Coluna quinzenal do escritor Ignácio de Loyola Brandão com crônicas e memórias

Opinião|No Pacaembu, pintores e escritores a comer e conversar, sem disparo de fotos pelo Instagram


Visão ampla da Praça Charles Miller, espaço, liberdade. Lugar calmo, bom cardápio, preços ao alcance de um ser humano normal. Eu, surpreso ao ver as falas se alongarem

Por Ignácio de Loyola Brandão
Atualização:

Para o lançamento de Pidgin, poemas da psicanalista Gabriela Cordaro, fui ao Bubu, no Pacaembu. Visão ampla da Praça Charles Miller, espaço, liberdade. Lugar calmo, bom cardápio, preços ao alcance de um ser humano normal. Ali estavam pintores, arquitetos, professores, atores, engenheiros, publicitários e escritores a comer e conversar. Eu, surpreso ao ver as falas se alongarem, as pessoas sem disparar fotos pelo Instagram. Comecei pela torta de siri. A tarde fluía lenta. Então a memória girou como caleidoscópio. Eu tinha 21 anos, recém-chegado de Araraquara. Tímido, desvairado com São Paulo. Fui encarregado de cobrir uma coletiva de Cacilda Becker e Walmor Chagas, recém-chegados da Europa. Um deslumbramento para mim, os dois superastros, um monte de jornalistas, críticos como Décio de Almeida Prado, o top. A certa altura, alguém se despediu de Walmor e este lembrou:

– Nos vemos no Gigetto, à meia-noite.

Praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu Foto: Alex Silva/Estadão
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Levei um choque. Marcar encontro à meia-noite, no celebrado Gigetto? Em Araraquara, tudo fechava às 22 horas, no máximo às 23. Esta era a minha São Paulo porra-louca, o mundo, a fama, o futuro, brilho, a aventura. Então, em jorro, me vieram bares e restaurantes e bibocas, que em cada época foram referenciais. O Nick Bar, anos 1940, frequentado pela turma do TBC e da Vera Cruz. Meu sonho era fazer cinema. E o bar do Museu de Arte Moderna, onde entrevistei Lima Barreto, embalado pelo sucesso de O Cangaceiro, proclamando: “Sou um novo Orson Welles”. O Paribar, o Clubinho dos Artistas, cuja primeira presidente foi Tarsila do Amaral, o Gigetto, onde ficávamos junto a Tônia Carrero, Nydia Licia, Anselmo Duarte e outros superstars, o Sirocco, da russa Branca, com sua sopa gratuita aos boêmios.

Depois, a Galeria Metrópole, o João Sebastião Bar, onde me sentei na escada com Leila Diniz, o Redondo, o Pirandello, o Riviera, o Frevinho, o Il Sogno di Anarello, o Piu Piu, o Beco, o Ferro’s, o Sujinho e o Soberano – este na Rua do Triunfo, berço e sede dos cineastas da “boca do lixo”. E hoje o La Tartine, o Pasquale, o Balcão, o Martín Fierro. Cada um, um símbolo.

Fiquei feliz ao descobrir o Bubu, criação de Claudio Gouveia. Quer dizer, esses recônditos ainda existem. O cardápio? Descubra na hora. E é certo que Claudio, prosa mansa, virá à sua mesa contar casos, sendo o mais recente o do cliente que, flutuando na utopia, pediu um vinho, safra tal de tal, de alguns mil dólares. “Não tenho, talvez não tenha nunca. Mas... assunto temos muito”, disse Claudio e o cliente sorriu, entendeu. Ficou.

