‘Heartstopper’: 2.ª temporada vai mostrar por que Charlie Spring não come?


Charlie ainda terá um longo caminho adiante para tratar as cicatrizes de um passado abusivo pouco explorado na série até agora; nova fase chega em 3 de agosto

Por Simião Castro
Atualização:

Charlie Spring não come em Heartstopper. É isso mesmo. E se você assistiu a série da Netflix sem ter lido os livros talvez nem tenha notado. Tudo indica que a questão será abordada na nova temporada, cuja data de estreia foi divulgada pra 3 de agosto de 2023.

O motivo para isso é pesado, mas é tratado com a sensibilidade e sutileza típicas da autora Alice Oseman. Nos primeiros seis minutos no episódio 1 ele toma um golinho de nada de leite. O único momento em que Charlie realmente coloca algo na boca com vontade é na sequência do Milk Shake. Ele detona dois. Notou?

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No cinema, após ver os bullies que o atacam, ele recusa a pipoca. Em outros momentos, ele aparece olhando, brincando e remexendo na comida. Mas nunca comendo.

Charlie costuma se refugiar na sala de artes. Principalmente na hora do almoço. E se você sofreu bullying na escola entende que o recreio podia ser bem cruel. Não é por acaso que ele vai para lá.

Em dado momento, ali mesmo, ele abre a lancheira abarrotada de comida e fecha de novo. Acobertado pelo professor, ele encontra ali o espaço perfeito para comer em paz. Ou não comer em paz. Sem que ninguém o incomode. Sem que ninguém perceba. Sem que ninguém o perceba.

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Essa é uma das bases da questão. Muito sutilmente - com coisa de 12 segundos de tela somados - é dito que o ano anterior de Charlie foi tenso. Mas não é só isso. Ele tinha sido arrancado à força do armário.

A personagem virou alvo de deboche e violência simplesmente por ser gay. Talvez nem ele mesmo tivesse ciência direito dessa condição. É bom lembrar que Charlie completa 15 anos na primeira temporada da série, mal tinha entrado na adolescência quando a hostilização começou.

Essas coisas não acontecem impunemente. Para as vítimas, quero dizer. As cicatrizes das agressões não precisam ser físicas para durar. Principalmente neste momento de formação, de construção do ser.

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É por isso que Charlie chega ao absurdo de achar que está sempre atrapalhando. De dizer no 8.º episódio que seria melhor que não existisse. No mesmo capítulo Tao, o melhor amigo, fala que Charlie irrita os outros só por existir.

Em 'Heartstopper', da Netflix, única vez que Charlie Spring ingere algo com vontade é na cena do milk shake. Transtorno alimentar é um dos temas possíveis da segunda temporada Foto: Netflix

Assim é a vida da maioria das pessoas LGBT+. A mera presença vira um incômodo, que frequentemente se traduz em intolerância.

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Experimente passar por constante perseguição, agressões verbais e físicas. E isso quando mais precisa de equilíbrio segurança para se encontrar e entender. Faz maravilhas pela autoestima! [alerta de sarcasmo].

Por sorte, Charlie tem excelentes pais. Uma irmã que o apoia e protege como pode. Mas nem sempre basta. Quem leu os quadrinhos sabe que não bastou. Charlie vai passar por momentos sombrios e desafiadores. Terá Nick Nelson ao lado e o ombro dos amigos. Mas de que modo?

Talvez essa seja a principal resposta que a nova temporada deva trazer. A julgar pela competência de Alice Oseman em tratar de temas difíceis, pode ser um enorme serviço de utilidade pública prestado pela Netflix.

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Um porto seguro de alerta e conforto para milhares ou milhões de jovens que neste instante lidam com transtornos alimentares. E talvez um passinho a mais na cicatrização das feridas abertas de muitos adultos traumatizados pela mesma crueldade enfrentada por Charlie.

Charlie Spring não come em Heartstopper. É isso mesmo. E se você assistiu a série da Netflix sem ter lido os livros talvez nem tenha notado. Tudo indica que a questão será abordada na nova temporada, cuja data de estreia foi divulgada pra 3 de agosto de 2023.

O motivo para isso é pesado, mas é tratado com a sensibilidade e sutileza típicas da autora Alice Oseman. Nos primeiros seis minutos no episódio 1 ele toma um golinho de nada de leite. O único momento em que Charlie realmente coloca algo na boca com vontade é na sequência do Milk Shake. Ele detona dois. Notou?

No cinema, após ver os bullies que o atacam, ele recusa a pipoca. Em outros momentos, ele aparece olhando, brincando e remexendo na comida. Mas nunca comendo.

Charlie costuma se refugiar na sala de artes. Principalmente na hora do almoço. E se você sofreu bullying na escola entende que o recreio podia ser bem cruel. Não é por acaso que ele vai para lá.

Em dado momento, ali mesmo, ele abre a lancheira abarrotada de comida e fecha de novo. Acobertado pelo professor, ele encontra ali o espaço perfeito para comer em paz. Ou não comer em paz. Sem que ninguém o incomode. Sem que ninguém perceba. Sem que ninguém o perceba.

Essa é uma das bases da questão. Muito sutilmente - com coisa de 12 segundos de tela somados - é dito que o ano anterior de Charlie foi tenso. Mas não é só isso. Ele tinha sido arrancado à força do armário.

