Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Iza Camargo: “Sem retorno financeiro nem emocional no trabalho você adoece”


A ex-jornalista da Globo - que foi demitida ao voltar de uma licença por burnout - acaba de lançar um podcast sobre saúde mental e equilíbrio

Por Marcela Paes
Atualização:

Iza Camargo fez do limão uma limonada. A ex-jornalista da Globo – que foi demitida da emissora ao voltar de uma licença causada por burnout – acaba de lançar o podcast Interioriza onde fala, justamente, sobre saúde mental e o que chama de turismo interno. “Turismo interno é o nome que eu dou pra autoconhecimento. Por viver muito tempo nas armadilhas da competência eu não me respeitava e não me valorizava”, explica Iza à repórter Marcela Paes. No programa, Iza recebe pessoas de diversos segmentos para falar sobre o assunto, mas tem seu foco, principalmente, em falar com grandes executivos sobre boas práticas dentro das empresas. Leia abaixo:

Izabella Camargo acaba de lançar um podcast sobre saúde mental  Foto: Giancarlo Cadengue/ Poletto Comunicação

O podcast é, de alguma forma, um produto do seu burnout?

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Não, ele é um produto da nova Izabella. Ele não é um produto do burnout porque o burnout é um freio que te leva para uma nova identidade. Assim como todos os problemas de saúde, é um freio que devolve o equilíbrio. O Interioriza é um programa de entrevistas da nova Izabella. É uma Izabella que tem muito mais maturidade que antes para tratar justamente desses assuntos.

Você fez entrevistas com grandes empresários, executivos. A ideia do podcast também é entender como ter mais saúde mental na relação com o trabalho?

Faço questão de trazer líderes de grandes empresas porque as empresas são vetores de transformação, pro bem e pro mal. O principal instrumento de transformação de toda a sociedade é o ambiente de trabalho. Temos que atualizar algumas condutas, não só dos liderados, mas dos líderes também. Aí a gente começa a falar de verdade sobre a transformação de cultura do trabalho, quando o CNPJ e o CPF falam a mesma língua. E só conseguimos falar a mesma língua com duas cabeças tão distintas, como as de líder e liderado, quando colocamos todos no mesmo lugar de vulnerabilidade.

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O que ainda existe de mais nocivo na cultura de trabalho no Brasil?

Uma das coisas é a armadilha da competência. Os liderados trabalharem mais e aceitarem mais trabalho acreditando que terão reconhecimento financeiro ou emocional sem de fato receberem isso. E se você não tem retorno financeiro nem emocional no trabalho, você adoece. O trabalho é troca. Troca de horas de vida por salário. Outra coisa é a falta de comunicação clara entre as áreas, entre os profissionais. Para o empregado se sentir à vontade para falar sem ter medo ele precisa de segurança psicológica. Ele não pode ter medo de expressar as dúvidas, sugestões.

Acha que a maioria das empresas está indo por esse caminho mais humanizado?

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Algumas sim, outras não. Empresas mais conservadoras, em que a gestão é mais conservadora, não. Empresas mais jovens, sim. Quando eu falo de jovem eu não estou falando nem de idade em si, estou falando de liderança com cabeça de aprendiz. Cultura se muda de médio a longo prazo. Então, eu preciso de um projeto, não adianta eu ter só uma ação. As empresas só vão conseguir promover a produtividade sustentável se os funcionários enxergarem que é de fato um projeto da empresa. Não adianta usar a sigla ESG (Governança ambiental, social e corporativa) se não for de verdade. Têm muitas que só usam a sigla no nome.

Qual seria um exemplo prático disso?

Numa conversa com o Sergio (Sampaio), vice-presidente do grupo Boticário, ele me falou que hoje o maior desafio é conciliar a questão do trabalho híbrido dentro da empresa. Ouvir os que querem trabalhar de casa, os que preferem ir para o trabalho. O desafio é conciliar.

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Passar pelo Burnout foi o início do seu processo de olhar para dentro ou, como você chama, fazer turismo interno?

