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‘A Olimpíada virou uma competição de saúde mental’, diz o psiquiatra Arthur Guerra


Guerra conta também como o esporte mudou sua própria vida

Por Gilberto Amendola
Atualização:

O psiquiatra Arthur Guerra é taxativo ao afirmar que os Jogos Olímpicos se transformaram em uma “competição de saúde mental”. Nesta entrevista, ele fala sobre como a “cabeça” dos atletas tem um papel fundamental na conquista de medalhas. O médico também conta como o esporte mudou sua própria vida (ele participa, por exemplo, de competições de Ironman). “Comecei a receitar mais esporte e menos remédio”, diz. Por fim, Guerra revela os temas dos seus próximos livros e sua estreia como autor teatral. A seguir:

Como o senhor está acompanhando a Olimpíada de Paris em termos de saúde mental dos atletas?

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O que está acontecendo nessa Olimpíada é que ela virou uma competição de saúde mental. Todos os atletas são muito semelhantes em termos de estrutura física, de condicionamento físico, de capacidade de respostas, de reflexos, de massa muscular, de peso e de altura. O que está fazendo a diferença é a saúde mental. Na ginástica, por exemplo, a Rebeca Andrade e Simone Biles têm basicamente o mesmo físico. O que faz a diferença é quanto uma delas consegue se manter naquele nível de tensão sem perder a concentração. De novo, a Olimpíada virou uma competição de saúde mental.

A busca pela saúde mental precisa fazer parte da preparação do atleta...

O atleta já precisa chegar nos Jogos Olímpicos preparado em termos de saúde mental. É como se fosse um processo educacional. Como se você fosse, por exemplo, aprender a falar inglês. Você tem que começar a conversar e a praticar. Assim, na hora em que você realmente precisar usar o Inglês, você vai estar pronto e a coisa vai fluir. É preciso investir em um ciclo completo de acompanhamento. Não adianta tratar de saúde mental só nas vésperas de uma competição.

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Arthur Guerra Foto: NILANI GOETTENS

O que seria essencial para o sucesso de um atleta?

Primeiro ponto: a figura que eu considero a mais importante é o técnico. O atleta respeita o técnico. O técnico exerce uma influência muito importante. É ele quem dá um limite do que o atleta pode fazer, até onde pode ou não ir. Segundo ponto: como é que se monta um atleta? Treino, treino, treino e... erros. O atleta que erra vai saber evoluir sem repetir seus erros. Terceiro ponto: humildade. Um pouco de humildade. Não precisa de muita. Mas o suficiente para admitir os erros. Não falar em coincidência ou azar. Tem que assumir os erros e pronto. E também ter ambição de ser o melhor do mundo naquilo que faz. Tudo isso com um tempero, uma nuvem de pólen de bom senso. Uma crença em algo a mais, pode ser uma religião, também costuma ajudar. Isso tudo faz diferença para um atleta olímpico.

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Casos de doping também se relacionam com saúde mental?

Vou contar um caso, mas não vou falar o nome por questão de ética médica. Meses atrás me chamaram para cuidar de um rapaz que tinha chance de ser medalhista em Paris. Propus um tratamento mínimo. Mas ele não aceitou. Queria fazer as coisas do jeito dele. Ele tinha uma ambição enorme, mas estava alterado, triste... Três semanas antes de embarcar, ele testou positivo no doping – reflexo direto de uma questão de saúde mental que poderia ter sido tratada.

Os Jogos Olímpicos incentivam o cidadão comum a praticar esportes?

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Sou um médico psiquiatra formado em um ambiente clássico. Mas sei o que o esporte fez na minha própria vida. Então, comecei a receitar mais esporte e menos remédio para os meus pacientes. Não é preciso mirar em uma performance olímpica, que é o grau máximo do esporte. Tem o esporte que está ao alcance de todos – que pode ser uma caminhada em torno da casa em que você mora, uma corridinha leve... Muitas vezes, eu convido meus pacientes para correr ou caminhar comigo.

