Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Artista que pinta paisagens da periferia dispensa galerias e faz sucesso com leilões online


Para Rodrigo Yudi Honda, pintar temas da vida comum faz com que as pessoas se sintam representadas

Por Marcela Paes
Atualização:

Rodrigo Yudi Honda costuma retratar em suas pinturas paisagens e situações não muito corriqueiras em telas. Diferentemente dos clássicos cachos de uvas, pêssegos e bacias de prata, suas naturezas mortas podem trazer caixas de ovos, um cachorro-quente ao lado de tubos de maionese e ketchup e uma garrafa de sidra Cereser junto a copos de plástico. Quando se dedica a paisagens, investe em fachadas pichadas, paradas de ônibus e bares de sinuca. As escolhas de Rodrigo, que costumam mostrar a periferia, conquistaram um séquito de fãs fiel. Hoje, o arquiteto formado pela USP consegue viver da arte vendendo seus trabalhos por meio das redes sociais e de seu site.

SÃO PAULO 02/04/2024 CIDADE PINTOR RODRIGO HONDA- O pintor Rodrigo pinta seus quadros na cidade de Sao Paulo e esta vendendo suas obras pela internetFOTO ALEX SILVA/ESTADAO Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

“O que eu faço é simples: retratar as coisas que eu vejo por aí. Mas não é retratar a banalidade pura e simplesmente: é tentar encontrar a beleza nessas coisas comuns. O que me instiga é a beleza não-óbvia, que está na despensa da cozinha ou na viela do subúrbio. Nas nossas cidades grandes, tão malcuidadas, é um desafio enxergar beleza em algo, a princípio, tão feio. Espero que meu trabalho inspire as pessoas a tentar desvendar essa beleza escondida em suas rotinas, pois enxergar apenas a feiura superficial das coisas é desesperador”, explica ele, que vive em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

continua após a publicidade

Rodrigo costuma vender suas telas pelo sistema de leilão online. Para ele, comercializar seu trabalho sem intermediários o deixa livre do intrincado sistema de networking do mundo da arte. “As redes sociais são um mercado alternativo para os artistas que não querem depender de galerias e do chamado “sistema da arte” – editais, marchands, curadores, lobistas… Nesse esquema, muitos artistas passam a vida correndo atrás de “bons contatos”, só dialogando com quem pode lhes trazer dinheiro, fama e prestígio... Não é à toa que grande parte da arte contemporânea não dialoga mais com as pessoas comuns: Nessa engrenagem, gente comum não traz vantagem nenhuma e por isso fica de fora, como mero expectador que, passivamente, precisa aceitar tudo que esse sistema lhe empurra como “arte””, afirma.

O quadro 'O Último Busão', de Rodrigo Honda Foto: Rodrigo Yudi Honda

A ideia a respeito da relação dos artistas com galerias também se estende para os temas que Rodrigo costuma escolher, e, segundo ele, o público se sente atraído pelo seu trabalho justamente pela identificação com o que ele pinta. “São temas da vida comum, objetos e situações que quase todo mundo já presenciou. Isso faz com que elas se sintam representadas”.

continua após a publicidade

Recentemente, o artista de 35 anos revelou que tem uma doença chamada retinose pigmentar. Degenerativa e sem cura, a enfermidade já levou 50% de sua visão e, segundo ele, é possível que o leve à cegueira total. “Como artista, é complicado falar disso abertamente porque, por um lado, não quero que as pessoas acompanhem meu trabalho por pena ou por curiosidade mórbida. Por outro, essa doença é um fato da minha vida que não tenho como ocultar. Não me preocupo muito com isso porque sei que a gente consegue se virar em qualquer situação. Estando vivo, sempre será possível fazer arte. Fazer arte depende mais da nossa cabeça que dos nossos olhos”.

Rodrigo Yudi Honda costuma retratar em suas pinturas paisagens e situações não muito corriqueiras em telas. Diferentemente dos clássicos cachos de uvas, pêssegos e bacias de prata, suas naturezas mortas podem trazer caixas de ovos, um cachorro-quente ao lado de tubos de maionese e ketchup e uma garrafa de sidra Cereser junto a copos de plástico. Quando se dedica a paisagens, investe em fachadas pichadas, paradas de ônibus e bares de sinuca. As escolhas de Rodrigo, que costumam mostrar a periferia, conquistaram um séquito de fãs fiel. Hoje, o arquiteto formado pela USP consegue viver da arte vendendo seus trabalhos por meio das redes sociais e de seu site.

SÃO PAULO 02/04/2024 CIDADE PINTOR RODRIGO HONDA- O pintor Rodrigo pinta seus quadros na cidade de Sao Paulo e esta vendendo suas obras pela internetFOTO ALEX SILVA/ESTADAO Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

“O que eu faço é simples: retratar as coisas que eu vejo por aí. Mas não é retratar a banalidade pura e simplesmente: é tentar encontrar a beleza nessas coisas comuns. O que me instiga é a beleza não-óbvia, que está na despensa da cozinha ou na viela do subúrbio. Nas nossas cidades grandes, tão malcuidadas, é um desafio enxergar beleza em algo, a princípio, tão feio. Espero que meu trabalho inspire as pessoas a tentar desvendar essa beleza escondida em suas rotinas, pois enxergar apenas a feiura superficial das coisas é desesperador”, explica ele, que vive em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

Rodrigo costuma vender suas telas pelo sistema de leilão online. Para ele, comercializar seu trabalho sem intermediários o deixa livre do intrincado sistema de networking do mundo da arte. “As redes sociais são um mercado alternativo para os artistas que não querem depender de galerias e do chamado “sistema da arte” – editais, marchands, curadores, lobistas… Nesse esquema, muitos artistas passam a vida correndo atrás de “bons contatos”, só dialogando com quem pode lhes trazer dinheiro, fama e prestígio... Não é à toa que grande parte da arte contemporânea não dialoga mais com as pessoas comuns: Nessa engrenagem, gente comum não traz vantagem nenhuma e por isso fica de fora, como mero expectador que, passivamente, precisa aceitar tudo que esse sistema lhe empurra como “arte””, afirma.

