Leia alguns poemas que circulam pela web


Carentes de editoras convencionais, os poetas encontram seu espaço na internet

Por Redação

Conheça alguns dos poetas e seus poemas que circulam pela internet.

 

Poemas de Virna Teixeira

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No blog Papel de Rascunho

http://papelderascunho.net/

 

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Visita

 

Criado-mudo:

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Bíblia e

rosário de contas.

Na cama, ao lado

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a nudez

sem nome.

 

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(sem título)

 

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Vagueia pela penumbra. Porta giratória e passos de salto agulha. Vem tombando contra as cadeiras. No café seus gestos, bruscos. Se repetem,

repetem. Não é você, são apenas cortes. No córtex

frontal, que continuamente

seccionam lembranças

(sem título)

a ponte,

cortada

e o vácuo

- entre os passos

no limiar da felicidade

o coração hesita

nem tudo está traçado

enquanto se avança

evanesce

hematoma,

ruína

era uma vez o passado

seu espectro

o terror

 

 

Poemas de Adriana Zapparoli

Publicados no blog zenite

http://zeniteblog.zip.net/

 

sobres salto

 

se ando pela rua ao seu lado

na calçada, na grama,

no estacionamento, sobre o calado

do silêncio.

se olho, e nada mais vejo do alto,

por tudo que penso

do solado do sapato,

e ainda não digo...

por tudo, quando tenho dores no fundo

do cerebelo, no centro

da orbicular do olho

esquerdo, amargo, fugidio

entre salto

 

rítmo de iguana

 

eram tantos conhecimentos sobre o lado sombrio.

nos vemos no estigma, no limo, do lado de dentro

de um aquário físico e arrogante.

áureo tempo, em que uma larva sem brio, em água

oculta, que responde às eras, às curvas consagradas,

como antes em rítmo de iguana

 

nesse inferno previsível

 

... dos copos que sangram sobre a mesa,

da luta e do espelha espelho,

confundo-me entre quatro paredes,

entre os blocos de vidros, entre as energias adjacentes.

percebo num quadro de vida,

sua energia quase passiva: - retrato o seu tormento...

que se entorna em crises focais.

seus psicoativos orais, suas inexistências,

as quais traduzo quando disfarçada

por meus melodramas...

 

 

Poemas de Claudio Daniel

Postados na Revista Zunai

www.revistazunai.com.br

 

No olho da agulha

 

Tatuar silêncios como formigas.

Afogar os relógios

numa pálpebra.

Vestir o grito com a pele

do escaravelho.

Torcer os músculos da face

em perplexidade.

Cruzar a via absurda

das unhas, desorientado,

obscuro, recurvado

sobre as nádegas.

Saber que toda flor é ridícula,

e mesmo assim cultivar

o minério,

a dor,

a surda epilepsia.

Esquecer o próprio nome,

e sovar a terra

até a exaustão.

(Fosse apenas uma canção de colheita,

você diria amor e outras

palavras fáceis.)

Com o riso estúpido do camelo,

viajar ao olho

da agulha,

labiríntico, insano,

acreditando que toda história é um ácido.

Depois cauterizar a ferida,

aceitar o reflexo,

o simulacro,

lembrar-se

da semente antes do pão.

Tayata gate gate

paragate parasamgate

boddhi soha.

 

 

Filósofos, cogumelos

Rumor de verde-água esse bosque de caninos que desaparece.

Trevos

na boca

- odor

de cogumelos

e lua-de-

mosquitos -.

Estranha senhora fênix viaja em

caligrafia sua

tiara

azul.

Vagares da lua de outono biombo jasmim dragão

no teto

curvo

como atravessar

espelhos.

- Armas e cascos de cavalos

ao longe -.

Filósofos-de-laca conjeturam possíveis amanhãs

 

Leoa, Clavícula

 

Jovem negra pinta de azul-violeta as pontas dos mamilos.

Há jaguares

sob as unhas.

Mímica

de esfinge

nos pulsos.

Núbia voz animal raio-de-pedra golpeia nudez janaína

reflexo de híbrida

orquídea

ou seio-

noite-

flor-

que incandesce.

(Três colares

de relva;

riscos

gravados

na rocha,

sortilégio.)

(Pintura: mascar o carvão leonino da desértica

epiderme,

ruminando

arenoso

até cantar

a clavícula.)

