Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

‘Tenho mais medo de quem se considera a encarnação do bem’, diz a especialista em crimes Ilana Casoy


Chamada pela polícia para ajudar a desvendar mentes criminosas, ela fez o roteiro de ‘A Menina que Matou os Pais’, longa sobre Suzane von Richthofen

Por Paula Bonelli
Atualização:

Quando o Suzane von Richthofen arquitetou o assassinato dos próprios pais com ajuda dos irmãos Cravinhos, a escritora e criminóloga paulistana Ilana Casoy, 63, fazia um estágio na polícia científica de São Paulo, na área de perícias de homicídio, o que foi, nas suas palavras, “uma coincidência da vida”. Depois, Ilana teve autorização, para fins literários, da desembargadora Ivana David para acompanhar a reprodução simulada do assassinato do casal. Mantinha um caderno de anotações amarelo que virou até matéria no Fantástico.

Assim começou a nascer a sua pesquisa aprofundada sobre o crime ocorrido há 21 anos. Já são três filmes sobre esse homicídio ocorrido naquela família de renda alta. Ilana é uma das roteiristas do último longa A Menina que Matou os Pais – A Confissão, em exibição no Prime Video, focado nas investigações.

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Além disso, ela é especialista em serial killers. “Tenho mais medo das pessoas que se consideram encarnações do bem do que aquelas que se veem como encarnações do mal”, afirma. Confira a entrevista concedida à repórter Paula Bonelli por videoconferência.

Ilana Casoy. Foto: Erik Almeida  Foto: DIV

Por que o caso Richthofen provoca tanto interesse?

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Infelizmente, a figura do criminoso em geral é caricaturada como alguém miserável, com histórico de sofrimento, da periferia. E a descrição não se aplica ao caso da Richthofen. Suzane é branca, loira e estudava Direito na PUC. Sua família era estruturada, a família Cravinhos era de classe média. Esse contraste causa desconforto e desperta curiosidade sobre o que motivou esse crime.

O filme retrata os fatos verídicos ou cria elementos?

Tudo que está no filme realmente aconteceu. Às vezes, precisa juntar elementos que ocorreram separadamente em uma cena para se tornar um bom filme. Há uma liberdade ficcional nesses casos. Por exemplo, houve um churrasco no sítio e uma visita da polícia à piscina. No filme, esses dois eventos foram combinados para mostrar o desconforto da polícia ao encontrar Suzane e os outros na piscina poucos dias após o assassinato.

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Como você se tornou uma criminóloga?

Foi um processo gradual, não algo planejado. Inicialmente, eu queria compreender a origem da violência, se era biológica, psicológica e como o ambiente social influencia. Fui batendo em portas, e uma coisa levando à outra. Em determinado momento, eu já fazia parte, como ouvinte, do núcleo forense do Hospital das Clínicas. Então fiz uma pós-graduação em criminologia no Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM). Naquela época, eu nem tinha conhecimento sobre perícia no Brasil, e ninguém sabia porque não havia muitas informações disponíveis. A principal referência era o jornalista investigativo Percival de Souza. Quando jovens me perguntam como escrever sobre true crime, eu digo: você já foi ao Fórum Criminal da Barra Funda? Lá tem júri todos os dias. Não basta apenas ler livros.

Considera-se uma especialista em serial killers?

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Sim, fui uma precursora e nunca parei de estudar. Atualmente, quando a polícia necessita, eles me chamam e eu interrompo minhas atividades para ajudar nos casos. Embora sejam raros em frequência, os crimes cometidos por serial killers têm um impacto social imenso, devido ao número elevado de vítimas.

Em quais casos trabalhou?

Um dos casos foi o do Francisco das Chagas, no Pará e no Maranhão. Participei de uma força-tarefa com as polícias civil e federal. Trabalhei de forma discreta porque parecia absurdo ter uma escritora envolvida. Fui chamada para auxiliar nas investigações. Foram 42 assassinatos e três vítimas sobreviventes, totalizando 45 crianças atingidas. Também atuei no caso do “monstro da Ceasa”, o André Barbosa, no Pará. A investigação de crimes em série é totalmente diferente, pois o motivo geralmente é psicológico. Não é possível usar as mesmas perguntas que fazemos em um caso de homicídio comum. É necessário formular outras. Ajudei a desenvolver um questionário para as vítimas do estuprador de Gama, em Brasília, e para agressor, a fim de analisar evidências e o perfil desse indivíduo.

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O ser humano é mau por natureza?

A maldade faz parte do mundo. Desde a Bíblia, com Caim matando Abel, vemos um crime de família. Os sete pecados capitais são motivos de crime na sociedade até hoje. Tenho mais medo das pessoas que se consideram encarnações do bem do que aquelas que se veem como encarnações do mal. Quando entrevisto um serial killer, ele sabe quem é, tá tudo bem. Agora, uma pessoa que se acha um ser completamente bom e livre de qualquer maldade, essa me dá mais medo porque ela vive em negação.

