Pub, livro escrito na parede e luxo: Como é a casa low country do escritor Nicholas Sparks


Autor de ‘O Diário de Uma Paixão’, entre outros best-sellers que viraram filmes, mostra como sua propriedade na Carolina do Norte evolui de lar de uma família de cinco crianças e quatro cachorros para casa de revista; veja fotos

Por Addie Morfoot

A imensa casa de Nicholas Sparks em New Bern, Carolina do Norte, nem sempre pareceu um museu. Por uns dez anos, a casa de três andares à beira do rio foi dominada pelos cinco filhos do autor, que jogavam futebol na sala de estar e faziam o dever de casa na mesa da sala de jantar, agora totalmente arrumada e feita sob medida para dez pessoas.

Nicholas Sparks em casa, em New Bern, na Carolina do Norte.  Foto: Mike Belleme/NYT
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“Foi uma casa ativa e movimentada por muito tempo”, disse Sparks. “Em determinado momento, havia quatro cachorros e umas 13 pessoas morando aqui – eu, minha agora ex-mulher, nossos cinco filhos, um estudante de intercâmbio e amigos.”

Sparks, o prolífico romancista americano de 58 anos que ganhou fama quando seu romance de estreia, Diário de Uma Paixão, foi publicado em 1996, viveu na casa de estilo Low Country nos últimos quinze anos. Ele habita a pitoresca propriedade há 27 anos. (Ele e sua ex-esposa, Catherine Sparks, se divorciaram em 2015).

A sala de estar de Nicholas Sparks. Foto: Mike Belleme/NYT
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“Derrubamos a casa em que estávamos morando, contratamos um arquiteto e projetamos esta”, explicou Sparks. “A primeira casa era moderna, e as mudanças que eu e minha ex-esposa queríamos fazer na época eram tão substanciais que não fazia sentido tentar reformá-la.” A nova residência é retratada numa pintura de Andre Dluhos na sala de estar.

Sua residência atual, construída em dezoito meses, tem seis quartos, uma biblioteca, uma sala de música, uma sala de pub, um espaço de escritório, uma sala de cinema e uma ampla área de estar de conceito aberto com tetos de 4 metros de altura. As portas da sala de estar se abrem para uma varanda de 100 metros quadrados com vista para o rio Trent.

Nicholas Sparks tem até um pub em sua mansão, na Carolina do Norte Foto: Mike Belleme/NYT
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“Por causa da linha do telhado e de outros fatores, jamais poderíamos fazer uma varanda na primeira casa”, disse Sparks. “É uma boa ideia ter uma varanda na Carolina do Norte porque às vezes fica quente e desconfortável.”

Quadros de artistas da Carolina do Norte, entre eles os retratos de Richard Fennell de seus filhos mais novos, Landon, Lexie e Savannah, cobrem a parede da escada.

“Tive que pintá-los porque, é claro, os dois primeiros filhos são fotografados o tempo todo”, disse Sparks, referindo-se a seus filhos mais velhos, Miles e Ryan. “Mas quando chega o terceiro, quarto e quinto filho, você pensa: ‘Eh. Vamos tirar fotos no ano que vem’ e, de repente, você não tem fotos das crianças e pensa: ‘Ah, não. Sou um péssimo pai. Tenho que fazer retratos de todos vocês.’”

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Quadros de Landon, Lexie e Savannah, filhos mais novos de Nicholas Sparks.  Foto: Mike Belleme/NYT

Antes do fotógrafo e da repórter chegarem à sua casa, Sparks passou a manhã na bancada de granito da cozinha cortando dois frangos assados sem pele e sem osso, alguns talos de aipo e uma cebola Vidalia. Em seguida, ele preparou um molho composto de maionese, picles de endro, picles de jalapeño, vinagre de maçã, sal, pimenta, pimenta-caiena e 16 pacotes de Splenda. “Você pode usar açúcar de verdade, mas por que colocar açúcar se você pode usar Splenda?”, perguntou Sparks, acrescentando que ele tenta evitar carboidratos “na maior parte do tempo”.

O parágrafo inicial de Diário de Uma Paixão está inscrito numa parede atrás de um bar perto do hall de entrada. Baseado na história de amor real dos avós de sua ex-esposa, o livro já vendeu mais de 14 milhões de cópias no mundo todo.

