Luciano Szafir interpretou o papel do português Barão de Serra Negra, dono das terras em que o imigrante italiano Santo Cereser trabalhou ao chegar no Brasil. A história do patriarca da família fundadora da Sidra Cereser é retratada no filme Onde Há vida, Há Esperança, que teve pré-estreia hoje, no Maxi Shopping, em Jundiaí, fechada para convidados e sessões amanhã e domingo, 23. Esse é o primeiro longa que o ator faz na sua volta ao cinema após passar por experiência de quase morte durante a pandemia de covid-19.
Nas filmagens que ocorreram em 2022, em Jundiaí, ele ainda lidava com algumas questões em decorrência da doença. O ator relatou que contracenou sentindo dor e que utilizou uma bengala que o ajudou a suportar o ritmo das gravações. O pai de Sasha Meneghel teve uma embolia pulmonar em 2021, entrando num espiral de problemas de saúde. Ele conversou com a coluna sobre os desafios que passou. Confira a seguir:
Como foi gravar um filme após o que aconteceu com você?
O desafio foi apenas físico, pois eu estava sentindo muita dor, com uma prótese infectada e tive infecção hospitalar, então foi bastante complicado. Rodrigo foi muito paciente (o diretor Rodrigo Rodigues), ajustou meu personagem e alterou a cena inteira para que eu pudesse atuar apoiado em uma cerca, além de utilizar uma bengala. Por ser um personagem mais velho, a dor de certa forma me ajudou a criar a postura dele, sua forma de andar e se mover...
Fale um pouco sobre os problemas de saúde que enfrentou.
Tive muita coisa: enfrentei alguns episódios de quase morte, tive 87% do pulmão tomado, arritmia e parada cardíaca, uma embolia pulmonar e para tratá-la foi usado o máximo possível de anticoagulante. O meu intestino reagiu de uma maneira muito forte e rompeu. Aí eu tive que colocar bolsa de colostomia e eu fui intubado... Foram momentos bem difíceis.
Quais são as sequelas hoje?
Atualmente, tenho muita sequela psicológica. A gente percebe que pode ir embora a qualquer momento, então, foram muitas inseguranças, mas no fundo também foi um presente por mais doido que soe isso. Foi a coisa mais importante que aconteceu comigo. Você sai uma pessoa totalmente diferente dessa experiência, quando se aproxima da morte. Passa a dar valor realmente ao que vale a pena. Não é que me transformei numa pessoa tão espiritualizada assim, não virei uma Madre Teresa, mas com certeza sou uma outra pessoa. Eu me incomodo muito menos com as coisas do dia-a-dia que me perturbavam antes. Essa é uma frase que quase sempre penso: E se hoje for o último dia? Isso me ajuda a reagir melhor em tudo, a responder alguém de uma maneira mais branda, calma, por exemplo. Realmente, presto atenção e vivo mais o presente.
Você saiu dessa com vontade de fazer o quê?
Eu saí com vontade de beijar e abraçar meus filhos, estar com a minha mulher, ver minha família e fazer coisas corriqueiras, como tomar um copo de água, um banho sozinho e caminhar na grama. São pequenas coisas que, na verdade, são gigantes. É o que sentimos falta na hora final.