O show de Ubaldo


Eis o relato feito pelo repórter Antonio Gonçalves Dias que, no dia de seu aniversário, acompanhou a grande apresentação de João Ubaldo Ribeiro, na penúltima mesa de sábado, diante de um auditório completamente tomado.

Por Redação
 Foto: Estadão

"João Ubaldo Ribeiro, devoto de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, já foi salvo por seu anjo da guarda, Pepe, mas ainda não conseguiu expulsar o "canalha" que mora em sua casa e não lhe dá sossego, o "pequeno" Ubaldo, que é o antípoda do "grande" João, "inteligente", "simpático", "educado", "afável" e "solidário", conforme autodefinição do criador de Sargento Getúlio. Escreveu Viva o Povo Brasileiro apenas para provar ao então seu editor Pedro Paulo de Senna Madureira que era capaz de produzir um livro grosso, que parasse em pé na estante, cumprindo o compromisso assumido consigo mesmo quando começou a escrever: virar um grande autor e, se possível, ganhar o Nobel de Literatura. Parte dessa trajetória até Estocolmo já foi cumprida: Ubaldo, colunista do Caderno 2, entrou para a Academia Brasileira de Letras, foi mimado pelos críticos, traduziu os próprios livros para o inglês, seguindo o exemplo de Conrad e Nabokov, e teve, na noite de ontem, a consagração esperada por todo escritor no Brasil, a ovação do público que lotou a Tenda dos Autores na 9ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que se levantou e aplaudiu com entusiasmo a divertida entrevista concedida a outro bom escritor, Rodrigo Lacerda.

Ubaldo não fugiu de nenhuma pergunta de Lacerda, nem mesmo sobre a impertinência da comparação com Guimarães Rosa, que reconhece ser um dos grandes escritores do Brasil, mas que não faz parte de seus afetos. O escritor não é chegado a hipérboles. Diz que a espécie humana é ruim e que seu lado animalesco prevalece, lembrando que, naquele exato momento em que conversavam, algumas atrocidades estavam sendo cometidas no mundo. "Neste instante alguém está estrangulando alguém", disse. "Não aprendemos nada".

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Sobre os livros que escreveu, Ubaldo revelou sentir mágoa por Vila Real ter sido lido por poucas pessoas. O livro, observou Rodrigo Lacerda, dialoga com Sargento Getúlio, que o escritor se recusa a classificar de romance histórico, valendo o mesmo para Viva o Povo Brasileiro. Neste último, disse Ubaldo, ele queria apenas se colocar no lugar de um "degenerado" que tivesse poder sobre tudo e todos, mas não reescrever a história do Brasil por meio de uma alegoria sobre a ditadura. "Quem sabe o que Heródoto queria realmente dizer?", perguntou.

A mesa Uma Ilha Chamada Brasil mostrou que Ubaldo não se preocupa apenas com o passado, mas também com o futuro. Sobre os experimentos na área de biotecnologia o escritor se mostrou cético. "Acho que esse conhecimento será usado para destruir o próximo, introduzindo uma variável na história da humanidade". O ser humano, concluiu, evoluiu tanto que já pode até interferir na seleção natural nestes tempos pós-darwinistas de avatares e inteligência artificial."

 Foto: Estadão

"João Ubaldo Ribeiro, devoto de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, já foi salvo por seu anjo da guarda, Pepe, mas ainda não conseguiu expulsar o "canalha" que mora em sua casa e não lhe dá sossego, o "pequeno" Ubaldo, que é o antípoda do "grande" João, "inteligente", "simpático", "educado", "afável" e "solidário", conforme autodefinição do criador de Sargento Getúlio. Escreveu Viva o Povo Brasileiro apenas para provar ao então seu editor Pedro Paulo de Senna Madureira que era capaz de produzir um livro grosso, que parasse em pé na estante, cumprindo o compromisso assumido consigo mesmo quando começou a escrever: virar um grande autor e, se possível, ganhar o Nobel de Literatura. Parte dessa trajetória até Estocolmo já foi cumprida: Ubaldo, colunista do Caderno 2, entrou para a Academia Brasileira de Letras, foi mimado pelos críticos, traduziu os próprios livros para o inglês, seguindo o exemplo de Conrad e Nabokov, e teve, na noite de ontem, a consagração esperada por todo escritor no Brasil, a ovação do público que lotou a Tenda dos Autores na 9ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que se levantou e aplaudiu com entusiasmo a divertida entrevista concedida a outro bom escritor, Rodrigo Lacerda.

