou Píppi Meialonga em português, que desafia e testa adultos sobre os direitos das meninas - e se tornou um ícone feminista. Reconhecida pela capacidade singular de lembrar como as crianças pensam e sentem e por transmitir essa percepção para leitores de todas as idades, a escritora dá nome ao Prêmio Memorial Astrid Lindgren (Alma), uma das mais prestigiosas premiações da literatura infantil mundial e que paga ao vencedor o maior valor: 5 milhões de coroas suecas, ou R$ 2,08 milhões.

Astrid foi citada como referência e inspiração pelo escritor premiado este ano pelo Alma, o belga Bart Moeyaert, de 54 anos, que tem mais de 50 obras publicadas e traduzidas para 21 idiomas, entre ficção, livros ilustrados, poesia, peças de teatro, roteiros de televisão e ensaios. No Brasil, é difícil encontrar livros de Bart - Me Dá Um Beijo (Ediouro, 1996) e A Criação (CosacNaify, 2006) estão fora de catálogo (mas quem quiser conhecer pode procurar em sebos, como a Estante Virtual).

"Li os livros de Astrid Lindgren quando tinha 9 anos. O mundo de Astrid era como a minha própria família, e o mundo real era como o dela. Depois eu entendi que o mundo dela era sobre inclusão. Isso foi reconfortante porque eu era solitário na minha grande família, porque era o mais novo. E isso influenciou o meu trabalho", afirmou Bart, depois de ser anunciado vencedor do Alma, na semana passada, durante a Feira do Livro Infantil de Bolonha, na Itália.

Na justificativa da escolha, o júri escreveu: "A linguagem condensada e musical de Bart Moeyaert vibra com emoções reprimidas e desejos não verbalizados. Ele retrata relacionamentos em momentos de crise com um imediatismo cinematográfico, mesmo que suas narrativas complexas surgiram novos caminhos. O trabalho luminoso de Bart Moeyaert ressalta o fato de livros para crianças e jovens tem um lugar de destaque na literatura mundial".

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Os jurados apontaram, entre os livros de destaque, seu mais recente romance, de 2018: Everybody's Sorry Today (Todo Mundo Está Desculpado). Nele, Bart faz o retrato de Bianca, uma menina de 12 anos. It's Love We Don't Understand (É o Amor que Não Conseguimos Entender), em que conta a história de uma família que desmorona, pelo olhar de uma garota de 15 anos, foi apontado como sua obra-prima. Foram ainda citados Bare Hands (Com as Próprias Mãos), que descreve os sentimentos conflitantes de um menino em uma movimentada noite de ano-novo, e Brothers (Irmãos), seu livro autobiográfico, em que escreve com carinho e humor sobre como foi crescer sendo o caçula de sete irmãos.

 

Direção do Alma anuncia vencedor. Crédito: Stefan Tell/Divulgação/Alma

A vida de Bart

Nascido em 1964, em Bruxelas, na Bélgica, Bart foi pela primeira vez para a escola em 1970. Ansioso para aprender a ler e a escrever, ele sublinhava as palavras que já entendia e deixava passar as de três sílabas, ainda difíceis. Ao longo da década de 70, foi se aproximando cada vez mais da escrita. Em 74, publicou um jornal interno, digitado em sete cópias. Na sequência, escreveu sua primeira história mais longa e a chama de livro.

Bart viria a publicar seu primeiro livro em 1983, aos 19 anos. Dueto com Notas Falsas teve uma trajetória impressionante. A segunda edição da obra foi feita apenas quatro meses depois do lançamento. Em 1984, o livro recebeu o Prêmio do Júri Infantil e Juvenil Flamengo e foi traduzido para japonês, húngaro, alemão e catalão. E ainda virou musical, adquirindo status de clássico moderno. Após terminar os estudos de holandês, alemão e história em Bruxelas, Bart se mudou para Antuérpia.

Trabalhou como freelancer para a revista Flair, analisando livros infantis e traduzindo artigos. Para a revista, escreveu um ensaio sobre a vida de Astrid Lindgren. Em 1992, tornou-se editor da revista Top e após três anos decidiu dedicar-se integralmente à carreira de escritor. Se conectou aos palcos, atuando como ator e também escrevendo sua primeira peça.

Em 2001, foi convidado pelo compositor Filip Bral a adaptar o conto de fadas eslovaco Berona, e deste trabalho nasceu o livro ilustrado Luna Van de Boom, que vem com um CD. Neste período, foi premiado com o Woutertje Pieterse Prijs por seu livro Brothers. Nos anos seguintes, passou a trabalhar como professor de redação no Conservatório Real de Antuérpia e estreou como poeta.

O Alma

O Alma foi criado em 2002 pelo governo da Suécia para homenagear a escritora Astrid Lindgren e promover o interesse pela literatura infantil e juvenil em todo o mundo. A premiação é concedida a escritores, ilustradores, contadores de histórias e promotores de leitura.