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Quando não está lendo em seus sofás de pelúcia bege claro ou passando tempo com os cinco filhos adultos, Sparks pode ser encontrado em seu escritório, escrevendo.

Sua mesa de carvalho é cercada por estantes embutidas com várias edições dos 24 romances que ele escreveu nos últimos 28 anos.

A biblioteca de Nicholas Sparks. Foto: Mike Belleme/NYT
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As prateleiras apresentam exemplares novos de seu último tomo, Counting Miracles, que foi lançado em 24 de setembro. Como todos os seus livros, a obra foi inspirada nas pessoas de sua vida e traz uma história de amor, a Carolina do Norte e um final imprevisível.

“O personagem principal do livro se chama Tanner Hughes”, disse. “Ele foi parcialmente inspirado no meu primo Todd, que também foi uma inspiração para o meu romance de 2007, Querido John.

Ele levou cerca de seis meses para escrevê-lo – algo parecido com Diário de Uma Paixão, que ele escreveu ao longo de um período de seis meses em 1994. Na época, Sparks morava numa casa de 111 metros quadrados em New Bern e ganhava US$ 45.000 por ano como representante de vendas farmacêuticas.

O autor se mudou de Sacramento, Califórnia, para a Carolina do Norte 32 anos atrás por causa da atmosfera de cidadezinha de New Bern, do clima afável e das paisagens costeiras. A região também era financeiramente acessível. “Eu não tinha dinheiro para comprar uma casa na Califórnia”, disse Sparks. “Quando comecei a trabalhar em Diário de Uma Paixão, eu tinha uma hipoteca e dois filhos. Comecei a perceber que precisava começar a perseguir um sonho.”

Para realizar esse sonho, ele enviou um manuscrito de 52 mil palavras intitulado Winter for Two a 25 agentes literários. Uma delas, Theresa Park, respondeu. “Theresa me convenceu de que The Notebook era (um título) mais ressonante, cativante, memorável e significativo”, lembrou Sparks, que mantém uma foto emoldurada de Park segurando seu bebê recém-nascido no escritório.

No canto de trás, uma estante está empilhada com todas as edições do romance e uma caixa dourada. “Esta caixa foi enviada para os críticos”, explicou Sparks. “Ela veio com a edição antecipada, um bilhete e um lenço.”

No início deste ano, a adaptação musical de Diário de Uma Paixão estreou na Broadway e recebeu três indicações ao Tony. Foi a primeira vez que um romance de Nicholas Sparks ganhou vida nos palcos.

“Quando a ideia do musical foi trazida à minha atenção, acho que pensei: ‘Todo mundo já não conhece a história?’”, Sparks brincou antes de acrescentar que o espetáculo é “verdadeiramente lindo”.

Nicholas Sparks em sua casa. Foto: Mike Belleme/NYT

Sparks escreveu seu primeiro romance, The Passing, durante seu primeiro ano na Universidade de Notre Dame com uma bolsa de estudos de atletismo. Sua mãe, Jill Emma Marie Thoene, que morreu em 1989, falou para o filho de 19 anos “escrever um livro para se manter ocupado” depois que ele sofreu uma lesão esportiva: distensão no tendão de Aquiles. O livro, que nunca foi publicado, era um romance de terror inspirado em seu herói literário, Stephen King.

Logo após o lançamento de Diário de Uma Paixão em 1996, Sparks quis dar a King uma cópia autografada do livro durante uma visita a Bangor, Maine. “Estacionei na frente da casa dele e tinha uma corrente baixa na entrada da garagem para desencorajar as pessoas”, disse ele. “Eu me lembro de ficar andando de um lado para o outro, pensando: ‘Agora também sou um autor de best-sellers. Será que esta corrente se aplica a mim?’”

Sparks decidiu ignorar a corrente e deixar uma cópia de seu livro junto à porta da frente. Ele só teve notícias de King uma década depois, quando uma editora entrou em contato para solicitar uma resenha para o livro de 2006 do romancista de terror, Lisey’s Story. Sem hesitar, Sparks disse sim. Uma edição de capa dura de Lisey’s Story, com um bilhete de King e sua editora Nan Graham, está cuidadosamente postada numa estante que abriga as primeiras edições de O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald, e Matadouro 5, de Kurt Vonnegut.

