Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

“Nunca quis ter uma vida em que eu não pudesse ir à feira”, diz Tereza Seiblitz


A atriz está na série ‘Justiça 2′, que estreia no Globoplay em abril

Por Gilberto Amendola
Atualização:

É difícil acreditar que Tereza Seiblitz tenha apenas quatro novelas em seu currículo. Responsável por personagens icônicas, como Joana (na primeira versão de Renascer – 1993) e a cigana Dara (Explode Coração – 1995), ela nunca saiu do imaginário do telespectador brasileiro. Agora, a atriz ‘volta’ na série Justiça 2, que estreia dia 11 de abril no Globoplay. No mesmo mês, Tereza traz para São Paulo Carangueja, monólogo de sua autoria que estreia no Sesc Ipiranga no dia 5 de abril. Leia a seguir:

Fale sobre sua personagem em Justiça 2?

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Santana é uma mulher trabalhadora de Ceilândia (Distrito Federal). É uma mulher que não tem muito recurso, não tem uma educação formal. Santana faz coxinhas para festas. Ela tem uma filha que sonha em ser cantora – mas que se envolve com gente trambiqueira e tem problemas na justiça.

Você é uma atriz mais do estudo ou da intuição?

O primeiro contato é com a intuição. Mas eu sou uma pessoa do estudo. Eu fiz mestrado em Literatura. Eu gosto de estudar. Sou cricri com a palavra, com pontuação. Eu tenho um olhar de revisora de textos. Ainda assim, meu primeiro contato com o personagem sempre é intuitivo.

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Por que está tanto tempo longe de trabalhos em TV?

As coisas que fiz na televisão foram muito fortes. Eu só fiz quatro novelas. Mas a Joana (1ª versão de Renascer) e a Dara (Explode Coração) foram retumbantes. Depois, eu fui para França estudar teatro, tive filhos – e a maternidade é uma coisa muito absorvente.

A personagem de Justiça é uma volta...

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Eu vou estar sempre voltando – e acho que isso faz parte da minha profissão. Quando as pessoas falam em ‘volta’, elas querem dizer ‘fazer uma protagonista outra vez’.

Tereza Seiblitz interpreta Santana na série Justiça 2 Foto: Estevam Avellar

Como lidava com o assédio do público nos momentos de maior exposição?

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Assim que a Dara acabou eu fiquei meio agoniada. Eu não aguentava mais ser chamada de Dara. Fui pra França andar de metrô, ir à feira, mas vez ou outra aparecia alguém: Ô Dara! Eu cortei o cabelo, andava de branco e preto para não ser reconhecida, mas... Nunca deixei de ser reconhecida pela Dara ou pela Joana. Até hoje, no supermercado, em uma fila...

De repente, alguém pensa em um remake de Explode Coração, hein? Aliás, o que acha dos remakes?

Eu gosto muito da Alice (atriz que faz a Joana em Renascer). Eu não consegui ver o trabalho dela, mas acho a postura dela muito bacana. Eu ficaria mais interessada em ver uma continuação de uma novela de sucesso ao invés de uma remake. O que aconteceu com a Joana quando ela voltou com manguezal junto com o padre?

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A atriz deu vida à protagonista Dara Sbano, cuja família família havia feito um contrato para que se casasse com Igor, da família Nicolich. Hoje, Tereza ressalta a importância da personagem: "Tive várias emoções revendo a novela. Vi coisas que não tinha visto na época nas relações entre os personagens.Lembrei da pesquisae dos ciganos com quem conversei na preparação." Foto: Globo / Divulgação

Aos 59 anos, você começou a se preocupar com a passagem do tempo?

Eu sempre tive uma sensação de uma circularidade do tempo. Eu não sei o motivo, mas isso é uma coisa que nunca pensei muito nessas passagens, nem aos 30, nem aos 40...

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Tem algum conselho para jovens atrizes?