Sim. Turismo interno é o nome que eu dou pra autoconhecimento. Por viver muito tempo nas armadilhas da competência eu não me respeitava e não me valorizava, eu sempre esperava que o reconhecimento viesse de fora. E só com o burnout, quando fui obrigada a parar, é que eu comecei então essa viagem interna. Muta gente diz que os executivos não estão acostumados com esses termos, mas meu papel é exatamente esse, trazer essas questões para o debate. Toda semana eu converso com alguém que, não respeitando esse freio burnout, teve AVC, teve infarto e outras doenças bem mais graves. Não que esteja diretamente ligado, mas em muitas ocasiões as enfermidades foram precedidas por esse excesso.

O que você faz na prática para se manter saudável?

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Respeito muito o meu sono, são quase sempre oito horas, com raras exceções. Também não abro mão do meu pilates três vezes na semana. E terapia para organizar as ideias. Hoje, eu me incluo na minha própria agenda sem culpa. E é isso o que eu procuro ensinar.

Iza Camargo fez do limão uma limonada. A ex-jornalista da Globo – que foi demitida da emissora ao voltar de uma licença causada por burnout – acaba de lançar o podcast Interioriza onde fala, justamente, sobre saúde mental e o que chama de turismo interno. “Turismo interno é o nome que eu dou pra autoconhecimento. Por viver muito tempo nas armadilhas da competência eu não me respeitava e não me valorizava”, explica Iza à repórter Marcela Paes. No programa, Iza recebe pessoas de diversos segmentos para falar sobre o assunto, mas tem seu foco, principalmente, em falar com grandes executivos sobre boas práticas dentro das empresas. Leia abaixo:

Izabella Camargo acaba de lançar um podcast sobre saúde mental  Foto: Giancarlo Cadengue/ Poletto Comunicação

O podcast é, de alguma forma, um produto do seu burnout?

Não, ele é um produto da nova Izabella. Ele não é um produto do burnout porque o burnout é um freio que te leva para uma nova identidade. Assim como todos os problemas de saúde, é um freio que devolve o equilíbrio. O Interioriza é um programa de entrevistas da nova Izabella. É uma Izabella que tem muito mais maturidade que antes para tratar justamente desses assuntos.

Você fez entrevistas com grandes empresários, executivos. A ideia do podcast também é entender como ter mais saúde mental na relação com o trabalho?

Faço questão de trazer líderes de grandes empresas porque as empresas são vetores de transformação, pro bem e pro mal. O principal instrumento de transformação de toda a sociedade é o ambiente de trabalho. Temos que atualizar algumas condutas, não só dos liderados, mas dos líderes também. Aí a gente começa a falar de verdade sobre a transformação de cultura do trabalho, quando o CNPJ e o CPF falam a mesma língua. E só conseguimos falar a mesma língua com duas cabeças tão distintas, como as de líder e liderado, quando colocamos todos no mesmo lugar de vulnerabilidade.

O que ainda existe de mais nocivo na cultura de trabalho no Brasil?

Uma das coisas é a armadilha da competência. Os liderados trabalharem mais e aceitarem mais trabalho acreditando que terão reconhecimento financeiro ou emocional sem de fato receberem isso. E se você não tem retorno financeiro nem emocional no trabalho, você adoece. O trabalho é troca. Troca de horas de vida por salário. Outra coisa é a falta de comunicação clara entre as áreas, entre os profissionais. Para o empregado se sentir à vontade para falar sem ter medo ele precisa de segurança psicológica. Ele não pode ter medo de expressar as dúvidas, sugestões.

Acha que a maioria das empresas está indo por esse caminho mais humanizado?

