Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Patricia Anastassiadis vai fazer arquitetura de interiores de duas torres futuristas em Miami


Paulistana conquista novo projeto internacional e diz que a hotelaria está vivendo tempos de pós-luxo

Por Paula Bonelli

A paulistana Patricia Anastassiadis, 51, tem sido requisitada para arquitetar a parte de interiores de hotéis badalados no Brasil e fora do País. Para ela, o design vem mudando. Hotéis que mais parecem sets cenográficos, reproduzindo experiências de lugares distantes como a Tailândia, não lhe enchem os olhos. “Eu acho que estamos vivendo em tempos de pós-luxo - no sentido de superar o ostensivo e o extravagante”, disse a arquiteta em conversa com a repórter Paula Bonelli por videoconferência. O seu escritório, localizado no bairro Higienópolis, em São Paulo, acaba de ser um dos escolhidos para fazer o projeto das áreas sociais e comuns do St. Regis Residence, duas torres futuristas que serão construídas em frente ao mar em Miami. Já elaborou a parte de interiores do Palácio Tangará, na capital paulista, do Hotel Glória, no Rio, e até do histórico Hotel du Cap-Eden-Roc, na Riviera Francesa, por onde passaram Picasso e Ernest Hemingway.

Patricia Anastassiadis  Foto: Victor Affaro
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Conte um pouco sobre a arte de decorar um hotel.

Quando Philippe Starck e Ian Schrager começaram a fazer aqueles “hotéis design”, que ficaram muito conhecidos, houve uma mudança significativa. As grandes bandeiras da hotelaria não prestaram atenção, alguns até tratavam como se fosse algo menor. Mas a realidade é que a hotelaria começou a se transformar num lifestyle, em que as pessoas vão apreciar o design interno do hotel e depois tentam reproduzir em suas casas. Por exemplo, como ter uma pia com bancada de pedra ‘xis’, retroiluminada, composta também pelo metal ‘dáblio’. A hotelaria tem esse poder e caminhou bastante em termos de design interno.

Por que a estética de muitos hotéis é fria e impessoal?

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Com a globalização aconteceu um efeito que eu não achei positivo. É você ir para um hotel em Barcelona e viver um pouco de Hong Kong. Essa linguagem começou a permear as cadeias hoteleiras e ficou tudo muito parecido.

Como ser autoral?

Acho que usando os artistas, os materiais locais, as relações com o tear, bordado ou, por exemplo, estudar o clima para produzir uma experiência interessante. Entender onde eu estou, com quem eu me comunico e regionalizar. A hotelaria tem uma importância não só de geradora de empregos, mas também de difusão de cultura local. É preciso respeitar o setor que sofreu muito na pandemia e com a questão do Airbnb.

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Gosta mais da linguagem contemporânea?

Eu adoro quando são projetos que têm relação com a memória, um patrimônio tombado, por exemplo. No St. Regis Residence serão duas torres, que ficam em Sunny Isles Beach, no maior terreno de frente para o mar. É um negócio mega, tem um perfume futurista. O meu trabalho na área de arquitetura de interiores é trazer alma nesse processo, porque caso contrário fica um corpo distante, a proporção, a escala, a materialidade, o vidro com aço. Então a minha inspiração veio da fluidez da água e do mar porque as duas torres são ovais, formas que não têm começo nem fim. Todo layout é como se a água estivesse fluindo lá dentro. É um dos lançamentos mais importantes de Miami, voltado para o público do mercado de luxo. Deve ficar pronto daqui a três ou quatro anos. Eu fiz o projeto das áreas comuns e para a parte de apartamentos. É um residencial. As pessoas podem morar lá com o serviço do St. Reggis. Tem gente comprando a laje inteira para fazer apartamentos ainda maiores. Também há modelos cabanas, duplex, é um mix interessante. Vai ter um restaurante assinado por um chef.

Quais são os erros comuns nesta área?