Como o esporte mudou a sua vida?

Eu era um cara estressado, dormia pouco. Era angustiado, ganhava dinheiro, mas vivia tenso. Eu tinha até uma gagueira que me acompanhou durante muitos e muitos anos. O esporte me trouxe uma série de melhorias na minha vida. Aliás, os esportes e o meu golden retriever mudaram minha vida.

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O senhor está trabalhando em novos livros?

Terminei de escrever um livro com a chef Morena Leite sobre terapia na cozinha. Comecei também a escrever um livro sobre a Fernanda Keller, triatleta brasileira, uma Ironman top. Outro projeto é uma obra sobre Carlos Galvão, o empresário que trouxe o Ironman para o Brasil. Também estou escrevendo uma peça de teatro sobre casais que dormem em quartos separados. Vai ser uma espécie de comédia. Estou muito animado com essa experiência.

O psiquiatra Arthur Guerra é taxativo ao afirmar que os Jogos Olímpicos se transformaram em uma “competição de saúde mental”. Nesta entrevista, ele fala sobre como a “cabeça” dos atletas tem um papel fundamental na conquista de medalhas. O médico também conta como o esporte mudou sua própria vida (ele participa, por exemplo, de competições de Ironman). “Comecei a receitar mais esporte e menos remédio”, diz. Por fim, Guerra revela os temas dos seus próximos livros e sua estreia como autor teatral. A seguir:

Como o senhor está acompanhando a Olimpíada de Paris em termos de saúde mental dos atletas?

O que está acontecendo nessa Olimpíada é que ela virou uma competição de saúde mental. Todos os atletas são muito semelhantes em termos de estrutura física, de condicionamento físico, de capacidade de respostas, de reflexos, de massa muscular, de peso e de altura. O que está fazendo a diferença é a saúde mental. Na ginástica, por exemplo, a Rebeca Andrade e Simone Biles têm basicamente o mesmo físico. O que faz a diferença é quanto uma delas consegue se manter naquele nível de tensão sem perder a concentração. De novo, a Olimpíada virou uma competição de saúde mental.

A busca pela saúde mental precisa fazer parte da preparação do atleta...

O atleta já precisa chegar nos Jogos Olímpicos preparado em termos de saúde mental. É como se fosse um processo educacional. Como se você fosse, por exemplo, aprender a falar inglês. Você tem que começar a conversar e a praticar. Assim, na hora em que você realmente precisar usar o Inglês, você vai estar pronto e a coisa vai fluir. É preciso investir em um ciclo completo de acompanhamento. Não adianta tratar de saúde mental só nas vésperas de uma competição.

Arthur Guerra Foto: NILANI GOETTENS

O que seria essencial para o sucesso de um atleta?

Primeiro ponto: a figura que eu considero a mais importante é o técnico. O atleta respeita o técnico. O técnico exerce uma influência muito importante. É ele quem dá um limite do que o atleta pode fazer, até onde pode ou não ir. Segundo ponto: como é que se monta um atleta? Treino, treino, treino e... erros. O atleta que erra vai saber evoluir sem repetir seus erros. Terceiro ponto: humildade. Um pouco de humildade. Não precisa de muita. Mas o suficiente para admitir os erros. Não falar em coincidência ou azar. Tem que assumir os erros e pronto. E também ter ambição de ser o melhor do mundo naquilo que faz. Tudo isso com um tempero, uma nuvem de pólen de bom senso. Uma crença em algo a mais, pode ser uma religião, também costuma ajudar. Isso tudo faz diferença para um atleta olímpico.

Casos de doping também se relacionam com saúde mental?

