Palco, plateia e coxia

Caverna.club: Artaud de toda uma vida


Um artista 3D, multifacetado e atemporal quando o surrealismo ainda podia dar conta das narrativas daqueles anos 1920

Por João Wady Cury

Finalmente o espírito de Antonin Artaud (1896-1948) rompe as barreiras da banalidade e resvala, ainda que suavemente, em uma Bienal de São Paulo. Não que vá se tornar popular, longe dele tal descalabro, o que é uma pena. Mas ao mesmo tempo suas palavras e seus desenhos jogados ao vento lançam fagulhas que podem fazer com que seu corpo de homem-tocha volte a iluminar o futuro da arte neste presente. Poucos artistas tiveram como ele todas as possibilidades. Um artista 3D, multifacetado e atemporal quando o surrealismo ainda podia dar conta das narrativas daqueles anos 1920. E ainda depois, quando a corrente deixa de ser o must do verão, Artaud ganha vida própria, transtorna o mundo das artes com sua presença e o seu Teatro da Crueldade. De lambuja o mundo dá em troca sessões de choques elétricos e sopapos.

O poeta, dramaturgo e diretorAntonin Artaud Foto: Agence de Presse Meurisse/Wikimedia Commons

Artaud arrasta o seu pesa-nervos e faz pendant imaginário com o escritor e ensaísta martinicano Edouard Glissant nesta Bienal, a partir do olhar da curadora Ana Kiffer, em Corte/Relação em Antonin Artaud e Édouard Glissant (bienal.org.br/post/8916). Poderia mais, claro, extrapolar o papel e se transmutar em uma instalação poética do seu amor tridimensional pela atriz franco-romena Génica Athanasiou, iniciado há 100 anos em um outono europeu como este que se aproxima. Ela foi Antígona, na peça de Sófocles, ele, o profeta cego Tirésias, na direção de Jean Cocteau em 1922. O figurino usado por Génica era obra da doce e meiga Gabrielle Chanel, com fotos de Man Ray (bit.ly/3hCyR4P). Nem precisaria de tantas grifes: Artaud, corpo e alma, já estava tomado pela atriz e seus olhos ciganos. Ao mundo legou as cartas dedicadas a Génica, Cartas de Artaud a Genica Athanasiou (bit.ly/2XqfuFj), aqui na versão em espanhol. Algo que poderia ser chamado de casamento, teve a duração de cinco anos, mas era um amor da vida inteira. Não à toa consagrou à musa roteiro e direção de arte do filme A Concha e o Clérigo (La Coquille et le Clergyman), dirigido pela cineasta e feminista francesa Germaine Dulac (1882-1942) em 1927. O filme está na íntegra na rede (youtu.be/fySC8iJravI).  Antoine-Marie-Joseph Artaud, para os íntimos Nanaqui, incluída aí Anaïs Nin, agonizou em vida uma morte anunciada, violência à base de choques elétricos e láudano em mais de uma década como interno de hospitais psiquiátricos. Até hoje é estudado pela sua algoz, a psiquiatria, e também literatura, teatro, filosofia. Sua obra está aí, renovando as artes e as vidas, mas antes de tudo injetando no teatro uma loucura invisível que move atrizes e atores, move de José Celso Martinez Corrêa a Eugenio Barba, de Bob Wilson a Peter Brook. Ainda que não saibam.  Para os incautos, A Paixão de Joana d’Arc, dirigido por Carl Theodor Dreyer (vimeo.com/169369684), com Artaud e seus olhos doces e meigos.   É JORNALISTA E ESCRITOR, AUTOR DO INFANTIL ‘ZIIIM’ E DE ‘ENQUANTO ELES CHORAM, EU VENDO LENÇOS

Finalmente o espírito de Antonin Artaud (1896-1948) rompe as barreiras da banalidade e resvala, ainda que suavemente, em uma Bienal de São Paulo. Não que vá se tornar popular, longe dele tal descalabro, o que é uma pena. Mas ao mesmo tempo suas palavras e seus desenhos jogados ao vento lançam fagulhas que podem fazer com que seu corpo de homem-tocha volte a iluminar o futuro da arte neste presente. Poucos artistas tiveram como ele todas as possibilidades. Um artista 3D, multifacetado e atemporal quando o surrealismo ainda podia dar conta das narrativas daqueles anos 1920. E ainda depois, quando a corrente deixa de ser o must do verão, Artaud ganha vida própria, transtorna o mundo das artes com sua presença e o seu Teatro da Crueldade. De lambuja o mundo dá em troca sessões de choques elétricos e sopapos.