Eu começaria sempre pelo teatro, por trabalhos em grupo. Eu ralei muito e continuo ralando. Este é um ofício de devoção, de muito trabalho e disciplina. De trabalhar o corpo e a voz como ferramentas mesmo. Isso é pra vida toda. Foram muitas horas de suor em sala de aula e de ensaio para chegar a fazer a Dara, por exemplo. Muitas audições em que a gente não é selecionada.

Joana e Dara eram personagens que ‘puxavam’ por essa coisa da beleza, mas você nunca foi uma atriz que investiu nisso ...

Eu nunca me enxerguei nesse lugar da mulher bonita, mas eu vim da dança. Antes de ser atriz, eu fui Bailarina e o bailarino tem uma coisa com a disciplina muito séria, com o corpo, com a musculatura. Claro que eu aproveitei a beleza, mas sempre me interessou mais as personagens. Tive convites para Playboy, mas teve alguma coisa em mim que não queria esse dinheiro todo. Eu nunca quis uma vida em que eu não pudesse ir à feira. Tem uma frase que um professor de literatura/poeta do Ensino Fundamental, José Geraldo da Conceição Caú, que escreveu em um comentário de uma redação: ‘exercite tua beleza sem jamais domesticá-la’. Penso que talvez isso tenha me norteado: me manter selvagem, sem entrar em prateleira.

Fale um pouco do monólogo que estreia em São Paulo agora em São Paulo.

A peça Carangueja foi montada nessa pulsão, de inquietude e voracidade de bicho. Foi por aí o processo de criação da montagem com a co-diretora Fernanda Silva, atriz/performer maravilhosa do Piauí que conheci durante o mestrado em Letras. A peça tem esse desejo de manter uma comunicação bem popular, mas ao mesmo tempo é uma coisa doida, eu estava lendo muito Beckett quando escrevi a peça. Os manguezais tem a ver com a vida do País, como o nosso swing, nosso calor e até os nossos mosquitos.

Espetáculo Carangueja será apresentado no Sesc Ipiranga Foto: Renato Mangolin

É difícil acreditar que Tereza Seiblitz tenha apenas quatro novelas em seu currículo. Responsável por personagens icônicas, como Joana (na primeira versão de Renascer – 1993) e a cigana Dara (Explode Coração – 1995), ela nunca saiu do imaginário do telespectador brasileiro. Agora, a atriz ‘volta’ na série Justiça 2, que estreia dia 11 de abril no Globoplay. No mesmo mês, Tereza traz para São Paulo Carangueja, monólogo de sua autoria que estreia no Sesc Ipiranga no dia 5 de abril. Leia a seguir:

Fale sobre sua personagem em Justiça 2?

Santana é uma mulher trabalhadora de Ceilândia (Distrito Federal). É uma mulher que não tem muito recurso, não tem uma educação formal. Santana faz coxinhas para festas. Ela tem uma filha que sonha em ser cantora – mas que se envolve com gente trambiqueira e tem problemas na justiça.

Você é uma atriz mais do estudo ou da intuição?

O primeiro contato é com a intuição. Mas eu sou uma pessoa do estudo. Eu fiz mestrado em Literatura. Eu gosto de estudar. Sou cricri com a palavra, com pontuação. Eu tenho um olhar de revisora de textos. Ainda assim, meu primeiro contato com o personagem sempre é intuitivo.

Por que está tanto tempo longe de trabalhos em TV?

As coisas que fiz na televisão foram muito fortes. Eu só fiz quatro novelas. Mas a Joana (1ª versão de Renascer) e a Dara (Explode Coração) foram retumbantes. Depois, eu fui para França estudar teatro, tive filhos – e a maternidade é uma coisa muito absorvente.

A personagem de Justiça é uma volta...

Eu vou estar sempre voltando – e acho que isso faz parte da minha profissão. Quando as pessoas falam em ‘volta’, elas querem dizer ‘fazer uma protagonista outra vez’.

Tereza Seiblitz interpreta Santana na série Justiça 2 Foto: Estevam Avellar

Como lidava com o assédio do público nos momentos de maior exposição?

