Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

‘Fui dando um jeito de ir me impondo elegantemente’, diz Nany People


Atriz e humorista acumula participações em cinema, séries e na Globo, além de estrear show em que mostra seu lado cantora ao interpretar canções da amiga Fafá de Belém

Por Marcela Paes

Nany People vai fincar sua volta às origens. Mais precisamente em seu começo na música, expressão artística que ela conta ter sido a primeira de sua vida. A humorista, atriz e, sim, cantora, estreou na semana passada, em Belo Horizonte, o show Sob Medida. Nele, Nany interpreta canções da amiga Fafá de Belém e também conta histórias de sua vida. “Sempre tem uma música da Fafá que remonta um momento da minha vida, desde coisas românticas até coisas internas, muito íntimas”, diz à repórter Marcela Paes. A atriz também continua com os shows de stand-up, a participação no Caldeirão com Mion e o trabalho no cinema, como no filme Um Dia Cinco Estrelas. Leia a entrevista.

Nany People Foto: Sergio Cyrillo

Você acaba de estrear um show como cantora. Muita gente conhece a Nany atriz, a Nany humorista, mas não a cantora.

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Pouca gente sabe, mas a minha aparição no palco aconteceu com a música. Com quatro anos de idade cantei numa quermesse, depois fui fazer aula em conservatório. Reencontrei a música em 2019, quando eu fiz o Pop Star. Na pandemia começaram as lives e encontrei muita gente da música por isso. Aí convidei a Luiza Possi para fazer uma live comigo. A coisa foi crescendo... Gravei com o padre Fábio de Melo e depois com a Fafá. Com o sucesso que tivemos, veio a ideia para o show Sob Medida.

Qual a sua relação com a obra da Fafá?

Tenho cinco mulheres na minha vida que me empoderaram e me ensinaram. São minha mãe, Hebe Camargo, Rogéria, Fafá e Lilia Cabral. A Fafá entra naquela coisa de desde criança eu ver ela cantar daquele jeito, aquela força da natureza. Não era nem padrão cantar descalça, as mulheres tinham que ser gostosas, rebolativas e ela cantava como se fosse um furacão. Lembro de aniversários de amigos meus que minha mãe dizia ‘o aniversário não é seu, você fica na sua, você é muito serelepe, você quer aparecer…’ Dava dois minutos e eu estava com um pano de prato na cabeça cantando Emoriô no meio da festa. Sempre tem uma música da Fafá que remonta um momento da minha vida, desde coisas românticas até coisas internas, muito íntimas. As músicas da Fafá me ajudaram a não ser uma adulta sofrida.

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Hoje se discute muito o limite do humor, principalmente em shows de stand-up. Qual é o seu limite pra fazer humor?

Muitos humoristas não têm uma formatação teatral. Uma coisa que o teatro me ensinou é que o microfone é uma arma, que pode ser a favor ou contra você.

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Você sofreu muito preconceito na sua carreira?

Não contabilizo débitos, contabilizo créditos. Já ouvi que se eu fosse uma mulher cisgênero, com a energia que eu tenho, já seria apresentadora de um programa de TV só meu. Acho que até hoje eu não tive isso por ser uma mulher trans. Mas ao mesmo tempo, não posso chorar as pitangas, porque fui dando um jeito de ir me impondo elegantemente, como diz a Fafi Siqueira. Trabalhei no Goulart de Andrade na Gazeta e ele ficou me devendo uma grana que dava o dinheiro do apartamento que eu tinha comprado, mas saí quietinha. Três dias depois, passei pelo programa da Hebe Camargo e ela me convidou pra fazer uma participação. Acabei ficando sete anos. Saí da Hebe e fui para a Praça É Nossa. Depois, entrei na Fazenda. Em 2018, estava no interior de Goiás fazendo show e fui chamada para uma leitura na Globo. Isso sem agente, sem empresário e totalmente pelo boca a boca de saberem que eu funcionava no palco.

E na vida pessoal?

