20 livros essenciais de 2021 escolhidos pelos colaboradores do ‘Aliás’


Lista de títulos traz autores nacionais e estrangeiros, lançamentos e clássicos reeditados

Por Redação

Já está quase na hora de fazer os embrulhos para o Natal. Então, a convite do Estadão, a equipe de colaboradores do Aliás, suplemento literário do jornal, comentou suas melhores leituras do ano em matéria de livros recém-lançados. No cardápio, além de estreantes na ficção brasileira, como Natália Timerman, os votantes deram destaque para escribas de países da América Latina, como Juan Rulfo e Selva Almada. Clássicos também marcaram presença, como a reedição de Robinson Crusoé e Os Sabiás da Crônica, obra que marca um período áureo do gênero no país. 

Eclética, a seleção traz romances, antologias e obras de não ficção. Participaram nomes que trabalham com literatura: André Cáceres, jornalista e editor; André Vieira, jornalista; Antonio Gonçalves Filho, editor do Aliás; Bruna Meneguetti, jornalista e escritora; Bruno Pernambuco, filósofo, Caio Sarack, mestre em filosofia pela USP; Dirce Waltrick do Amarante, crítica literária e professora da UFSC; Faustino Rodrigues, crítico literário e doutor em ciências sociais pela UFJF; Giovana Proença, mestranda em teoria literária pela USP; Ieda Lebensztayn, crítica literária; Laura Pilan, mestranda em teoria literária pela USP;  Matheus Lopes Quirino; repórter do Aliás, Sérgio Augusto, colunista do Aliás e do Caderno 2 e Sérgio Medeiros, poeta, artista plástico e crítico literário. 

Detalhe, gravura do Sr. Sommer para a primeira edição do livro,pelo artista francês Foto: Sempé/Editora 34
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Literatura Brasileira 

 

'Dedos Impermitidos' – Luci Collin

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Um dos livros lançados este ano que me chamou a atenção foi Dedos Impermitidos (Iluminuras), uma coletânea de contos de Luci Collin. Collin ousa na linguagem, que explora a oralidade contemporânea e arcaica, e ousa também ao abusar do humor e do nonsense, vistos com desconfiança pelos leitores brasileiros, que confundem humor e nonsense com pouca profundidade literária, o que não se aplica de maneira alguma à prosa instigante da escritora paranaense. (Dirce Waltrick do Amarante )

Serviço:

R$ 42,00

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 130 páginas

Editora: Iluminuras 

 

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'O Castiçal Florentino' – Paulo Henriques Britto 

Poeta premiado e tradutor de Thomas Pynchon, Elizabeth Bishop e Don DeLillo, Paulo Henriques Britto sabe que a literatura depende da precisão na escolha de cada palavra. Talvez por isso os narradores de seus contos reunidos em O Castiçal Florentino sejam tão hesitantes e façam tantos comentários metalinguísticos, sempre refletindo sobre a própria limitação linguística. Boa parte das narrativas, algumas das quais são buriladas desde os anos 1970, retrata protagonistas passivos, que subvertem noções básicas da ficção ao permitir que sua autodeterminação seja minada por circunstâncias alheias ao seu controle. (André Cáceres)

Serviço:

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R$ 59,90, R$ 39,90 (e-book)

229 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

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'Copo Vazio' – Natalia Timerman 

Romance de estreia de Natalia Timerman, Copo Vazio renova um mote recorrente na literatura: o sofrimento feminino diante do abandono. A arquiteta Mirela, personagem que reúne todos os atributos socialmente valorizados, padece em desespero diante do término do curto relacionamento com o pacato Pedro. O romance tem como cenário a São Paulo em profusão, e se consagra ao versar sobre o amor em tempos de Tinder. Aplicativos de relacionamento e termos do século XXI, como o ghosting [o famoso sumiço], são essenciais para a urdidura da trama, bem conduzida por Timerman. Com um surpreendente desenlace, a desventura de Mirela evoca o Copo vazio da canção de Chico Buarque, afinal, “a dor ocupa metade da verdade”. (Giovana Proença)

Serviço:

R$ 62,00, R$ 34,90 (e-book)

142 páginas 

Editora: Todavia

 

Retrato do escritor Victor Heringer, morto precocemente aos 29 Foto: Renato Parada/Companhia das Letras

'Vida Desinteressante' – Victor Heringer 

Publicadas na revista Pessoa, a seleta de crônicas de Victor Heringer (1989 -- 2019) é um mergulho na vida interior do autor carioca, morto precocemente aos 29 anos, em 2018. No livro, lirismo e inquietação compõem o retrato de uma época, a última juventude analógica, da primeira década dos anos 2000. São crônicas que saltaram do coração, anotações esparsas, aforismos, comentários ácidos e inteligentes. Boa prosa, com prefácio e seleção do escritor e editor  Carlos Henrique Schroeder. (Matheus Lopes Quirino)

Serviço:

R$ 64,90, R$ 39,90 (e-book)

280 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

 

'O Som do Rugido da Onça' – Micheliny Verunschk

Em O Som do Rugido da Onça, Verunschk conta a história de duas crianças indígenas raptadas no século 19 pelos famosos pesquisadores Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich von Martius. A partir desse fato real, Verunschk imagina como teria sido para essas crianças serem tiradas de seus lares e submetidas a uma viagem extensa. Tratadas como objetos no passado e sem possibilidade de comunicação, no livro de Verunschk as crianças finalmente ganham voz, especialmente a garota do povo miranha, que na narrativa é chamada de Iñe-e. O romance histórico de Verunschk condiz com os outros livros que a autora publicou: traz uma voz potente e uma história marcante para os leitores.  (Bruna Meneguetti)

Serviço:

R$ 54,90, R$ 39,90 (e-book)

168 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

Os cronistas reunidos na cobertura de Ipanema, conhecidos como "sabiás" Foto: Paulo Garcez

'Os Sabiás da Crônica' – Organização de Augusto Massi 

A partir de uma foto que Paulo Garcez produziu na legendária cobertura de Rubem Braga em Ipanema, o poeta e crítico literário Augusto Massi sacou e organizou um dos livros mais prazerosos deste aziago 2021. Os Sabiás da Crônica é mais do que uma expressiva antologia do que o Velho Braga, Fernando Sabino, Vinicius de Moraes, Paulo Mendes Campos, Stanislaw Ponte Preta e José Carlos Oliveira legaram à literatura jornalística, é quase uma história paralela do Rio de Janeiro da segunda metade do século 20. (Sérgio Augusto)