Assim que a Dara acabou eu fiquei meio agoniada. Eu não aguentava mais ser chamada de Dara. Fui pra França andar de metrô, ir à feira, mas vez ou outra aparecia alguém: Ô Dara! Eu cortei o cabelo, andava de branco e preto para não ser reconhecida, mas... Nunca deixei de ser reconhecida pela Dara ou pela Joana. Até hoje, no supermercado, em uma fila...

De repente, alguém pensa em um remake de Explode Coração, hein? Aliás, o que acha dos remakes?

Eu gosto muito da Alice (atriz que faz a Joana em Renascer). Eu não consegui ver o trabalho dela, mas acho a postura dela muito bacana. Eu ficaria mais interessada em ver uma continuação de uma novela de sucesso ao invés de uma remake. O que aconteceu com a Joana quando ela voltou com manguezal junto com o padre?

A atriz deu vida à protagonista Dara Sbano, cuja família família havia feito um contrato para que se casasse com Igor, da família Nicolich. Hoje, Tereza ressalta a importância da personagem: "Tive várias emoções revendo a novela. Vi coisas que não tinha visto na época nas relações entre os personagens.Lembrei da pesquisae dos ciganos com quem conversei na preparação." Foto: Globo / Divulgação

Aos 59 anos, você começou a se preocupar com a passagem do tempo?

Eu sempre tive uma sensação de uma circularidade do tempo. Eu não sei o motivo, mas isso é uma coisa que nunca pensei muito nessas passagens, nem aos 30, nem aos 40...

Tem algum conselho para jovens atrizes?

Eu começaria sempre pelo teatro, por trabalhos em grupo. Eu ralei muito e continuo ralando. Este é um ofício de devoção, de muito trabalho e disciplina. De trabalhar o corpo e a voz como ferramentas mesmo. Isso é pra vida toda. Foram muitas horas de suor em sala de aula e de ensaio para chegar a fazer a Dara, por exemplo. Muitas audições em que a gente não é selecionada.

Joana e Dara eram personagens que ‘puxavam’ por essa coisa da beleza, mas você nunca foi uma atriz que investiu nisso ...

Eu nunca me enxerguei nesse lugar da mulher bonita, mas eu vim da dança. Antes de ser atriz, eu fui Bailarina e o bailarino tem uma coisa com a disciplina muito séria, com o corpo, com a musculatura. Claro que eu aproveitei a beleza, mas sempre me interessou mais as personagens. Tive convites para Playboy, mas teve alguma coisa em mim que não queria esse dinheiro todo. Eu nunca quis uma vida em que eu não pudesse ir à feira. Tem uma frase que um professor de literatura/poeta do Ensino Fundamental, José Geraldo da Conceição Caú, que escreveu em um comentário de uma redação: ‘exercite tua beleza sem jamais domesticá-la’. Penso que talvez isso tenha me norteado: me manter selvagem, sem entrar em prateleira.

Fale um pouco do monólogo que estreia em São Paulo agora em São Paulo.

A peça Carangueja foi montada nessa pulsão, de inquietude e voracidade de bicho. Foi por aí o processo de criação da montagem com a co-diretora Fernanda Silva, atriz/performer maravilhosa do Piauí que conheci durante o mestrado em Letras. A peça tem esse desejo de manter uma comunicação bem popular, mas ao mesmo tempo é uma coisa doida, eu estava lendo muito Beckett quando escrevi a peça. Os manguezais tem a ver com a vida do País, como o nosso swing, nosso calor e até os nossos mosquitos.

Espetáculo Carangueja será apresentado no Sesc Ipiranga Foto: Renato Mangolin

É difícil acreditar que Tereza Seiblitz tenha apenas quatro novelas em seu currículo. Responsável por personagens icônicas, como Joana (na primeira versão de Renascer – 1993) e a cigana Dara (Explode Coração – 1995), ela nunca saiu do imaginário do telespectador brasileiro. Agora, a atriz ‘volta’ na série Justiça 2, que estreia dia 11 de abril no Globoplay. No mesmo mês, Tereza traz para São Paulo Carangueja, monólogo de sua autoria que estreia no Sesc Ipiranga no dia 5 de abril. Leia a seguir:

Fale sobre sua personagem em Justiça 2?