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Fui uma pessoa muito amada, eu tive o amor como primeira circunstância na vida, minha mãe sempre me protegeu muito. Quando eu ganhei o respeito dentro de casa, me assegurei que o resto do mundo era o meu quintal. Não é a realidade de uma trans no Brasil. A maioria das trans, quando começa a mostrar a que veio, é execrada de casa. Acho que eu tive essa coisa da informação, do amor da família, mas, sobretudo, tive conduta de ética na vida. Trabalhei na noite 22 anos e nunca me contaminei com os ditos, vamos dizer, caminhos paralelos que a noite dá. Nunca me viciei em nada, nunca me tornei alcoólatra. Tenho 58 anos e nunca fiz plástica no rosto, nem um botox (risos). Trabalho feito uma doida.

A Globo dá uma visibilidade diferente?

Claro que me levou para um outro patamar de um outro público. A Globo realmente foi uma outra coisa. Agora, eu cheguei na Globo com o meu dever de casa feito a ponto das pessoas saberem quem eu era. Tive um abraço muito grande de produção, de atores, de elenco e da produção, de quem faz a novela acontecer, de camareiros a porteiro da novela. Meu primeiro contrato era de três meses e eu acabei ficando até o último capítulo da novela. Mas não tenho nada de global porque eu não visto essa camisa. Eu pego o meu táxi, o meu carro e vou. Gosto de fazer bar, restaurante, show, teatro e evento. Todo artista tem de ir aonde o povo está.

Nany People vai fincar sua volta às origens. Mais precisamente em seu começo na música, expressão artística que ela conta ter sido a primeira de sua vida. A humorista, atriz e, sim, cantora, estreou na semana passada, em Belo Horizonte, o show Sob Medida. Nele, Nany interpreta canções da amiga Fafá de Belém e também conta histórias de sua vida. “Sempre tem uma música da Fafá que remonta um momento da minha vida, desde coisas românticas até coisas internas, muito íntimas”, diz à repórter Marcela Paes. A atriz também continua com os shows de stand-up, a participação no Caldeirão com Mion e o trabalho no cinema, como no filme Um Dia Cinco Estrelas. Leia a entrevista.

Nany People Foto: Sergio Cyrillo

Você acaba de estrear um show como cantora. Muita gente conhece a Nany atriz, a Nany humorista, mas não a cantora.

Pouca gente sabe, mas a minha aparição no palco aconteceu com a música. Com quatro anos de idade cantei numa quermesse, depois fui fazer aula em conservatório. Reencontrei a música em 2019, quando eu fiz o Pop Star. Na pandemia começaram as lives e encontrei muita gente da música por isso. Aí convidei a Luiza Possi para fazer uma live comigo. A coisa foi crescendo... Gravei com o padre Fábio de Melo e depois com a Fafá. Com o sucesso que tivemos, veio a ideia para o show Sob Medida.

Qual a sua relação com a obra da Fafá?

Tenho cinco mulheres na minha vida que me empoderaram e me ensinaram. São minha mãe, Hebe Camargo, Rogéria, Fafá e Lilia Cabral. A Fafá entra naquela coisa de desde criança eu ver ela cantar daquele jeito, aquela força da natureza. Não era nem padrão cantar descalça, as mulheres tinham que ser gostosas, rebolativas e ela cantava como se fosse um furacão. Lembro de aniversários de amigos meus que minha mãe dizia ‘o aniversário não é seu, você fica na sua, você é muito serelepe, você quer aparecer…’ Dava dois minutos e eu estava com um pano de prato na cabeça cantando Emoriô no meio da festa. Sempre tem uma música da Fafá que remonta um momento da minha vida, desde coisas românticas até coisas internas, muito íntimas. As músicas da Fafá me ajudaram a não ser uma adulta sofrida.

Hoje se discute muito o limite do humor, principalmente em shows de stand-up. Qual é o seu limite pra fazer humor?

Muitos humoristas não têm uma formatação teatral. Uma coisa que o teatro me ensinou é que o microfone é uma arma, que pode ser a favor ou contra você.

Você sofreu muito preconceito na sua carreira?

Não contabilizo débitos, contabilizo créditos. Já ouvi que se eu fosse uma mulher cisgênero, com a energia que eu tenho, já seria apresentadora de um programa de TV só meu. Acho que até hoje eu não tive isso por ser uma mulher trans. Mas ao mesmo tempo, não posso chorar as pitangas, porque fui dando um jeito de ir me impondo elegantemente, como diz a Fafi Siqueira. Trabalhei no Goulart de Andrade na Gazeta e ele ficou me devendo uma grana que dava o dinheiro do apartamento que eu tinha comprado, mas saí quietinha. Três dias depois, passei pelo programa da Hebe Camargo e ela me convidou pra fazer uma participação. Acabei ficando sete anos. Saí da Hebe e fui para a Praça É Nossa. Depois, entrei na Fazenda. Em 2018, estava no interior de Goiás fazendo show e fui chamada para uma leitura na Globo. Isso sem agente, sem empresário e totalmente pelo boca a boca de saberem que eu funcionava no palco.