Ubaldo não fugiu de nenhuma pergunta de Lacerda, nem mesmo sobre a impertinência da comparação com Guimarães Rosa, que reconhece ser um dos grandes escritores do Brasil, mas que não faz parte de seus afetos. O escritor não é chegado a hipérboles. Diz que a espécie humana é ruim e que seu lado animalesco prevalece, lembrando que, naquele exato momento em que conversavam, algumas atrocidades estavam sendo cometidas no mundo. "Neste instante alguém está estrangulando alguém", disse. "Não aprendemos nada".

Sobre os livros que escreveu, Ubaldo revelou sentir mágoa por Vila Real ter sido lido por poucas pessoas. O livro, observou Rodrigo Lacerda, dialoga com Sargento Getúlio, que o escritor se recusa a classificar de romance histórico, valendo o mesmo para Viva o Povo Brasileiro. Neste último, disse Ubaldo, ele queria apenas se colocar no lugar de um "degenerado" que tivesse poder sobre tudo e todos, mas não reescrever a história do Brasil por meio de uma alegoria sobre a ditadura. "Quem sabe o que Heródoto queria realmente dizer?", perguntou.

A mesa Uma Ilha Chamada Brasil mostrou que Ubaldo não se preocupa apenas com o passado, mas também com o futuro. Sobre os experimentos na área de biotecnologia o escritor se mostrou cético. "Acho que esse conhecimento será usado para destruir o próximo, introduzindo uma variável na história da humanidade". O ser humano, concluiu, evoluiu tanto que já pode até interferir na seleção natural nestes tempos pós-darwinistas de avatares e inteligência artificial."

 Foto: Estadão

"João Ubaldo Ribeiro, devoto de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, já foi salvo por seu anjo da guarda, Pepe, mas ainda não conseguiu expulsar o "canalha" que mora em sua casa e não lhe dá sossego, o "pequeno" Ubaldo, que é o antípoda do "grande" João, "inteligente", "simpático", "educado", "afável" e "solidário", conforme autodefinição do criador de Sargento Getúlio. Escreveu Viva o Povo Brasileiro apenas para provar ao então seu editor Pedro Paulo de Senna Madureira que era capaz de produzir um livro grosso, que parasse em pé na estante, cumprindo o compromisso assumido consigo mesmo quando começou a escrever: virar um grande autor e, se possível, ganhar o Nobel de Literatura. Parte dessa trajetória até Estocolmo já foi cumprida: Ubaldo, colunista do Caderno 2, entrou para a Academia Brasileira de Letras, foi mimado pelos críticos, traduziu os próprios livros para o inglês, seguindo o exemplo de Conrad e Nabokov, e teve, na noite de ontem, a consagração esperada por todo escritor no Brasil, a ovação do público que lotou a Tenda dos Autores na 9ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que se levantou e aplaudiu com entusiasmo a divertida entrevista concedida a outro bom escritor, Rodrigo Lacerda.

Ubaldo não fugiu de nenhuma pergunta de Lacerda, nem mesmo sobre a impertinência da comparação com Guimarães Rosa, que reconhece ser um dos grandes escritores do Brasil, mas que não faz parte de seus afetos. O escritor não é chegado a hipérboles. Diz que a espécie humana é ruim e que seu lado animalesco prevalece, lembrando que, naquele exato momento em que conversavam, algumas atrocidades estavam sendo cometidas no mundo. "Neste instante alguém está estrangulando alguém", disse. "Não aprendemos nada".

Sobre os livros que escreveu, Ubaldo revelou sentir mágoa por Vila Real ter sido lido por poucas pessoas. O livro, observou Rodrigo Lacerda, dialoga com Sargento Getúlio, que o escritor se recusa a classificar de romance histórico, valendo o mesmo para Viva o Povo Brasileiro. Neste último, disse Ubaldo, ele queria apenas se colocar no lugar de um "degenerado" que tivesse poder sobre tudo e todos, mas não reescrever a história do Brasil por meio de uma alegoria sobre a ditadura. "Quem sabe o que Heródoto queria realmente dizer?", perguntou.

A mesa Uma Ilha Chamada Brasil mostrou que Ubaldo não se preocupa apenas com o passado, mas também com o futuro. Sobre os experimentos na área de biotecnologia o escritor se mostrou cético. "Acho que esse conhecimento será usado para destruir o próximo, introduzindo uma variável na história da humanidade". O ser humano, concluiu, evoluiu tanto que já pode até interferir na seleção natural nestes tempos pós-darwinistas de avatares e inteligência artificial."

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