Santana é uma mulher trabalhadora de Ceilândia (Distrito Federal). É uma mulher que não tem muito recurso, não tem uma educação formal. Santana faz coxinhas para festas. Ela tem uma filha que sonha em ser cantora – mas que se envolve com gente trambiqueira e tem problemas na justiça.

Você é uma atriz mais do estudo ou da intuição?

O primeiro contato é com a intuição. Mas eu sou uma pessoa do estudo. Eu fiz mestrado em Literatura. Eu gosto de estudar. Sou cricri com a palavra, com pontuação. Eu tenho um olhar de revisora de textos. Ainda assim, meu primeiro contato com o personagem sempre é intuitivo.

Por que está tanto tempo longe de trabalhos em TV?

As coisas que fiz na televisão foram muito fortes. Eu só fiz quatro novelas. Mas a Joana (1ª versão de Renascer) e a Dara (Explode Coração) foram retumbantes. Depois, eu fui para França estudar teatro, tive filhos – e a maternidade é uma coisa muito absorvente.

A personagem de Justiça é uma volta...

Eu vou estar sempre voltando – e acho que isso faz parte da minha profissão. Quando as pessoas falam em ‘volta’, elas querem dizer ‘fazer uma protagonista outra vez’.

Tereza Seiblitz interpreta Santana na série Justiça 2 Foto: Estevam Avellar

Como lidava com o assédio do público nos momentos de maior exposição?

Assim que a Dara acabou eu fiquei meio agoniada. Eu não aguentava mais ser chamada de Dara. Fui pra França andar de metrô, ir à feira, mas vez ou outra aparecia alguém: Ô Dara! Eu cortei o cabelo, andava de branco e preto para não ser reconhecida, mas... Nunca deixei de ser reconhecida pela Dara ou pela Joana. Até hoje, no supermercado, em uma fila...

De repente, alguém pensa em um remake de Explode Coração, hein? Aliás, o que acha dos remakes?

Eu gosto muito da Alice (atriz que faz a Joana em Renascer). Eu não consegui ver o trabalho dela, mas acho a postura dela muito bacana. Eu ficaria mais interessada em ver uma continuação de uma novela de sucesso ao invés de uma remake. O que aconteceu com a Joana quando ela voltou com manguezal junto com o padre?

A atriz deu vida à protagonista Dara Sbano, cuja família família havia feito um contrato para que se casasse com Igor, da família Nicolich. Hoje, Tereza ressalta a importância da personagem: "Tive várias emoções revendo a novela. Vi coisas que não tinha visto na época nas relações entre os personagens.Lembrei da pesquisae dos ciganos com quem conversei na preparação." Foto: Globo / Divulgação

Aos 59 anos, você começou a se preocupar com a passagem do tempo?

Eu sempre tive uma sensação de uma circularidade do tempo. Eu não sei o motivo, mas isso é uma coisa que nunca pensei muito nessas passagens, nem aos 30, nem aos 40...

Tem algum conselho para jovens atrizes?

Eu começaria sempre pelo teatro, por trabalhos em grupo. Eu ralei muito e continuo ralando. Este é um ofício de devoção, de muito trabalho e disciplina. De trabalhar o corpo e a voz como ferramentas mesmo. Isso é pra vida toda. Foram muitas horas de suor em sala de aula e de ensaio para chegar a fazer a Dara, por exemplo. Muitas audições em que a gente não é selecionada.

Joana e Dara eram personagens que ‘puxavam’ por essa coisa da beleza, mas você nunca foi uma atriz que investiu nisso ...

Eu nunca me enxerguei nesse lugar da mulher bonita, mas eu vim da dança. Antes de ser atriz, eu fui Bailarina e o bailarino tem uma coisa com a disciplina muito séria, com o corpo, com a musculatura. Claro que eu aproveitei a beleza, mas sempre me interessou mais as personagens. Tive convites para Playboy, mas teve alguma coisa em mim que não queria esse dinheiro todo. Eu nunca quis uma vida em que eu não pudesse ir à feira. Tem uma frase que um professor de literatura/poeta do Ensino Fundamental, José Geraldo da Conceição Caú, que escreveu em um comentário de uma redação: ‘exercite tua beleza sem jamais domesticá-la’. Penso que talvez isso tenha me norteado: me manter selvagem, sem entrar em prateleira.

