Música clássica... E um pouco de tudo

Opinião|Festival de Inverno de Campos do Jordão - Destaques


Por João Luiz Sampaio

Bom, como eu havia prometido, estava faltando comentar a programação do 40º Festival de Inverno de Campos do Jordão, anunciada na semana passada. Gostei bastante dos artistas convidados e do repertório que será apresentado. Mas faço algumas ressalvas. Por exemplo, não entendo a ausência quase absoluta da música vocal no festival - os dois homenageados, a França e Villa-Lobos, tem obras primorosas nesse sentido - e também não encontrei, na parte pedagógica do evento, nenhuma referência à classe de canto. Outra ressalva é a presença de Villa-Lobos, homenageado por conta dos 50 anos de morte. Dele, teremos música de câmara (sendo apenas um dos quartetos), duas vezes a "Bachiana 9", a "Bachiana 2", a "Bachiana 7", "Gênesis" e o "Concerto para Violão". Fiquei animado em especial com o concerto, que terá solos de Fábio Zanon. Mas, onde estão as sinfonias, há tanto tempo não ouvidas por aqui? Floresta do Amazonas? Suas canções, que tanto dialogam com o cancioneiro francês, por sinal? Enfim, são apenas alguns comentários antes que eu me dedique a destacar aqui aqueles que para mim são os principais destaques da programação.

Abertura: a primeira noite é da Osesp, que vai interpretar Bizet, Canteloube e Delibes, além de zarzuela de Giménez, "La Tempranica". Destaque para a soprano Maria Bayo. A regência é de Victor Pablo Pérez.

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Orquestra Juvenil 2 de Julho: o pianista Ricardo Castro tem desenvolvido um trabalho de formação de jovens em Salvador cujo resultado mais evidente é essa orquestra, que toca sob a regência dele um repertório com Wagner, Tchaikovski, Bizet, Revueltas, Ginastera e Lorenzo Fernandes (dia 6). Como pianista, no dia 7, ele sola no Concerto nº 4 de Beethoven com a Orquestra Experimental de Repertório e o maestro Jamil Maluf.

Orquestras: é um ano de novidades. Ligia Amadio apresenta o trabalho que vem desenvolvendo com a Sinfônica de Campinas, de quem é diretora desde o início do ano. O mesmo vale para Claudio Cruz e sua Sinfônica de Ribeirão Preto. Outro concerto esperado é o da Filarmônica de Minas Gerais - criado há dois anos, o conjunto tem feito óperas e concertos interessantes em Belo Horizonte sob a regência de Fábio Mechetti, que acaba de ganhar o Prêmio Carlos Gomes e é um dos maestros cotados para assumir a Osesp em 2011 (o solista será o violinista Shlomo Mintz). A Sinfônica de Santo André também chega a Campos com diretor novo, o maestro Carlos Moreno, ex-Osusp. No mais, velhos convidados - a Sinfônica de Santos, com Guga Petri; a Sinfônica Municipal, com Rodrigo de Carvalho; e a Sinfônica Brasileira, que toca Haydn com Antonio Meneses, além de Roussel, sob regência de Roberto Minczuk. Ah, ia esquecendo da Banda Sinfônica - um pouco de voz com concerto em que a meio-soprano Celine Imbert canta Martini e Fauré.

Recitais: de cara, três imperdíveis - Nelson Freire (Debussy e Villa-Lobos), Cristina Ortiz (Villa-Lobos) e Fabio Zanon, com um programa sensacional, que tem obras de Villa, Gilberto Mendes, Mignone, Roussel, Poulenc e Ibert, entre outros. E, por fim, o cellista Dimos Goudarolis, que faz recitais com as suítes de Bach, que ele acaba de gravar em disco primoroso.

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Compositores: o compositor-residente deste ano é Stefano Gervasoni. O cara é importante, mas pouco conhecido por aqui, daí a pergunta: não seria interessante ter mais obras dele programadas? Gilberto Mendes também dá o ar da graça em conversa com os músicos, iniciativa interessante.

Música de câmara: estou ansioso para rever o Quarteto Ysaye, assim como os recitais com os professores do Conservatório de Paris. Antecipação também com relação ao Grupo Contemporâneo de Câmara do Festival, que vai tocar Gervasoni e uma obra inédita de Gilberto Mendes. Aqui, também, um pouquinho de voz, com Trois Poèmes de Mallarmé, de Maurice Ravel. No mais, deve-se ficar atento aos recitais de alunos e professores - tem gente de peso na lista!