“Ele só pediu comentário para mais uma pessoa. Michael Chabon. Então, somos três, Stephen King, Michael Chabon e eu. Sempre que penso nisso, ouço aquela música da Vila Sésamo, ‘Uma dessas coisas não é como as outras’”, cantou Sparks. (Ele até que canta bem).

Na biblioteca no andar de cima, livros de todos os gêneros cobrem as paredes. “São alguns dos livros que li ao longo dos anos. Na verdade, li três vezes mais. Tenho que fazer uma limpa de vez em quando.”

O cômodo também conta com um tabuleiro de gamão Hermès, feito de mogno e couro de bezerro, um dos quatro conjuntos em exposição pela casa. Mais nove tabuleiros estão cuidadosamente guardados em várias gavetas, armários e gabinetes.

Uma pintura do artista John Beerman está exibida em um cavalete na biblioteca. Sparks disse que gosta das “cores e paisagens oníricas” de Beerman.

O autor também tem uma queda por globos. “Minhas turnês de livros me levavam por todo o mundo. Então, eu usava os globos para mostrar aos meus filhos, quando eles eram pequenos, para onde eu estava indo.”

A organização sem fins lucrativos do romancista, a Nicholas Sparks Foundation, é dedicada à educação global. Sparks disse que ajudou a financiar excursões de viagens internacionais para centenas de crianças desde 2006.

No total, onze dos romances de Sparks foram adaptados para filmes de Hollywood, entre eles o clássico cult de Nick Cassavetes, Diário de Uma Paixão, que foi lançado em 2004 e estrelado por Ryan Gosling e Rachel McAdams. Cartazes de filmes emoldurados de todos os seus romances que foram adaptados para o cinema, entre eles A Última Música, adornam as paredes do cinema no segundo andar.

Embora tenha produzido seis desses filmes, o autor ganhou apenas um crédito de roteiro, por A Última Música. Por causa do timing, Sparks escreveu o roteiro antes de terminar o livro de mesmo nome, de 2009. Ele usou o roteiro como esboço para o romance.

“Os filmes com certeza fizeram bem para a minha carreira”, disse Sparks. “Apenas uma certa porcentagem de pessoas lê romances, e então uma porcentagem menor lê os meus. Os filmes foram um jeito maravilhoso de apresentar às pessoas as histórias que eu achava que valia a pena contar.” / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

A imensa casa de Nicholas Sparks em New Bern, Carolina do Norte, nem sempre pareceu um museu. Por uns dez anos, a casa de três andares à beira do rio foi dominada pelos cinco filhos do autor, que jogavam futebol na sala de estar e faziam o dever de casa na mesa da sala de jantar, agora totalmente arrumada e feita sob medida para dez pessoas.

Nicholas Sparks em casa, em New Bern, na Carolina do Norte.  Foto: Mike Belleme/NYT

“Foi uma casa ativa e movimentada por muito tempo”, disse Sparks. “Em determinado momento, havia quatro cachorros e umas 13 pessoas morando aqui – eu, minha agora ex-mulher, nossos cinco filhos, um estudante de intercâmbio e amigos.”

Sparks, o prolífico romancista americano de 58 anos que ganhou fama quando seu romance de estreia, Diário de Uma Paixão, foi publicado em 1996, viveu na casa de estilo Low Country nos últimos quinze anos. Ele habita a pitoresca propriedade há 27 anos. (Ele e sua ex-esposa, Catherine Sparks, se divorciaram em 2015).

A sala de estar de Nicholas Sparks. Foto: Mike Belleme/NYT

“Derrubamos a casa em que estávamos morando, contratamos um arquiteto e projetamos esta”, explicou Sparks. “A primeira casa era moderna, e as mudanças que eu e minha ex-esposa queríamos fazer na época eram tão substanciais que não fazia sentido tentar reformá-la.” A nova residência é retratada numa pintura de Andre Dluhos na sala de estar.

Sua residência atual, construída em dezoito meses, tem seis quartos, uma biblioteca, uma sala de música, uma sala de pub, um espaço de escritório, uma sala de cinema e uma ampla área de estar de conceito aberto com tetos de 4 metros de altura. As portas da sala de estar se abrem para uma varanda de 100 metros quadrados com vista para o rio Trent.