Quando o Suzane von Richthofen arquitetou o assassinato dos próprios pais com ajuda dos irmãos Cravinhos, a escritora e criminóloga paulistana Ilana Casoy, 63, fazia um estágio na polícia científica de São Paulo, na área de perícias de homicídio, o que foi, nas suas palavras, “uma coincidência da vida”. Depois, Ilana teve autorização, para fins literários, da desembargadora Ivana David para acompanhar a reprodução simulada do assassinato do casal. Mantinha um caderno de anotações amarelo que virou até matéria no Fantástico.

Assim começou a nascer a sua pesquisa aprofundada sobre o crime ocorrido há 21 anos. Já são três filmes sobre esse homicídio ocorrido naquela família de renda alta. Ilana é uma das roteiristas do último longa A Menina que Matou os Pais – A Confissão, em exibição no Prime Video, focado nas investigações.

Além disso, ela é especialista em serial killers. “Tenho mais medo das pessoas que se consideram encarnações do bem do que aquelas que se veem como encarnações do mal”, afirma. Confira a entrevista concedida à repórter Paula Bonelli por videoconferência.

Ilana Casoy. Foto: Erik Almeida  Foto: DIV

Por que o caso Richthofen provoca tanto interesse?

Infelizmente, a figura do criminoso em geral é caricaturada como alguém miserável, com histórico de sofrimento, da periferia. E a descrição não se aplica ao caso da Richthofen. Suzane é branca, loira e estudava Direito na PUC. Sua família era estruturada, a família Cravinhos era de classe média. Esse contraste causa desconforto e desperta curiosidade sobre o que motivou esse crime.

O filme retrata os fatos verídicos ou cria elementos?

Tudo que está no filme realmente aconteceu. Às vezes, precisa juntar elementos que ocorreram separadamente em uma cena para se tornar um bom filme. Há uma liberdade ficcional nesses casos. Por exemplo, houve um churrasco no sítio e uma visita da polícia à piscina. No filme, esses dois eventos foram combinados para mostrar o desconforto da polícia ao encontrar Suzane e os outros na piscina poucos dias após o assassinato.

Como você se tornou uma criminóloga?

Foi um processo gradual, não algo planejado. Inicialmente, eu queria compreender a origem da violência, se era biológica, psicológica e como o ambiente social influencia. Fui batendo em portas, e uma coisa levando à outra. Em determinado momento, eu já fazia parte, como ouvinte, do núcleo forense do Hospital das Clínicas. Então fiz uma pós-graduação em criminologia no Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM). Naquela época, eu nem tinha conhecimento sobre perícia no Brasil, e ninguém sabia porque não havia muitas informações disponíveis. A principal referência era o jornalista investigativo Percival de Souza. Quando jovens me perguntam como escrever sobre true crime, eu digo: você já foi ao Fórum Criminal da Barra Funda? Lá tem júri todos os dias. Não basta apenas ler livros.

Considera-se uma especialista em serial killers?

Sim, fui uma precursora e nunca parei de estudar. Atualmente, quando a polícia necessita, eles me chamam e eu interrompo minhas atividades para ajudar nos casos. Embora sejam raros em frequência, os crimes cometidos por serial killers têm um impacto social imenso, devido ao número elevado de vítimas.

Em quais casos trabalhou?

Um dos casos foi o do Francisco das Chagas, no Pará e no Maranhão. Participei de uma força-tarefa com as polícias civil e federal. Trabalhei de forma discreta porque parecia absurdo ter uma escritora envolvida. Fui chamada para auxiliar nas investigações. Foram 42 assassinatos e três vítimas sobreviventes, totalizando 45 crianças atingidas. Também atuei no caso do “monstro da Ceasa”, o André Barbosa, no Pará. A investigação de crimes em série é totalmente diferente, pois o motivo geralmente é psicológico. Não é possível usar as mesmas perguntas que fazemos em um caso de homicídio comum. É necessário formular outras. Ajudei a desenvolver um questionário para as vítimas do estuprador de Gama, em Brasília, e para agressor, a fim de analisar evidências e o perfil desse indivíduo.

O ser humano é mau por natureza?

A maldade faz parte do mundo. Desde a Bíblia, com Caim matando Abel, vemos um crime de família. Os sete pecados capitais são motivos de crime na sociedade até hoje. Tenho mais medo das pessoas que se consideram encarnações do bem do que aquelas que se veem como encarnações do mal. Quando entrevisto um serial killer, ele sabe quem é, tá tudo bem. Agora, uma pessoa que se acha um ser completamente bom e livre de qualquer maldade, essa me dá mais medo porque ela vive em negação.