A personagem virou alvo de deboche e violência simplesmente por ser gay. Talvez nem ele mesmo tivesse ciência direito dessa condição. É bom lembrar que Charlie completa 15 anos na primeira temporada da série, mal tinha entrado na adolescência quando a hostilização começou.

Essas coisas não acontecem impunemente. Para as vítimas, quero dizer. As cicatrizes das agressões não precisam ser físicas para durar. Principalmente neste momento de formação, de construção do ser.

É por isso que Charlie chega ao absurdo de achar que está sempre atrapalhando. De dizer no 8.º episódio que seria melhor que não existisse. No mesmo capítulo Tao, o melhor amigo, fala que Charlie irrita os outros só por existir.

Em 'Heartstopper', da Netflix, única vez que Charlie Spring ingere algo com vontade é na cena do milk shake. Transtorno alimentar é um dos temas possíveis da segunda temporada Foto: Netflix

Assim é a vida da maioria das pessoas LGBT+. A mera presença vira um incômodo, que frequentemente se traduz em intolerância.

Experimente passar por constante perseguição, agressões verbais e físicas. E isso quando mais precisa de equilíbrio segurança para se encontrar e entender. Faz maravilhas pela autoestima! [alerta de sarcasmo].

Por sorte, Charlie tem excelentes pais. Uma irmã que o apoia e protege como pode. Mas nem sempre basta. Quem leu os quadrinhos sabe que não bastou. Charlie vai passar por momentos sombrios e desafiadores. Terá Nick Nelson ao lado e o ombro dos amigos. Mas de que modo?

Talvez essa seja a principal resposta que a nova temporada deva trazer. A julgar pela competência de Alice Oseman em tratar de temas difíceis, pode ser um enorme serviço de utilidade pública prestado pela Netflix.

Um porto seguro de alerta e conforto para milhares ou milhões de jovens que neste instante lidam com transtornos alimentares. E talvez um passinho a mais na cicatrização das feridas abertas de muitos adultos traumatizados pela mesma crueldade enfrentada por Charlie.

Charlie Spring não come em Heartstopper. É isso mesmo. E se você assistiu a série da Netflix sem ter lido os livros talvez nem tenha notado. Tudo indica que a questão será abordada na nova temporada, cuja data de estreia foi divulgada pra 3 de agosto de 2023.

O motivo para isso é pesado, mas é tratado com a sensibilidade e sutileza típicas da autora Alice Oseman. Nos primeiros seis minutos no episódio 1 ele toma um golinho de nada de leite. O único momento em que Charlie realmente coloca algo na boca com vontade é na sequência do Milk Shake. Ele detona dois. Notou?

No cinema, após ver os bullies que o atacam, ele recusa a pipoca. Em outros momentos, ele aparece olhando, brincando e remexendo na comida. Mas nunca comendo.

Charlie costuma se refugiar na sala de artes. Principalmente na hora do almoço. E se você sofreu bullying na escola entende que o recreio podia ser bem cruel. Não é por acaso que ele vai para lá.

Em dado momento, ali mesmo, ele abre a lancheira abarrotada de comida e fecha de novo. Acobertado pelo professor, ele encontra ali o espaço perfeito para comer em paz. Ou não comer em paz. Sem que ninguém o incomode. Sem que ninguém perceba. Sem que ninguém o perceba.

Essa é uma das bases da questão. Muito sutilmente - com coisa de 12 segundos de tela somados - é dito que o ano anterior de Charlie foi tenso. Mas não é só isso. Ele tinha sido arrancado à força do armário.

A personagem virou alvo de deboche e violência simplesmente por ser gay. Talvez nem ele mesmo tivesse ciência direito dessa condição. É bom lembrar que Charlie completa 15 anos na primeira temporada da série, mal tinha entrado na adolescência quando a hostilização começou.

Essas coisas não acontecem impunemente. Para as vítimas, quero dizer. As cicatrizes das agressões não precisam ser físicas para durar. Principalmente neste momento de formação, de construção do ser.

É por isso que Charlie chega ao absurdo de achar que está sempre atrapalhando. De dizer no 8.º episódio que seria melhor que não existisse. No mesmo capítulo Tao, o melhor amigo, fala que Charlie irrita os outros só por existir.

Em 'Heartstopper', da Netflix, única vez que Charlie Spring ingere algo com vontade é na cena do milk shake. Transtorno alimentar é um dos temas possíveis da segunda temporada Foto: Netflix

Assim é a vida da maioria das pessoas LGBT+. A mera presença vira um incômodo, que frequentemente se traduz em intolerância.

Experimente passar por constante perseguição, agressões verbais e físicas. E isso quando mais precisa de equilíbrio segurança para se encontrar e entender. Faz maravilhas pela autoestima! [alerta de sarcasmo].

Por sorte, Charlie tem excelentes pais. Uma irmã que o apoia e protege como pode. Mas nem sempre basta. Quem leu os quadrinhos sabe que não bastou. Charlie vai passar por momentos sombrios e desafiadores. Terá Nick Nelson ao lado e o ombro dos amigos. Mas de que modo?

Talvez essa seja a principal resposta que a nova temporada deva trazer. A julgar pela competência de Alice Oseman em tratar de temas difíceis, pode ser um enorme serviço de utilidade pública prestado pela Netflix.

Um porto seguro de alerta e conforto para milhares ou milhões de jovens que neste instante lidam com transtornos alimentares. E talvez um passinho a mais na cicatrização das feridas abertas de muitos adultos traumatizados pela mesma crueldade enfrentada por Charlie.

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