Fale um pouco do monólogo que estreia em São Paulo agora em São Paulo.

A peça Carangueja foi montada nessa pulsão, de inquietude e voracidade de bicho. Foi por aí o processo de criação da montagem com a co-diretora Fernanda Silva, atriz/performer maravilhosa do Piauí que conheci durante o mestrado em Letras. A peça tem esse desejo de manter uma comunicação bem popular, mas ao mesmo tempo é uma coisa doida, eu estava lendo muito Beckett quando escrevi a peça. Os manguezais tem a ver com a vida do País, como o nosso swing, nosso calor e até os nossos mosquitos.

Espetáculo Carangueja será apresentado no Sesc Ipiranga Foto: Renato Mangolin

É difícil acreditar que Tereza Seiblitz tenha apenas quatro novelas em seu currículo. Responsável por personagens icônicas, como Joana (na primeira versão de Renascer – 1993) e a cigana Dara (Explode Coração – 1995), ela nunca saiu do imaginário do telespectador brasileiro. Agora, a atriz ‘volta’ na série Justiça 2, que estreia dia 11 de abril no Globoplay. No mesmo mês, Tereza traz para São Paulo Carangueja, monólogo de sua autoria que estreia no Sesc Ipiranga no dia 5 de abril. Leia a seguir:

Fale sobre sua personagem em Justiça 2?

Santana é uma mulher trabalhadora de Ceilândia (Distrito Federal). É uma mulher que não tem muito recurso, não tem uma educação formal. Santana faz coxinhas para festas. Ela tem uma filha que sonha em ser cantora – mas que se envolve com gente trambiqueira e tem problemas na justiça.

Você é uma atriz mais do estudo ou da intuição?

O primeiro contato é com a intuição. Mas eu sou uma pessoa do estudo. Eu fiz mestrado em Literatura. Eu gosto de estudar. Sou cricri com a palavra, com pontuação. Eu tenho um olhar de revisora de textos. Ainda assim, meu primeiro contato com o personagem sempre é intuitivo.

Por que está tanto tempo longe de trabalhos em TV?

As coisas que fiz na televisão foram muito fortes. Eu só fiz quatro novelas. Mas a Joana (1ª versão de Renascer) e a Dara (Explode Coração) foram retumbantes. Depois, eu fui para França estudar teatro, tive filhos – e a maternidade é uma coisa muito absorvente.

A personagem de Justiça é uma volta...

Eu vou estar sempre voltando – e acho que isso faz parte da minha profissão. Quando as pessoas falam em ‘volta’, elas querem dizer ‘fazer uma protagonista outra vez’.

Tereza Seiblitz interpreta Santana na série Justiça 2 Foto: Estevam Avellar

Como lidava com o assédio do público nos momentos de maior exposição?

Assim que a Dara acabou eu fiquei meio agoniada. Eu não aguentava mais ser chamada de Dara. Fui pra França andar de metrô, ir à feira, mas vez ou outra aparecia alguém: Ô Dara! Eu cortei o cabelo, andava de branco e preto para não ser reconhecida, mas... Nunca deixei de ser reconhecida pela Dara ou pela Joana. Até hoje, no supermercado, em uma fila...

De repente, alguém pensa em um remake de Explode Coração, hein? Aliás, o que acha dos remakes?

Eu gosto muito da Alice (atriz que faz a Joana em Renascer). Eu não consegui ver o trabalho dela, mas acho a postura dela muito bacana. Eu ficaria mais interessada em ver uma continuação de uma novela de sucesso ao invés de uma remake. O que aconteceu com a Joana quando ela voltou com manguezal junto com o padre?