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Teve uma vez que fiquei num hotel tão mal iluminado que tive que sair do quarto para enxergar porque dentro não tinha condições. De repente, as coisas viraram muito cenográficas. O design vai passando por ciclos. Eu acho que estamos vivendo em tempos de pós-luxo - no sentido de superar um luxo ostensivo, extravagante. Claro, que depende com quem está conversando, mas já existe esse movimento. Hoje há produtos para o consumidor com poder aquisitivo alto e não necessariamente eles têm que ter os signos e as referências, que antes eram mandatórias. Preciso ter uma pedra caríssima no banheiro? Talvez não. No lugar pode ter uma cerâmica maravilhosa pintada a mão exclusiva de um artista e isso seja 100 vezes mais interessante.

Sofreu preconceito no mercado internacional?

O projeto fala mais alto, do que se é homem, mulher, brasileiro ou japonês. Agora sendo brasileira, em alguns momentos, em dois ou três países, eu recebi comentários de pessoas que não foram bons. No final a gente tem que provar mais porque está fora do eixo, não está na Europa nem nos EUA.

A paulistana Patricia Anastassiadis, 51, tem sido requisitada para arquitetar a parte de interiores de hotéis badalados no Brasil e fora do País. Para ela, o design vem mudando. Hotéis que mais parecem sets cenográficos, reproduzindo experiências de lugares distantes como a Tailândia, não lhe enchem os olhos. “Eu acho que estamos vivendo em tempos de pós-luxo - no sentido de superar o ostensivo e o extravagante”, disse a arquiteta em conversa com a repórter Paula Bonelli por videoconferência. O seu escritório, localizado no bairro Higienópolis, em São Paulo, acaba de ser um dos escolhidos para fazer o projeto das áreas sociais e comuns do St. Regis Residence, duas torres futuristas que serão construídas em frente ao mar em Miami. Já elaborou a parte de interiores do Palácio Tangará, na capital paulista, do Hotel Glória, no Rio, e até do histórico Hotel du Cap-Eden-Roc, na Riviera Francesa, por onde passaram Picasso e Ernest Hemingway.

Patricia Anastassiadis  Foto: Victor Affaro

Conte um pouco sobre a arte de decorar um hotel.

Quando Philippe Starck e Ian Schrager começaram a fazer aqueles “hotéis design”, que ficaram muito conhecidos, houve uma mudança significativa. As grandes bandeiras da hotelaria não prestaram atenção, alguns até tratavam como se fosse algo menor. Mas a realidade é que a hotelaria começou a se transformar num lifestyle, em que as pessoas vão apreciar o design interno do hotel e depois tentam reproduzir em suas casas. Por exemplo, como ter uma pia com bancada de pedra ‘xis’, retroiluminada, composta também pelo metal ‘dáblio’. A hotelaria tem esse poder e caminhou bastante em termos de design interno.

Por que a estética de muitos hotéis é fria e impessoal?

Com a globalização aconteceu um efeito que eu não achei positivo. É você ir para um hotel em Barcelona e viver um pouco de Hong Kong. Essa linguagem começou a permear as cadeias hoteleiras e ficou tudo muito parecido.

Como ser autoral?

Acho que usando os artistas, os materiais locais, as relações com o tear, bordado ou, por exemplo, estudar o clima para produzir uma experiência interessante. Entender onde eu estou, com quem eu me comunico e regionalizar. A hotelaria tem uma importância não só de geradora de empregos, mas também de difusão de cultura local. É preciso respeitar o setor que sofreu muito na pandemia e com a questão do Airbnb.

Gosta mais da linguagem contemporânea?

