Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

‘É quase uma proibição uma mulher envelhecer aos olhos do público’, diz Danielle Winits


Atriz, que completa 50 anos em dezembro, é a Bruxa Má no musical O Mágico de Oz

Por Gilberto Amendola
Atualização:

Danielle Winits virou o jogo e mudou a chave da sua própria carreira. Ela, que já foi tachada como aquela atriz perfeita para viver um ‘mulherão’ ou uma ‘loira burra’ (lembrem da Alicinha, da novela Corpo Dourado, ou das personagens dos folhetins de Carlos Lombardi) conquistou o público dos musicais familiares e as crianças.

Danielle está em cartaz com musical O Mágico de OZ, espetáculo em que interpreta a Bruxa Má (Teatro Procópio Ferreira). No papo com a coluna, além de contar sobre sua versão da bruxa, Dani fala como abraçou a comédia e como está se preparando para os seus 50 anos. A seguir:

Danielle Winits como Bruxa Má Foto: CAIO GALUCCI
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Você já foi uma atriz muito reconhecida por interpretar ‘mulherão’ e até viver muito o papel da ‘loira burra’. Hoje, você tem uma carreira diferente, faz musicais familiares e tem o público infantil ao seu lado. Essa virada de chave foi de caso pensado?

Total! Eu também busquei esse lugar. Eu tive oportunidade na televisão de me jogar na comédia – porque foi uma coisa que eu pedi para inserir dentro do meu trabalho. Eu lembro bem quando eu fiz a Alicinha... Comecei a ler a personagem e falei: ‘Ok, essa personagem é maravilhosa, mas eu posso fazer comédia? Independentemente dela ser estereotipada como loira burra e tal, posso inserir a comédia para que isso não fique raso?’

E foi a comédia que trouxe esse público?

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Com o tempo, a comédia foi me ajudando a conquistar um público infantil. Depois que passei a ficar mais no cinema e no teatro, fui ganhando esse outro público – crianças e adolescentes que nunca nem me viram em novela. Esse público é um presente na minha vida.

Mas você sentia preconceito por ser uma atriz que vivia personagens com esse apelo mais sensual?

Eu senti o preconceito. Ele estava ali escancarado na minha cara. Estava na maneira como as pessoas falavam comigo em relação aos personagens, em relação às minhas escolhas. Mas eu nunca bloqueei o meu trabalho por conta do preconceito dos outros.

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Isso mexia com você?

Acho que isso, de certa forma, criou em mim algum mecanismo onde eu sempre estava pensando: ‘Bom, vamos lá, vamos fazer o papel da sexy symbol. Mais uma personagem com o viés da sexualidade aflorada, que tem o corpo e só o corpo... Mas como é que eu vou aproveitar isso? Como eu posso rir por último e fazer dar certo?’ Eu lembro que cheguei para o Wolf Maya e perguntei se teria que raspar minha cabeça para que as pessoas me enxergassem de um jeito diferente. Ele me perguntou o que seria exatamente esse diferente. Para o Wolf, diferente era aquilo que eu fazia. Antes, atriz séria era aquela que era chamada para papéis densos. Wolf me ensinou a não ter preconceito com minhas qualidades artísticas. Às vezes é até difícil verbalizar. Já me doeu, né. Mas acho que consegui transformar essa dor em arte.

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Como foi chegar na sua Bruxa Má?

Eu procurei não ficar muito ligada nas referências que tinha sobre a Bruxa Má do Oeste. Estou buscando uma interação maior com a plateia. Eu não costumo quebrar a quarta parede, mas eu gosto de quebrar a quarta parede. É um espetáculo que tenho liberdade para isso. Com comédia e leveza, trago as crianças para perto da minha bruxa e faço as pessoas serem cúmplices dela.

Imagino que você precise se pendurar em cabos de aço para viver a Bruxa. É um problema pra você? Em 2012, você sofreu um acidente em cena durante uma apresentação do espetáculo Xanadu...