A atriz deu vida à protagonista Dara Sbano, cuja família família havia feito um contrato para que se casasse com Igor, da família Nicolich. Hoje, Tereza ressalta a importância da personagem: "Tive várias emoções revendo a novela. Vi coisas que não tinha visto na época nas relações entre os personagens.Lembrei da pesquisae dos ciganos com quem conversei na preparação." Foto: Globo / Divulgação

Aos 59 anos, você começou a se preocupar com a passagem do tempo?

Eu sempre tive uma sensação de uma circularidade do tempo. Eu não sei o motivo, mas isso é uma coisa que nunca pensei muito nessas passagens, nem aos 30, nem aos 40...

Tem algum conselho para jovens atrizes?

Eu começaria sempre pelo teatro, por trabalhos em grupo. Eu ralei muito e continuo ralando. Este é um ofício de devoção, de muito trabalho e disciplina. De trabalhar o corpo e a voz como ferramentas mesmo. Isso é pra vida toda. Foram muitas horas de suor em sala de aula e de ensaio para chegar a fazer a Dara, por exemplo. Muitas audições em que a gente não é selecionada.

Joana e Dara eram personagens que ‘puxavam’ por essa coisa da beleza, mas você nunca foi uma atriz que investiu nisso ...

Eu nunca me enxerguei nesse lugar da mulher bonita, mas eu vim da dança. Antes de ser atriz, eu fui Bailarina e o bailarino tem uma coisa com a disciplina muito séria, com o corpo, com a musculatura. Claro que eu aproveitei a beleza, mas sempre me interessou mais as personagens. Tive convites para Playboy, mas teve alguma coisa em mim que não queria esse dinheiro todo. Eu nunca quis uma vida em que eu não pudesse ir à feira. Tem uma frase que um professor de literatura/poeta do Ensino Fundamental, José Geraldo da Conceição Caú, que escreveu em um comentário de uma redação: ‘exercite tua beleza sem jamais domesticá-la’. Penso que talvez isso tenha me norteado: me manter selvagem, sem entrar em prateleira.

Fale um pouco do monólogo que estreia em São Paulo agora em São Paulo.

A peça Carangueja foi montada nessa pulsão, de inquietude e voracidade de bicho. Foi por aí o processo de criação da montagem com a co-diretora Fernanda Silva, atriz/performer maravilhosa do Piauí que conheci durante o mestrado em Letras. A peça tem esse desejo de manter uma comunicação bem popular, mas ao mesmo tempo é uma coisa doida, eu estava lendo muito Beckett quando escrevi a peça. Os manguezais tem a ver com a vida do País, como o nosso swing, nosso calor e até os nossos mosquitos.

Espetáculo Carangueja será apresentado no Sesc Ipiranga Foto: Renato Mangolin

É difícil acreditar que Tereza Seiblitz tenha apenas quatro novelas em seu currículo. Responsável por personagens icônicas, como Joana (na primeira versão de Renascer – 1993) e a cigana Dara (Explode Coração – 1995), ela nunca saiu do imaginário do telespectador brasileiro. Agora, a atriz ‘volta’ na série Justiça 2, que estreia dia 11 de abril no Globoplay. No mesmo mês, Tereza traz para São Paulo Carangueja, monólogo de sua autoria que estreia no Sesc Ipiranga no dia 5 de abril. Leia a seguir:

Fale sobre sua personagem em Justiça 2?

Santana é uma mulher trabalhadora de Ceilândia (Distrito Federal). É uma mulher que não tem muito recurso, não tem uma educação formal. Santana faz coxinhas para festas. Ela tem uma filha que sonha em ser cantora – mas que se envolve com gente trambiqueira e tem problemas na justiça.

Você é uma atriz mais do estudo ou da intuição?

O primeiro contato é com a intuição. Mas eu sou uma pessoa do estudo. Eu fiz mestrado em Literatura. Eu gosto de estudar. Sou cricri com a palavra, com pontuação. Eu tenho um olhar de revisora de textos. Ainda assim, meu primeiro contato com o personagem sempre é intuitivo.

Por que está tanto tempo longe de trabalhos em TV?