Eu adoro quando são projetos que têm relação com a memória, um patrimônio tombado, por exemplo. No St. Regis Residence serão duas torres, que ficam em Sunny Isles Beach, no maior terreno de frente para o mar. É um negócio mega, tem um perfume futurista. O meu trabalho na área de arquitetura de interiores é trazer alma nesse processo, porque caso contrário fica um corpo distante, a proporção, a escala, a materialidade, o vidro com aço. Então a minha inspiração veio da fluidez da água e do mar porque as duas torres são ovais, formas que não têm começo nem fim. Todo layout é como se a água estivesse fluindo lá dentro. É um dos lançamentos mais importantes de Miami, voltado para o público do mercado de luxo. Deve ficar pronto daqui a três ou quatro anos. Eu fiz o projeto das áreas comuns e para a parte de apartamentos. É um residencial. As pessoas podem morar lá com o serviço do St. Reggis. Tem gente comprando a laje inteira para fazer apartamentos ainda maiores. Também há modelos cabanas, duplex, é um mix interessante. Vai ter um restaurante assinado por um chef.

Quais são os erros comuns nesta área?

Teve uma vez que fiquei num hotel tão mal iluminado que tive que sair do quarto para enxergar porque dentro não tinha condições. De repente, as coisas viraram muito cenográficas. O design vai passando por ciclos. Eu acho que estamos vivendo em tempos de pós-luxo - no sentido de superar um luxo ostensivo, extravagante. Claro, que depende com quem está conversando, mas já existe esse movimento. Hoje há produtos para o consumidor com poder aquisitivo alto e não necessariamente eles têm que ter os signos e as referências, que antes eram mandatórias. Preciso ter uma pedra caríssima no banheiro? Talvez não. No lugar pode ter uma cerâmica maravilhosa pintada a mão exclusiva de um artista e isso seja 100 vezes mais interessante.

Sofreu preconceito no mercado internacional?

O projeto fala mais alto, do que se é homem, mulher, brasileiro ou japonês. Agora sendo brasileira, em alguns momentos, em dois ou três países, eu recebi comentários de pessoas que não foram bons. No final a gente tem que provar mais porque está fora do eixo, não está na Europa nem nos EUA.

A paulistana Patricia Anastassiadis, 51, tem sido requisitada para arquitetar a parte de interiores de hotéis badalados no Brasil e fora do País. Para ela, o design vem mudando. Hotéis que mais parecem sets cenográficos, reproduzindo experiências de lugares distantes como a Tailândia, não lhe enchem os olhos. “Eu acho que estamos vivendo em tempos de pós-luxo - no sentido de superar o ostensivo e o extravagante”, disse a arquiteta em conversa com a repórter Paula Bonelli por videoconferência. O seu escritório, localizado no bairro Higienópolis, em São Paulo, acaba de ser um dos escolhidos para fazer o projeto das áreas sociais e comuns do St. Regis Residence, duas torres futuristas que serão construídas em frente ao mar em Miami. Já elaborou a parte de interiores do Palácio Tangará, na capital paulista, do Hotel Glória, no Rio, e até do histórico Hotel du Cap-Eden-Roc, na Riviera Francesa, por onde passaram Picasso e Ernest Hemingway.

Patricia Anastassiadis  Foto: Victor Affaro

Conte um pouco sobre a arte de decorar um hotel.

Quando Philippe Starck e Ian Schrager começaram a fazer aqueles “hotéis design”, que ficaram muito conhecidos, houve uma mudança significativa. As grandes bandeiras da hotelaria não prestaram atenção, alguns até tratavam como se fosse algo menor. Mas a realidade é que a hotelaria começou a se transformar num lifestyle, em que as pessoas vão apreciar o design interno do hotel e depois tentam reproduzir em suas casas. Por exemplo, como ter uma pia com bancada de pedra ‘xis’, retroiluminada, composta também pelo metal ‘dáblio’. A hotelaria tem esse poder e caminhou bastante em termos de design interno.

Por que a estética de muitos hotéis é fria e impessoal?

Com a globalização aconteceu um efeito que eu não achei positivo. É você ir para um hotel em Barcelona e viver um pouco de Hong Kong. Essa linguagem começou a permear as cadeias hoteleiras e ficou tudo muito parecido.

Como ser autoral?