Até hoje, apenas uma brasileira foi laureada com o Alma: a escritora Lygia Bojunga, em 2004. Entre os premiados também estão Maurice Sendak (2003), Shaun Tan (2011) e Isol (2013).

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Bart Moeyaert vence o Alma / Crédito: Suzanne Kronholm/Divulgação/Alma

Escrevo para a criança que eu fui e para a criança que mora em mim, dizia a escritora sueca Astrid Lindgren (1907-2002). Astrid é conhecida por seu personagem Pippi Longstocking, ou Píppi Meialonga em português, que desafia e testa adultos sobre os direitos das meninas - e se tornou um ícone feminista. Reconhecida pela capacidade singular de lembrar como as crianças pensam e sentem e por transmitir essa percepção para leitores de todas as idades, a escritora dá nome ao Prêmio Memorial Astrid Lindgren (Alma), uma das mais prestigiosas premiações da literatura infantil mundial e que paga ao vencedor o maior valor: 5 milhões de coroas suecas, ou R$ 2,08 milhões.

Astrid foi citada como referência e inspiração pelo escritor premiado este ano pelo Alma, o belga Bart Moeyaert, de 54 anos, que tem mais de 50 obras publicadas e traduzidas para 21 idiomas, entre ficção, livros ilustrados, poesia, peças de teatro, roteiros de televisão e ensaios. No Brasil, é difícil encontrar livros de Bart - Me Dá Um Beijo (Ediouro, 1996) e A Criação (CosacNaify, 2006) estão fora de catálogo (mas quem quiser conhecer pode procurar em sebos, como a Estante Virtual).

"Li os livros de Astrid Lindgren quando tinha 9 anos. O mundo de Astrid era como a minha própria família, e o mundo real era como o dela. Depois eu entendi que o mundo dela era sobre inclusão. Isso foi reconfortante porque eu era solitário na minha grande família, porque era o mais novo. E isso influenciou o meu trabalho", afirmou Bart, depois de ser anunciado vencedor do Alma, na semana passada, durante a Feira do Livro Infantil de Bolonha, na Itália.

Na justificativa da escolha, o júri escreveu: "A linguagem condensada e musical de Bart Moeyaert vibra com emoções reprimidas e desejos não verbalizados. Ele retrata relacionamentos em momentos de crise com um imediatismo cinematográfico, mesmo que suas narrativas complexas surgiram novos caminhos. O trabalho luminoso de Bart Moeyaert ressalta o fato de livros para crianças e jovens tem um lugar de destaque na literatura mundial".

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Direção do Alma anuncia vencedor. Crédito: Stefan Tell/Divulgação/Alma

A vida de Bart

Nascido em 1964, em Bruxelas, na Bélgica, Bart foi pela primeira vez para a escola em 1970. Ansioso para aprender a ler e a escrever, ele sublinhava as palavras que já entendia e deixava passar as de três sílabas, ainda difíceis. Ao longo da década de 70, foi se aproximando cada vez mais da escrita. Em 74, publicou um jornal interno, digitado em sete cópias. Na sequência, escreveu sua primeira história mais longa e a chama de livro.

Bart viria a publicar seu primeiro livro em 1983, aos 19 anos. Dueto com Notas Falsas teve uma trajetória impressionante. A segunda edição da obra foi feita apenas quatro meses depois do lançamento. Em 1984, o livro recebeu o Prêmio do Júri Infantil e Juvenil Flamengo e foi traduzido para japonês, húngaro, alemão e catalão. E ainda virou musical, adquirindo status de clássico moderno. Após terminar os estudos de holandês, alemão e história em Bruxelas, Bart se mudou para Antuérpia.

Trabalhou como freelancer para a revista Flair, analisando livros infantis e traduzindo artigos. Para a revista, escreveu um ensaio sobre a vida de Astrid Lindgren. Em 1992, tornou-se editor da revista Top e após três anos decidiu dedicar-se integralmente à carreira de escritor. Se conectou aos palcos, atuando como ator e também escrevendo sua primeira peça.

Em 2001, foi convidado pelo compositor Filip Bral a adaptar o conto de fadas eslovaco Berona, e deste trabalho nasceu o livro ilustrado Luna Van de Boom, que vem com um CD. Neste período, foi premiado com o Woutertje Pieterse Prijs por seu livro Brothers. Nos anos seguintes, passou a trabalhar como professor de redação no Conservatório Real de Antuérpia e estreou como poeta.

O Alma

O Alma foi criado em 2002 pelo governo da Suécia para homenagear a escritora Astrid Lindgren e promover o interesse pela literatura infantil e juvenil em todo o mundo. A premiação é concedida a escritores, ilustradores, contadores de histórias e promotores de leitura.

Até hoje, apenas uma brasileira foi laureada com o Alma: a escritora Lygia Bojunga, em 2004. Entre os premiados também estão Maurice Sendak (2003), Shaun Tan (2011) e Isol (2013).

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