A programação completa está no site do festival.

Bom, como eu havia prometido, estava faltando comentar a programação do 40º Festival de Inverno de Campos do Jordão, anunciada na semana passada. Gostei bastante dos artistas convidados e do repertório que será apresentado. Mas faço algumas ressalvas. Por exemplo, não entendo a ausência quase absoluta da música vocal no festival - os dois homenageados, a França e Villa-Lobos, tem obras primorosas nesse sentido - e também não encontrei, na parte pedagógica do evento, nenhuma referência à classe de canto. Outra ressalva é a presença de Villa-Lobos, homenageado por conta dos 50 anos de morte. Dele, teremos música de câmara (sendo apenas um dos quartetos), duas vezes a "Bachiana 9", a "Bachiana 2", a "Bachiana 7", "Gênesis" e o "Concerto para Violão". Fiquei animado em especial com o concerto, que terá solos de Fábio Zanon. Mas, onde estão as sinfonias, há tanto tempo não ouvidas por aqui? Floresta do Amazonas? Suas canções, que tanto dialogam com o cancioneiro francês, por sinal? Enfim, são apenas alguns comentários antes que eu me dedique a destacar aqui aqueles que para mim são os principais destaques da programação.

Abertura: a primeira noite é da Osesp, que vai interpretar Bizet, Canteloube e Delibes, além de zarzuela de Giménez, "La Tempranica". Destaque para a soprano Maria Bayo. A regência é de Victor Pablo Pérez.

Orquestra Juvenil 2 de Julho: o pianista Ricardo Castro tem desenvolvido um trabalho de formação de jovens em Salvador cujo resultado mais evidente é essa orquestra, que toca sob a regência dele um repertório com Wagner, Tchaikovski, Bizet, Revueltas, Ginastera e Lorenzo Fernandes (dia 6). Como pianista, no dia 7, ele sola no Concerto nº 4 de Beethoven com a Orquestra Experimental de Repertório e o maestro Jamil Maluf.

Orquestras: é um ano de novidades. Ligia Amadio apresenta o trabalho que vem desenvolvendo com a Sinfônica de Campinas, de quem é diretora desde o início do ano. O mesmo vale para Claudio Cruz e sua Sinfônica de Ribeirão Preto. Outro concerto esperado é o da Filarmônica de Minas Gerais - criado há dois anos, o conjunto tem feito óperas e concertos interessantes em Belo Horizonte sob a regência de Fábio Mechetti, que acaba de ganhar o Prêmio Carlos Gomes e é um dos maestros cotados para assumir a Osesp em 2011 (o solista será o violinista Shlomo Mintz). A Sinfônica de Santo André também chega a Campos com diretor novo, o maestro Carlos Moreno, ex-Osusp. No mais, velhos convidados - a Sinfônica de Santos, com Guga Petri; a Sinfônica Municipal, com Rodrigo de Carvalho; e a Sinfônica Brasileira, que toca Haydn com Antonio Meneses, além de Roussel, sob regência de Roberto Minczuk. Ah, ia esquecendo da Banda Sinfônica - um pouco de voz com concerto em que a meio-soprano Celine Imbert canta Martini e Fauré.

Recitais: de cara, três imperdíveis - Nelson Freire (Debussy e Villa-Lobos), Cristina Ortiz (Villa-Lobos) e Fabio Zanon, com um programa sensacional, que tem obras de Villa, Gilberto Mendes, Mignone, Roussel, Poulenc e Ibert, entre outros. E, por fim, o cellista Dimos Goudarolis, que faz recitais com as suítes de Bach, que ele acaba de gravar em disco primoroso.

Compositores: o compositor-residente deste ano é Stefano Gervasoni. O cara é importante, mas pouco conhecido por aqui, daí a pergunta: não seria interessante ter mais obras dele programadas? Gilberto Mendes também dá o ar da graça em conversa com os músicos, iniciativa interessante.

Música de câmara: estou ansioso para rever o Quarteto Ysaye, assim como os recitais com os professores do Conservatório de Paris. Antecipação também com relação ao Grupo Contemporâneo de Câmara do Festival, que vai tocar Gervasoni e uma obra inédita de Gilberto Mendes. Aqui, também, um pouquinho de voz, com Trois Poèmes de Mallarmé, de Maurice Ravel. No mais, deve-se ficar atento aos recitais de alunos e professores - tem gente de peso na lista!

A programação completa está no site do festival.