Para o lançamento de Pidgin, poemas da psicanalista Gabriela Cordaro, fui ao Bubu, no Pacaembu. Visão ampla da Praça Charles Miller, espaço, liberdade. Lugar calmo, bom cardápio, preços ao alcance de um ser humano normal. Ali estavam pintores, arquitetos, professores, atores, engenheiros, publicitários e escritores a comer e conversar. Eu, surpreso ao ver as falas se alongarem, as pessoas sem disparar fotos pelo Instagram. Comecei pela torta de siri. A tarde fluía lenta. Então a memória girou como caleidoscópio. Eu tinha 21 anos, recém-chegado de Araraquara. Tímido, desvairado com São Paulo. Fui encarregado de cobrir uma coletiva de Cacilda Becker e Walmor Chagas, recém-chegados da Europa. Um deslumbramento para mim, os dois superastros, um monte de jornalistas, críticos como Décio de Almeida Prado, o top. A certa altura, alguém se despediu de Walmor e este lembrou:

– Nos vemos no Gigetto, à meia-noite.

Praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu Foto: Alex Silva/Estadão

Levei um choque. Marcar encontro à meia-noite, no celebrado Gigetto? Em Araraquara, tudo fechava às 22 horas, no máximo às 23. Esta era a minha São Paulo porra-louca, o mundo, a fama, o futuro, brilho, a aventura. Então, em jorro, me vieram bares e restaurantes e bibocas, que em cada época foram referenciais. O Nick Bar, anos 1940, frequentado pela turma do TBC e da Vera Cruz. Meu sonho era fazer cinema. E o bar do Museu de Arte Moderna, onde entrevistei Lima Barreto, embalado pelo sucesso de O Cangaceiro, proclamando: “Sou um novo Orson Welles”. O Paribar, o Clubinho dos Artistas, cuja primeira presidente foi Tarsila do Amaral, o Gigetto, onde ficávamos junto a Tônia Carrero, Nydia Licia, Anselmo Duarte e outros superstars, o Sirocco, da russa Branca, com sua sopa gratuita aos boêmios.

Depois, a Galeria Metrópole, o João Sebastião Bar, onde me sentei na escada com Leila Diniz, o Redondo, o Pirandello, o Riviera, o Frevinho, o Il Sogno di Anarello, o Piu Piu, o Beco, o Ferro’s, o Sujinho e o Soberano – este na Rua do Triunfo, berço e sede dos cineastas da “boca do lixo”. E hoje o La Tartine, o Pasquale, o Balcão, o Martín Fierro. Cada um, um símbolo.

Fiquei feliz ao descobrir o Bubu, criação de Claudio Gouveia. Quer dizer, esses recônditos ainda existem. O cardápio? Descubra na hora. E é certo que Claudio, prosa mansa, virá à sua mesa contar casos, sendo o mais recente o do cliente que, flutuando na utopia, pediu um vinho, safra tal de tal, de alguns mil dólares. “Não tenho, talvez não tenha nunca. Mas... assunto temos muito”, disse Claudio e o cliente sorriu, entendeu. Ficou.

Para o lançamento de Pidgin, poemas da psicanalista Gabriela Cordaro, fui ao Bubu, no Pacaembu. Visão ampla da Praça Charles Miller, espaço, liberdade. Lugar calmo, bom cardápio, preços ao alcance de um ser humano normal. Ali estavam pintores, arquitetos, professores, atores, engenheiros, publicitários e escritores a comer e conversar. Eu, surpreso ao ver as falas se alongarem, as pessoas sem disparar fotos pelo Instagram. Comecei pela torta de siri. A tarde fluía lenta. Então a memória girou como caleidoscópio. Eu tinha 21 anos, recém-chegado de Araraquara. Tímido, desvairado com São Paulo. Fui encarregado de cobrir uma coletiva de Cacilda Becker e Walmor Chagas, recém-chegados da Europa. Um deslumbramento para mim, os dois superastros, um monte de jornalistas, críticos como Décio de Almeida Prado, o top. A certa altura, alguém se despediu de Walmor e este lembrou:

– Nos vemos no Gigetto, à meia-noite.

Praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu Foto: Alex Silva/Estadão

Levei um choque. Marcar encontro à meia-noite, no celebrado Gigetto? Em Araraquara, tudo fechava às 22 horas, no máximo às 23. Esta era a minha São Paulo porra-louca, o mundo, a fama, o futuro, brilho, a aventura. Então, em jorro, me vieram bares e restaurantes e bibocas, que em cada época foram referenciais. O Nick Bar, anos 1940, frequentado pela turma do TBC e da Vera Cruz. Meu sonho era fazer cinema. E o bar do Museu de Arte Moderna, onde entrevistei Lima Barreto, embalado pelo sucesso de O Cangaceiro, proclamando: “Sou um novo Orson Welles”. O Paribar, o Clubinho dos Artistas, cuja primeira presidente foi Tarsila do Amaral, o Gigetto, onde ficávamos junto a Tônia Carrero, Nydia Licia, Anselmo Duarte e outros superstars, o Sirocco, da russa Branca, com sua sopa gratuita aos boêmios.

Depois, a Galeria Metrópole, o João Sebastião Bar, onde me sentei na escada com Leila Diniz, o Redondo, o Pirandello, o Riviera, o Frevinho, o Il Sogno di Anarello, o Piu Piu, o Beco, o Ferro’s, o Sujinho e o Soberano – este na Rua do Triunfo, berço e sede dos cineastas da “boca do lixo”. E hoje o La Tartine, o Pasquale, o Balcão, o Martín Fierro. Cada um, um símbolo.

Fiquei feliz ao descobrir o Bubu, criação de Claudio Gouveia. Quer dizer, esses recônditos ainda existem. O cardápio? Descubra na hora. E é certo que Claudio, prosa mansa, virá à sua mesa contar casos, sendo o mais recente o do cliente que, flutuando na utopia, pediu um vinho, safra tal de tal, de alguns mil dólares. “Não tenho, talvez não tenha nunca. Mas... assunto temos muito”, disse Claudio e o cliente sorriu, entendeu. Ficou.

Para o lançamento de Pidgin, poemas da psicanalista Gabriela Cordaro, fui ao Bubu, no Pacaembu. Visão ampla da Praça Charles Miller, espaço, liberdade. Lugar calmo, bom cardápio, preços ao alcance de um ser humano normal. Ali estavam pintores, arquitetos, professores, atores, engenheiros, publicitários e escritores a comer e conversar. Eu, surpreso ao ver as falas se alongarem, as pessoas sem disparar fotos pelo Instagram. Comecei pela torta de siri. A tarde fluía lenta. Então a memória girou como caleidoscópio. Eu tinha 21 anos, recém-chegado de Araraquara. Tímido, desvairado com São Paulo. Fui encarregado de cobrir uma coletiva de Cacilda Becker e Walmor Chagas, recém-chegados da Europa. Um deslumbramento para mim, os dois superastros, um monte de jornalistas, críticos como Décio de Almeida Prado, o top. A certa altura, alguém se despediu de Walmor e este lembrou:

– Nos vemos no Gigetto, à meia-noite.

Praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu Foto: Alex Silva/Estadão

Levei um choque. Marcar encontro à meia-noite, no celebrado Gigetto? Em Araraquara, tudo fechava às 22 horas, no máximo às 23. Esta era a minha São Paulo porra-louca, o mundo, a fama, o futuro, brilho, a aventura. Então, em jorro, me vieram bares e restaurantes e bibocas, que em cada época foram referenciais. O Nick Bar, anos 1940, frequentado pela turma do TBC e da Vera Cruz. Meu sonho era fazer cinema. E o bar do Museu de Arte Moderna, onde entrevistei Lima Barreto, embalado pelo sucesso de O Cangaceiro, proclamando: “Sou um novo Orson Welles”. O Paribar, o Clubinho dos Artistas, cuja primeira presidente foi Tarsila do Amaral, o Gigetto, onde ficávamos junto a Tônia Carrero, Nydia Licia, Anselmo Duarte e outros superstars, o Sirocco, da russa Branca, com sua sopa gratuita aos boêmios.