O poeta, dramaturgo e diretorAntonin Artaud Foto: Agence de Presse Meurisse/Wikimedia Commons

Artaud arrasta o seu pesa-nervos e faz pendant imaginário com o escritor e ensaísta martinicano Edouard Glissant nesta Bienal, a partir do olhar da curadora Ana Kiffer, em Corte/Relação em Antonin Artaud e Édouard Glissant (bienal.org.br/post/8916). Poderia mais, claro, extrapolar o papel e se transmutar em uma instalação poética do seu amor tridimensional pela atriz franco-romena Génica Athanasiou, iniciado há 100 anos em um outono europeu como este que se aproxima. Ela foi Antígona, na peça de Sófocles, ele, o profeta cego Tirésias, na direção de Jean Cocteau em 1922. O figurino usado por Génica era obra da doce e meiga Gabrielle Chanel, com fotos de Man Ray (bit.ly/3hCyR4P). Nem precisaria de tantas grifes: Artaud, corpo e alma, já estava tomado pela atriz e seus olhos ciganos. Ao mundo legou as cartas dedicadas a Génica, Cartas de Artaud a Genica Athanasiou (bit.ly/2XqfuFj), aqui na versão em espanhol. Algo que poderia ser chamado de casamento, teve a duração de cinco anos, mas era um amor da vida inteira. Não à toa consagrou à musa roteiro e direção de arte do filme A Concha e o Clérigo (La Coquille et le Clergyman), dirigido pela cineasta e feminista francesa Germaine Dulac (1882-1942) em 1927. O filme está na íntegra na rede (youtu.be/fySC8iJravI).  Antoine-Marie-Joseph Artaud, para os íntimos Nanaqui, incluída aí Anaïs Nin, agonizou em vida uma morte anunciada, violência à base de choques elétricos e láudano em mais de uma década como interno de hospitais psiquiátricos. Até hoje é estudado pela sua algoz, a psiquiatria, e também literatura, teatro, filosofia. Sua obra está aí, renovando as artes e as vidas, mas antes de tudo injetando no teatro uma loucura invisível que move atrizes e atores, move de José Celso Martinez Corrêa a Eugenio Barba, de Bob Wilson a Peter Brook. Ainda que não saibam.  Para os incautos, A Paixão de Joana d’Arc, dirigido por Carl Theodor Dreyer (vimeo.com/169369684), com Artaud e seus olhos doces e meigos.   É JORNALISTA E ESCRITOR, AUTOR DO INFANTIL ‘ZIIIM’ E DE ‘ENQUANTO ELES CHORAM, EU VENDO LENÇOS

Finalmente o espírito de Antonin Artaud (1896-1948) rompe as barreiras da banalidade e resvala, ainda que suavemente, em uma Bienal de São Paulo. Não que vá se tornar popular, longe dele tal descalabro, o que é uma pena. Mas ao mesmo tempo suas palavras e seus desenhos jogados ao vento lançam fagulhas que podem fazer com que seu corpo de homem-tocha volte a iluminar o futuro da arte neste presente. Poucos artistas tiveram como ele todas as possibilidades. Um artista 3D, multifacetado e atemporal quando o surrealismo ainda podia dar conta das narrativas daqueles anos 1920. E ainda depois, quando a corrente deixa de ser o must do verão, Artaud ganha vida própria, transtorna o mundo das artes com sua presença e o seu Teatro da Crueldade. De lambuja o mundo dá em troca sessões de choques elétricos e sopapos.

O poeta, dramaturgo e diretorAntonin Artaud Foto: Agence de Presse Meurisse/Wikimedia Commons