Nicholas Sparks tem até um pub em sua mansão, na Carolina do Norte Foto: Mike Belleme/NYT

“Por causa da linha do telhado e de outros fatores, jamais poderíamos fazer uma varanda na primeira casa”, disse Sparks. “É uma boa ideia ter uma varanda na Carolina do Norte porque às vezes fica quente e desconfortável.”

Quadros de artistas da Carolina do Norte, entre eles os retratos de Richard Fennell de seus filhos mais novos, Landon, Lexie e Savannah, cobrem a parede da escada.

“Tive que pintá-los porque, é claro, os dois primeiros filhos são fotografados o tempo todo”, disse Sparks, referindo-se a seus filhos mais velhos, Miles e Ryan. “Mas quando chega o terceiro, quarto e quinto filho, você pensa: ‘Eh. Vamos tirar fotos no ano que vem’ e, de repente, você não tem fotos das crianças e pensa: ‘Ah, não. Sou um péssimo pai. Tenho que fazer retratos de todos vocês.’”

Quadros de Landon, Lexie e Savannah, filhos mais novos de Nicholas Sparks.  Foto: Mike Belleme/NYT

Antes do fotógrafo e da repórter chegarem à sua casa, Sparks passou a manhã na bancada de granito da cozinha cortando dois frangos assados sem pele e sem osso, alguns talos de aipo e uma cebola Vidalia. Em seguida, ele preparou um molho composto de maionese, picles de endro, picles de jalapeño, vinagre de maçã, sal, pimenta, pimenta-caiena e 16 pacotes de Splenda. “Você pode usar açúcar de verdade, mas por que colocar açúcar se você pode usar Splenda?”, perguntou Sparks, acrescentando que ele tenta evitar carboidratos “na maior parte do tempo”.

O parágrafo inicial de Diário de Uma Paixão está inscrito numa parede atrás de um bar perto do hall de entrada. Baseado na história de amor real dos avós de sua ex-esposa, o livro já vendeu mais de 14 milhões de cópias no mundo todo.

Quando não está lendo em seus sofás de pelúcia bege claro ou passando tempo com os cinco filhos adultos, Sparks pode ser encontrado em seu escritório, escrevendo.

Sua mesa de carvalho é cercada por estantes embutidas com várias edições dos 24 romances que ele escreveu nos últimos 28 anos.

A biblioteca de Nicholas Sparks. Foto: Mike Belleme/NYT

As prateleiras apresentam exemplares novos de seu último tomo, Counting Miracles, que foi lançado em 24 de setembro. Como todos os seus livros, a obra foi inspirada nas pessoas de sua vida e traz uma história de amor, a Carolina do Norte e um final imprevisível.

“O personagem principal do livro se chama Tanner Hughes”, disse. “Ele foi parcialmente inspirado no meu primo Todd, que também foi uma inspiração para o meu romance de 2007, Querido John.

Ele levou cerca de seis meses para escrevê-lo – algo parecido com Diário de Uma Paixão, que ele escreveu ao longo de um período de seis meses em 1994. Na época, Sparks morava numa casa de 111 metros quadrados em New Bern e ganhava US$ 45.000 por ano como representante de vendas farmacêuticas.

O autor se mudou de Sacramento, Califórnia, para a Carolina do Norte 32 anos atrás por causa da atmosfera de cidadezinha de New Bern, do clima afável e das paisagens costeiras. A região também era financeiramente acessível. “Eu não tinha dinheiro para comprar uma casa na Califórnia”, disse Sparks. “Quando comecei a trabalhar em Diário de Uma Paixão, eu tinha uma hipoteca e dois filhos. Comecei a perceber que precisava começar a perseguir um sonho.”

Para realizar esse sonho, ele enviou um manuscrito de 52 mil palavras intitulado Winter for Two a 25 agentes literários. Uma delas, Theresa Park, respondeu. “Theresa me convenceu de que The Notebook era (um título) mais ressonante, cativante, memorável e significativo”, lembrou Sparks, que mantém uma foto emoldurada de Park segurando seu bebê recém-nascido no escritório.