Algumas sim, outras não. Empresas mais conservadoras, em que a gestão é mais conservadora, não. Empresas mais jovens, sim. Quando eu falo de jovem eu não estou falando nem de idade em si, estou falando de liderança com cabeça de aprendiz. Cultura se muda de médio a longo prazo. Então, eu preciso de um projeto, não adianta eu ter só uma ação. As empresas só vão conseguir promover a produtividade sustentável se os funcionários enxergarem que é de fato um projeto da empresa. Não adianta usar a sigla ESG (Governança ambiental, social e corporativa) se não for de verdade. Têm muitas que só usam a sigla no nome.

Qual seria um exemplo prático disso?

Numa conversa com o Sergio (Sampaio), vice-presidente do grupo Boticário, ele me falou que hoje o maior desafio é conciliar a questão do trabalho híbrido dentro da empresa. Ouvir os que querem trabalhar de casa, os que preferem ir para o trabalho. O desafio é conciliar.

Passar pelo Burnout foi o início do seu processo de olhar para dentro ou, como você chama, fazer turismo interno?

Sim. Turismo interno é o nome que eu dou pra autoconhecimento. Por viver muito tempo nas armadilhas da competência eu não me respeitava e não me valorizava, eu sempre esperava que o reconhecimento viesse de fora. E só com o burnout, quando fui obrigada a parar, é que eu comecei então essa viagem interna. Muta gente diz que os executivos não estão acostumados com esses termos, mas meu papel é exatamente esse, trazer essas questões para o debate. Toda semana eu converso com alguém que, não respeitando esse freio burnout, teve AVC, teve infarto e outras doenças bem mais graves. Não que esteja diretamente ligado, mas em muitas ocasiões as enfermidades foram precedidas por esse excesso.

O que você faz na prática para se manter saudável?

Respeito muito o meu sono, são quase sempre oito horas, com raras exceções. Também não abro mão do meu pilates três vezes na semana. E terapia para organizar as ideias. Hoje, eu me incluo na minha própria agenda sem culpa. E é isso o que eu procuro ensinar.

Iza Camargo fez do limão uma limonada. A ex-jornalista da Globo – que foi demitida da emissora ao voltar de uma licença causada por burnout – acaba de lançar o podcast Interioriza onde fala, justamente, sobre saúde mental e o que chama de turismo interno. “Turismo interno é o nome que eu dou pra autoconhecimento. Por viver muito tempo nas armadilhas da competência eu não me respeitava e não me valorizava”, explica Iza à repórter Marcela Paes. No programa, Iza recebe pessoas de diversos segmentos para falar sobre o assunto, mas tem seu foco, principalmente, em falar com grandes executivos sobre boas práticas dentro das empresas. Leia abaixo:

Izabella Camargo acaba de lançar um podcast sobre saúde mental  Foto: Giancarlo Cadengue/ Poletto Comunicação

O podcast é, de alguma forma, um produto do seu burnout?

Não, ele é um produto da nova Izabella. Ele não é um produto do burnout porque o burnout é um freio que te leva para uma nova identidade. Assim como todos os problemas de saúde, é um freio que devolve o equilíbrio. O Interioriza é um programa de entrevistas da nova Izabella. É uma Izabella que tem muito mais maturidade que antes para tratar justamente desses assuntos.

Você fez entrevistas com grandes empresários, executivos. A ideia do podcast também é entender como ter mais saúde mental na relação com o trabalho?

Faço questão de trazer líderes de grandes empresas porque as empresas são vetores de transformação, pro bem e pro mal. O principal instrumento de transformação de toda a sociedade é o ambiente de trabalho. Temos que atualizar algumas condutas, não só dos liderados, mas dos líderes também. Aí a gente começa a falar de verdade sobre a transformação de cultura do trabalho, quando o CNPJ e o CPF falam a mesma língua. E só conseguimos falar a mesma língua com duas cabeças tão distintas, como as de líder e liderado, quando colocamos todos no mesmo lugar de vulnerabilidade.

O que ainda existe de mais nocivo na cultura de trabalho no Brasil?