 

Outros poetas

Marcelo Sahea - http://www.sahea.net/

Marcio André - http://www.marcioandre.com/

André Vallias - http://www.andrevallias.com/ e http://www.erratica.com.br/

 

"Of Mere Being", poema de Wallace Stevens, incluído no livro Till I End My Song -- A Gathering of Last Poems, organizado por Harold Bloom (Harper Collins, importado; 379 páginas, R$ 56,73); a tradução utilizada é a de Paulo Henriques Britto e faz parte da antologia Poema , de Wallace Stevens (Companhia das Letras, 208 páginas, R$ 44)

 

OF MERE BEING

The palm at the end of the mind,

Beyond the last thought, rises

In the bronze decor*.

A golf-feathered bird

Sings in the palm, without human meaning,

Without human feeling, a foreign song.

You know then that it is not the reason

That makes us happy or unhappy.

The bird sings. Its feathers shine.

The palm stands on the edge of space.

The wind moves slowly in the branches.

The bird's fire-fangled feathers dangle down.

* Existem versões para este verso em que a última palavra é distance

 

MERAMENTE SER

A palmeira no final da mente,

Além do pensamento último, se eleva

Na brônzea distância,

Um pássaro de penas de ouro

Canta na palmeira, sem sentido humano,

Nem sentimento humano, um canto estrangeiro.

Então compreende-se que não é a razão

Que traz tristeza ou alegria.

O pássaro canta. As penas brilham.

A palmeira paira no limiar do espaço.

O vento roça devagar seus galhos.

As penas de fogo do pássaro pendem frouxas.

Conheça alguns dos poetas e seus poemas que circulam pela internet.

 

Poemas de Virna Teixeira

No blog Papel de Rascunho

http://papelderascunho.net/

 

Visita

 

Criado-mudo:

Bíblia e

rosário de contas.

Na cama, ao lado

a nudez

sem nome.

 

 

(sem título)

 

Vagueia pela penumbra. Porta giratória e passos de salto agulha. Vem tombando contra as cadeiras. No café seus gestos, bruscos. Se repetem,

repetem. Não é você, são apenas cortes. No córtex

frontal, que continuamente

seccionam lembranças

(sem título)

a ponte,

cortada

e o vácuo

- entre os passos

no limiar da felicidade

o coração hesita

nem tudo está traçado

enquanto se avança

evanesce

hematoma,

ruína

era uma vez o passado

seu espectro

o terror

 

 

Poemas de Adriana Zapparoli

Publicados no blog zenite

http://zeniteblog.zip.net/

 

sobres salto

 

se ando pela rua ao seu lado

na calçada, na grama,

no estacionamento, sobre o calado

do silêncio.

se olho, e nada mais vejo do alto,

por tudo que penso

do solado do sapato,

e ainda não digo...

por tudo, quando tenho dores no fundo

do cerebelo, no centro

da orbicular do olho

esquerdo, amargo, fugidio

entre salto

 

rítmo de iguana

 

eram tantos conhecimentos sobre o lado sombrio.

nos vemos no estigma, no limo, do lado de dentro

de um aquário físico e arrogante.

áureo tempo, em que uma larva sem brio, em água

oculta, que responde às eras, às curvas consagradas,

como antes em rítmo de iguana

 

nesse inferno previsível

 

... dos copos que sangram sobre a mesa,

da luta e do espelha espelho,

confundo-me entre quatro paredes,

entre os blocos de vidros, entre as energias adjacentes.

percebo num quadro de vida,

sua energia quase passiva: - retrato o seu tormento...

que se entorna em crises focais.

seus psicoativos orais, suas inexistências,

as quais traduzo quando disfarçada

por meus melodramas...

 

 

Poemas de Claudio Daniel

Postados na Revista Zunai

www.revistazunai.com.br

 

No olho da agulha

 

Tatuar silêncios como formigas.

Afogar os relógios

numa pálpebra.

Vestir o grito com a pele

do escaravelho.

Torcer os músculos da face

em perplexidade.

Cruzar a via absurda

das unhas, desorientado,

obscuro, recurvado

sobre as nádegas.

Saber que toda flor é ridícula,

e mesmo assim cultivar

o minério,

a dor,

a surda epilepsia.

Esquecer o próprio nome,

e sovar a terra

até a exaustão.