Vou contar um caso, mas não vou falar o nome por questão de ética médica. Meses atrás me chamaram para cuidar de um rapaz que tinha chance de ser medalhista em Paris. Propus um tratamento mínimo. Mas ele não aceitou. Queria fazer as coisas do jeito dele. Ele tinha uma ambição enorme, mas estava alterado, triste... Três semanas antes de embarcar, ele testou positivo no doping – reflexo direto de uma questão de saúde mental que poderia ter sido tratada.

Os Jogos Olímpicos incentivam o cidadão comum a praticar esportes?

Sou um médico psiquiatra formado em um ambiente clássico. Mas sei o que o esporte fez na minha própria vida. Então, comecei a receitar mais esporte e menos remédio para os meus pacientes. Não é preciso mirar em uma performance olímpica, que é o grau máximo do esporte. Tem o esporte que está ao alcance de todos – que pode ser uma caminhada em torno da casa em que você mora, uma corridinha leve... Muitas vezes, eu convido meus pacientes para correr ou caminhar comigo.

Como o esporte mudou a sua vida?

Eu era um cara estressado, dormia pouco. Era angustiado, ganhava dinheiro, mas vivia tenso. Eu tinha até uma gagueira que me acompanhou durante muitos e muitos anos. O esporte me trouxe uma série de melhorias na minha vida. Aliás, os esportes e o meu golden retriever mudaram minha vida.

O senhor está trabalhando em novos livros?

Terminei de escrever um livro com a chef Morena Leite sobre terapia na cozinha. Comecei também a escrever um livro sobre a Fernanda Keller, triatleta brasileira, uma Ironman top. Outro projeto é uma obra sobre Carlos Galvão, o empresário que trouxe o Ironman para o Brasil. Também estou escrevendo uma peça de teatro sobre casais que dormem em quartos separados. Vai ser uma espécie de comédia. Estou muito animado com essa experiência.

O psiquiatra Arthur Guerra é taxativo ao afirmar que os Jogos Olímpicos se transformaram em uma “competição de saúde mental”. Nesta entrevista, ele fala sobre como a “cabeça” dos atletas tem um papel fundamental na conquista de medalhas. O médico também conta como o esporte mudou sua própria vida (ele participa, por exemplo, de competições de Ironman). “Comecei a receitar mais esporte e menos remédio”, diz. Por fim, Guerra revela os temas dos seus próximos livros e sua estreia como autor teatral. A seguir:

Como o senhor está acompanhando a Olimpíada de Paris em termos de saúde mental dos atletas?

O que está acontecendo nessa Olimpíada é que ela virou uma competição de saúde mental. Todos os atletas são muito semelhantes em termos de estrutura física, de condicionamento físico, de capacidade de respostas, de reflexos, de massa muscular, de peso e de altura. O que está fazendo a diferença é a saúde mental. Na ginástica, por exemplo, a Rebeca Andrade e Simone Biles têm basicamente o mesmo físico. O que faz a diferença é quanto uma delas consegue se manter naquele nível de tensão sem perder a concentração. De novo, a Olimpíada virou uma competição de saúde mental.

A busca pela saúde mental precisa fazer parte da preparação do atleta...

O atleta já precisa chegar nos Jogos Olímpicos preparado em termos de saúde mental. É como se fosse um processo educacional. Como se você fosse, por exemplo, aprender a falar inglês. Você tem que começar a conversar e a praticar. Assim, na hora em que você realmente precisar usar o Inglês, você vai estar pronto e a coisa vai fluir. É preciso investir em um ciclo completo de acompanhamento. Não adianta tratar de saúde mental só nas vésperas de uma competição.

Arthur Guerra Foto: NILANI GOETTENS

O que seria essencial para o sucesso de um atleta?

