"A despedida é uma dor tão doce...", diz Julieta para Romeu, na clássica cena em que o apaixonado casal se despede na varanda. Não é novidade Shakespeare acertar em cheio no âmago do sentimento humano. Partir é, sim, um doce pesar, tanto para quem fica quanto para quem vai.
Para quem fica, a solidão. Para quem parte, as dúvidas diante do desconhecido. O que isso tem de doce? O mundo só existe porque se transforma; a vida só se renova quando nos sentimos obrigados a renová-la.
Entre doces e pesares, é isso que estou fazendo agora: me despedindo. Dizer 'adeus', porém, talvez seja exagero. Vamos dizer que é apenas uma mudança de endereço, já que este humilde blog está se mudando para um endereço próprio: www.palavradehomem.com.br . É apenas um deslocamento das palavras que saem da minha cabeça e o movimento cadenciado dos seus olhos, que costumam (costumavam) acompanhá-las nesse espaço virtualmente físico.
Mas as ideias que estão aqui não vivem apenas nesse ambiente hospedado no portal do Estadão, que me acolheu com tanto carinho durante tanto tempo. Elas vão comigo (e com você) aonde a gente for.
Foi maravilhoso contar com sua companhia nesses cinco anos. Todos textos publicados aqui foram transferidos para o endereço novo, o que me faz agradecer muito a equipe de tecnologia do Estadão. Continuamos amigos, espero, apesar da minha saída. E aproveito para dizer que todos os textos publicados aqui foram sinceros e do fundo do meu coração. Alguns foram feitos às pressas, de outros tenho orgulho por ter conseguido passar algum tipo original de ideia ou conceito.
Nunca me pediram para escrever sobre isso ou aquilo, contra aquele ou a favor deste, dessa maneira ou de outra. Disse sempre o que sentia, para o bem ou para o mal. Se cometi excessos, peço desculpas. Se fiz você pensar, agradeço humildemente.
Um blog como este, sem temas específicos, só funciona na base do diálogo. Por isso agradeço também os milhares de comentários e e-mails que recebi durante todo esse tempo, mesmo os que me criticavam. Nunca tentei ser polêmico, mas é difícil não tomar partido diante de certas situações. Pode ter certeza de que as críticas me incomodaram, e me fizeram refletir para saber se eu realmente estava ou não errado. Em muitas ocasiões, estava mesmo.
Fiquei sabendo há pouco tempo de algo que me deixou muito feliz: duas pessoas que se conheceram na área de comentários deste blog hoje estão juntas. Sem demagogia, só de saber isso já valeu todo o meu trabalho. Há recompensa maior para alguém que escreve sobre relacionamentos humanos? Camila e Beatlemaníaco, podem me chamar que eu aceito ser padrinho.
Bem, é melhor ir parando por aqui porque estou ficando realmente emocionado. Não vou considerar isso o fim do nosso relacionamento, espero você no novo Palavra de Homem. Afinal, a despedida só é uma dor tão doce quando nos permite sonhar com o reencontro. Até lá.
Felipe Machado