Acho que usando os artistas, os materiais locais, as relações com o tear, bordado ou, por exemplo, estudar o clima para produzir uma experiência interessante. Entender onde eu estou, com quem eu me comunico e regionalizar. A hotelaria tem uma importância não só de geradora de empregos, mas também de difusão de cultura local. É preciso respeitar o setor que sofreu muito na pandemia e com a questão do Airbnb.

Gosta mais da linguagem contemporânea?

Eu adoro quando são projetos que têm relação com a memória, um patrimônio tombado, por exemplo. No St. Regis Residence serão duas torres, que ficam em Sunny Isles Beach, no maior terreno de frente para o mar. É um negócio mega, tem um perfume futurista. O meu trabalho na área de arquitetura de interiores é trazer alma nesse processo, porque caso contrário fica um corpo distante, a proporção, a escala, a materialidade, o vidro com aço. Então a minha inspiração veio da fluidez da água e do mar porque as duas torres são ovais, formas que não têm começo nem fim. Todo layout é como se a água estivesse fluindo lá dentro. É um dos lançamentos mais importantes de Miami, voltado para o público do mercado de luxo. Deve ficar pronto daqui a três ou quatro anos. Eu fiz o projeto das áreas comuns e para a parte de apartamentos. É um residencial. As pessoas podem morar lá com o serviço do St. Reggis. Tem gente comprando a laje inteira para fazer apartamentos ainda maiores. Também há modelos cabanas, duplex, é um mix interessante. Vai ter um restaurante assinado por um chef.

Quais são os erros comuns nesta área?

Teve uma vez que fiquei num hotel tão mal iluminado que tive que sair do quarto para enxergar porque dentro não tinha condições. De repente, as coisas viraram muito cenográficas. O design vai passando por ciclos. Eu acho que estamos vivendo em tempos de pós-luxo - no sentido de superar um luxo ostensivo, extravagante. Claro, que depende com quem está conversando, mas já existe esse movimento. Hoje há produtos para o consumidor com poder aquisitivo alto e não necessariamente eles têm que ter os signos e as referências, que antes eram mandatórias. Preciso ter uma pedra caríssima no banheiro? Talvez não. No lugar pode ter uma cerâmica maravilhosa pintada a mão exclusiva de um artista e isso seja 100 vezes mais interessante.

Sofreu preconceito no mercado internacional?

O projeto fala mais alto, do que se é homem, mulher, brasileiro ou japonês. Agora sendo brasileira, em alguns momentos, em dois ou três países, eu recebi comentários de pessoas que não foram bons. No final a gente tem que provar mais porque está fora do eixo, não está na Europa nem nos EUA.

A paulistana Patricia Anastassiadis, 51, tem sido requisitada para arquitetar a parte de interiores de hotéis badalados no Brasil e fora do País. Para ela, o design vem mudando. Hotéis que mais parecem sets cenográficos, reproduzindo experiências de lugares distantes como a Tailândia, não lhe enchem os olhos. “Eu acho que estamos vivendo em tempos de pós-luxo - no sentido de superar o ostensivo e o extravagante”, disse a arquiteta em conversa com a repórter Paula Bonelli por videoconferência. O seu escritório, localizado no bairro Higienópolis, em São Paulo, acaba de ser um dos escolhidos para fazer o projeto das áreas sociais e comuns do St. Regis Residence, duas torres futuristas que serão construídas em frente ao mar em Miami. Já elaborou a parte de interiores do Palácio Tangará, na capital paulista, do Hotel Glória, no Rio, e até do histórico Hotel du Cap-Eden-Roc, na Riviera Francesa, por onde passaram Picasso e Ernest Hemingway.

Patricia Anastassiadis  Foto: Victor Affaro

Conte um pouco sobre a arte de decorar um hotel.

Quando Philippe Starck e Ian Schrager começaram a fazer aqueles “hotéis design”, que ficaram muito conhecidos, houve uma mudança significativa. As grandes bandeiras da hotelaria não prestaram atenção, alguns até tratavam como se fosse algo menor. Mas a realidade é que a hotelaria começou a se transformar num lifestyle, em que as pessoas vão apreciar o design interno do hotel e depois tentam reproduzir em suas casas. Por exemplo, como ter uma pia com bancada de pedra ‘xis’, retroiluminada, composta também pelo metal ‘dáblio’. A hotelaria tem esse poder e caminhou bastante em termos de design interno.