Uma das coisas é a armadilha da competência. Os liderados trabalharem mais e aceitarem mais trabalho acreditando que terão reconhecimento financeiro ou emocional sem de fato receberem isso. E se você não tem retorno financeiro nem emocional no trabalho, você adoece. O trabalho é troca. Troca de horas de vida por salário. Outra coisa é a falta de comunicação clara entre as áreas, entre os profissionais. Para o empregado se sentir à vontade para falar sem ter medo ele precisa de segurança psicológica. Ele não pode ter medo de expressar as dúvidas, sugestões.

Acha que a maioria das empresas está indo por esse caminho mais humanizado?

Algumas sim, outras não. Empresas mais conservadoras, em que a gestão é mais conservadora, não. Empresas mais jovens, sim. Quando eu falo de jovem eu não estou falando nem de idade em si, estou falando de liderança com cabeça de aprendiz. Cultura se muda de médio a longo prazo. Então, eu preciso de um projeto, não adianta eu ter só uma ação. As empresas só vão conseguir promover a produtividade sustentável se os funcionários enxergarem que é de fato um projeto da empresa. Não adianta usar a sigla ESG (Governança ambiental, social e corporativa) se não for de verdade. Têm muitas que só usam a sigla no nome.

Qual seria um exemplo prático disso?

Numa conversa com o Sergio (Sampaio), vice-presidente do grupo Boticário, ele me falou que hoje o maior desafio é conciliar a questão do trabalho híbrido dentro da empresa. Ouvir os que querem trabalhar de casa, os que preferem ir para o trabalho. O desafio é conciliar.

Passar pelo Burnout foi o início do seu processo de olhar para dentro ou, como você chama, fazer turismo interno?

Sim. Turismo interno é o nome que eu dou pra autoconhecimento. Por viver muito tempo nas armadilhas da competência eu não me respeitava e não me valorizava, eu sempre esperava que o reconhecimento viesse de fora. E só com o burnout, quando fui obrigada a parar, é que eu comecei então essa viagem interna. Muta gente diz que os executivos não estão acostumados com esses termos, mas meu papel é exatamente esse, trazer essas questões para o debate. Toda semana eu converso com alguém que, não respeitando esse freio burnout, teve AVC, teve infarto e outras doenças bem mais graves. Não que esteja diretamente ligado, mas em muitas ocasiões as enfermidades foram precedidas por esse excesso.

O que você faz na prática para se manter saudável?

Respeito muito o meu sono, são quase sempre oito horas, com raras exceções. Também não abro mão do meu pilates três vezes na semana. E terapia para organizar as ideias. Hoje, eu me incluo na minha própria agenda sem culpa. E é isso o que eu procuro ensinar.

Iza Camargo fez do limão uma limonada. A ex-jornalista da Globo – que foi demitida da emissora ao voltar de uma licença causada por burnout – acaba de lançar o podcast Interioriza onde fala, justamente, sobre saúde mental e o que chama de turismo interno. “Turismo interno é o nome que eu dou pra autoconhecimento. Por viver muito tempo nas armadilhas da competência eu não me respeitava e não me valorizava”, explica Iza à repórter Marcela Paes. No programa, Iza recebe pessoas de diversos segmentos para falar sobre o assunto, mas tem seu foco, principalmente, em falar com grandes executivos sobre boas práticas dentro das empresas. Leia abaixo:

Izabella Camargo acaba de lançar um podcast sobre saúde mental  Foto: Giancarlo Cadengue/ Poletto Comunicação

O podcast é, de alguma forma, um produto do seu burnout?

Não, ele é um produto da nova Izabella. Ele não é um produto do burnout porque o burnout é um freio que te leva para uma nova identidade. Assim como todos os problemas de saúde, é um freio que devolve o equilíbrio. O Interioriza é um programa de entrevistas da nova Izabella. É uma Izabella que tem muito mais maturidade que antes para tratar justamente desses assuntos.

Você fez entrevistas com grandes empresários, executivos. A ideia do podcast também é entender como ter mais saúde mental na relação com o trabalho?