E na vida pessoal?

Fui uma pessoa muito amada, eu tive o amor como primeira circunstância na vida, minha mãe sempre me protegeu muito. Quando eu ganhei o respeito dentro de casa, me assegurei que o resto do mundo era o meu quintal. Não é a realidade de uma trans no Brasil. A maioria das trans, quando começa a mostrar a que veio, é execrada de casa. Acho que eu tive essa coisa da informação, do amor da família, mas, sobretudo, tive conduta de ética na vida. Trabalhei na noite 22 anos e nunca me contaminei com os ditos, vamos dizer, caminhos paralelos que a noite dá. Nunca me viciei em nada, nunca me tornei alcoólatra. Tenho 58 anos e nunca fiz plástica no rosto, nem um botox (risos). Trabalho feito uma doida.

A Globo dá uma visibilidade diferente?

Claro que me levou para um outro patamar de um outro público. A Globo realmente foi uma outra coisa. Agora, eu cheguei na Globo com o meu dever de casa feito a ponto das pessoas saberem quem eu era. Tive um abraço muito grande de produção, de atores, de elenco e da produção, de quem faz a novela acontecer, de camareiros a porteiro da novela. Meu primeiro contrato era de três meses e eu acabei ficando até o último capítulo da novela. Mas não tenho nada de global porque eu não visto essa camisa. Eu pego o meu táxi, o meu carro e vou. Gosto de fazer bar, restaurante, show, teatro e evento. Todo artista tem de ir aonde o povo está.

Nany People vai fincar sua volta às origens. Mais precisamente em seu começo na música, expressão artística que ela conta ter sido a primeira de sua vida. A humorista, atriz e, sim, cantora, estreou na semana passada, em Belo Horizonte, o show Sob Medida. Nele, Nany interpreta canções da amiga Fafá de Belém e também conta histórias de sua vida. “Sempre tem uma música da Fafá que remonta um momento da minha vida, desde coisas românticas até coisas internas, muito íntimas”, diz à repórter Marcela Paes. A atriz também continua com os shows de stand-up, a participação no Caldeirão com Mion e o trabalho no cinema, como no filme Um Dia Cinco Estrelas. Leia a entrevista.

Nany People Foto: Sergio Cyrillo

Você acaba de estrear um show como cantora. Muita gente conhece a Nany atriz, a Nany humorista, mas não a cantora.

Pouca gente sabe, mas a minha aparição no palco aconteceu com a música. Com quatro anos de idade cantei numa quermesse, depois fui fazer aula em conservatório. Reencontrei a música em 2019, quando eu fiz o Pop Star. Na pandemia começaram as lives e encontrei muita gente da música por isso. Aí convidei a Luiza Possi para fazer uma live comigo. A coisa foi crescendo... Gravei com o padre Fábio de Melo e depois com a Fafá. Com o sucesso que tivemos, veio a ideia para o show Sob Medida.

Qual a sua relação com a obra da Fafá?

Tenho cinco mulheres na minha vida que me empoderaram e me ensinaram. São minha mãe, Hebe Camargo, Rogéria, Fafá e Lilia Cabral. A Fafá entra naquela coisa de desde criança eu ver ela cantar daquele jeito, aquela força da natureza. Não era nem padrão cantar descalça, as mulheres tinham que ser gostosas, rebolativas e ela cantava como se fosse um furacão. Lembro de aniversários de amigos meus que minha mãe dizia ‘o aniversário não é seu, você fica na sua, você é muito serelepe, você quer aparecer…’ Dava dois minutos e eu estava com um pano de prato na cabeça cantando Emoriô no meio da festa. Sempre tem uma música da Fafá que remonta um momento da minha vida, desde coisas românticas até coisas internas, muito íntimas. As músicas da Fafá me ajudaram a não ser uma adulta sofrida.

Hoje se discute muito o limite do humor, principalmente em shows de stand-up. Qual é o seu limite pra fazer humor?