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Eu não vou contar o truque. Mas eu não vou estar pendurada em cabo. O acidente é algo que eu não tenho memória. Na época, foi um trauma para muita gente. O acidente já foi todo investigado. E as pessoas envolvidas estão sendo obrigadas a cumprirem suas responsabilidades.

Esse ano você faz 50 anos, como está sendo para você? É um marco ou não faz nenhuma diferença?

Ah, jovens envelheçam. Essa frase é libertadora. Não é clichê. Apesar de todo o etarismo sofrido desde sempre, envelhecer é de uma libertação até difícil de nominar. A mulher já nasce com uma carga tão pesada. Uma carga que não vai diminuindo. Ela vai tomando uma dimensão violentíssima, avassaladora... O ‘hate’ em relação ao envelhecimento é muito verticalizado aqui no Brasil. ‘Como assim ela tem 50 anos’, dizem. É quase uma proibição para uma mulher envelhecer aos olhos do público. A gente só envelhece porque está vivendo. E a outra opção nós não queremos. Pelo menos eu não quero.

Danielle Winits virou o jogo e mudou a chave da sua própria carreira. Ela, que já foi tachada como aquela atriz perfeita para viver um ‘mulherão’ ou uma ‘loira burra’ (lembrem da Alicinha, da novela Corpo Dourado, ou das personagens dos folhetins de Carlos Lombardi) conquistou o público dos musicais familiares e as crianças.

Danielle está em cartaz com musical O Mágico de OZ, espetáculo em que interpreta a Bruxa Má (Teatro Procópio Ferreira). No papo com a coluna, além de contar sobre sua versão da bruxa, Dani fala como abraçou a comédia e como está se preparando para os seus 50 anos. A seguir:

Danielle Winits como Bruxa Má Foto: CAIO GALUCCI

Você já foi uma atriz muito reconhecida por interpretar ‘mulherão’ e até viver muito o papel da ‘loira burra’. Hoje, você tem uma carreira diferente, faz musicais familiares e tem o público infantil ao seu lado. Essa virada de chave foi de caso pensado?

Total! Eu também busquei esse lugar. Eu tive oportunidade na televisão de me jogar na comédia – porque foi uma coisa que eu pedi para inserir dentro do meu trabalho. Eu lembro bem quando eu fiz a Alicinha... Comecei a ler a personagem e falei: ‘Ok, essa personagem é maravilhosa, mas eu posso fazer comédia? Independentemente dela ser estereotipada como loira burra e tal, posso inserir a comédia para que isso não fique raso?’

E foi a comédia que trouxe esse público?

Com o tempo, a comédia foi me ajudando a conquistar um público infantil. Depois que passei a ficar mais no cinema e no teatro, fui ganhando esse outro público – crianças e adolescentes que nunca nem me viram em novela. Esse público é um presente na minha vida.

Mas você sentia preconceito por ser uma atriz que vivia personagens com esse apelo mais sensual?

Eu senti o preconceito. Ele estava ali escancarado na minha cara. Estava na maneira como as pessoas falavam comigo em relação aos personagens, em relação às minhas escolhas. Mas eu nunca bloqueei o meu trabalho por conta do preconceito dos outros.

Isso mexia com você?

Acho que isso, de certa forma, criou em mim algum mecanismo onde eu sempre estava pensando: ‘Bom, vamos lá, vamos fazer o papel da sexy symbol. Mais uma personagem com o viés da sexualidade aflorada, que tem o corpo e só o corpo... Mas como é que eu vou aproveitar isso? Como eu posso rir por último e fazer dar certo?’ Eu lembro que cheguei para o Wolf Maya e perguntei se teria que raspar minha cabeça para que as pessoas me enxergassem de um jeito diferente. Ele me perguntou o que seria exatamente esse diferente. Para o Wolf, diferente era aquilo que eu fazia. Antes, atriz séria era aquela que era chamada para papéis densos. Wolf me ensinou a não ter preconceito com minhas qualidades artísticas. Às vezes é até difícil verbalizar. Já me doeu, né. Mas acho que consegui transformar essa dor em arte.