Quando o Suzane von Richthofen arquitetou o assassinato dos próprios pais com ajuda dos irmãos Cravinhos, a escritora e criminóloga paulistana Ilana Casoy, 63, fazia um estágio na polícia científica de São Paulo, na área de perícias de homicídio, o que foi, nas suas palavras, “uma coincidência da vida”. Depois, Ilana teve autorização, para fins literários, da desembargadora Ivana David para acompanhar a reprodução simulada do assassinato do casal. Mantinha um caderno de anotações amarelo que virou até matéria no Fantástico.

Assim começou a nascer a sua pesquisa aprofundada sobre o crime ocorrido há 21 anos. Já são três filmes sobre esse homicídio ocorrido naquela família de renda alta. Ilana é uma das roteiristas do último longa A Menina que Matou os Pais – A Confissão, em exibição no Prime Video, focado nas investigações.

Além disso, ela é especialista em serial killers. “Tenho mais medo das pessoas que se consideram encarnações do bem do que aquelas que se veem como encarnações do mal”, afirma. Confira a entrevista concedida à repórter Paula Bonelli por videoconferência.

Ilana Casoy. Foto: Erik Almeida  Foto: DIV

Por que o caso Richthofen provoca tanto interesse?

Infelizmente, a figura do criminoso em geral é caricaturada como alguém miserável, com histórico de sofrimento, da periferia. E a descrição não se aplica ao caso da Richthofen. Suzane é branca, loira e estudava Direito na PUC. Sua família era estruturada, a família Cravinhos era de classe média. Esse contraste causa desconforto e desperta curiosidade sobre o que motivou esse crime.

O filme retrata os fatos verídicos ou cria elementos?

Tudo que está no filme realmente aconteceu. Às vezes, precisa juntar elementos que ocorreram separadamente em uma cena para se tornar um bom filme. Há uma liberdade ficcional nesses casos. Por exemplo, houve um churrasco no sítio e uma visita da polícia à piscina. No filme, esses dois eventos foram combinados para mostrar o desconforto da polícia ao encontrar Suzane e os outros na piscina poucos dias após o assassinato.

Como você se tornou uma criminóloga?

Foi um processo gradual, não algo planejado. Inicialmente, eu queria compreender a origem da violência, se era biológica, psicológica e como o ambiente social influencia. Fui batendo em portas, e uma coisa levando à outra. Em determinado momento, eu já fazia parte, como ouvinte, do núcleo forense do Hospital das Clínicas. Então fiz uma pós-graduação em criminologia no Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM). Naquela época, eu nem tinha conhecimento sobre perícia no Brasil, e ninguém sabia porque não havia muitas informações disponíveis. A principal referência era o jornalista investigativo Percival de Souza. Quando jovens me perguntam como escrever sobre true crime, eu digo: você já foi ao Fórum Criminal da Barra Funda? Lá tem júri todos os dias. Não basta apenas ler livros.

Considera-se uma especialista em serial killers?

Sim, fui uma precursora e nunca parei de estudar. Atualmente, quando a polícia necessita, eles me chamam e eu interrompo minhas atividades para ajudar nos casos. Embora sejam raros em frequência, os crimes cometidos por serial killers têm um impacto social imenso, devido ao número elevado de vítimas.

Em quais casos trabalhou?

Um dos casos foi o do Francisco das Chagas, no Pará e no Maranhão. Participei de uma força-tarefa com as polícias civil e federal. Trabalhei de forma discreta porque parecia absurdo ter uma escritora envolvida. Fui chamada para auxiliar nas investigações. Foram 42 assassinatos e três vítimas sobreviventes, totalizando 45 crianças atingidas. Também atuei no caso do “monstro da Ceasa”, o André Barbosa, no Pará. A investigação de crimes em série é totalmente diferente, pois o motivo geralmente é psicológico. Não é possível usar as mesmas perguntas que fazemos em um caso de homicídio comum. É necessário formular outras. Ajudei a desenvolver um questionário para as vítimas do estuprador de Gama, em Brasília, e para agressor, a fim de analisar evidências e o perfil desse indivíduo.

O ser humano é mau por natureza?

A maldade faz parte do mundo. Desde a Bíblia, com Caim matando Abel, vemos um crime de família. Os sete pecados capitais são motivos de crime na sociedade até hoje. Tenho mais medo das pessoas que se consideram encarnações do bem do que aquelas que se veem como encarnações do mal. Quando entrevisto um serial killer, ele sabe quem é, tá tudo bem. Agora, uma pessoa que se acha um ser completamente bom e livre de qualquer maldade, essa me dá mais medo porque ela vive em negação.

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