Serviço:

R$ 74,90 R$ 47,71 (e-book)

352 páginas 

Editora: Autêntica 

 

'Erva brava' – Paulliny Tort 

Nos contos de Erva Brava, Paulliny Tort configura uma cidade, Buriti Pequeno, por meio de situações em que ganham forma várias faces de uma realidade marcada por violência: as assombrações dos maus-tratos de um país de origem escravocrata, a exploração do trabalho, a dependência de drogas tratada a tiros, os caprichos da elite, os desastres decorrentes da má administração pública. Porém, em meio ao esgoto generalizado, a escritora é capaz de perceber singelezas e nos surpreender com imagens poéticas, ao atentar para expressões subjetivas de gratidão pela solidariedade, credos diversos, sonhos, medos, compaixão por um cão doente, admiração pelo canto do galo. Nos contos de Paulliny, o leitor reconhece que a natureza social é brava, conforme a raiz etimológica desse adjetivo: bárbara, estrangeira, não civilizada. (Ieda Lebensztayn)

Serviço:

R$ 54,90, R$ 34,90 (e-book)

104 páginas 

Editora: Fósforo

 

'Tudo É Rio' – de Carla Madeira

Com narrativa leve, fluida e até mesmo poética, Tudo é Rio, de Carla Madeira, republicado em 2021 pela Record, explora uma ideia de amor juvenil a partir das pulsões de seus personagens. Na obra, a autora deixa claro que a idealização desse sentimento só se torna possível a partir das imperfeições humanas. Uma boa leitura em tempos de valorização de imagens perfeitas incitadas pelas redes sociais na atualidade. (Faustino Rodrigues)

Serviço:

R$ 49,90, R$ 31,41 (e-book)

210 páginas 

Editora: Record 

 

'Sete Visões da Crise do Jornalismo Profissional' — apresentação Roberto Feith

Reunindo o olhar vigilante das redações virtuais com a experiência sólida de profissionais do impresso, a coletânea de ensaios investiga os rumos do jornalismo no século XX. Fake News, objetividade no ofício, racismo nas redações e importância notícia na era da desinformação são alguns temas trabalhados por Marina Amaral, Cristiana Tardáguila, Pedro Bial entre outros. (André Vieira)

Serviço:

R$ 59,90, R$ 26,91 (e-book)

368 páginas 

Editora: História Real 

 

'Lina, Uma Biografia' – Francesco Perrotta-Bosch 

Em sua narrativa retalhada da vida de Lina Bo Bardi, o arquiteto e ensaísta Francesco Perrotta-Bosch expõe as contradições íntimas de uma figura importante e venerada no urbanismo brasileiro. Examinando diferentes facetas do trabalho de Lina, da observação dos detalhes, dos móveis domésticos, à elaboração de projetos icônicos, o autor retrabalha o tempo, através da vida de sua biografada, retomando, com isso, uma reflexão sempre presente no trabalho da arquiteta. (Bruno Pernambuco)

Serviço:

R$ 89,90, R$ 31,41 (e-book)

576 páginas 

Editora: Todavia 

 

Literatura estrangeira 

 

'Forma, Cor e Sensação' – Kasimir Malévitch (Ucrânia) 

Meu livro favorito deste ano é a nova edição em inglês de The Non-objective World (Lars Müller Publishers, Zurique), de Kasimir Malévitch, publicado originalmente na série de Livros da Bauhaus, Alemanha, em 1927. As relações do suprematismo com correntes experimentais como cubismo e futurismo são apresentadas e analisadas de forma brilhante pelo pai da pintura abstrata russa.  Outro livro de Malévitch muito instigante, lançado neste ano, é Forma, Cor e Sensação (Kinoruss, São Paulo), no qual a mesma discussão sobre o suprematismo é feita à luz do modernismo europeu, a partir de Cézanne. (Sérgio Medeiros)

Serviço:

R$ 74,00

80 páginas 

Editora: Kinoruss

 

'Sula' – Toni Morrison (Estados Unidos) 

Segundo romance de Toni Morrison, Sula reflete o olhar da sociedade sobre a mulher negra. A obra, publicada originalmente em 1973, mantém a atualidade do enredo centrado nas amigas de infância Nel e Sula. Ambientado em uma comunidade periférica, Sula constrói um panorama de subjetividades diversas a partir do acurado olhar de Morrison. (Giovana Proença)

Serviço:

R$ 49,90, R$ 29,90 (e-book)

176 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

 

'O Meu Anjo da Guarda Tem Medo do Escuro' – Charles Simic (Sérvia) 

Um livro ensurdecedor, marcado pelos ecos da distante guerra na Sérvia, Charles Simic, naturalizado americano, remonta os cacos do passado de refugiado em sua peregrinação com os pais  pela Europa. Nos poemas eclodem traumas do conflito bélico, praticamente no quintal de sua casa natal, onde a infância era dureza. Hoje aos 83, o poeta e crítico da sociedade ocidental foi precoce e lançou aos 21 os primeiros versos. Em 2007, Simic levou o prêmio Pulitzer. (Matheus Lopes Quirino)

Serviço:

R$ 59,90, R$ 36,00 (e-book)

112 páginas 

Editora: Todavia 

 

'Luz em Agosto' – Faulkner (Estados Unidos) 

Em Luz em Agosto (1932), William Faulkner constrói uma narrativa fragmentária que retrata o sul dos Estados Unidos pós-Guerra Civil. Nobel de Literatura de 1949, o autor entrelaça as histórias de Lena Grove, grávida que parte em odisseia pelos estados sulistas atrás do pai de seu filho, e de Joe Christmas, órfão em crise identitária. Pintor de tipos humanos, Faulkner evidencia a alienação que ronda as comunidades distantes do sonho americano e coloca à luz um sul dividido. (Giovana Proença)

Serviço:

R$ 99,90, R$ 39,90 (e-book)

472 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

 

'A Universidade Desconhecida' – Roberto Bolaño (Chile) 

