Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

'Não gostaria de ser a primeira a narrar Copa na TV aberta', afirma Renata Silveira


Por Paula Bonelli
Renata Silveira. Foto: João Cotta/Globo

Aos 32 anos, Renata Silveira vai quebrar uma barreira para mulheres no esporte e no mercado profissional. Ela sente o peso de ser a primeira mulher que irá narrar um jogo da seleção masculina de futebol na Copa do Mundo na TV aberta no Brasil. A novidade deve surpreender muitas pessoas que não acompanham suas narrações pelo SporTV, mas que assistirão a Copa na Globo a partir de 20 de novembro. "Não gostaria de ser a primeira. Queria que outras mulheres já tivessem conquistado isso", afirma.

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Para extravasar a tensão dos comentários sexistas que recebe nas redes sociais quando narra algum gol, costuma fazer ioga e cuidar da sua escola de dança. Lembra que seu pai a levava aos estádios para ver jogos de futebol com 'radinho de pilha' grudado na orelha quando era criança. Na faculdade, acabou cursando educação física na Universidade Federal do Rio de Janeiro e depois fez curso de rádio. Em 2014, venceu o concurso de narração da Rádio Globo. Em 2018, foi a primeira mulher a narrar uma final de Copa do Mundo no canal Fox Sports. Confira a seguir os melhores momentos da conversa entre Renata Silveira e a repórter Paula Bonelli.

Como imagina a reação do público com uma voz feminina narrando futebol na Copa do Mundo? As pessoas estão se acostumando aos poucos porque já faço alguns jogos na Globo. Na Copa, vai ser novidade com certeza para muita gente que não acompanha futebol, mas isso faz parte dessas barreiras que estamos derrubando.

Como você lida com as críticas? Costumo sempre ler. O SporTV às vezes posta um gol que eu narro. Aí nem abro o post, porque sei que todas as mensagens estarão me detonando. Lido super bem, bloqueio, apago ou denuncio. Antes eu dizia que essas coisas me davam gás, me motivavam, mas na verdade não. Ninguém gosta de ouvir agressões.

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Você tem que demonstrar mais conhecimento no futebol do que os narradores homens?

Com certeza, temos que nos preparar o dobro, os narradores erram, trocam nome de jogador e é normal, mesmo que corrija logo sempre vem alguém falar. Não tem tempo para errar. O homem quando erra se enganou, a mulher quando erra é porque ela é burra. Vi a apresentadora Barbara Coelho falando isso numa entrevista uma vez. E é exatamente isso que acontece.

Qual é a sensação de ser a primeira? É muito legal, fico feliz com a conquista, mas não gostaria de ser a primeira. Queria que outras mulheres já tivessem conquistado isso até porque estaria hoje muito mais tranquila para ocupar esse espaço. É uma responsabilidade muito grande ser a primeira.

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Por que demorou tanto para isso acontecer?

Tem muito a ver com a proibição da mulher no futebol, dela não poder praticar na escola. Lá atrás nos anos 40, a mulher não podia ir ao estádio, não podia jogar. Por isso, hoje ela não está tão inserida no esporte. E isso retarda a mulher gostar de futebol e trabalhar com isso.

Quais são as seleções favoritas na Copa do Catar? A França é uma das favoritas, além de ser a atual campeã tem jogadores muito bons. Não estava acreditando no Brasil, mas agora estou porque os jogadores estão num momento muito bom, principalmente o Neymar. A Argentina está muito forte também.

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Qual é o seu clube? Eu não conto, infelizmente. Até queria falar disso de forma aberta, mas a gente sofre tanto já, pelo fato de ser mulher. Se souberem meu time vai ser mais um motivo para as pessoas me atingirem e me criticarem.

Narradora pode tomar café? Afeta a voz? Acho que pode, mas não tomo, não gosto de café.

Quais são suas referências na narração?

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Infelizmente são todas masculinas. A primeira era o José Carlos Araújo, que eu ouvia sempre na rádio, o Galvão Bueno na TV eternizando os seus bordões do Tetra, do Taffarel, e também o Edson Mauro.

Galvão tem bordões, você tem algum? Ainda não, sou bem tranquila. Ninguém nunca me pediu e eu sinceramente não me cobro.

Descreva a tensão de narrar um jogo importante? Dá um friozinho na barriga, mas isso é só antes, depois que chega ali e começa a transmissão, o nervosismo fica de lado. O corpo esquenta e é só mais um jogo.