Primeiro ponto: a figura que eu considero a mais importante é o técnico. O atleta respeita o técnico. O técnico exerce uma influência muito importante. É ele quem dá um limite do que o atleta pode fazer, até onde pode ou não ir. Segundo ponto: como é que se monta um atleta? Treino, treino, treino e... erros. O atleta que erra vai saber evoluir sem repetir seus erros. Terceiro ponto: humildade. Um pouco de humildade. Não precisa de muita. Mas o suficiente para admitir os erros. Não falar em coincidência ou azar. Tem que assumir os erros e pronto. E também ter ambição de ser o melhor do mundo naquilo que faz. Tudo isso com um tempero, uma nuvem de pólen de bom senso. Uma crença em algo a mais, pode ser uma religião, também costuma ajudar. Isso tudo faz diferença para um atleta olímpico.

Casos de doping também se relacionam com saúde mental?

Vou contar um caso, mas não vou falar o nome por questão de ética médica. Meses atrás me chamaram para cuidar de um rapaz que tinha chance de ser medalhista em Paris. Propus um tratamento mínimo. Mas ele não aceitou. Queria fazer as coisas do jeito dele. Ele tinha uma ambição enorme, mas estava alterado, triste... Três semanas antes de embarcar, ele testou positivo no doping – reflexo direto de uma questão de saúde mental que poderia ter sido tratada.

Os Jogos Olímpicos incentivam o cidadão comum a praticar esportes?

Sou um médico psiquiatra formado em um ambiente clássico. Mas sei o que o esporte fez na minha própria vida. Então, comecei a receitar mais esporte e menos remédio para os meus pacientes. Não é preciso mirar em uma performance olímpica, que é o grau máximo do esporte. Tem o esporte que está ao alcance de todos – que pode ser uma caminhada em torno da casa em que você mora, uma corridinha leve... Muitas vezes, eu convido meus pacientes para correr ou caminhar comigo.

Como o esporte mudou a sua vida?

Eu era um cara estressado, dormia pouco. Era angustiado, ganhava dinheiro, mas vivia tenso. Eu tinha até uma gagueira que me acompanhou durante muitos e muitos anos. O esporte me trouxe uma série de melhorias na minha vida. Aliás, os esportes e o meu golden retriever mudaram minha vida.

O senhor está trabalhando em novos livros?

Terminei de escrever um livro com a chef Morena Leite sobre terapia na cozinha. Comecei também a escrever um livro sobre a Fernanda Keller, triatleta brasileira, uma Ironman top. Outro projeto é uma obra sobre Carlos Galvão, o empresário que trouxe o Ironman para o Brasil. Também estou escrevendo uma peça de teatro sobre casais que dormem em quartos separados. Vai ser uma espécie de comédia. Estou muito animado com essa experiência.

O psiquiatra Arthur Guerra é taxativo ao afirmar que os Jogos Olímpicos se transformaram em uma “competição de saúde mental”. Nesta entrevista, ele fala sobre como a “cabeça” dos atletas tem um papel fundamental na conquista de medalhas. O médico também conta como o esporte mudou sua própria vida (ele participa, por exemplo, de competições de Ironman). “Comecei a receitar mais esporte e menos remédio”, diz. Por fim, Guerra revela os temas dos seus próximos livros e sua estreia como autor teatral. A seguir:

Como o senhor está acompanhando a Olimpíada de Paris em termos de saúde mental dos atletas?

O que está acontecendo nessa Olimpíada é que ela virou uma competição de saúde mental. Todos os atletas são muito semelhantes em termos de estrutura física, de condicionamento físico, de capacidade de respostas, de reflexos, de massa muscular, de peso e de altura. O que está fazendo a diferença é a saúde mental. Na ginástica, por exemplo, a Rebeca Andrade e Simone Biles têm basicamente o mesmo físico. O que faz a diferença é quanto uma delas consegue se manter naquele nível de tensão sem perder a concentração. De novo, a Olimpíada virou uma competição de saúde mental.

A busca pela saúde mental precisa fazer parte da preparação do atleta...