As coisas que fiz na televisão foram muito fortes. Eu só fiz quatro novelas. Mas a Joana (1ª versão de Renascer) e a Dara (Explode Coração) foram retumbantes. Depois, eu fui para França estudar teatro, tive filhos – e a maternidade é uma coisa muito absorvente.

A personagem de Justiça é uma volta...

Eu vou estar sempre voltando – e acho que isso faz parte da minha profissão. Quando as pessoas falam em ‘volta’, elas querem dizer ‘fazer uma protagonista outra vez’.

Tereza Seiblitz interpreta Santana na série Justiça 2 Foto: Estevam Avellar

Como lidava com o assédio do público nos momentos de maior exposição?

Assim que a Dara acabou eu fiquei meio agoniada. Eu não aguentava mais ser chamada de Dara. Fui pra França andar de metrô, ir à feira, mas vez ou outra aparecia alguém: Ô Dara! Eu cortei o cabelo, andava de branco e preto para não ser reconhecida, mas... Nunca deixei de ser reconhecida pela Dara ou pela Joana. Até hoje, no supermercado, em uma fila...

De repente, alguém pensa em um remake de Explode Coração, hein? Aliás, o que acha dos remakes?

Eu gosto muito da Alice (atriz que faz a Joana em Renascer). Eu não consegui ver o trabalho dela, mas acho a postura dela muito bacana. Eu ficaria mais interessada em ver uma continuação de uma novela de sucesso ao invés de uma remake. O que aconteceu com a Joana quando ela voltou com manguezal junto com o padre?

A atriz deu vida à protagonista Dara Sbano, cuja família família havia feito um contrato para que se casasse com Igor, da família Nicolich. Hoje, Tereza ressalta a importância da personagem: "Tive várias emoções revendo a novela. Vi coisas que não tinha visto na época nas relações entre os personagens.Lembrei da pesquisae dos ciganos com quem conversei na preparação." Foto: Globo / Divulgação

Aos 59 anos, você começou a se preocupar com a passagem do tempo?

Eu sempre tive uma sensação de uma circularidade do tempo. Eu não sei o motivo, mas isso é uma coisa que nunca pensei muito nessas passagens, nem aos 30, nem aos 40...

Tem algum conselho para jovens atrizes?

Eu começaria sempre pelo teatro, por trabalhos em grupo. Eu ralei muito e continuo ralando. Este é um ofício de devoção, de muito trabalho e disciplina. De trabalhar o corpo e a voz como ferramentas mesmo. Isso é pra vida toda. Foram muitas horas de suor em sala de aula e de ensaio para chegar a fazer a Dara, por exemplo. Muitas audições em que a gente não é selecionada.

Joana e Dara eram personagens que ‘puxavam’ por essa coisa da beleza, mas você nunca foi uma atriz que investiu nisso ...

Eu nunca me enxerguei nesse lugar da mulher bonita, mas eu vim da dança. Antes de ser atriz, eu fui Bailarina e o bailarino tem uma coisa com a disciplina muito séria, com o corpo, com a musculatura. Claro que eu aproveitei a beleza, mas sempre me interessou mais as personagens. Tive convites para Playboy, mas teve alguma coisa em mim que não queria esse dinheiro todo. Eu nunca quis uma vida em que eu não pudesse ir à feira. Tem uma frase que um professor de literatura/poeta do Ensino Fundamental, José Geraldo da Conceição Caú, que escreveu em um comentário de uma redação: ‘exercite tua beleza sem jamais domesticá-la’. Penso que talvez isso tenha me norteado: me manter selvagem, sem entrar em prateleira.

Fale um pouco do monólogo que estreia em São Paulo agora em São Paulo.

A peça Carangueja foi montada nessa pulsão, de inquietude e voracidade de bicho. Foi por aí o processo de criação da montagem com a co-diretora Fernanda Silva, atriz/performer maravilhosa do Piauí que conheci durante o mestrado em Letras. A peça tem esse desejo de manter uma comunicação bem popular, mas ao mesmo tempo é uma coisa doida, eu estava lendo muito Beckett quando escrevi a peça. Os manguezais tem a ver com a vida do País, como o nosso swing, nosso calor e até os nossos mosquitos.

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