Bom, como eu havia prometido, estava faltando comentar a programação do 40º Festival de Inverno de Campos do Jordão, anunciada na semana passada. Gostei bastante dos artistas convidados e do repertório que será apresentado. Mas faço algumas ressalvas. Por exemplo, não entendo a ausência quase absoluta da música vocal no festival - os dois homenageados, a França e Villa-Lobos, tem obras primorosas nesse sentido - e também não encontrei, na parte pedagógica do evento, nenhuma referência à classe de canto. Outra ressalva é a presença de Villa-Lobos, homenageado por conta dos 50 anos de morte. Dele, teremos música de câmara (sendo apenas um dos quartetos), duas vezes a "Bachiana 9", a "Bachiana 2", a "Bachiana 7", "Gênesis" e o "Concerto para Violão". Fiquei animado em especial com o concerto, que terá solos de Fábio Zanon. Mas, onde estão as sinfonias, há tanto tempo não ouvidas por aqui? Floresta do Amazonas? Suas canções, que tanto dialogam com o cancioneiro francês, por sinal? Enfim, são apenas alguns comentários antes que eu me dedique a destacar aqui aqueles que para mim são os principais destaques da programação.

Abertura: a primeira noite é da Osesp, que vai interpretar Bizet, Canteloube e Delibes, além de zarzuela de Giménez, "La Tempranica". Destaque para a soprano Maria Bayo. A regência é de Victor Pablo Pérez.

Orquestra Juvenil 2 de Julho: o pianista Ricardo Castro tem desenvolvido um trabalho de formação de jovens em Salvador cujo resultado mais evidente é essa orquestra, que toca sob a regência dele um repertório com Wagner, Tchaikovski, Bizet, Revueltas, Ginastera e Lorenzo Fernandes (dia 6). Como pianista, no dia 7, ele sola no Concerto nº 4 de Beethoven com a Orquestra Experimental de Repertório e o maestro Jamil Maluf.

Orquestras: é um ano de novidades. Ligia Amadio apresenta o trabalho que vem desenvolvendo com a Sinfônica de Campinas, de quem é diretora desde o início do ano. O mesmo vale para Claudio Cruz e sua Sinfônica de Ribeirão Preto. Outro concerto esperado é o da Filarmônica de Minas Gerais - criado há dois anos, o conjunto tem feito óperas e concertos interessantes em Belo Horizonte sob a regência de Fábio Mechetti, que acaba de ganhar o Prêmio Carlos Gomes e é um dos maestros cotados para assumir a Osesp em 2011 (o solista será o violinista Shlomo Mintz). A Sinfônica de Santo André também chega a Campos com diretor novo, o maestro Carlos Moreno, ex-Osusp. No mais, velhos convidados - a Sinfônica de Santos, com Guga Petri; a Sinfônica Municipal, com Rodrigo de Carvalho; e a Sinfônica Brasileira, que toca Haydn com Antonio Meneses, além de Roussel, sob regência de Roberto Minczuk. Ah, ia esquecendo da Banda Sinfônica - um pouco de voz com concerto em que a meio-soprano Celine Imbert canta Martini e Fauré.

Recitais: de cara, três imperdíveis - Nelson Freire (Debussy e Villa-Lobos), Cristina Ortiz (Villa-Lobos) e Fabio Zanon, com um programa sensacional, que tem obras de Villa, Gilberto Mendes, Mignone, Roussel, Poulenc e Ibert, entre outros. E, por fim, o cellista Dimos Goudarolis, que faz recitais com as suítes de Bach, que ele acaba de gravar em disco primoroso.

Compositores: o compositor-residente deste ano é Stefano Gervasoni. O cara é importante, mas pouco conhecido por aqui, daí a pergunta: não seria interessante ter mais obras dele programadas? Gilberto Mendes também dá o ar da graça em conversa com os músicos, iniciativa interessante.

Música de câmara: estou ansioso para rever o Quarteto Ysaye, assim como os recitais com os professores do Conservatório de Paris. Antecipação também com relação ao Grupo Contemporâneo de Câmara do Festival, que vai tocar Gervasoni e uma obra inédita de Gilberto Mendes. Aqui, também, um pouquinho de voz, com Trois Poèmes de Mallarmé, de Maurice Ravel. No mais, deve-se ficar atento aos recitais de alunos e professores - tem gente de peso na lista!

A programação completa está no site do festival.

Opinião por João Luiz Sampaio

É editor do Estadão, crítico musical e autor de 'Ópera à Brasileira', 'Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção' e 'Guiomar Novas do Brasil', entre outros livros

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