Faço questão de trazer líderes de grandes empresas porque as empresas são vetores de transformação, pro bem e pro mal. O principal instrumento de transformação de toda a sociedade é o ambiente de trabalho. Temos que atualizar algumas condutas, não só dos liderados, mas dos líderes também. Aí a gente começa a falar de verdade sobre a transformação de cultura do trabalho, quando o CNPJ e o CPF falam a mesma língua. E só conseguimos falar a mesma língua com duas cabeças tão distintas, como as de líder e liderado, quando colocamos todos no mesmo lugar de vulnerabilidade.

O que ainda existe de mais nocivo na cultura de trabalho no Brasil?

Uma das coisas é a armadilha da competência. Os liderados trabalharem mais e aceitarem mais trabalho acreditando que terão reconhecimento financeiro ou emocional sem de fato receberem isso. E se você não tem retorno financeiro nem emocional no trabalho, você adoece. O trabalho é troca. Troca de horas de vida por salário. Outra coisa é a falta de comunicação clara entre as áreas, entre os profissionais. Para o empregado se sentir à vontade para falar sem ter medo ele precisa de segurança psicológica. Ele não pode ter medo de expressar as dúvidas, sugestões.

Acha que a maioria das empresas está indo por esse caminho mais humanizado?

Algumas sim, outras não. Empresas mais conservadoras, em que a gestão é mais conservadora, não. Empresas mais jovens, sim. Quando eu falo de jovem eu não estou falando nem de idade em si, estou falando de liderança com cabeça de aprendiz. Cultura se muda de médio a longo prazo. Então, eu preciso de um projeto, não adianta eu ter só uma ação. As empresas só vão conseguir promover a produtividade sustentável se os funcionários enxergarem que é de fato um projeto da empresa. Não adianta usar a sigla ESG (Governança ambiental, social e corporativa) se não for de verdade. Têm muitas que só usam a sigla no nome.

Qual seria um exemplo prático disso?

Numa conversa com o Sergio (Sampaio), vice-presidente do grupo Boticário, ele me falou que hoje o maior desafio é conciliar a questão do trabalho híbrido dentro da empresa. Ouvir os que querem trabalhar de casa, os que preferem ir para o trabalho. O desafio é conciliar.

Passar pelo Burnout foi o início do seu processo de olhar para dentro ou, como você chama, fazer turismo interno?

Sim. Turismo interno é o nome que eu dou pra autoconhecimento. Por viver muito tempo nas armadilhas da competência eu não me respeitava e não me valorizava, eu sempre esperava que o reconhecimento viesse de fora. E só com o burnout, quando fui obrigada a parar, é que eu comecei então essa viagem interna. Muta gente diz que os executivos não estão acostumados com esses termos, mas meu papel é exatamente esse, trazer essas questões para o debate. Toda semana eu converso com alguém que, não respeitando esse freio burnout, teve AVC, teve infarto e outras doenças bem mais graves. Não que esteja diretamente ligado, mas em muitas ocasiões as enfermidades foram precedidas por esse excesso.

O que você faz na prática para se manter saudável?

Respeito muito o meu sono, são quase sempre oito horas, com raras exceções. Também não abro mão do meu pilates três vezes na semana. E terapia para organizar as ideias. Hoje, eu me incluo na minha própria agenda sem culpa. E é isso o que eu procuro ensinar.

Iza Camargo fez do limão uma limonada. A ex-jornalista da Globo – que foi demitida da emissora ao voltar de uma licença causada por burnout – acaba de lançar o podcast Interioriza onde fala, justamente, sobre saúde mental e o que chama de turismo interno. “Turismo interno é o nome que eu dou pra autoconhecimento. Por viver muito tempo nas armadilhas da competência eu não me respeitava e não me valorizava”, explica Iza à repórter Marcela Paes. No programa, Iza recebe pessoas de diversos segmentos para falar sobre o assunto, mas tem seu foco, principalmente, em falar com grandes executivos sobre boas práticas dentro das empresas. Leia abaixo:

Izabella Camargo acaba de lançar um podcast sobre saúde mental  Foto: Giancarlo Cadengue/ Poletto Comunicação

O podcast é, de alguma forma, um produto do seu burnout?