Como foi chegar na sua Bruxa Má?

Eu procurei não ficar muito ligada nas referências que tinha sobre a Bruxa Má do Oeste. Estou buscando uma interação maior com a plateia. Eu não costumo quebrar a quarta parede, mas eu gosto de quebrar a quarta parede. É um espetáculo que tenho liberdade para isso. Com comédia e leveza, trago as crianças para perto da minha bruxa e faço as pessoas serem cúmplices dela.

Imagino que você precise se pendurar em cabos de aço para viver a Bruxa. É um problema pra você? Em 2012, você sofreu um acidente em cena durante uma apresentação do espetáculo Xanadu...

Eu não vou contar o truque. Mas eu não vou estar pendurada em cabo. O acidente é algo que eu não tenho memória. Na época, foi um trauma para muita gente. O acidente já foi todo investigado. E as pessoas envolvidas estão sendo obrigadas a cumprirem suas responsabilidades.

Esse ano você faz 50 anos, como está sendo para você? É um marco ou não faz nenhuma diferença?

Ah, jovens envelheçam. Essa frase é libertadora. Não é clichê. Apesar de todo o etarismo sofrido desde sempre, envelhecer é de uma libertação até difícil de nominar. A mulher já nasce com uma carga tão pesada. Uma carga que não vai diminuindo. Ela vai tomando uma dimensão violentíssima, avassaladora... O ‘hate’ em relação ao envelhecimento é muito verticalizado aqui no Brasil. ‘Como assim ela tem 50 anos’, dizem. É quase uma proibição para uma mulher envelhecer aos olhos do público. A gente só envelhece porque está vivendo. E a outra opção nós não queremos. Pelo menos eu não quero.

Danielle Winits virou o jogo e mudou a chave da sua própria carreira. Ela, que já foi tachada como aquela atriz perfeita para viver um ‘mulherão’ ou uma ‘loira burra’ (lembrem da Alicinha, da novela Corpo Dourado, ou das personagens dos folhetins de Carlos Lombardi) conquistou o público dos musicais familiares e as crianças.

Danielle está em cartaz com musical O Mágico de OZ, espetáculo em que interpreta a Bruxa Má (Teatro Procópio Ferreira). No papo com a coluna, além de contar sobre sua versão da bruxa, Dani fala como abraçou a comédia e como está se preparando para os seus 50 anos. A seguir:

Danielle Winits como Bruxa Má Foto: CAIO GALUCCI

Você já foi uma atriz muito reconhecida por interpretar ‘mulherão’ e até viver muito o papel da ‘loira burra’. Hoje, você tem uma carreira diferente, faz musicais familiares e tem o público infantil ao seu lado. Essa virada de chave foi de caso pensado?

Total! Eu também busquei esse lugar. Eu tive oportunidade na televisão de me jogar na comédia – porque foi uma coisa que eu pedi para inserir dentro do meu trabalho. Eu lembro bem quando eu fiz a Alicinha... Comecei a ler a personagem e falei: ‘Ok, essa personagem é maravilhosa, mas eu posso fazer comédia? Independentemente dela ser estereotipada como loira burra e tal, posso inserir a comédia para que isso não fique raso?’

E foi a comédia que trouxe esse público?

Com o tempo, a comédia foi me ajudando a conquistar um público infantil. Depois que passei a ficar mais no cinema e no teatro, fui ganhando esse outro público – crianças e adolescentes que nunca nem me viram em novela. Esse público é um presente na minha vida.

Mas você sentia preconceito por ser uma atriz que vivia personagens com esse apelo mais sensual?

Eu senti o preconceito. Ele estava ali escancarado na minha cara. Estava na maneira como as pessoas falavam comigo em relação aos personagens, em relação às minhas escolhas. Mas eu nunca bloqueei o meu trabalho por conta do preconceito dos outros.

Isso mexia com você?