Muitos humoristas não têm uma formatação teatral. Uma coisa que o teatro me ensinou é que o microfone é uma arma, que pode ser a favor ou contra você.

Você sofreu muito preconceito na sua carreira?

Não contabilizo débitos, contabilizo créditos. Já ouvi que se eu fosse uma mulher cisgênero, com a energia que eu tenho, já seria apresentadora de um programa de TV só meu. Acho que até hoje eu não tive isso por ser uma mulher trans. Mas ao mesmo tempo, não posso chorar as pitangas, porque fui dando um jeito de ir me impondo elegantemente, como diz a Fafi Siqueira. Trabalhei no Goulart de Andrade na Gazeta e ele ficou me devendo uma grana que dava o dinheiro do apartamento que eu tinha comprado, mas saí quietinha. Três dias depois, passei pelo programa da Hebe Camargo e ela me convidou pra fazer uma participação. Acabei ficando sete anos. Saí da Hebe e fui para a Praça É Nossa. Depois, entrei na Fazenda. Em 2018, estava no interior de Goiás fazendo show e fui chamada para uma leitura na Globo. Isso sem agente, sem empresário e totalmente pelo boca a boca de saberem que eu funcionava no palco.

E na vida pessoal?

Fui uma pessoa muito amada, eu tive o amor como primeira circunstância na vida, minha mãe sempre me protegeu muito. Quando eu ganhei o respeito dentro de casa, me assegurei que o resto do mundo era o meu quintal. Não é a realidade de uma trans no Brasil. A maioria das trans, quando começa a mostrar a que veio, é execrada de casa. Acho que eu tive essa coisa da informação, do amor da família, mas, sobretudo, tive conduta de ética na vida. Trabalhei na noite 22 anos e nunca me contaminei com os ditos, vamos dizer, caminhos paralelos que a noite dá. Nunca me viciei em nada, nunca me tornei alcoólatra. Tenho 58 anos e nunca fiz plástica no rosto, nem um botox (risos). Trabalho feito uma doida.

A Globo dá uma visibilidade diferente?

Claro que me levou para um outro patamar de um outro público. A Globo realmente foi uma outra coisa. Agora, eu cheguei na Globo com o meu dever de casa feito a ponto das pessoas saberem quem eu era. Tive um abraço muito grande de produção, de atores, de elenco e da produção, de quem faz a novela acontecer, de camareiros a porteiro da novela. Meu primeiro contrato era de três meses e eu acabei ficando até o último capítulo da novela. Mas não tenho nada de global porque eu não visto essa camisa. Eu pego o meu táxi, o meu carro e vou. Gosto de fazer bar, restaurante, show, teatro e evento. Todo artista tem de ir aonde o povo está.

Nany People vai fincar sua volta às origens. Mais precisamente em seu começo na música, expressão artística que ela conta ter sido a primeira de sua vida. A humorista, atriz e, sim, cantora, estreou na semana passada, em Belo Horizonte, o show Sob Medida. Nele, Nany interpreta canções da amiga Fafá de Belém e também conta histórias de sua vida. “Sempre tem uma música da Fafá que remonta um momento da minha vida, desde coisas românticas até coisas internas, muito íntimas”, diz à repórter Marcela Paes. A atriz também continua com os shows de stand-up, a participação no Caldeirão com Mion e o trabalho no cinema, como no filme Um Dia Cinco Estrelas. Leia a entrevista.

Nany People Foto: Sergio Cyrillo

Você acaba de estrear um show como cantora. Muita gente conhece a Nany atriz, a Nany humorista, mas não a cantora.

Pouca gente sabe, mas a minha aparição no palco aconteceu com a música. Com quatro anos de idade cantei numa quermesse, depois fui fazer aula em conservatório. Reencontrei a música em 2019, quando eu fiz o Pop Star. Na pandemia começaram as lives e encontrei muita gente da música por isso. Aí convidei a Luiza Possi para fazer uma live comigo. A coisa foi crescendo... Gravei com o padre Fábio de Melo e depois com a Fafá. Com o sucesso que tivemos, veio a ideia para o show Sob Medida.

Qual a sua relação com a obra da Fafá?

