Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo é o título do filme vencedor do Oscar deste ano, mas também poderia ser um mote perfeito para uma reportagem sobre Gabriel Leone, 29 anos.
O ator está em um período intenso e produtivo de trabalho – e parece estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
Leone acaba de estrear a segunda temporada da série Dom (Amazon Prime Video); ele também está no filme O Rio do Desejo (dirigido por Sérgio Machado e inspirado em um conto de Milton Hatoum) e acaba de rodar o Barba Ensopada de Sangue, longa baseado no livro de Daniel Galera.
E Tem mais. Ao lado de Penélope Cruz e Adam Driver, Leone está na cinebiografia Ferrari, dirigida por Michael Mann – e que contará a história do italiano Enzo Ferrari. Além disso, ele se prepara para viver o piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna, em uma série da Netflix. “Vou me dedicar de corpo e alma para honrar a memória do Ayrton”, disse.
Com tantos projetos em andamento, só com muito talento e café. “Tomo muito. Sempre tomei café com muito açúcar. Quem me ensinou a apreciar o amargo foi o saudoso e querido amigo Domingos Montagner (1962 - 2016)”, contou. Leia a entrevista a seguir:
O Rio do Desejo foi rodado no Amazonas. Como foi essa experiência?
Esse é um privilégio que nós atores temos, que é o de poder visitar, morar, conhecer os universos dos personagens e suas histórias. Eu não conhecia a região norte do País. Tive o privilégio do meu trabalho me levar para lá. Foi importante ter ido antes, vivenciar o local, o clima, a cultura, a presença da natureza e a energia do povo.
Em se tratando de um filme baseado em uma obra de Milton Hatoum, que nasceu em Manaus, esse processo foi essencial?
Sim, fundamental. Embora eu não tenha tido um contato tão profundo com o Hatoum, a obra dele fala por si só. Assisti pela primeira vez ao filme no cinema só agora, na pré-estreia do Rio. Fiquei muito impactado. É um filme forte, bonito e redondo em todos os aspectos (no longa Gabriel Leone faz o caçula de três irmãos que se apaixonam pela mesma mulher).
Imagino que o desafio agora é o de levar as pessoas ao cinema?
Nós viemos de quatro anos de um governo que tentou quebrar as pernas da cultura e que deixou o setor muito fragilizado. Além disso, ainda teve a pandemia e, claro, a popularização do streaming. Estamos em um momento de reestruturação e de acostumar as pessoas a irem às salas de cinema.
Como tem sido o seu processo para viver Ayrton Senna na série da Netfiix?
Eu tinha um ano quando o Senna morreu. Mas, ao mesmo tempo, eu cresci em uma família que sempre amou o Senna. É uma responsabilidade contar essa história. Eu não poderia estar mais feliz. Vou me dedicar de corpo e alma para honrar a memória do Ayrton Senna – e para deixar todo mundo orgulhoso e emocionado. Esse é um dos maiores desafios da minha carreira.
Você é ligado em automobilismo?
Meu mergulho no automobilismo começou no final do ano passado, quando eu estava filmando o Ferrari, na Itália. Tive uma preparação para pilotar carro de corrida com dublês de ação. Eu pilotei em Ímola, no autódromo em que o Senna morreu (o acidente que matou Senna ocorreu durante o GP de San Marino, em Ímola, no dia 1º de maio de 1994). Aliás, Ímola é quase um santuário em memória ao Ayrton. Também fui ao GP de Monza, senti a força da Ferrari, da torcida, e mergulhei neste universo. Hoje, sou fã e apaixonado por Fórmula 1.
Como será o seu Ayrton Senna?
O Senna foi um dos primeiros pilotos com muitos registros de tudo. Existe um material muito rico de entrevistas e histórias. Não sou a favor da imitação. Não tenho talento pra isso, nem condiz com minha profissão. Faz parte do nosso acordo com o público o entendimento do que é uma ficção, que somos atores. Na série, vamos expandir o universo do esporte, é uma oportunidade de mostrar o lado mais pessoal do Ayrton, a relação com a família, por exemplo. Estou estudando e me distanciando da caricatura ou da imitação.
Ferrari foi rodado na Itália. Existe aí uma intenção de seguir com uma carreira internacional?
O streaming abriu mais possibilidades neste sentido. Temos alcance imediato, as distâncias diminuíram e o mercado internacional está mais aberto. Acho esse intercâmbio incrível. Mas tenho muitos projetos aqui. Se em algum momento acontecer da vida e das circunstâncias do trabalho pedirem uma mudança, não tem problema, mas não é o caso agora.