O atleta já precisa chegar nos Jogos Olímpicos preparado em termos de saúde mental. É como se fosse um processo educacional. Como se você fosse, por exemplo, aprender a falar inglês. Você tem que começar a conversar e a praticar. Assim, na hora em que você realmente precisar usar o Inglês, você vai estar pronto e a coisa vai fluir. É preciso investir em um ciclo completo de acompanhamento. Não adianta tratar de saúde mental só nas vésperas de uma competição.

Arthur Guerra Foto: NILANI GOETTENS

O que seria essencial para o sucesso de um atleta?

Primeiro ponto: a figura que eu considero a mais importante é o técnico. O atleta respeita o técnico. O técnico exerce uma influência muito importante. É ele quem dá um limite do que o atleta pode fazer, até onde pode ou não ir. Segundo ponto: como é que se monta um atleta? Treino, treino, treino e... erros. O atleta que erra vai saber evoluir sem repetir seus erros. Terceiro ponto: humildade. Um pouco de humildade. Não precisa de muita. Mas o suficiente para admitir os erros. Não falar em coincidência ou azar. Tem que assumir os erros e pronto. E também ter ambição de ser o melhor do mundo naquilo que faz. Tudo isso com um tempero, uma nuvem de pólen de bom senso. Uma crença em algo a mais, pode ser uma religião, também costuma ajudar. Isso tudo faz diferença para um atleta olímpico.

Casos de doping também se relacionam com saúde mental?

Vou contar um caso, mas não vou falar o nome por questão de ética médica. Meses atrás me chamaram para cuidar de um rapaz que tinha chance de ser medalhista em Paris. Propus um tratamento mínimo. Mas ele não aceitou. Queria fazer as coisas do jeito dele. Ele tinha uma ambição enorme, mas estava alterado, triste... Três semanas antes de embarcar, ele testou positivo no doping – reflexo direto de uma questão de saúde mental que poderia ter sido tratada.

Os Jogos Olímpicos incentivam o cidadão comum a praticar esportes?

Sou um médico psiquiatra formado em um ambiente clássico. Mas sei o que o esporte fez na minha própria vida. Então, comecei a receitar mais esporte e menos remédio para os meus pacientes. Não é preciso mirar em uma performance olímpica, que é o grau máximo do esporte. Tem o esporte que está ao alcance de todos – que pode ser uma caminhada em torno da casa em que você mora, uma corridinha leve... Muitas vezes, eu convido meus pacientes para correr ou caminhar comigo.

Como o esporte mudou a sua vida?

Eu era um cara estressado, dormia pouco. Era angustiado, ganhava dinheiro, mas vivia tenso. Eu tinha até uma gagueira que me acompanhou durante muitos e muitos anos. O esporte me trouxe uma série de melhorias na minha vida. Aliás, os esportes e o meu golden retriever mudaram minha vida.

O senhor está trabalhando em novos livros?

Terminei de escrever um livro com a chef Morena Leite sobre terapia na cozinha. Comecei também a escrever um livro sobre a Fernanda Keller, triatleta brasileira, uma Ironman top. Outro projeto é uma obra sobre Carlos Galvão, o empresário que trouxe o Ironman para o Brasil. Também estou escrevendo uma peça de teatro sobre casais que dormem em quartos separados. Vai ser uma espécie de comédia. Estou muito animado com essa experiência.

O psiquiatra Arthur Guerra é taxativo ao afirmar que os Jogos Olímpicos se transformaram em uma “competição de saúde mental”. Nesta entrevista, ele fala sobre como a “cabeça” dos atletas tem um papel fundamental na conquista de medalhas. O médico também conta como o esporte mudou sua própria vida (ele participa, por exemplo, de competições de Ironman). “Comecei a receitar mais esporte e menos remédio”, diz. Por fim, Guerra revela os temas dos seus próximos livros e sua estreia como autor teatral. A seguir:

Como o senhor está acompanhando a Olimpíada de Paris em termos de saúde mental dos atletas?