Tenho cinco mulheres na minha vida que me empoderaram e me ensinaram. São minha mãe, Hebe Camargo, Rogéria, Fafá e Lilia Cabral. A Fafá entra naquela coisa de desde criança eu ver ela cantar daquele jeito, aquela força da natureza. Não era nem padrão cantar descalça, as mulheres tinham que ser gostosas, rebolativas e ela cantava como se fosse um furacão. Lembro de aniversários de amigos meus que minha mãe dizia ‘o aniversário não é seu, você fica na sua, você é muito serelepe, você quer aparecer…’ Dava dois minutos e eu estava com um pano de prato na cabeça cantando Emoriô no meio da festa. Sempre tem uma música da Fafá que remonta um momento da minha vida, desde coisas românticas até coisas internas, muito íntimas. As músicas da Fafá me ajudaram a não ser uma adulta sofrida.

Hoje se discute muito o limite do humor, principalmente em shows de stand-up. Qual é o seu limite pra fazer humor?

Muitos humoristas não têm uma formatação teatral. Uma coisa que o teatro me ensinou é que o microfone é uma arma, que pode ser a favor ou contra você.

Você sofreu muito preconceito na sua carreira?

Não contabilizo débitos, contabilizo créditos. Já ouvi que se eu fosse uma mulher cisgênero, com a energia que eu tenho, já seria apresentadora de um programa de TV só meu. Acho que até hoje eu não tive isso por ser uma mulher trans. Mas ao mesmo tempo, não posso chorar as pitangas, porque fui dando um jeito de ir me impondo elegantemente, como diz a Fafi Siqueira. Trabalhei no Goulart de Andrade na Gazeta e ele ficou me devendo uma grana que dava o dinheiro do apartamento que eu tinha comprado, mas saí quietinha. Três dias depois, passei pelo programa da Hebe Camargo e ela me convidou pra fazer uma participação. Acabei ficando sete anos. Saí da Hebe e fui para a Praça É Nossa. Depois, entrei na Fazenda. Em 2018, estava no interior de Goiás fazendo show e fui chamada para uma leitura na Globo. Isso sem agente, sem empresário e totalmente pelo boca a boca de saberem que eu funcionava no palco.

E na vida pessoal?

Fui uma pessoa muito amada, eu tive o amor como primeira circunstância na vida, minha mãe sempre me protegeu muito. Quando eu ganhei o respeito dentro de casa, me assegurei que o resto do mundo era o meu quintal. Não é a realidade de uma trans no Brasil. A maioria das trans, quando começa a mostrar a que veio, é execrada de casa. Acho que eu tive essa coisa da informação, do amor da família, mas, sobretudo, tive conduta de ética na vida. Trabalhei na noite 22 anos e nunca me contaminei com os ditos, vamos dizer, caminhos paralelos que a noite dá. Nunca me viciei em nada, nunca me tornei alcoólatra. Tenho 58 anos e nunca fiz plástica no rosto, nem um botox (risos). Trabalho feito uma doida.

A Globo dá uma visibilidade diferente?

Claro que me levou para um outro patamar de um outro público. A Globo realmente foi uma outra coisa. Agora, eu cheguei na Globo com o meu dever de casa feito a ponto das pessoas saberem quem eu era. Tive um abraço muito grande de produção, de atores, de elenco e da produção, de quem faz a novela acontecer, de camareiros a porteiro da novela. Meu primeiro contrato era de três meses e eu acabei ficando até o último capítulo da novela. Mas não tenho nada de global porque eu não visto essa camisa. Eu pego o meu táxi, o meu carro e vou. Gosto de fazer bar, restaurante, show, teatro e evento. Todo artista tem de ir aonde o povo está.

Nany People vai fincar sua volta às origens. Mais precisamente em seu começo na música, expressão artística que ela conta ter sido a primeira de sua vida. A humorista, atriz e, sim, cantora, estreou na semana passada, em Belo Horizonte, o show Sob Medida. Nele, Nany interpreta canções da amiga Fafá de Belém e também conta histórias de sua vida. “Sempre tem uma música da Fafá que remonta um momento da minha vida, desde coisas românticas até coisas internas, muito íntimas”, diz à repórter Marcela Paes. A atriz também continua com os shows de stand-up, a participação no Caldeirão com Mion e o trabalho no cinema, como no filme Um Dia Cinco Estrelas. Leia a entrevista.

Nany People Foto: Sergio Cyrillo

Você acaba de estrear um show como cantora. Muita gente conhece a Nany atriz, a Nany humorista, mas não a cantora.