Artaud arrasta o seu pesa-nervos e faz pendant imaginário com o escritor e ensaísta martinicano Edouard Glissant nesta Bienal, a partir do olhar da curadora Ana Kiffer, em Corte/Relação em Antonin Artaud e Édouard Glissant (bienal.org.br/post/8916). Poderia mais, claro, extrapolar o papel e se transmutar em uma instalação poética do seu amor tridimensional pela atriz franco-romena Génica Athanasiou, iniciado há 100 anos em um outono europeu como este que se aproxima. Ela foi Antígona, na peça de Sófocles, ele, o profeta cego Tirésias, na direção de Jean Cocteau em 1922. O figurino usado por Génica era obra da doce e meiga Gabrielle Chanel, com fotos de Man Ray (bit.ly/3hCyR4P). Nem precisaria de tantas grifes: Artaud, corpo e alma, já estava tomado pela atriz e seus olhos ciganos. Ao mundo legou as cartas dedicadas a Génica, Cartas de Artaud a Genica Athanasiou (bit.ly/2XqfuFj), aqui na versão em espanhol. Algo que poderia ser chamado de casamento, teve a duração de cinco anos, mas era um amor da vida inteira. Não à toa consagrou à musa roteiro e direção de arte do filme A Concha e o Clérigo (La Coquille et le Clergyman), dirigido pela cineasta e feminista francesa Germaine Dulac (1882-1942) em 1927. O filme está na íntegra na rede (youtu.be/fySC8iJravI).  Antoine-Marie-Joseph Artaud, para os íntimos Nanaqui, incluída aí Anaïs Nin, agonizou em vida uma morte anunciada, violência à base de choques elétricos e láudano em mais de uma década como interno de hospitais psiquiátricos. Até hoje é estudado pela sua algoz, a psiquiatria, e também literatura, teatro, filosofia. Sua obra está aí, renovando as artes e as vidas, mas antes de tudo injetando no teatro uma loucura invisível que move atrizes e atores, move de José Celso Martinez Corrêa a Eugenio Barba, de Bob Wilson a Peter Brook. Ainda que não saibam.  Para os incautos, A Paixão de Joana d’Arc, dirigido por Carl Theodor Dreyer (vimeo.com/169369684), com Artaud e seus olhos doces e meigos.   É JORNALISTA E ESCRITOR, AUTOR DO INFANTIL ‘ZIIIM’ E DE ‘ENQUANTO ELES CHORAM, EU VENDO LENÇOS

Finalmente o espírito de Antonin Artaud (1896-1948) rompe as barreiras da banalidade e resvala, ainda que suavemente, em uma Bienal de São Paulo. Não que vá se tornar popular, longe dele tal descalabro, o que é uma pena. Mas ao mesmo tempo suas palavras e seus desenhos jogados ao vento lançam fagulhas que podem fazer com que seu corpo de homem-tocha volte a iluminar o futuro da arte neste presente. Poucos artistas tiveram como ele todas as possibilidades. Um artista 3D, multifacetado e atemporal quando o surrealismo ainda podia dar conta das narrativas daqueles anos 1920. E ainda depois, quando a corrente deixa de ser o must do verão, Artaud ganha vida própria, transtorna o mundo das artes com sua presença e o seu Teatro da Crueldade. De lambuja o mundo dá em troca sessões de choques elétricos e sopapos.

O poeta, dramaturgo e diretorAntonin Artaud Foto: Agence de Presse Meurisse/Wikimedia Commons

Artaud arrasta o seu pesa-nervos e faz pendant imaginário com o escritor e ensaísta martinicano Edouard Glissant nesta Bienal, a partir do olhar da curadora Ana Kiffer, em Corte/Relação em Antonin Artaud e Édouard Glissant (bienal.org.br/post/8916). Poderia mais, claro, extrapolar o papel e se transmutar em uma instalação poética do seu amor tridimensional pela atriz franco-romena Génica Athanasiou, iniciado há 100 anos em um outono europeu como este que se aproxima. Ela foi Antígona, na peça de Sófocles, ele, o profeta cego Tirésias, na direção de Jean Cocteau em 1922. O figurino usado por Génica era obra da doce e meiga Gabrielle Chanel, com fotos de Man Ray (bit.ly/3hCyR4P). Nem precisaria de tantas grifes: Artaud, corpo e alma, já estava tomado pela atriz e seus olhos ciganos. Ao mundo legou as cartas dedicadas a Génica, Cartas de Artaud a Genica Athanasiou (bit.ly/2XqfuFj), aqui na versão em espanhol. Algo que poderia ser chamado de casamento, teve a duração de cinco anos, mas era um amor da vida inteira. Não à toa consagrou à musa roteiro e direção de arte do filme A Concha e o Clérigo (La Coquille et le Clergyman), dirigido pela cineasta e feminista francesa Germaine Dulac (1882-1942) em 1927. O filme está na íntegra na rede (youtu.be/fySC8iJravI).  Antoine-Marie-Joseph Artaud, para os íntimos Nanaqui, incluída aí Anaïs Nin, agonizou em vida uma morte anunciada, violência à base de choques elétricos e láudano em mais de uma década como interno de hospitais psiquiátricos. Até hoje é estudado pela sua algoz, a psiquiatria, e também literatura, teatro, filosofia. Sua obra está aí, renovando as artes e as vidas, mas antes de tudo injetando no teatro uma loucura invisível que move atrizes e atores, move de José Celso Martinez Corrêa a Eugenio Barba, de Bob Wilson a Peter Brook. Ainda que não saibam.  Para os incautos, A Paixão de Joana d’Arc, dirigido por Carl Theodor Dreyer (vimeo.com/169369684), com Artaud e seus olhos doces e meigos.   É JORNALISTA E ESCRITOR, AUTOR DO INFANTIL ‘ZIIIM’ E DE ‘ENQUANTO ELES CHORAM, EU VENDO LENÇOS