No canto de trás, uma estante está empilhada com todas as edições do romance e uma caixa dourada. “Esta caixa foi enviada para os críticos”, explicou Sparks. “Ela veio com a edição antecipada, um bilhete e um lenço.”

No início deste ano, a adaptação musical de Diário de Uma Paixão estreou na Broadway e recebeu três indicações ao Tony. Foi a primeira vez que um romance de Nicholas Sparks ganhou vida nos palcos.

“Quando a ideia do musical foi trazida à minha atenção, acho que pensei: ‘Todo mundo já não conhece a história?’”, Sparks brincou antes de acrescentar que o espetáculo é “verdadeiramente lindo”.

Nicholas Sparks em sua casa. Foto: Mike Belleme/NYT

Sparks escreveu seu primeiro romance, The Passing, durante seu primeiro ano na Universidade de Notre Dame com uma bolsa de estudos de atletismo. Sua mãe, Jill Emma Marie Thoene, que morreu em 1989, falou para o filho de 19 anos “escrever um livro para se manter ocupado” depois que ele sofreu uma lesão esportiva: distensão no tendão de Aquiles. O livro, que nunca foi publicado, era um romance de terror inspirado em seu herói literário, Stephen King.

Logo após o lançamento de Diário de Uma Paixão em 1996, Sparks quis dar a King uma cópia autografada do livro durante uma visita a Bangor, Maine. “Estacionei na frente da casa dele e tinha uma corrente baixa na entrada da garagem para desencorajar as pessoas”, disse ele. “Eu me lembro de ficar andando de um lado para o outro, pensando: ‘Agora também sou um autor de best-sellers. Será que esta corrente se aplica a mim?’”

Sparks decidiu ignorar a corrente e deixar uma cópia de seu livro junto à porta da frente. Ele só teve notícias de King uma década depois, quando uma editora entrou em contato para solicitar uma resenha para o livro de 2006 do romancista de terror, Lisey’s Story. Sem hesitar, Sparks disse sim. Uma edição de capa dura de Lisey’s Story, com um bilhete de King e sua editora Nan Graham, está cuidadosamente postada numa estante que abriga as primeiras edições de O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald, e Matadouro 5, de Kurt Vonnegut.

“Ele só pediu comentário para mais uma pessoa. Michael Chabon. Então, somos três, Stephen King, Michael Chabon e eu. Sempre que penso nisso, ouço aquela música da Vila Sésamo, ‘Uma dessas coisas não é como as outras’”, cantou Sparks. (Ele até que canta bem).

Na biblioteca no andar de cima, livros de todos os gêneros cobrem as paredes. “São alguns dos livros que li ao longo dos anos. Na verdade, li três vezes mais. Tenho que fazer uma limpa de vez em quando.”

O cômodo também conta com um tabuleiro de gamão Hermès, feito de mogno e couro de bezerro, um dos quatro conjuntos em exposição pela casa. Mais nove tabuleiros estão cuidadosamente guardados em várias gavetas, armários e gabinetes.

Uma pintura do artista John Beerman está exibida em um cavalete na biblioteca. Sparks disse que gosta das “cores e paisagens oníricas” de Beerman.

O autor também tem uma queda por globos. “Minhas turnês de livros me levavam por todo o mundo. Então, eu usava os globos para mostrar aos meus filhos, quando eles eram pequenos, para onde eu estava indo.”

A organização sem fins lucrativos do romancista, a Nicholas Sparks Foundation, é dedicada à educação global. Sparks disse que ajudou a financiar excursões de viagens internacionais para centenas de crianças desde 2006.

No total, onze dos romances de Sparks foram adaptados para filmes de Hollywood, entre eles o clássico cult de Nick Cassavetes, Diário de Uma Paixão, que foi lançado em 2004 e estrelado por Ryan Gosling e Rachel McAdams. Cartazes de filmes emoldurados de todos os seus romances que foram adaptados para o cinema, entre eles A Última Música, adornam as paredes do cinema no segundo andar.

Embora tenha produzido seis desses filmes, o autor ganhou apenas um crédito de roteiro, por A Última Música. Por causa do timing, Sparks escreveu o roteiro antes de terminar o livro de mesmo nome, de 2009. Ele usou o roteiro como esboço para o romance.