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Vai usar véu no Catar?

Não vou para o Catar, vou fazer as narrações aqui do Brasil.

Renata Silveira. Foto: João Cotta/Globo

Aos 32 anos, Renata Silveira vai quebrar uma barreira para mulheres no esporte e no mercado profissional. Ela sente o peso de ser a primeira mulher que irá narrar um jogo da seleção masculina de futebol na Copa do Mundo na TV aberta no Brasil. A novidade deve surpreender muitas pessoas que não acompanham suas narrações pelo SporTV, mas que assistirão a Copa na Globo a partir de 20 de novembro. "Não gostaria de ser a primeira. Queria que outras mulheres já tivessem conquistado isso", afirma.

Para extravasar a tensão dos comentários sexistas que recebe nas redes sociais quando narra algum gol, costuma fazer ioga e cuidar da sua escola de dança. Lembra que seu pai a levava aos estádios para ver jogos de futebol com 'radinho de pilha' grudado na orelha quando era criança. Na faculdade, acabou cursando educação física na Universidade Federal do Rio de Janeiro e depois fez curso de rádio. Em 2014, venceu o concurso de narração da Rádio Globo. Em 2018, foi a primeira mulher a narrar uma final de Copa do Mundo no canal Fox Sports. Confira a seguir os melhores momentos da conversa entre Renata Silveira e a repórter Paula Bonelli.

Como imagina a reação do público com uma voz feminina narrando futebol na Copa do Mundo? As pessoas estão se acostumando aos poucos porque já faço alguns jogos na Globo. Na Copa, vai ser novidade com certeza para muita gente que não acompanha futebol, mas isso faz parte dessas barreiras que estamos derrubando.

Como você lida com as críticas? Costumo sempre ler. O SporTV às vezes posta um gol que eu narro. Aí nem abro o post, porque sei que todas as mensagens estarão me detonando. Lido super bem, bloqueio, apago ou denuncio. Antes eu dizia que essas coisas me davam gás, me motivavam, mas na verdade não. Ninguém gosta de ouvir agressões.

Você tem que demonstrar mais conhecimento no futebol do que os narradores homens?

Com certeza, temos que nos preparar o dobro, os narradores erram, trocam nome de jogador e é normal, mesmo que corrija logo sempre vem alguém falar. Não tem tempo para errar. O homem quando erra se enganou, a mulher quando erra é porque ela é burra. Vi a apresentadora Barbara Coelho falando isso numa entrevista uma vez. E é exatamente isso que acontece.

Qual é a sensação de ser a primeira? É muito legal, fico feliz com a conquista, mas não gostaria de ser a primeira. Queria que outras mulheres já tivessem conquistado isso até porque estaria hoje muito mais tranquila para ocupar esse espaço. É uma responsabilidade muito grande ser a primeira.

Por que demorou tanto para isso acontecer?

Tem muito a ver com a proibição da mulher no futebol, dela não poder praticar na escola. Lá atrás nos anos 40, a mulher não podia ir ao estádio, não podia jogar. Por isso, hoje ela não está tão inserida no esporte. E isso retarda a mulher gostar de futebol e trabalhar com isso.

Quais são as seleções favoritas na Copa do Catar? A França é uma das favoritas, além de ser a atual campeã tem jogadores muito bons. Não estava acreditando no Brasil, mas agora estou porque os jogadores estão num momento muito bom, principalmente o Neymar. A Argentina está muito forte também.

Qual é o seu clube? Eu não conto, infelizmente. Até queria falar disso de forma aberta, mas a gente sofre tanto já, pelo fato de ser mulher. Se souberem meu time vai ser mais um motivo para as pessoas me atingirem e me criticarem.

Narradora pode tomar café? Afeta a voz? Acho que pode, mas não tomo, não gosto de café.

Quais são suas referências na narração?

Infelizmente são todas masculinas. A primeira era o José Carlos Araújo, que eu ouvia sempre na rádio, o Galvão Bueno na TV eternizando os seus bordões do Tetra, do Taffarel, e também o Edson Mauro.

Galvão tem bordões, você tem algum? Ainda não, sou bem tranquila. Ninguém nunca me pediu e eu sinceramente não me cobro.

Descreva a tensão de narrar um jogo importante? Dá um friozinho na barriga, mas isso é só antes, depois que chega ali e começa a transmissão, o nervosismo fica de lado. O corpo esquenta e é só mais um jogo.

Vai usar véu no Catar?