Não, ele é um produto da nova Izabella. Ele não é um produto do burnout porque o burnout é um freio que te leva para uma nova identidade. Assim como todos os problemas de saúde, é um freio que devolve o equilíbrio. O Interioriza é um programa de entrevistas da nova Izabella. É uma Izabella que tem muito mais maturidade que antes para tratar justamente desses assuntos.

Você fez entrevistas com grandes empresários, executivos. A ideia do podcast também é entender como ter mais saúde mental na relação com o trabalho?

Faço questão de trazer líderes de grandes empresas porque as empresas são vetores de transformação, pro bem e pro mal. O principal instrumento de transformação de toda a sociedade é o ambiente de trabalho. Temos que atualizar algumas condutas, não só dos liderados, mas dos líderes também. Aí a gente começa a falar de verdade sobre a transformação de cultura do trabalho, quando o CNPJ e o CPF falam a mesma língua. E só conseguimos falar a mesma língua com duas cabeças tão distintas, como as de líder e liderado, quando colocamos todos no mesmo lugar de vulnerabilidade.

O que ainda existe de mais nocivo na cultura de trabalho no Brasil?

Uma das coisas é a armadilha da competência. Os liderados trabalharem mais e aceitarem mais trabalho acreditando que terão reconhecimento financeiro ou emocional sem de fato receberem isso. E se você não tem retorno financeiro nem emocional no trabalho, você adoece. O trabalho é troca. Troca de horas de vida por salário. Outra coisa é a falta de comunicação clara entre as áreas, entre os profissionais. Para o empregado se sentir à vontade para falar sem ter medo ele precisa de segurança psicológica. Ele não pode ter medo de expressar as dúvidas, sugestões.

Acha que a maioria das empresas está indo por esse caminho mais humanizado?

Algumas sim, outras não. Empresas mais conservadoras, em que a gestão é mais conservadora, não. Empresas mais jovens, sim. Quando eu falo de jovem eu não estou falando nem de idade em si, estou falando de liderança com cabeça de aprendiz. Cultura se muda de médio a longo prazo. Então, eu preciso de um projeto, não adianta eu ter só uma ação. As empresas só vão conseguir promover a produtividade sustentável se os funcionários enxergarem que é de fato um projeto da empresa. Não adianta usar a sigla ESG (Governança ambiental, social e corporativa) se não for de verdade. Têm muitas que só usam a sigla no nome.

Qual seria um exemplo prático disso?

Numa conversa com o Sergio (Sampaio), vice-presidente do grupo Boticário, ele me falou que hoje o maior desafio é conciliar a questão do trabalho híbrido dentro da empresa. Ouvir os que querem trabalhar de casa, os que preferem ir para o trabalho. O desafio é conciliar.

Passar pelo Burnout foi o início do seu processo de olhar para dentro ou, como você chama, fazer turismo interno?

Sim. Turismo interno é o nome que eu dou pra autoconhecimento. Por viver muito tempo nas armadilhas da competência eu não me respeitava e não me valorizava, eu sempre esperava que o reconhecimento viesse de fora. E só com o burnout, quando fui obrigada a parar, é que eu comecei então essa viagem interna. Muta gente diz que os executivos não estão acostumados com esses termos, mas meu papel é exatamente esse, trazer essas questões para o debate. Toda semana eu converso com alguém que, não respeitando esse freio burnout, teve AVC, teve infarto e outras doenças bem mais graves. Não que esteja diretamente ligado, mas em muitas ocasiões as enfermidades foram precedidas por esse excesso.

O que você faz na prática para se manter saudável?

Respeito muito o meu sono, são quase sempre oito horas, com raras exceções. Também não abro mão do meu pilates três vezes na semana. E terapia para organizar as ideias. Hoje, eu me incluo na minha própria agenda sem culpa. E é isso o que eu procuro ensinar.

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