Pouca gente sabe, mas a minha aparição no palco aconteceu com a música. Com quatro anos de idade cantei numa quermesse, depois fui fazer aula em conservatório. Reencontrei a música em 2019, quando eu fiz o Pop Star. Na pandemia começaram as lives e encontrei muita gente da música por isso. Aí convidei a Luiza Possi para fazer uma live comigo. A coisa foi crescendo... Gravei com o padre Fábio de Melo e depois com a Fafá. Com o sucesso que tivemos, veio a ideia para o show Sob Medida.

Qual a sua relação com a obra da Fafá?

Tenho cinco mulheres na minha vida que me empoderaram e me ensinaram. São minha mãe, Hebe Camargo, Rogéria, Fafá e Lilia Cabral. A Fafá entra naquela coisa de desde criança eu ver ela cantar daquele jeito, aquela força da natureza. Não era nem padrão cantar descalça, as mulheres tinham que ser gostosas, rebolativas e ela cantava como se fosse um furacão. Lembro de aniversários de amigos meus que minha mãe dizia ‘o aniversário não é seu, você fica na sua, você é muito serelepe, você quer aparecer…’ Dava dois minutos e eu estava com um pano de prato na cabeça cantando Emoriô no meio da festa. Sempre tem uma música da Fafá que remonta um momento da minha vida, desde coisas românticas até coisas internas, muito íntimas. As músicas da Fafá me ajudaram a não ser uma adulta sofrida.

Hoje se discute muito o limite do humor, principalmente em shows de stand-up. Qual é o seu limite pra fazer humor?

Muitos humoristas não têm uma formatação teatral. Uma coisa que o teatro me ensinou é que o microfone é uma arma, que pode ser a favor ou contra você.

Você sofreu muito preconceito na sua carreira?

Não contabilizo débitos, contabilizo créditos. Já ouvi que se eu fosse uma mulher cisgênero, com a energia que eu tenho, já seria apresentadora de um programa de TV só meu. Acho que até hoje eu não tive isso por ser uma mulher trans. Mas ao mesmo tempo, não posso chorar as pitangas, porque fui dando um jeito de ir me impondo elegantemente, como diz a Fafi Siqueira. Trabalhei no Goulart de Andrade na Gazeta e ele ficou me devendo uma grana que dava o dinheiro do apartamento que eu tinha comprado, mas saí quietinha. Três dias depois, passei pelo programa da Hebe Camargo e ela me convidou pra fazer uma participação. Acabei ficando sete anos. Saí da Hebe e fui para a Praça É Nossa. Depois, entrei na Fazenda. Em 2018, estava no interior de Goiás fazendo show e fui chamada para uma leitura na Globo. Isso sem agente, sem empresário e totalmente pelo boca a boca de saberem que eu funcionava no palco.

E na vida pessoal?

Fui uma pessoa muito amada, eu tive o amor como primeira circunstância na vida, minha mãe sempre me protegeu muito. Quando eu ganhei o respeito dentro de casa, me assegurei que o resto do mundo era o meu quintal. Não é a realidade de uma trans no Brasil. A maioria das trans, quando começa a mostrar a que veio, é execrada de casa. Acho que eu tive essa coisa da informação, do amor da família, mas, sobretudo, tive conduta de ética na vida. Trabalhei na noite 22 anos e nunca me contaminei com os ditos, vamos dizer, caminhos paralelos que a noite dá. Nunca me viciei em nada, nunca me tornei alcoólatra. Tenho 58 anos e nunca fiz plástica no rosto, nem um botox (risos). Trabalho feito uma doida.

A Globo dá uma visibilidade diferente?

Claro que me levou para um outro patamar de um outro público. A Globo realmente foi uma outra coisa. Agora, eu cheguei na Globo com o meu dever de casa feito a ponto das pessoas saberem quem eu era. Tive um abraço muito grande de produção, de atores, de elenco e da produção, de quem faz a novela acontecer, de camareiros a porteiro da novela. Meu primeiro contrato era de três meses e eu acabei ficando até o último capítulo da novela. Mas não tenho nada de global porque eu não visto essa camisa. Eu pego o meu táxi, o meu carro e vou. Gosto de fazer bar, restaurante, show, teatro e evento. Todo artista tem de ir aonde o povo está.

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