Acho que isso, de certa forma, criou em mim algum mecanismo onde eu sempre estava pensando: ‘Bom, vamos lá, vamos fazer o papel da sexy symbol. Mais uma personagem com o viés da sexualidade aflorada, que tem o corpo e só o corpo... Mas como é que eu vou aproveitar isso? Como eu posso rir por último e fazer dar certo?’ Eu lembro que cheguei para o Wolf Maya e perguntei se teria que raspar minha cabeça para que as pessoas me enxergassem de um jeito diferente. Ele me perguntou o que seria exatamente esse diferente. Para o Wolf, diferente era aquilo que eu fazia. Antes, atriz séria era aquela que era chamada para papéis densos. Wolf me ensinou a não ter preconceito com minhas qualidades artísticas. Às vezes é até difícil verbalizar. Já me doeu, né. Mas acho que consegui transformar essa dor em arte.

Como foi chegar na sua Bruxa Má?

Eu procurei não ficar muito ligada nas referências que tinha sobre a Bruxa Má do Oeste. Estou buscando uma interação maior com a plateia. Eu não costumo quebrar a quarta parede, mas eu gosto de quebrar a quarta parede. É um espetáculo que tenho liberdade para isso. Com comédia e leveza, trago as crianças para perto da minha bruxa e faço as pessoas serem cúmplices dela.

Imagino que você precise se pendurar em cabos de aço para viver a Bruxa. É um problema pra você? Em 2012, você sofreu um acidente em cena durante uma apresentação do espetáculo Xanadu...

Eu não vou contar o truque. Mas eu não vou estar pendurada em cabo. O acidente é algo que eu não tenho memória. Na época, foi um trauma para muita gente. O acidente já foi todo investigado. E as pessoas envolvidas estão sendo obrigadas a cumprirem suas responsabilidades.

Esse ano você faz 50 anos, como está sendo para você? É um marco ou não faz nenhuma diferença?

Ah, jovens envelheçam. Essa frase é libertadora. Não é clichê. Apesar de todo o etarismo sofrido desde sempre, envelhecer é de uma libertação até difícil de nominar. A mulher já nasce com uma carga tão pesada. Uma carga que não vai diminuindo. Ela vai tomando uma dimensão violentíssima, avassaladora... O ‘hate’ em relação ao envelhecimento é muito verticalizado aqui no Brasil. ‘Como assim ela tem 50 anos’, dizem. É quase uma proibição para uma mulher envelhecer aos olhos do público. A gente só envelhece porque está vivendo. E a outra opção nós não queremos. Pelo menos eu não quero.

Danielle Winits virou o jogo e mudou a chave da sua própria carreira. Ela, que já foi tachada como aquela atriz perfeita para viver um ‘mulherão’ ou uma ‘loira burra’ (lembrem da Alicinha, da novela Corpo Dourado, ou das personagens dos folhetins de Carlos Lombardi) conquistou o público dos musicais familiares e as crianças.

Danielle está em cartaz com musical O Mágico de OZ, espetáculo em que interpreta a Bruxa Má (Teatro Procópio Ferreira). No papo com a coluna, além de contar sobre sua versão da bruxa, Dani fala como abraçou a comédia e como está se preparando para os seus 50 anos. A seguir:

Danielle Winits como Bruxa Má Foto: CAIO GALUCCI

Você já foi uma atriz muito reconhecida por interpretar ‘mulherão’ e até viver muito o papel da ‘loira burra’. Hoje, você tem uma carreira diferente, faz musicais familiares e tem o público infantil ao seu lado. Essa virada de chave foi de caso pensado?

Total! Eu também busquei esse lugar. Eu tive oportunidade na televisão de me jogar na comédia – porque foi uma coisa que eu pedi para inserir dentro do meu trabalho. Eu lembro bem quando eu fiz a Alicinha... Comecei a ler a personagem e falei: ‘Ok, essa personagem é maravilhosa, mas eu posso fazer comédia? Independentemente dela ser estereotipada como loira burra e tal, posso inserir a comédia para que isso não fique raso?’