Finalmente o espírito de Antonin Artaud (1896-1948) rompe as barreiras da banalidade e resvala, ainda que suavemente, em uma Bienal de São Paulo. Não que vá se tornar popular, longe dele tal descalabro, o que é uma pena. Mas ao mesmo tempo suas palavras e seus desenhos jogados ao vento lançam fagulhas que podem fazer com que seu corpo de homem-tocha volte a iluminar o futuro da arte neste presente. Poucos artistas tiveram como ele todas as possibilidades. Um artista 3D, multifacetado e atemporal quando o surrealismo ainda podia dar conta das narrativas daqueles anos 1920. E ainda depois, quando a corrente deixa de ser o must do verão, Artaud ganha vida própria, transtorna o mundo das artes com sua presença e o seu Teatro da Crueldade. De lambuja o mundo dá em troca sessões de choques elétricos e sopapos.

O poeta, dramaturgo e diretorAntonin Artaud Foto: Agence de Presse Meurisse/Wikimedia Commons

Artaud arrasta o seu pesa-nervos e faz pendant imaginário com o escritor e ensaísta martinicano Edouard Glissant nesta Bienal, a partir do olhar da curadora Ana Kiffer, em Corte/Relação em Antonin Artaud e Édouard Glissant (bienal.org.br/post/8916). Poderia mais, claro, extrapolar o papel e se transmutar em uma instalação poética do seu amor tridimensional pela atriz franco-romena Génica Athanasiou, iniciado há 100 anos em um outono europeu como este que se aproxima. Ela foi Antígona, na peça de Sófocles, ele, o profeta cego Tirésias, na direção de Jean Cocteau em 1922. O figurino usado por Génica era obra da doce e meiga Gabrielle Chanel, com fotos de Man Ray (bit.ly/3hCyR4P). Nem precisaria de tantas grifes: Artaud, corpo e alma, já estava tomado pela atriz e seus olhos ciganos. Ao mundo legou as cartas dedicadas a Génica, Cartas de Artaud a Genica Athanasiou (bit.ly/2XqfuFj), aqui na versão em espanhol. Algo que poderia ser chamado de casamento, teve a duração de cinco anos, mas era um amor da vida inteira. Não à toa consagrou à musa roteiro e direção de arte do filme A Concha e o Clérigo (La Coquille et le Clergyman), dirigido pela cineasta e feminista francesa Germaine Dulac (1882-1942) em 1927. O filme está na íntegra na rede (youtu.be/fySC8iJravI).  Antoine-Marie-Joseph Artaud, para os íntimos Nanaqui, incluída aí Anaïs Nin, agonizou em vida uma morte anunciada, violência à base de choques elétricos e láudano em mais de uma década como interno de hospitais psiquiátricos. Até hoje é estudado pela sua algoz, a psiquiatria, e também literatura, teatro, filosofia. Sua obra está aí, renovando as artes e as vidas, mas antes de tudo injetando no teatro uma loucura invisível que move atrizes e atores, move de José Celso Martinez Corrêa a Eugenio Barba, de Bob Wilson a Peter Brook. Ainda que não saibam.  Para os incautos, A Paixão de Joana d’Arc, dirigido por Carl Theodor Dreyer (vimeo.com/169369684), com Artaud e seus olhos doces e meigos.   É JORNALISTA E ESCRITOR, AUTOR DO INFANTIL ‘ZIIIM’ E DE ‘ENQUANTO ELES CHORAM, EU VENDO LENÇOS

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