Por que a estética de muitos hotéis é fria e impessoal?

Com a globalização aconteceu um efeito que eu não achei positivo. É você ir para um hotel em Barcelona e viver um pouco de Hong Kong. Essa linguagem começou a permear as cadeias hoteleiras e ficou tudo muito parecido.

Como ser autoral?

Acho que usando os artistas, os materiais locais, as relações com o tear, bordado ou, por exemplo, estudar o clima para produzir uma experiência interessante. Entender onde eu estou, com quem eu me comunico e regionalizar. A hotelaria tem uma importância não só de geradora de empregos, mas também de difusão de cultura local. É preciso respeitar o setor que sofreu muito na pandemia e com a questão do Airbnb.

Gosta mais da linguagem contemporânea?

Eu adoro quando são projetos que têm relação com a memória, um patrimônio tombado, por exemplo. No St. Regis Residence serão duas torres, que ficam em Sunny Isles Beach, no maior terreno de frente para o mar. É um negócio mega, tem um perfume futurista. O meu trabalho na área de arquitetura de interiores é trazer alma nesse processo, porque caso contrário fica um corpo distante, a proporção, a escala, a materialidade, o vidro com aço. Então a minha inspiração veio da fluidez da água e do mar porque as duas torres são ovais, formas que não têm começo nem fim. Todo layout é como se a água estivesse fluindo lá dentro. É um dos lançamentos mais importantes de Miami, voltado para o público do mercado de luxo. Deve ficar pronto daqui a três ou quatro anos. Eu fiz o projeto das áreas comuns e para a parte de apartamentos. É um residencial. As pessoas podem morar lá com o serviço do St. Reggis. Tem gente comprando a laje inteira para fazer apartamentos ainda maiores. Também há modelos cabanas, duplex, é um mix interessante. Vai ter um restaurante assinado por um chef.

Quais são os erros comuns nesta área?

Teve uma vez que fiquei num hotel tão mal iluminado que tive que sair do quarto para enxergar porque dentro não tinha condições. De repente, as coisas viraram muito cenográficas. O design vai passando por ciclos. Eu acho que estamos vivendo em tempos de pós-luxo - no sentido de superar um luxo ostensivo, extravagante. Claro, que depende com quem está conversando, mas já existe esse movimento. Hoje há produtos para o consumidor com poder aquisitivo alto e não necessariamente eles têm que ter os signos e as referências, que antes eram mandatórias. Preciso ter uma pedra caríssima no banheiro? Talvez não. No lugar pode ter uma cerâmica maravilhosa pintada a mão exclusiva de um artista e isso seja 100 vezes mais interessante.

Sofreu preconceito no mercado internacional?

O projeto fala mais alto, do que se é homem, mulher, brasileiro ou japonês. Agora sendo brasileira, em alguns momentos, em dois ou três países, eu recebi comentários de pessoas que não foram bons. No final a gente tem que provar mais porque está fora do eixo, não está na Europa nem nos EUA.

A paulistana Patricia Anastassiadis, 51, tem sido requisitada para arquitetar a parte de interiores de hotéis badalados no Brasil e fora do País. Para ela, o design vem mudando. Hotéis que mais parecem sets cenográficos, reproduzindo experiências de lugares distantes como a Tailândia, não lhe enchem os olhos. “Eu acho que estamos vivendo em tempos de pós-luxo - no sentido de superar o ostensivo e o extravagante”, disse a arquiteta em conversa com a repórter Paula Bonelli por videoconferência. O seu escritório, localizado no bairro Higienópolis, em São Paulo, acaba de ser um dos escolhidos para fazer o projeto das áreas sociais e comuns do St. Regis Residence, duas torres futuristas que serão construídas em frente ao mar em Miami. Já elaborou a parte de interiores do Palácio Tangará, na capital paulista, do Hotel Glória, no Rio, e até do histórico Hotel du Cap-Eden-Roc, na Riviera Francesa, por onde passaram Picasso e Ernest Hemingway.