E foi a comédia que trouxe esse público?

Com o tempo, a comédia foi me ajudando a conquistar um público infantil. Depois que passei a ficar mais no cinema e no teatro, fui ganhando esse outro público – crianças e adolescentes que nunca nem me viram em novela. Esse público é um presente na minha vida.

Mas você sentia preconceito por ser uma atriz que vivia personagens com esse apelo mais sensual?

Eu senti o preconceito. Ele estava ali escancarado na minha cara. Estava na maneira como as pessoas falavam comigo em relação aos personagens, em relação às minhas escolhas. Mas eu nunca bloqueei o meu trabalho por conta do preconceito dos outros.

Isso mexia com você?

Acho que isso, de certa forma, criou em mim algum mecanismo onde eu sempre estava pensando: ‘Bom, vamos lá, vamos fazer o papel da sexy symbol. Mais uma personagem com o viés da sexualidade aflorada, que tem o corpo e só o corpo... Mas como é que eu vou aproveitar isso? Como eu posso rir por último e fazer dar certo?’ Eu lembro que cheguei para o Wolf Maya e perguntei se teria que raspar minha cabeça para que as pessoas me enxergassem de um jeito diferente. Ele me perguntou o que seria exatamente esse diferente. Para o Wolf, diferente era aquilo que eu fazia. Antes, atriz séria era aquela que era chamada para papéis densos. Wolf me ensinou a não ter preconceito com minhas qualidades artísticas. Às vezes é até difícil verbalizar. Já me doeu, né. Mas acho que consegui transformar essa dor em arte.

Como foi chegar na sua Bruxa Má?

Eu procurei não ficar muito ligada nas referências que tinha sobre a Bruxa Má do Oeste. Estou buscando uma interação maior com a plateia. Eu não costumo quebrar a quarta parede, mas eu gosto de quebrar a quarta parede. É um espetáculo que tenho liberdade para isso. Com comédia e leveza, trago as crianças para perto da minha bruxa e faço as pessoas serem cúmplices dela.

Imagino que você precise se pendurar em cabos de aço para viver a Bruxa. É um problema pra você? Em 2012, você sofreu um acidente em cena durante uma apresentação do espetáculo Xanadu...

Eu não vou contar o truque. Mas eu não vou estar pendurada em cabo. O acidente é algo que eu não tenho memória. Na época, foi um trauma para muita gente. O acidente já foi todo investigado. E as pessoas envolvidas estão sendo obrigadas a cumprirem suas responsabilidades.

Esse ano você faz 50 anos, como está sendo para você? É um marco ou não faz nenhuma diferença?

Ah, jovens envelheçam. Essa frase é libertadora. Não é clichê. Apesar de todo o etarismo sofrido desde sempre, envelhecer é de uma libertação até difícil de nominar. A mulher já nasce com uma carga tão pesada. Uma carga que não vai diminuindo. Ela vai tomando uma dimensão violentíssima, avassaladora... O ‘hate’ em relação ao envelhecimento é muito verticalizado aqui no Brasil. ‘Como assim ela tem 50 anos’, dizem. É quase uma proibição para uma mulher envelhecer aos olhos do público. A gente só envelhece porque está vivendo. E a outra opção nós não queremos. Pelo menos eu não quero.

Danielle Winits virou o jogo e mudou a chave da sua própria carreira. Ela, que já foi tachada como aquela atriz perfeita para viver um ‘mulherão’ ou uma ‘loira burra’ (lembrem da Alicinha, da novela Corpo Dourado, ou das personagens dos folhetins de Carlos Lombardi) conquistou o público dos musicais familiares e as crianças.

Danielle está em cartaz com musical O Mágico de OZ, espetáculo em que interpreta a Bruxa Má (Teatro Procópio Ferreira). No papo com a coluna, além de contar sobre sua versão da bruxa, Dani fala como abraçou a comédia e como está se preparando para os seus 50 anos. A seguir:

Danielle Winits como Bruxa Má Foto: CAIO GALUCCI

Você já foi uma atriz muito reconhecida por interpretar ‘mulherão’ e até viver muito o papel da ‘loira burra’. Hoje, você tem uma carreira diferente, faz musicais familiares e tem o público infantil ao seu lado. Essa virada de chave foi de caso pensado?