O que está acontecendo nessa Olimpíada é que ela virou uma competição de saúde mental. Todos os atletas são muito semelhantes em termos de estrutura física, de condicionamento físico, de capacidade de respostas, de reflexos, de massa muscular, de peso e de altura. O que está fazendo a diferença é a saúde mental. Na ginástica, por exemplo, a Rebeca Andrade e Simone Biles têm basicamente o mesmo físico. O que faz a diferença é quanto uma delas consegue se manter naquele nível de tensão sem perder a concentração. De novo, a Olimpíada virou uma competição de saúde mental.

A busca pela saúde mental precisa fazer parte da preparação do atleta...

O atleta já precisa chegar nos Jogos Olímpicos preparado em termos de saúde mental. É como se fosse um processo educacional. Como se você fosse, por exemplo, aprender a falar inglês. Você tem que começar a conversar e a praticar. Assim, na hora em que você realmente precisar usar o Inglês, você vai estar pronto e a coisa vai fluir. É preciso investir em um ciclo completo de acompanhamento. Não adianta tratar de saúde mental só nas vésperas de uma competição.

Arthur Guerra Foto: NILANI GOETTENS

O que seria essencial para o sucesso de um atleta?

Primeiro ponto: a figura que eu considero a mais importante é o técnico. O atleta respeita o técnico. O técnico exerce uma influência muito importante. É ele quem dá um limite do que o atleta pode fazer, até onde pode ou não ir. Segundo ponto: como é que se monta um atleta? Treino, treino, treino e... erros. O atleta que erra vai saber evoluir sem repetir seus erros. Terceiro ponto: humildade. Um pouco de humildade. Não precisa de muita. Mas o suficiente para admitir os erros. Não falar em coincidência ou azar. Tem que assumir os erros e pronto. E também ter ambição de ser o melhor do mundo naquilo que faz. Tudo isso com um tempero, uma nuvem de pólen de bom senso. Uma crença em algo a mais, pode ser uma religião, também costuma ajudar. Isso tudo faz diferença para um atleta olímpico.

Casos de doping também se relacionam com saúde mental?

Vou contar um caso, mas não vou falar o nome por questão de ética médica. Meses atrás me chamaram para cuidar de um rapaz que tinha chance de ser medalhista em Paris. Propus um tratamento mínimo. Mas ele não aceitou. Queria fazer as coisas do jeito dele. Ele tinha uma ambição enorme, mas estava alterado, triste... Três semanas antes de embarcar, ele testou positivo no doping – reflexo direto de uma questão de saúde mental que poderia ter sido tratada.

Os Jogos Olímpicos incentivam o cidadão comum a praticar esportes?

Sou um médico psiquiatra formado em um ambiente clássico. Mas sei o que o esporte fez na minha própria vida. Então, comecei a receitar mais esporte e menos remédio para os meus pacientes. Não é preciso mirar em uma performance olímpica, que é o grau máximo do esporte. Tem o esporte que está ao alcance de todos – que pode ser uma caminhada em torno da casa em que você mora, uma corridinha leve... Muitas vezes, eu convido meus pacientes para correr ou caminhar comigo.

Como o esporte mudou a sua vida?

Eu era um cara estressado, dormia pouco. Era angustiado, ganhava dinheiro, mas vivia tenso. Eu tinha até uma gagueira que me acompanhou durante muitos e muitos anos. O esporte me trouxe uma série de melhorias na minha vida. Aliás, os esportes e o meu golden retriever mudaram minha vida.

O senhor está trabalhando em novos livros?

Terminei de escrever um livro com a chef Morena Leite sobre terapia na cozinha. Comecei também a escrever um livro sobre a Fernanda Keller, triatleta brasileira, uma Ironman top. Outro projeto é uma obra sobre Carlos Galvão, o empresário que trouxe o Ironman para o Brasil. Também estou escrevendo uma peça de teatro sobre casais que dormem em quartos separados. Vai ser uma espécie de comédia. Estou muito animado com essa experiência.

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