Patricia Anastassiadis  Foto: Victor Affaro

Conte um pouco sobre a arte de decorar um hotel.

Quando Philippe Starck e Ian Schrager começaram a fazer aqueles “hotéis design”, que ficaram muito conhecidos, houve uma mudança significativa. As grandes bandeiras da hotelaria não prestaram atenção, alguns até tratavam como se fosse algo menor. Mas a realidade é que a hotelaria começou a se transformar num lifestyle, em que as pessoas vão apreciar o design interno do hotel e depois tentam reproduzir em suas casas. Por exemplo, como ter uma pia com bancada de pedra ‘xis’, retroiluminada, composta também pelo metal ‘dáblio’. A hotelaria tem esse poder e caminhou bastante em termos de design interno.

Por que a estética de muitos hotéis é fria e impessoal?

Com a globalização aconteceu um efeito que eu não achei positivo. É você ir para um hotel em Barcelona e viver um pouco de Hong Kong. Essa linguagem começou a permear as cadeias hoteleiras e ficou tudo muito parecido.

Como ser autoral?

Acho que usando os artistas, os materiais locais, as relações com o tear, bordado ou, por exemplo, estudar o clima para produzir uma experiência interessante. Entender onde eu estou, com quem eu me comunico e regionalizar. A hotelaria tem uma importância não só de geradora de empregos, mas também de difusão de cultura local. É preciso respeitar o setor que sofreu muito na pandemia e com a questão do Airbnb.

Gosta mais da linguagem contemporânea?

Eu adoro quando são projetos que têm relação com a memória, um patrimônio tombado, por exemplo. No St. Regis Residence serão duas torres, que ficam em Sunny Isles Beach, no maior terreno de frente para o mar. É um negócio mega, tem um perfume futurista. O meu trabalho na área de arquitetura de interiores é trazer alma nesse processo, porque caso contrário fica um corpo distante, a proporção, a escala, a materialidade, o vidro com aço. Então a minha inspiração veio da fluidez da água e do mar porque as duas torres são ovais, formas que não têm começo nem fim. Todo layout é como se a água estivesse fluindo lá dentro. É um dos lançamentos mais importantes de Miami, voltado para o público do mercado de luxo. Deve ficar pronto daqui a três ou quatro anos. Eu fiz o projeto das áreas comuns e para a parte de apartamentos. É um residencial. As pessoas podem morar lá com o serviço do St. Reggis. Tem gente comprando a laje inteira para fazer apartamentos ainda maiores. Também há modelos cabanas, duplex, é um mix interessante. Vai ter um restaurante assinado por um chef.

Quais são os erros comuns nesta área?

Teve uma vez que fiquei num hotel tão mal iluminado que tive que sair do quarto para enxergar porque dentro não tinha condições. De repente, as coisas viraram muito cenográficas. O design vai passando por ciclos. Eu acho que estamos vivendo em tempos de pós-luxo - no sentido de superar um luxo ostensivo, extravagante. Claro, que depende com quem está conversando, mas já existe esse movimento. Hoje há produtos para o consumidor com poder aquisitivo alto e não necessariamente eles têm que ter os signos e as referências, que antes eram mandatórias. Preciso ter uma pedra caríssima no banheiro? Talvez não. No lugar pode ter uma cerâmica maravilhosa pintada a mão exclusiva de um artista e isso seja 100 vezes mais interessante.

Sofreu preconceito no mercado internacional?

O projeto fala mais alto, do que se é homem, mulher, brasileiro ou japonês. Agora sendo brasileira, em alguns momentos, em dois ou três países, eu recebi comentários de pessoas que não foram bons. No final a gente tem que provar mais porque está fora do eixo, não está na Europa nem nos EUA.

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