O livro A Universidade Desconhecida do chileno Roberto Bolaño é este convite aos leitores e não ao impulso de ler, involuntário. O chamado de Bolaño é severo, chama o leitor de seus poemas para a responsabilidade de ter de sustentar o mundo inteiro em si: o detalhe de A Universidade Desconhecida está em nos fazer experimentar a incapacidade de sustentá-lo, porque o que importa é a marca de vida que a tentativa deixou em nós. A leitura é esse tentar. (Caio Sarack) 

Serviço:

R$ 99,90 R$ 46,00 (e-book)

832 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

 

'Chão em Chamas' – Juan Rulfo (México) 

Chão em Chamas, de Juan Rulfo, conduz os olhos do leitor para um México rural no ápice da urbanização e sua ausência de projeto político, na década de 1950. Desse modo, o autor, um dos precursores do Realismo Mágico, em seu livro de contos, reposiciona o lugar de culturas e tradições locais, manipulando a forma como lidam com a iminente modernização. Não por acaso era um dos escritores preferidos de Gabriel García Márquez.(Faustino Rodrigues) 

Serviço:

R$ 49,90, R$ 27,10 (e-book)

208 páginas 

Editora: José Olympio 

 

'Não É Um Rio' – Selva Almada (Argentina) 

Em Não é Um Rio, a prosa de Selva Almada replica os movimentos de uma curva d’água em uma narrativa sinuosa, fragmentada e instigante. O rebaixamento da jornada de Odisseu adquire as cores locais de um pequeno vilarejo argentino, cuja quietude abriga seus próprios mistérios e criaturas de proporções homéricas. O enredo é forjado a partir de incertezas, suspendendo aspectos imutáveis da humanidade – como vida e morte. Em meio às indeterminações, o romance surpreende ao enfatizar os frágeis laços entre as pessoas – que, em meio à violência, podem ser conservados ou drasticamente rompidos. (Laura Pilan)

Serviço:

R$ 49,90, R$ 31,41 (e-book)

96 páginas 

Editora: Todavia

 

'A História do Senhor Sommer'– Patrick Süskind e Jean-Jacques Sempé (Alemanha/França) 

Clássico de Süskind, a fábula do senhor Sommer voltou em edição caprichada pela editora 34, com as ilustrações de Jean-Jacques Sempé, célebre cartunista francês que se notabilizou por seus quadrinhos delicados e profundos, retratando a vida urbana e as suas sensações de forma inteligente. Süskind e Sempé são velhos amigos, o livro é apenas mais um dos trabalhos da dupla. À primeira vista ingênuo, a obra ganha força em leituras seguintes e complementares, o traço infante de Sempé transporta a prosa de Süskind para uma dimensão filosofia e idílica, regressando com o leitor à infância. (Matheus Lopes Quirino) 

Serviço:

R$ 58,00

96 páginas 

Editora: 34

 

'O Mapeador de Ausências' — Mia Couto (Moçambique) 

Entrelaçando poesia à prosa, Mia Couto escreve um romance sobre o reencontro de sua querida pátria a partir das memórias da Revolução Moçambicana. Contada pela voz de Diego Santiago, a narrativa se concentra na figura de seu pai, o poeta Adriano Santiago, para revisitar a sua e a infância de Moçambique, e assim entender que país (e que homem) o protagonista vê à sua frente. (André Vieira)

Serviço:

R$ 54,90  R$ 34,90 (e-book)

322 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

Detalhes, objetos desenhados pelo artista plásticoNicolás Robbio para a edição Foto: Nicolás Robbio/UBU Editora

‘Robinson Crusoe’ – Daniel Defoe (Inglaterra) 

Além da nova tradução de Leonardo Fróes, a caprichada edição de Ubu traz ainda desenhos de Nicolás Robbio e textos complementares do Nobel J.M. Coetzee, Virginia Woolf, James Joyce , Marx, Rousseau e Sandra G. Vasconcelos. Como escreve Coetzee, Crusoe, que já fingiu pertencer à história, agora é mito. Coetzee não deixa de observar que Robinson Crusoe é um “instrumento despudorado’ da expansão do poder mercantil da Inglaterra no Novo Mundo, mas como resistir à atração do livro de Defoe – e, especialmente, a seus personagens secundários com sua falta de autonomia, como Sexta-Feira? (Antonio Gonçalves Filho)

Serviço:

R$ 99,00

432 páginas 

Editora: Ubu

Já está quase na hora de fazer os embrulhos para o Natal. Então, a convite do Estadão, a equipe de colaboradores do Aliás, suplemento literário do jornal, comentou suas melhores leituras do ano em matéria de livros recém-lançados. No cardápio, além de estreantes na ficção brasileira, como Natália Timerman, os votantes deram destaque para escribas de países da América Latina, como Juan Rulfo e Selva Almada. Clássicos também marcaram presença, como a reedição de Robinson Crusoé e Os Sabiás da Crônica, obra que marca um período áureo do gênero no país. 

Eclética, a seleção traz romances, antologias e obras de não ficção. Participaram nomes que trabalham com literatura: André Cáceres, jornalista e editor; André Vieira, jornalista; Antonio Gonçalves Filho, editor do Aliás; Bruna Meneguetti, jornalista e escritora; Bruno Pernambuco, filósofo, Caio Sarack, mestre em filosofia pela USP; Dirce Waltrick do Amarante, crítica literária e professora da UFSC; Faustino Rodrigues, crítico literário e doutor em ciências sociais pela UFJF; Giovana Proença, mestranda em teoria literária pela USP; Ieda Lebensztayn, crítica literária; Laura Pilan, mestranda em teoria literária pela USP;  Matheus Lopes Quirino; repórter do Aliás, Sérgio Augusto, colunista do Aliás e do Caderno 2 e Sérgio Medeiros, poeta, artista plástico e crítico literário. 