Total! Eu também busquei esse lugar. Eu tive oportunidade na televisão de me jogar na comédia – porque foi uma coisa que eu pedi para inserir dentro do meu trabalho. Eu lembro bem quando eu fiz a Alicinha... Comecei a ler a personagem e falei: ‘Ok, essa personagem é maravilhosa, mas eu posso fazer comédia? Independentemente dela ser estereotipada como loira burra e tal, posso inserir a comédia para que isso não fique raso?’

E foi a comédia que trouxe esse público?

Com o tempo, a comédia foi me ajudando a conquistar um público infantil. Depois que passei a ficar mais no cinema e no teatro, fui ganhando esse outro público – crianças e adolescentes que nunca nem me viram em novela. Esse público é um presente na minha vida.

Mas você sentia preconceito por ser uma atriz que vivia personagens com esse apelo mais sensual?

Eu senti o preconceito. Ele estava ali escancarado na minha cara. Estava na maneira como as pessoas falavam comigo em relação aos personagens, em relação às minhas escolhas. Mas eu nunca bloqueei o meu trabalho por conta do preconceito dos outros.

Isso mexia com você?

Acho que isso, de certa forma, criou em mim algum mecanismo onde eu sempre estava pensando: ‘Bom, vamos lá, vamos fazer o papel da sexy symbol. Mais uma personagem com o viés da sexualidade aflorada, que tem o corpo e só o corpo... Mas como é que eu vou aproveitar isso? Como eu posso rir por último e fazer dar certo?’ Eu lembro que cheguei para o Wolf Maya e perguntei se teria que raspar minha cabeça para que as pessoas me enxergassem de um jeito diferente. Ele me perguntou o que seria exatamente esse diferente. Para o Wolf, diferente era aquilo que eu fazia. Antes, atriz séria era aquela que era chamada para papéis densos. Wolf me ensinou a não ter preconceito com minhas qualidades artísticas. Às vezes é até difícil verbalizar. Já me doeu, né. Mas acho que consegui transformar essa dor em arte.

Como foi chegar na sua Bruxa Má?

Eu procurei não ficar muito ligada nas referências que tinha sobre a Bruxa Má do Oeste. Estou buscando uma interação maior com a plateia. Eu não costumo quebrar a quarta parede, mas eu gosto de quebrar a quarta parede. É um espetáculo que tenho liberdade para isso. Com comédia e leveza, trago as crianças para perto da minha bruxa e faço as pessoas serem cúmplices dela.

Imagino que você precise se pendurar em cabos de aço para viver a Bruxa. É um problema pra você? Em 2012, você sofreu um acidente em cena durante uma apresentação do espetáculo Xanadu...

Eu não vou contar o truque. Mas eu não vou estar pendurada em cabo. O acidente é algo que eu não tenho memória. Na época, foi um trauma para muita gente. O acidente já foi todo investigado. E as pessoas envolvidas estão sendo obrigadas a cumprirem suas responsabilidades.

Esse ano você faz 50 anos, como está sendo para você? É um marco ou não faz nenhuma diferença?

Ah, jovens envelheçam. Essa frase é libertadora. Não é clichê. Apesar de todo o etarismo sofrido desde sempre, envelhecer é de uma libertação até difícil de nominar. A mulher já nasce com uma carga tão pesada. Uma carga que não vai diminuindo. Ela vai tomando uma dimensão violentíssima, avassaladora... O ‘hate’ em relação ao envelhecimento é muito verticalizado aqui no Brasil. ‘Como assim ela tem 50 anos’, dizem. É quase uma proibição para uma mulher envelhecer aos olhos do público. A gente só envelhece porque está vivendo. E a outra opção nós não queremos. Pelo menos eu não quero.

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