(Fosse apenas uma canção de colheita,

você diria amor e outras

palavras fáceis.)

Com o riso estúpido do camelo,

viajar ao olho

da agulha,

labiríntico, insano,

acreditando que toda história é um ácido.

Depois cauterizar a ferida,

aceitar o reflexo,

o simulacro,

lembrar-se

da semente antes do pão.

Tayata gate gate

paragate parasamgate

boddhi soha.

 

 

Filósofos, cogumelos

Rumor de verde-água esse bosque de caninos que desaparece.

Trevos

na boca

- odor

de cogumelos

e lua-de-

mosquitos -.

Estranha senhora fênix viaja em

caligrafia sua

tiara

azul.

Vagares da lua de outono biombo jasmim dragão

no teto

curvo

como atravessar

espelhos.

- Armas e cascos de cavalos

ao longe -.

Filósofos-de-laca conjeturam possíveis amanhãs

 

Leoa, Clavícula

 

Jovem negra pinta de azul-violeta as pontas dos mamilos.

Há jaguares

sob as unhas.

Mímica

de esfinge

nos pulsos.

Núbia voz animal raio-de-pedra golpeia nudez janaína

reflexo de híbrida

orquídea

ou seio-

noite-

flor-

que incandesce.

(Três colares

de relva;

riscos

gravados

na rocha,

sortilégio.)

(Pintura: mascar o carvão leonino da desértica

epiderme,

ruminando

arenoso

até cantar

a clavícula.)

 

Outros poetas

Marcelo Sahea - http://www.sahea.net/

Marcio André - http://www.marcioandre.com/

André Vallias - http://www.andrevallias.com/ e http://www.erratica.com.br/

 

"Of Mere Being", poema de Wallace Stevens, incluído no livro Till I End My Song -- A Gathering of Last Poems, organizado por Harold Bloom (Harper Collins, importado; 379 páginas, R$ 56,73); a tradução utilizada é a de Paulo Henriques Britto e faz parte da antologia Poema , de Wallace Stevens (Companhia das Letras, 208 páginas, R$ 44)

 

OF MERE BEING

The palm at the end of the mind,

Beyond the last thought, rises

In the bronze decor*.

A golf-feathered bird

Sings in the palm, without human meaning,

Without human feeling, a foreign song.

You know then that it is not the reason

That makes us happy or unhappy.

The bird sings. Its feathers shine.

The palm stands on the edge of space.

The wind moves slowly in the branches.

The bird's fire-fangled feathers dangle down.

* Existem versões para este verso em que a última palavra é distance

 

MERAMENTE SER

A palmeira no final da mente,

Além do pensamento último, se eleva

Na brônzea distância,

Um pássaro de penas de ouro

Canta na palmeira, sem sentido humano,

Nem sentimento humano, um canto estrangeiro.

Então compreende-se que não é a razão

Que traz tristeza ou alegria.

O pássaro canta. As penas brilham.

A palmeira paira no limiar do espaço.

O vento roça devagar seus galhos.

As penas de fogo do pássaro pendem frouxas.

Conheça alguns dos poetas e seus poemas que circulam pela internet.

 

Poemas de Virna Teixeira

No blog Papel de Rascunho

http://papelderascunho.net/

 

Visita

 

Criado-mudo:

Bíblia e

rosário de contas.

Na cama, ao lado

a nudez

sem nome.

 

 

(sem título)

 

Vagueia pela penumbra. Porta giratória e passos de salto agulha. Vem tombando contra as cadeiras. No café seus gestos, bruscos. Se repetem,

repetem. Não é você, são apenas cortes. No córtex

frontal, que continuamente

seccionam lembranças

(sem título)

a ponte,

cortada

e o vácuo

- entre os passos

no limiar da felicidade

o coração hesita

nem tudo está traçado

enquanto se avança

evanesce

hematoma,

ruína

era uma vez o passado

seu espectro

o terror

 

 

Poemas de Adriana Zapparoli

Publicados no blog zenite

http://zeniteblog.zip.net/

 

sobres salto

 

se ando pela rua ao seu lado

na calçada, na grama,

no estacionamento, sobre o calado

do silêncio.

se olho, e nada mais vejo do alto,

por tudo que penso

do solado do sapato,

e ainda não digo...

por tudo, quando tenho dores no fundo

do cerebelo, no centro

da orbicular do olho

esquerdo, amargo, fugidio

entre salto

 

rítmo de iguana

 

eram tantos conhecimentos sobre o lado sombrio.

nos vemos no estigma, no limo, do lado de dentro

de um aquário físico e arrogante.