Detalhe, gravura do Sr. Sommer para a primeira edição do livro,pelo artista francês Foto: Sempé/Editora 34

Literatura Brasileira 

 

'Dedos Impermitidos' – Luci Collin

Um dos livros lançados este ano que me chamou a atenção foi Dedos Impermitidos (Iluminuras), uma coletânea de contos de Luci Collin. Collin ousa na linguagem, que explora a oralidade contemporânea e arcaica, e ousa também ao abusar do humor e do nonsense, vistos com desconfiança pelos leitores brasileiros, que confundem humor e nonsense com pouca profundidade literária, o que não se aplica de maneira alguma à prosa instigante da escritora paranaense. (Dirce Waltrick do Amarante )

Serviço:

R$ 42,00

 130 páginas

Editora: Iluminuras 

 

'O Castiçal Florentino' – Paulo Henriques Britto 

Poeta premiado e tradutor de Thomas Pynchon, Elizabeth Bishop e Don DeLillo, Paulo Henriques Britto sabe que a literatura depende da precisão na escolha de cada palavra. Talvez por isso os narradores de seus contos reunidos em O Castiçal Florentino sejam tão hesitantes e façam tantos comentários metalinguísticos, sempre refletindo sobre a própria limitação linguística. Boa parte das narrativas, algumas das quais são buriladas desde os anos 1970, retrata protagonistas passivos, que subvertem noções básicas da ficção ao permitir que sua autodeterminação seja minada por circunstâncias alheias ao seu controle. (André Cáceres)

Serviço:

R$ 59,90, R$ 39,90 (e-book)

229 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

 

'Copo Vazio' – Natalia Timerman 

Romance de estreia de Natalia Timerman, Copo Vazio renova um mote recorrente na literatura: o sofrimento feminino diante do abandono. A arquiteta Mirela, personagem que reúne todos os atributos socialmente valorizados, padece em desespero diante do término do curto relacionamento com o pacato Pedro. O romance tem como cenário a São Paulo em profusão, e se consagra ao versar sobre o amor em tempos de Tinder. Aplicativos de relacionamento e termos do século XXI, como o ghosting [o famoso sumiço], são essenciais para a urdidura da trama, bem conduzida por Timerman. Com um surpreendente desenlace, a desventura de Mirela evoca o Copo vazio da canção de Chico Buarque, afinal, “a dor ocupa metade da verdade”. (Giovana Proença)

Serviço:

R$ 62,00, R$ 34,90 (e-book)

142 páginas 

Editora: Todavia

 

Retrato do escritor Victor Heringer, morto precocemente aos 29 Foto: Renato Parada/Companhia das Letras

'Vida Desinteressante' – Victor Heringer 

Publicadas na revista Pessoa, a seleta de crônicas de Victor Heringer (1989 -- 2019) é um mergulho na vida interior do autor carioca, morto precocemente aos 29 anos, em 2018. No livro, lirismo e inquietação compõem o retrato de uma época, a última juventude analógica, da primeira década dos anos 2000. São crônicas que saltaram do coração, anotações esparsas, aforismos, comentários ácidos e inteligentes. Boa prosa, com prefácio e seleção do escritor e editor  Carlos Henrique Schroeder. (Matheus Lopes Quirino)

Serviço:

R$ 64,90, R$ 39,90 (e-book)

280 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

 

'O Som do Rugido da Onça' – Micheliny Verunschk

Em O Som do Rugido da Onça, Verunschk conta a história de duas crianças indígenas raptadas no século 19 pelos famosos pesquisadores Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich von Martius. A partir desse fato real, Verunschk imagina como teria sido para essas crianças serem tiradas de seus lares e submetidas a uma viagem extensa. Tratadas como objetos no passado e sem possibilidade de comunicação, no livro de Verunschk as crianças finalmente ganham voz, especialmente a garota do povo miranha, que na narrativa é chamada de Iñe-e. O romance histórico de Verunschk condiz com os outros livros que a autora publicou: traz uma voz potente e uma história marcante para os leitores.  (Bruna Meneguetti)

Serviço:

R$ 54,90, R$ 39,90 (e-book)

168 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

Os cronistas reunidos na cobertura de Ipanema, conhecidos como "sabiás" Foto: Paulo Garcez

'Os Sabiás da Crônica' – Organização de Augusto Massi 

A partir de uma foto que Paulo Garcez produziu na legendária cobertura de Rubem Braga em Ipanema, o poeta e crítico literário Augusto Massi sacou e organizou um dos livros mais prazerosos deste aziago 2021. Os Sabiás da Crônica é mais do que uma expressiva antologia do que o Velho Braga, Fernando Sabino, Vinicius de Moraes, Paulo Mendes Campos, Stanislaw Ponte Preta e José Carlos Oliveira legaram à literatura jornalística, é quase uma história paralela do Rio de Janeiro da segunda metade do século 20. (Sérgio Augusto)

Serviço:

R$ 74,90 R$ 47,71 (e-book)

352 páginas 

Editora: Autêntica 

 

'Erva brava' – Paulliny Tort 

Nos contos de Erva Brava, Paulliny Tort configura uma cidade, Buriti Pequeno, por meio de situações em que ganham forma várias faces de uma realidade marcada por violência: as assombrações dos maus-tratos de um país de origem escravocrata, a exploração do trabalho, a dependência de drogas tratada a tiros, os caprichos da elite, os desastres decorrentes da má administração pública. Porém, em meio ao esgoto generalizado, a escritora é capaz de perceber singelezas e nos surpreender com imagens poéticas, ao atentar para expressões subjetivas de gratidão pela solidariedade, credos diversos, sonhos, medos, compaixão por um cão doente, admiração pelo canto do galo. Nos contos de Paulliny, o leitor reconhece que a natureza social é brava, conforme a raiz etimológica desse adjetivo: bárbara, estrangeira, não civilizada. (Ieda Lebensztayn)

Serviço:

R$ 54,90, R$ 34,90 (e-book)

104 páginas 

Editora: Fósforo

 

'Tudo É Rio' – de Carla Madeira

Com narrativa leve, fluida e até mesmo poética, Tudo é Rio, de Carla Madeira, republicado em 2021 pela Record, explora uma ideia de amor juvenil a partir das pulsões de seus personagens. Na obra, a autora deixa claro que a idealização desse sentimento só se torna possível a partir das imperfeições humanas. Uma boa leitura em tempos de valorização de imagens perfeitas incitadas pelas redes sociais na atualidade. (Faustino Rodrigues)

Serviço:

R$ 49,90, R$ 31,41 (e-book)

210 páginas 

Editora: Record 

 