Depois, a Galeria Metrópole, o João Sebastião Bar, onde me sentei na escada com Leila Diniz, o Redondo, o Pirandello, o Riviera, o Frevinho, o Il Sogno di Anarello, o Piu Piu, o Beco, o Ferro’s, o Sujinho e o Soberano – este na Rua do Triunfo, berço e sede dos cineastas da “boca do lixo”. E hoje o La Tartine, o Pasquale, o Balcão, o Martín Fierro. Cada um, um símbolo.

Fiquei feliz ao descobrir o Bubu, criação de Claudio Gouveia. Quer dizer, esses recônditos ainda existem. O cardápio? Descubra na hora. E é certo que Claudio, prosa mansa, virá à sua mesa contar casos, sendo o mais recente o do cliente que, flutuando na utopia, pediu um vinho, safra tal de tal, de alguns mil dólares. “Não tenho, talvez não tenha nunca. Mas... assunto temos muito”, disse Claudio e o cliente sorriu, entendeu. Ficou.

Para o lançamento de Pidgin, poemas da psicanalista Gabriela Cordaro, fui ao Bubu, no Pacaembu. Visão ampla da Praça Charles Miller, espaço, liberdade. Lugar calmo, bom cardápio, preços ao alcance de um ser humano normal. Ali estavam pintores, arquitetos, professores, atores, engenheiros, publicitários e escritores a comer e conversar. Eu, surpreso ao ver as falas se alongarem, as pessoas sem disparar fotos pelo Instagram. Comecei pela torta de siri. A tarde fluía lenta. Então a memória girou como caleidoscópio. Eu tinha 21 anos, recém-chegado de Araraquara. Tímido, desvairado com São Paulo. Fui encarregado de cobrir uma coletiva de Cacilda Becker e Walmor Chagas, recém-chegados da Europa. Um deslumbramento para mim, os dois superastros, um monte de jornalistas, críticos como Décio de Almeida Prado, o top. A certa altura, alguém se despediu de Walmor e este lembrou:

– Nos vemos no Gigetto, à meia-noite.

Praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu Foto: Alex Silva/Estadão

Levei um choque. Marcar encontro à meia-noite, no celebrado Gigetto? Em Araraquara, tudo fechava às 22 horas, no máximo às 23. Esta era a minha São Paulo porra-louca, o mundo, a fama, o futuro, brilho, a aventura. Então, em jorro, me vieram bares e restaurantes e bibocas, que em cada época foram referenciais. O Nick Bar, anos 1940, frequentado pela turma do TBC e da Vera Cruz. Meu sonho era fazer cinema. E o bar do Museu de Arte Moderna, onde entrevistei Lima Barreto, embalado pelo sucesso de O Cangaceiro, proclamando: “Sou um novo Orson Welles”. O Paribar, o Clubinho dos Artistas, cuja primeira presidente foi Tarsila do Amaral, o Gigetto, onde ficávamos junto a Tônia Carrero, Nydia Licia, Anselmo Duarte e outros superstars, o Sirocco, da russa Branca, com sua sopa gratuita aos boêmios.

Depois, a Galeria Metrópole, o João Sebastião Bar, onde me sentei na escada com Leila Diniz, o Redondo, o Pirandello, o Riviera, o Frevinho, o Il Sogno di Anarello, o Piu Piu, o Beco, o Ferro’s, o Sujinho e o Soberano – este na Rua do Triunfo, berço e sede dos cineastas da “boca do lixo”. E hoje o La Tartine, o Pasquale, o Balcão, o Martín Fierro. Cada um, um símbolo.

Fiquei feliz ao descobrir o Bubu, criação de Claudio Gouveia. Quer dizer, esses recônditos ainda existem. O cardápio? Descubra na hora. E é certo que Claudio, prosa mansa, virá à sua mesa contar casos, sendo o mais recente o do cliente que, flutuando na utopia, pediu um vinho, safra tal de tal, de alguns mil dólares. “Não tenho, talvez não tenha nunca. Mas... assunto temos muito”, disse Claudio e o cliente sorriu, entendeu. Ficou.

Opinião por Ignácio de Loyola Brandão

É escritor, membro da Academia Brasileira de Letras e autor de 'Zero' e 'Não Verás País Nenhum'

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