A Takano Gráfica e Editora, uma das principais empresas do setor na América Latina decidiu encerrar suas atividades. Famosa por prestar serviços ao mercado publicitário e pela impressão de embalagens, revistas, folders, livros e catálogos de altíssimo padrão, a empresa parou de funcionar ontem "por motivos de força maior", como informou uma funcionária da sede da empresa em São Paulo. Procurados pela Agência Estado, os diretores da Takano avisaram que não se pronunciariam sobre o assunto. De acordo com o Sindicato dos Gráficos de São Paulo, a empresa vergou sob o peso de dívidas de mais de R$ 90 milhões. Em março já havia enfrentado um pedido de falência feito pela companhia de papel Suzano. Segundo o sindicato, a empresa tem 300 funcionários. Há dois anos eram 800. "Eles passam por dificuldades financeiras desde o segundo semestre de 2003. Os salários começaram a atrasar e descobrimos que a empresa não depositava o Fundo de Garantia dos funcionários e também não repassava para a receita a cota de imposto de renda que recolhia dos salários", conta o presidente do sindicato dos gráficos, Nilson do Carmo Pereira. O sinal mais claro de que a crise era séria veio em abril do ano passado quando a empresa começou a demitir em massa. "Em uma semana foram 50, na outra 110, depois mais 70", lembra Pereira. Comandada por Antonio Takano, a gráfica ganhou projeção nacional a partir de 2002 quando editou A Revista, uma publicação sofisticada que reuniu um seleto time de jornalistas e fotógrafos e funcionava como uma espécie de vitrine para a tecnologia gráfica da empresa. Uma das edições de A Revista teve como tema o fim do governo Fernando Henrique Cardoso e o número seguinte documentou a posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva, sob as lentes de 17 grandes fotógrafos brasileiros. Na ocasião, a equipe de reportagem da revista se deslocou entre São Paulo e Brasília no dia da posse de Lula a bordo de um jato executivo Legacy, da Embraer. Entre as revistas que a empresa imprimia estava a da loja Daslu. Premiada no Brasil e no exterior, a gráfica tem vivido dias melancólicos. Seus funcionários assistiram a cenas como uma grande impressora ser retirada por falta de pagamento. Os acordos para indenização feitos com funcionários demitidos também não foram cumpridos. Há duas semanas, o sindicato entrou com um pedido de auditoria na empresa junto à Justiça do Trabalho. Também solicitou uma visita da fiscalização da Delegacia Regional do Trabalho. "Eles até tentaram repassar a empresa para os trabalhadores, mas quem é que vai querer assumir um problemão desses?", pergunta Pereira.
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