áureo tempo, em que uma larva sem brio, em água

oculta, que responde às eras, às curvas consagradas,

como antes em rítmo de iguana

 

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... dos copos que sangram sobre a mesa,

da luta e do espelha espelho,

confundo-me entre quatro paredes,

entre os blocos de vidros, entre as energias adjacentes.

percebo num quadro de vida,

sua energia quase passiva: - retrato o seu tormento...

que se entorna em crises focais.

seus psicoativos orais, suas inexistências,

as quais traduzo quando disfarçada

por meus melodramas...

 

 

Poemas de Claudio Daniel

Postados na Revista Zunai

www.revistazunai.com.br

 

No olho da agulha

 

Tatuar silêncios como formigas.

Afogar os relógios

numa pálpebra.

Vestir o grito com a pele

do escaravelho.

Torcer os músculos da face

em perplexidade.

Cruzar a via absurda

das unhas, desorientado,

obscuro, recurvado

sobre as nádegas.

Saber que toda flor é ridícula,

e mesmo assim cultivar

o minério,

a dor,

a surda epilepsia.

Esquecer o próprio nome,

e sovar a terra

até a exaustão.

(Fosse apenas uma canção de colheita,

você diria amor e outras

palavras fáceis.)

Com o riso estúpido do camelo,

viajar ao olho

da agulha,

labiríntico, insano,

acreditando que toda história é um ácido.

Depois cauterizar a ferida,

aceitar o reflexo,

o simulacro,

lembrar-se

da semente antes do pão.

Tayata gate gate

paragate parasamgate

boddhi soha.

 

 

Filósofos, cogumelos

Rumor de verde-água esse bosque de caninos que desaparece.

Trevos

na boca

- odor

de cogumelos

e lua-de-

mosquitos -.

Estranha senhora fênix viaja em

caligrafia sua

tiara

azul.

Vagares da lua de outono biombo jasmim dragão

no teto

curvo

como atravessar

espelhos.

- Armas e cascos de cavalos

ao longe -.

Filósofos-de-laca conjeturam possíveis amanhãs

 

Leoa, Clavícula

 

Jovem negra pinta de azul-violeta as pontas dos mamilos.

Há jaguares

sob as unhas.

Mímica

de esfinge

nos pulsos.

Núbia voz animal raio-de-pedra golpeia nudez janaína

reflexo de híbrida

orquídea

ou seio-

noite-

flor-

que incandesce.

(Três colares

de relva;

riscos

gravados

na rocha,

sortilégio.)

(Pintura: mascar o carvão leonino da desértica

epiderme,

ruminando

arenoso

até cantar

a clavícula.)

 

Outros poetas

Marcelo Sahea - http://www.sahea.net/

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"Of Mere Being", poema de Wallace Stevens, incluído no livro Till I End My Song -- A Gathering of Last Poems, organizado por Harold Bloom (Harper Collins, importado; 379 páginas, R$ 56,73); a tradução utilizada é a de Paulo Henriques Britto e faz parte da antologia Poema , de Wallace Stevens (Companhia das Letras, 208 páginas, R$ 44)

 

OF MERE BEING

The palm at the end of the mind,

Beyond the last thought, rises

In the bronze decor*.

A golf-feathered bird

Sings in the palm, without human meaning,

Without human feeling, a foreign song.

You know then that it is not the reason

That makes us happy or unhappy.

The bird sings. Its feathers shine.

The palm stands on the edge of space.

The wind moves slowly in the branches.

The bird's fire-fangled feathers dangle down.

* Existem versões para este verso em que a última palavra é distance

 

MERAMENTE SER

A palmeira no final da mente,

Além do pensamento último, se eleva

Na brônzea distância,

Um pássaro de penas de ouro

Canta na palmeira, sem sentido humano,

Nem sentimento humano, um canto estrangeiro.

Então compreende-se que não é a razão

Que traz tristeza ou alegria.

O pássaro canta. As penas brilham.

A palmeira paira no limiar do espaço.

O vento roça devagar seus galhos.

As penas de fogo do pássaro pendem frouxas.

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