O quadro 'O Último Busão', de Rodrigo Honda Foto: Rodrigo Yudi Honda

A ideia a respeito da relação dos artistas com galerias também se estende para os temas que Rodrigo costuma escolher, e, segundo ele, o público se sente atraído pelo seu trabalho justamente pela identificação com o que ele pinta. “São temas da vida comum, objetos e situações que quase todo mundo já presenciou. Isso faz com que elas se sintam representadas”.

Recentemente, o artista de 35 anos revelou que tem uma doença chamada retinose pigmentar. Degenerativa e sem cura, a enfermidade já levou 50% de sua visão e, segundo ele, é possível que o leve à cegueira total. “Como artista, é complicado falar disso abertamente porque, por um lado, não quero que as pessoas acompanhem meu trabalho por pena ou por curiosidade mórbida. Por outro, essa doença é um fato da minha vida que não tenho como ocultar. Não me preocupo muito com isso porque sei que a gente consegue se virar em qualquer situação. Estando vivo, sempre será possível fazer arte. Fazer arte depende mais da nossa cabeça que dos nossos olhos”.

Rodrigo Yudi Honda costuma retratar em suas pinturas paisagens e situações não muito corriqueiras em telas. Diferentemente dos clássicos cachos de uvas, pêssegos e bacias de prata, suas naturezas mortas podem trazer caixas de ovos, um cachorro-quente ao lado de tubos de maionese e ketchup e uma garrafa de sidra Cereser junto a copos de plástico. Quando se dedica a paisagens, investe em fachadas pichadas, paradas de ônibus e bares de sinuca. As escolhas de Rodrigo, que costumam mostrar a periferia, conquistaram um séquito de fãs fiel. Hoje, o arquiteto formado pela USP consegue viver da arte vendendo seus trabalhos por meio das redes sociais e de seu site.

SÃO PAULO 02/04/2024 CIDADE PINTOR RODRIGO HONDA- O pintor Rodrigo pinta seus quadros na cidade de Sao Paulo e esta vendendo suas obras pela internetFOTO ALEX SILVA/ESTADAO Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

“O que eu faço é simples: retratar as coisas que eu vejo por aí. Mas não é retratar a banalidade pura e simplesmente: é tentar encontrar a beleza nessas coisas comuns. O que me instiga é a beleza não-óbvia, que está na despensa da cozinha ou na viela do subúrbio. Nas nossas cidades grandes, tão malcuidadas, é um desafio enxergar beleza em algo, a princípio, tão feio. Espero que meu trabalho inspire as pessoas a tentar desvendar essa beleza escondida em suas rotinas, pois enxergar apenas a feiura superficial das coisas é desesperador”, explica ele, que vive em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

Rodrigo costuma vender suas telas pelo sistema de leilão online. Para ele, comercializar seu trabalho sem intermediários o deixa livre do intrincado sistema de networking do mundo da arte. “As redes sociais são um mercado alternativo para os artistas que não querem depender de galerias e do chamado “sistema da arte” – editais, marchands, curadores, lobistas… Nesse esquema, muitos artistas passam a vida correndo atrás de “bons contatos”, só dialogando com quem pode lhes trazer dinheiro, fama e prestígio... Não é à toa que grande parte da arte contemporânea não dialoga mais com as pessoas comuns: Nessa engrenagem, gente comum não traz vantagem nenhuma e por isso fica de fora, como mero expectador que, passivamente, precisa aceitar tudo que esse sistema lhe empurra como “arte””, afirma.

O quadro 'O Último Busão', de Rodrigo Honda Foto: Rodrigo Yudi Honda

A ideia a respeito da relação dos artistas com galerias também se estende para os temas que Rodrigo costuma escolher, e, segundo ele, o público se sente atraído pelo seu trabalho justamente pela identificação com o que ele pinta. “São temas da vida comum, objetos e situações que quase todo mundo já presenciou. Isso faz com que elas se sintam representadas”.

Recentemente, o artista de 35 anos revelou que tem uma doença chamada retinose pigmentar. Degenerativa e sem cura, a enfermidade já levou 50% de sua visão e, segundo ele, é possível que o leve à cegueira total. “Como artista, é complicado falar disso abertamente porque, por um lado, não quero que as pessoas acompanhem meu trabalho por pena ou por curiosidade mórbida. Por outro, essa doença é um fato da minha vida que não tenho como ocultar. Não me preocupo muito com isso porque sei que a gente consegue se virar em qualquer situação. Estando vivo, sempre será possível fazer arte. Fazer arte depende mais da nossa cabeça que dos nossos olhos”.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.