'Sete Visões da Crise do Jornalismo Profissional' — apresentação Roberto Feith

Reunindo o olhar vigilante das redações virtuais com a experiência sólida de profissionais do impresso, a coletânea de ensaios investiga os rumos do jornalismo no século XX. Fake News, objetividade no ofício, racismo nas redações e importância notícia na era da desinformação são alguns temas trabalhados por Marina Amaral, Cristiana Tardáguila, Pedro Bial entre outros. (André Vieira)

Serviço:

R$ 59,90, R$ 26,91 (e-book)

368 páginas 

Editora: História Real 

 

'Lina, Uma Biografia' – Francesco Perrotta-Bosch 

Em sua narrativa retalhada da vida de Lina Bo Bardi, o arquiteto e ensaísta Francesco Perrotta-Bosch expõe as contradições íntimas de uma figura importante e venerada no urbanismo brasileiro. Examinando diferentes facetas do trabalho de Lina, da observação dos detalhes, dos móveis domésticos, à elaboração de projetos icônicos, o autor retrabalha o tempo, através da vida de sua biografada, retomando, com isso, uma reflexão sempre presente no trabalho da arquiteta. (Bruno Pernambuco)

Serviço:

R$ 89,90, R$ 31,41 (e-book)

576 páginas 

Editora: Todavia 

 

Literatura estrangeira 

 

'Forma, Cor e Sensação' – Kasimir Malévitch (Ucrânia) 

Meu livro favorito deste ano é a nova edição em inglês de The Non-objective World (Lars Müller Publishers, Zurique), de Kasimir Malévitch, publicado originalmente na série de Livros da Bauhaus, Alemanha, em 1927. As relações do suprematismo com correntes experimentais como cubismo e futurismo são apresentadas e analisadas de forma brilhante pelo pai da pintura abstrata russa.  Outro livro de Malévitch muito instigante, lançado neste ano, é Forma, Cor e Sensação (Kinoruss, São Paulo), no qual a mesma discussão sobre o suprematismo é feita à luz do modernismo europeu, a partir de Cézanne. (Sérgio Medeiros)

Serviço:

R$ 74,00

80 páginas 

Editora: Kinoruss

 

'Sula' – Toni Morrison (Estados Unidos) 

Segundo romance de Toni Morrison, Sula reflete o olhar da sociedade sobre a mulher negra. A obra, publicada originalmente em 1973, mantém a atualidade do enredo centrado nas amigas de infância Nel e Sula. Ambientado em uma comunidade periférica, Sula constrói um panorama de subjetividades diversas a partir do acurado olhar de Morrison. (Giovana Proença)

Serviço:

R$ 49,90, R$ 29,90 (e-book)

176 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

 

'O Meu Anjo da Guarda Tem Medo do Escuro' – Charles Simic (Sérvia) 

Um livro ensurdecedor, marcado pelos ecos da distante guerra na Sérvia, Charles Simic, naturalizado americano, remonta os cacos do passado de refugiado em sua peregrinação com os pais  pela Europa. Nos poemas eclodem traumas do conflito bélico, praticamente no quintal de sua casa natal, onde a infância era dureza. Hoje aos 83, o poeta e crítico da sociedade ocidental foi precoce e lançou aos 21 os primeiros versos. Em 2007, Simic levou o prêmio Pulitzer. (Matheus Lopes Quirino)

Serviço:

R$ 59,90, R$ 36,00 (e-book)

112 páginas 

Editora: Todavia 

 

'Luz em Agosto' – Faulkner (Estados Unidos) 

Em Luz em Agosto (1932), William Faulkner constrói uma narrativa fragmentária que retrata o sul dos Estados Unidos pós-Guerra Civil. Nobel de Literatura de 1949, o autor entrelaça as histórias de Lena Grove, grávida que parte em odisseia pelos estados sulistas atrás do pai de seu filho, e de Joe Christmas, órfão em crise identitária. Pintor de tipos humanos, Faulkner evidencia a alienação que ronda as comunidades distantes do sonho americano e coloca à luz um sul dividido. (Giovana Proença)

Serviço:

R$ 99,90, R$ 39,90 (e-book)

472 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

 

'A Universidade Desconhecida' – Roberto Bolaño (Chile) 

O livro A Universidade Desconhecida do chileno Roberto Bolaño é este convite aos leitores e não ao impulso de ler, involuntário. O chamado de Bolaño é severo, chama o leitor de seus poemas para a responsabilidade de ter de sustentar o mundo inteiro em si: o detalhe de A Universidade Desconhecida está em nos fazer experimentar a incapacidade de sustentá-lo, porque o que importa é a marca de vida que a tentativa deixou em nós. A leitura é esse tentar. (Caio Sarack) 

Serviço:

R$ 99,90 R$ 46,00 (e-book)

832 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

 

'Chão em Chamas' – Juan Rulfo (México) 

Chão em Chamas, de Juan Rulfo, conduz os olhos do leitor para um México rural no ápice da urbanização e sua ausência de projeto político, na década de 1950. Desse modo, o autor, um dos precursores do Realismo Mágico, em seu livro de contos, reposiciona o lugar de culturas e tradições locais, manipulando a forma como lidam com a iminente modernização. Não por acaso era um dos escritores preferidos de Gabriel García Márquez.(Faustino Rodrigues) 

Serviço:

R$ 49,90, R$ 27,10 (e-book)

208 páginas 

Editora: José Olympio 

 

'Não É Um Rio' – Selva Almada (Argentina) 

Em Não é Um Rio, a prosa de Selva Almada replica os movimentos de uma curva d’água em uma narrativa sinuosa, fragmentada e instigante. O rebaixamento da jornada de Odisseu adquire as cores locais de um pequeno vilarejo argentino, cuja quietude abriga seus próprios mistérios e criaturas de proporções homéricas. O enredo é forjado a partir de incertezas, suspendendo aspectos imutáveis da humanidade – como vida e morte. Em meio às indeterminações, o romance surpreende ao enfatizar os frágeis laços entre as pessoas – que, em meio à violência, podem ser conservados ou drasticamente rompidos. (Laura Pilan)

Serviço:

R$ 49,90, R$ 31,41 (e-book)

96 páginas 

Editora: Todavia

 

'A História do Senhor Sommer'– Patrick Süskind e Jean-Jacques Sempé (Alemanha/França) 