Não vou para o Catar, vou fazer as narrações aqui do Brasil.

Renata Silveira. Foto: João Cotta/Globo

Aos 32 anos, Renata Silveira vai quebrar uma barreira para mulheres no esporte e no mercado profissional. Ela sente o peso de ser a primeira mulher que irá narrar um jogo da seleção masculina de futebol na Copa do Mundo na TV aberta no Brasil. A novidade deve surpreender muitas pessoas que não acompanham suas narrações pelo SporTV, mas que assistirão a Copa na Globo a partir de 20 de novembro. "Não gostaria de ser a primeira. Queria que outras mulheres já tivessem conquistado isso", afirma.

Para extravasar a tensão dos comentários sexistas que recebe nas redes sociais quando narra algum gol, costuma fazer ioga e cuidar da sua escola de dança. Lembra que seu pai a levava aos estádios para ver jogos de futebol com 'radinho de pilha' grudado na orelha quando era criança. Na faculdade, acabou cursando educação física na Universidade Federal do Rio de Janeiro e depois fez curso de rádio. Em 2014, venceu o concurso de narração da Rádio Globo. Em 2018, foi a primeira mulher a narrar uma final de Copa do Mundo no canal Fox Sports. Confira a seguir os melhores momentos da conversa entre Renata Silveira e a repórter Paula Bonelli.

Como imagina a reação do público com uma voz feminina narrando futebol na Copa do Mundo? As pessoas estão se acostumando aos poucos porque já faço alguns jogos na Globo. Na Copa, vai ser novidade com certeza para muita gente que não acompanha futebol, mas isso faz parte dessas barreiras que estamos derrubando.

Como você lida com as críticas? Costumo sempre ler. O SporTV às vezes posta um gol que eu narro. Aí nem abro o post, porque sei que todas as mensagens estarão me detonando. Lido super bem, bloqueio, apago ou denuncio. Antes eu dizia que essas coisas me davam gás, me motivavam, mas na verdade não. Ninguém gosta de ouvir agressões.

Você tem que demonstrar mais conhecimento no futebol do que os narradores homens?

Com certeza, temos que nos preparar o dobro, os narradores erram, trocam nome de jogador e é normal, mesmo que corrija logo sempre vem alguém falar. Não tem tempo para errar. O homem quando erra se enganou, a mulher quando erra é porque ela é burra. Vi a apresentadora Barbara Coelho falando isso numa entrevista uma vez. E é exatamente isso que acontece.

Qual é a sensação de ser a primeira? É muito legal, fico feliz com a conquista, mas não gostaria de ser a primeira. Queria que outras mulheres já tivessem conquistado isso até porque estaria hoje muito mais tranquila para ocupar esse espaço. É uma responsabilidade muito grande ser a primeira.

Por que demorou tanto para isso acontecer?

Tem muito a ver com a proibição da mulher no futebol, dela não poder praticar na escola. Lá atrás nos anos 40, a mulher não podia ir ao estádio, não podia jogar. Por isso, hoje ela não está tão inserida no esporte. E isso retarda a mulher gostar de futebol e trabalhar com isso.

Quais são as seleções favoritas na Copa do Catar? A França é uma das favoritas, além de ser a atual campeã tem jogadores muito bons. Não estava acreditando no Brasil, mas agora estou porque os jogadores estão num momento muito bom, principalmente o Neymar. A Argentina está muito forte também.

Qual é o seu clube? Eu não conto, infelizmente. Até queria falar disso de forma aberta, mas a gente sofre tanto já, pelo fato de ser mulher. Se souberem meu time vai ser mais um motivo para as pessoas me atingirem e me criticarem.

Narradora pode tomar café? Afeta a voz? Acho que pode, mas não tomo, não gosto de café.

Quais são suas referências na narração?

Infelizmente são todas masculinas. A primeira era o José Carlos Araújo, que eu ouvia sempre na rádio, o Galvão Bueno na TV eternizando os seus bordões do Tetra, do Taffarel, e também o Edson Mauro.

Galvão tem bordões, você tem algum? Ainda não, sou bem tranquila. Ninguém nunca me pediu e eu sinceramente não me cobro.

Descreva a tensão de narrar um jogo importante? Dá um friozinho na barriga, mas isso é só antes, depois que chega ali e começa a transmissão, o nervosismo fica de lado. O corpo esquenta e é só mais um jogo.

Vai usar véu no Catar?

Não vou para o Catar, vou fazer as narrações aqui do Brasil.

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