Clássico de Süskind, a fábula do senhor Sommer voltou em edição caprichada pela editora 34, com as ilustrações de Jean-Jacques Sempé, célebre cartunista francês que se notabilizou por seus quadrinhos delicados e profundos, retratando a vida urbana e as suas sensações de forma inteligente. Süskind e Sempé são velhos amigos, o livro é apenas mais um dos trabalhos da dupla. À primeira vista ingênuo, a obra ganha força em leituras seguintes e complementares, o traço infante de Sempé transporta a prosa de Süskind para uma dimensão filosofia e idílica, regressando com o leitor à infância. (Matheus Lopes Quirino) 

Serviço:

R$ 58,00

96 páginas 

Editora: 34

 

'O Mapeador de Ausências' — Mia Couto (Moçambique) 

Entrelaçando poesia à prosa, Mia Couto escreve um romance sobre o reencontro de sua querida pátria a partir das memórias da Revolução Moçambicana. Contada pela voz de Diego Santiago, a narrativa se concentra na figura de seu pai, o poeta Adriano Santiago, para revisitar a sua e a infância de Moçambique, e assim entender que país (e que homem) o protagonista vê à sua frente. (André Vieira)

Serviço:

R$ 54,90  R$ 34,90 (e-book)

322 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

Detalhes, objetos desenhados pelo artista plásticoNicolás Robbio para a edição Foto: Nicolás Robbio/UBU Editora

‘Robinson Crusoe’ – Daniel Defoe (Inglaterra) 

Além da nova tradução de Leonardo Fróes, a caprichada edição de Ubu traz ainda desenhos de Nicolás Robbio e textos complementares do Nobel J.M. Coetzee, Virginia Woolf, James Joyce , Marx, Rousseau e Sandra G. Vasconcelos. Como escreve Coetzee, Crusoe, que já fingiu pertencer à história, agora é mito. Coetzee não deixa de observar que Robinson Crusoe é um “instrumento despudorado’ da expansão do poder mercantil da Inglaterra no Novo Mundo, mas como resistir à atração do livro de Defoe – e, especialmente, a seus personagens secundários com sua falta de autonomia, como Sexta-Feira? (Antonio Gonçalves Filho)

Serviço:

R$ 99,00

432 páginas 

Editora: Ubu

Já está quase na hora de fazer os embrulhos para o Natal. Então, a convite do Estadão, a equipe de colaboradores do Aliás, suplemento literário do jornal, comentou suas melhores leituras do ano em matéria de livros recém-lançados. No cardápio, além de estreantes na ficção brasileira, como Natália Timerman, os votantes deram destaque para escribas de países da América Latina, como Juan Rulfo e Selva Almada. Clássicos também marcaram presença, como a reedição de Robinson Crusoé e Os Sabiás da Crônica, obra que marca um período áureo do gênero no país. 

Eclética, a seleção traz romances, antologias e obras de não ficção. Participaram nomes que trabalham com literatura: André Cáceres, jornalista e editor; André Vieira, jornalista; Antonio Gonçalves Filho, editor do Aliás; Bruna Meneguetti, jornalista e escritora; Bruno Pernambuco, filósofo, Caio Sarack, mestre em filosofia pela USP; Dirce Waltrick do Amarante, crítica literária e professora da UFSC; Faustino Rodrigues, crítico literário e doutor em ciências sociais pela UFJF; Giovana Proença, mestranda em teoria literária pela USP; Ieda Lebensztayn, crítica literária; Laura Pilan, mestranda em teoria literária pela USP;  Matheus Lopes Quirino; repórter do Aliás, Sérgio Augusto, colunista do Aliás e do Caderno 2 e Sérgio Medeiros, poeta, artista plástico e crítico literário. 

Detalhe, gravura do Sr. Sommer para a primeira edição do livro,pelo artista francês Foto: Sempé/Editora 34

Literatura Brasileira 

 

'Dedos Impermitidos' – Luci Collin

Um dos livros lançados este ano que me chamou a atenção foi Dedos Impermitidos (Iluminuras), uma coletânea de contos de Luci Collin. Collin ousa na linguagem, que explora a oralidade contemporânea e arcaica, e ousa também ao abusar do humor e do nonsense, vistos com desconfiança pelos leitores brasileiros, que confundem humor e nonsense com pouca profundidade literária, o que não se aplica de maneira alguma à prosa instigante da escritora paranaense. (Dirce Waltrick do Amarante )

Serviço:

R$ 42,00

 130 páginas

Editora: Iluminuras 

 

'O Castiçal Florentino' – Paulo Henriques Britto 

Poeta premiado e tradutor de Thomas Pynchon, Elizabeth Bishop e Don DeLillo, Paulo Henriques Britto sabe que a literatura depende da precisão na escolha de cada palavra. Talvez por isso os narradores de seus contos reunidos em O Castiçal Florentino sejam tão hesitantes e façam tantos comentários metalinguísticos, sempre refletindo sobre a própria limitação linguística. Boa parte das narrativas, algumas das quais são buriladas desde os anos 1970, retrata protagonistas passivos, que subvertem noções básicas da ficção ao permitir que sua autodeterminação seja minada por circunstâncias alheias ao seu controle. (André Cáceres)

Serviço:

R$ 59,90, R$ 39,90 (e-book)

229 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

 

'Copo Vazio' – Natalia Timerman 

Romance de estreia de Natalia Timerman, Copo Vazio renova um mote recorrente na literatura: o sofrimento feminino diante do abandono. A arquiteta Mirela, personagem que reúne todos os atributos socialmente valorizados, padece em desespero diante do término do curto relacionamento com o pacato Pedro. O romance tem como cenário a São Paulo em profusão, e se consagra ao versar sobre o amor em tempos de Tinder. Aplicativos de relacionamento e termos do século XXI, como o ghosting [o famoso sumiço], são essenciais para a urdidura da trama, bem conduzida por Timerman. Com um surpreendente desenlace, a desventura de Mirela evoca o Copo vazio da canção de Chico Buarque, afinal, “a dor ocupa metade da verdade”. (Giovana Proença)

Serviço:

R$ 62,00, R$ 34,90 (e-book)

142 páginas 

Editora: Todavia

 

Retrato do escritor Victor Heringer, morto precocemente aos 29 Foto: Renato Parada/Companhia das Letras

'Vida Desinteressante' – Victor Heringer 

Publicadas na revista Pessoa, a seleta de crônicas de Victor Heringer (1989 -- 2019) é um mergulho na vida interior do autor carioca, morto precocemente aos 29 anos, em 2018. No livro, lirismo e inquietação compõem o retrato de uma época, a última juventude analógica, da primeira década dos anos 2000. São crônicas que saltaram do coração, anotações esparsas, aforismos, comentários ácidos e inteligentes. Boa prosa, com prefácio e seleção do escritor e editor  Carlos Henrique Schroeder. (Matheus Lopes Quirino)

Serviço:

R$ 64,90, R$ 39,90 (e-book)

280 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

 

'O Som do Rugido da Onça' – Micheliny Verunschk

Em O Som do Rugido da Onça, Verunschk conta a história de duas crianças indígenas raptadas no século 19 pelos famosos pesquisadores Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich von Martius. A partir desse fato real, Verunschk imagina como teria sido para essas crianças serem tiradas de seus lares e submetidas a uma viagem extensa. Tratadas como objetos no passado e sem possibilidade de comunicação, no livro de Verunschk as crianças finalmente ganham voz, especialmente a garota do povo miranha, que na narrativa é chamada de Iñe-e. O romance histórico de Verunschk condiz com os outros livros que a autora publicou: traz uma voz potente e uma história marcante para os leitores.  (Bruna Meneguetti)

Serviço:

R$ 54,90, R$ 39,90 (e-book)

168 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

Os cronistas reunidos na cobertura de Ipanema, conhecidos como "sabiás" Foto: Paulo Garcez

'Os Sabiás da Crônica' – Organização de Augusto Massi 

A partir de uma foto que Paulo Garcez produziu na legendária cobertura de Rubem Braga em Ipanema, o poeta e crítico literário Augusto Massi sacou e organizou um dos livros mais prazerosos deste aziago 2021. Os Sabiás da Crônica é mais do que uma expressiva antologia do que o Velho Braga, Fernando Sabino, Vinicius de Moraes, Paulo Mendes Campos, Stanislaw Ponte Preta e José Carlos Oliveira legaram à literatura jornalística, é quase uma história paralela do Rio de Janeiro da segunda metade do século 20. (Sérgio Augusto)

Serviço:

R$ 74,90 R$ 47,71 (e-book)

352 páginas 

Editora: Autêntica 

 

'Erva brava' – Paulliny Tort 

Nos contos de Erva Brava, Paulliny Tort configura uma cidade, Buriti Pequeno, por meio de situações em que ganham forma várias faces de uma realidade marcada por violência: as assombrações dos maus-tratos de um país de origem escravocrata, a exploração do trabalho, a dependência de drogas tratada a tiros, os caprichos da elite, os desastres decorrentes da má administração pública. Porém, em meio ao esgoto generalizado, a escritora é capaz de perceber singelezas e nos surpreender com imagens poéticas, ao atentar para expressões subjetivas de gratidão pela solidariedade, credos diversos, sonhos, medos, compaixão por um cão doente, admiração pelo canto do galo. Nos contos de Paulliny, o leitor reconhece que a natureza social é brava, conforme a raiz etimológica desse adjetivo: bárbara, estrangeira, não civilizada. (Ieda Lebensztayn)

Serviço:

R$ 54,90, R$ 34,90 (e-book)

104 páginas 

Editora: Fósforo

 

'Tudo É Rio' – de Carla Madeira

Com narrativa leve, fluida e até mesmo poética, Tudo é Rio, de Carla Madeira, republicado em 2021 pela Record, explora uma ideia de amor juvenil a partir das pulsões de seus personagens. Na obra, a autora deixa claro que a idealização desse sentimento só se torna possível a partir das imperfeições humanas. Uma boa leitura em tempos de valorização de imagens perfeitas incitadas pelas redes sociais na atualidade. (Faustino Rodrigues)

Serviço:

R$ 49,90, R$ 31,41 (e-book)

210 páginas 

Editora: Record 

 

'Sete Visões da Crise do Jornalismo Profissional' — apresentação Roberto Feith

Reunindo o olhar vigilante das redações virtuais com a experiência sólida de profissionais do impresso, a coletânea de ensaios investiga os rumos do jornalismo no século XX. Fake News, objetividade no ofício, racismo nas redações e importância notícia na era da desinformação são alguns temas trabalhados por Marina Amaral, Cristiana Tardáguila, Pedro Bial entre outros. (André Vieira)

Serviço:

R$ 59,90, R$ 26,91 (e-book)

368 páginas 

Editora: História Real 

 

'Lina, Uma Biografia' – Francesco Perrotta-Bosch 

Em sua narrativa retalhada da vida de Lina Bo Bardi, o arquiteto e ensaísta Francesco Perrotta-Bosch expõe as contradições íntimas de uma figura importante e venerada no urbanismo brasileiro. Examinando diferentes facetas do trabalho de Lina, da observação dos detalhes, dos móveis domésticos, à elaboração de projetos icônicos, o autor retrabalha o tempo, através da vida de sua biografada, retomando, com isso, uma reflexão sempre presente no trabalho da arquiteta. (Bruno Pernambuco)

Serviço:

R$ 89,90, R$ 31,41 (e-book)

576 páginas 

Editora: Todavia 

 

Literatura estrangeira 

 

'Forma, Cor e Sensação' – Kasimir Malévitch (Ucrânia) 

Meu livro favorito deste ano é a nova edição em inglês de The Non-objective World (Lars Müller Publishers, Zurique), de Kasimir Malévitch, publicado originalmente na série de Livros da Bauhaus, Alemanha, em 1927. As relações do suprematismo com correntes experimentais como cubismo e futurismo são apresentadas e analisadas de forma brilhante pelo pai da pintura abstrata russa.  Outro livro de Malévitch muito instigante, lançado neste ano, é Forma, Cor e Sensação (Kinoruss, São Paulo), no qual a mesma discussão sobre o suprematismo é feita à luz do modernismo europeu, a partir de Cézanne. (Sérgio Medeiros)

Serviço:

R$ 74,00

80 páginas 

Editora: Kinoruss

 

'Sula' – Toni Morrison (Estados Unidos) 

Segundo romance de Toni Morrison, Sula reflete o olhar da sociedade sobre a mulher negra. A obra, publicada originalmente em 1973, mantém a atualidade do enredo centrado nas amigas de infância Nel e Sula. Ambientado em uma comunidade periférica, Sula constrói um panorama de subjetividades diversas a partir do acurado olhar de Morrison. (Giovana Proença)

Serviço:

R$ 49,90, R$ 29,90 (e-book)

176 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

 

'O Meu Anjo da Guarda Tem Medo do Escuro' – Charles Simic (Sérvia) 

Um livro ensurdecedor, marcado pelos ecos da distante guerra na Sérvia, Charles Simic, naturalizado americano, remonta os cacos do passado de refugiado em sua peregrinação com os pais  pela Europa. Nos poemas eclodem traumas do conflito bélico, praticamente no quintal de sua casa natal, onde a infância era dureza. Hoje aos 83, o poeta e crítico da sociedade ocidental foi precoce e lançou aos 21 os primeiros versos. Em 2007, Simic levou o prêmio Pulitzer. (Matheus Lopes Quirino)

Serviço:

R$ 59,90, R$ 36,00 (e-book)

112 páginas 

Editora: Todavia 

 

'Luz em Agosto' – Faulkner (Estados Unidos) 

Em Luz em Agosto (1932), William Faulkner constrói uma narrativa fragmentária que retrata o sul dos Estados Unidos pós-Guerra Civil. Nobel de Literatura de 1949, o autor entrelaça as histórias de Lena Grove, grávida que parte em odisseia pelos estados sulistas atrás do pai de seu filho, e de Joe Christmas, órfão em crise identitária. Pintor de tipos humanos, Faulkner evidencia a alienação que ronda as comunidades distantes do sonho americano e coloca à luz um sul dividido. (Giovana Proença)

Serviço:

R$ 99,90, R$ 39,90 (e-book)

472 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

 

'A Universidade Desconhecida' – Roberto Bolaño (Chile) 

O livro A Universidade Desconhecida do chileno Roberto Bolaño é este convite aos leitores e não ao impulso de ler, involuntário. O chamado de Bolaño é severo, chama o leitor de seus poemas para a responsabilidade de ter de sustentar o mundo inteiro em si: o detalhe de A Universidade Desconhecida está em nos fazer experimentar a incapacidade de sustentá-lo, porque o que importa é a marca de vida que a tentativa deixou em nós. A leitura é esse tentar. (Caio Sarack) 

Serviço:

R$ 99,90 R$ 46,00 (e-book)

832 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

 

'Chão em Chamas' – Juan Rulfo (México) 

Chão em Chamas, de Juan Rulfo, conduz os olhos do leitor para um México rural no ápice da urbanização e sua ausência de projeto político, na década de 1950. Desse modo, o autor, um dos precursores do Realismo Mágico, em seu livro de contos, reposiciona o lugar de culturas e tradições locais, manipulando a forma como lidam com a iminente modernização. Não por acaso era um dos escritores preferidos de Gabriel García Márquez.(Faustino Rodrigues) 

Serviço:

R$ 49,90, R$ 27,10 (e-book)

208 páginas 

Editora: José Olympio 

 

'Não É Um Rio' – Selva Almada (Argentina) 

Em Não é Um Rio, a prosa de Selva Almada replica os movimentos de uma curva d’água em uma narrativa sinuosa, fragmentada e instigante. O rebaixamento da jornada de Odisseu adquire as cores locais de um pequeno vilarejo argentino, cuja quietude abriga seus próprios mistérios e criaturas de proporções homéricas. O enredo é forjado a partir de incertezas, suspendendo aspectos imutáveis da humanidade – como vida e morte. Em meio às indeterminações, o romance surpreende ao enfatizar os frágeis laços entre as pessoas – que, em meio à violência, podem ser conservados ou drasticamente rompidos. (Laura Pilan)

Serviço:

R$ 49,90, R$ 31,41 (e-book)

96 páginas 

Editora: Todavia

 

'A História do Senhor Sommer'– Patrick Süskind e Jean-Jacques Sempé (Alemanha/França) 

Clássico de Süskind, a fábula do senhor Sommer voltou em edição caprichada pela editora 34, com as ilustrações de Jean-Jacques Sempé, célebre cartunista francês que se notabilizou por seus quadrinhos delicados e profundos, retratando a vida urbana e as suas sensações de forma inteligente. Süskind e Sempé são velhos amigos, o livro é apenas mais um dos trabalhos da dupla. À primeira vista ingênuo, a obra ganha força em leituras seguintes e complementares, o traço infante de Sempé transporta a prosa de Süskind para uma dimensão filosofia e idílica, regressando com o leitor à infância. (Matheus Lopes Quirino) 

Serviço:

R$ 58,00

96 páginas 

Editora: 34

 

'O Mapeador de Ausências' — Mia Couto (Moçambique) 

Entrelaçando poesia à prosa, Mia Couto escreve um romance sobre o reencontro de sua querida pátria a partir das memórias da Revolução Moçambicana. Contada pela voz de Diego Santiago, a narrativa se concentra na figura de seu pai, o poeta Adriano Santiago, para revisitar a sua e a infância de Moçambique, e assim entender que país (e que homem) o protagonista vê à sua frente. (André Vieira)

Serviço:

R$ 54,90  R$ 34,90 (e-book)

322 páginas 

Editora: Companhia das Letras 

Detalhes, objetos desenhados pelo artista plásticoNicolás Robbio para a edição Foto: Nicolás Robbio/UBU Editora

‘Robinson Crusoe’ – Daniel Defoe (Inglaterra) 

Além da nova tradução de Leonardo Fróes, a caprichada edição de Ubu traz ainda desenhos de Nicolás Robbio e textos complementares do Nobel J.M. Coetzee, Virginia Woolf, James Joyce , Marx, Rousseau e Sandra G. Vasconcelos. Como escreve Coetzee, Crusoe, que já fingiu pertencer à história, agora é mito. Coetzee não deixa de observar que Robinson Crusoe é um “instrumento despudorado’ da expansão do poder mercantil da Inglaterra no Novo Mundo, mas como resistir à atração do livro de Defoe – e, especialmente, a seus personagens secundários com sua falta de autonomia, como Sexta-Feira? (Antonio Gonçalves Filho)

Serviço:

R$ 99,00

432 páginas 

Editora: Ubu

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