“Os filmes com certeza fizeram bem para a minha carreira”, disse Sparks. “Apenas uma certa porcentagem de pessoas lê romances, e então uma porcentagem menor lê os meus. Os filmes foram um jeito maravilhoso de apresentar às pessoas as histórias que eu achava que valia a pena contar.” / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

A imensa casa de Nicholas Sparks em New Bern, Carolina do Norte, nem sempre pareceu um museu. Por uns dez anos, a casa de três andares à beira do rio foi dominada pelos cinco filhos do autor, que jogavam futebol na sala de estar e faziam o dever de casa na mesa da sala de jantar, agora totalmente arrumada e feita sob medida para dez pessoas.

Nicholas Sparks em casa, em New Bern, na Carolina do Norte.  Foto: Mike Belleme/NYT

“Foi uma casa ativa e movimentada por muito tempo”, disse Sparks. “Em determinado momento, havia quatro cachorros e umas 13 pessoas morando aqui – eu, minha agora ex-mulher, nossos cinco filhos, um estudante de intercâmbio e amigos.”

Sparks, o prolífico romancista americano de 58 anos que ganhou fama quando seu romance de estreia, Diário de Uma Paixão, foi publicado em 1996, viveu na casa de estilo Low Country nos últimos quinze anos. Ele habita a pitoresca propriedade há 27 anos. (Ele e sua ex-esposa, Catherine Sparks, se divorciaram em 2015).

A sala de estar de Nicholas Sparks. Foto: Mike Belleme/NYT

“Derrubamos a casa em que estávamos morando, contratamos um arquiteto e projetamos esta”, explicou Sparks. “A primeira casa era moderna, e as mudanças que eu e minha ex-esposa queríamos fazer na época eram tão substanciais que não fazia sentido tentar reformá-la.” A nova residência é retratada numa pintura de Andre Dluhos na sala de estar.

Sua residência atual, construída em dezoito meses, tem seis quartos, uma biblioteca, uma sala de música, uma sala de pub, um espaço de escritório, uma sala de cinema e uma ampla área de estar de conceito aberto com tetos de 4 metros de altura. As portas da sala de estar se abrem para uma varanda de 100 metros quadrados com vista para o rio Trent.

Nicholas Sparks tem até um pub em sua mansão, na Carolina do Norte Foto: Mike Belleme/NYT

“Por causa da linha do telhado e de outros fatores, jamais poderíamos fazer uma varanda na primeira casa”, disse Sparks. “É uma boa ideia ter uma varanda na Carolina do Norte porque às vezes fica quente e desconfortável.”

Quadros de artistas da Carolina do Norte, entre eles os retratos de Richard Fennell de seus filhos mais novos, Landon, Lexie e Savannah, cobrem a parede da escada.

“Tive que pintá-los porque, é claro, os dois primeiros filhos são fotografados o tempo todo”, disse Sparks, referindo-se a seus filhos mais velhos, Miles e Ryan. “Mas quando chega o terceiro, quarto e quinto filho, você pensa: ‘Eh. Vamos tirar fotos no ano que vem’ e, de repente, você não tem fotos das crianças e pensa: ‘Ah, não. Sou um péssimo pai. Tenho que fazer retratos de todos vocês.’”

Quadros de Landon, Lexie e Savannah, filhos mais novos de Nicholas Sparks.  Foto: Mike Belleme/NYT

Antes do fotógrafo e da repórter chegarem à sua casa, Sparks passou a manhã na bancada de granito da cozinha cortando dois frangos assados sem pele e sem osso, alguns talos de aipo e uma cebola Vidalia. Em seguida, ele preparou um molho composto de maionese, picles de endro, picles de jalapeño, vinagre de maçã, sal, pimenta, pimenta-caiena e 16 pacotes de Splenda. “Você pode usar açúcar de verdade, mas por que colocar açúcar se você pode usar Splenda?”, perguntou Sparks, acrescentando que ele tenta evitar carboidratos “na maior parte do tempo”.

O parágrafo inicial de Diário de Uma Paixão está inscrito numa parede atrás de um bar perto do hall de entrada. Baseado na história de amor real dos avós de sua ex-esposa, o livro já vendeu mais de 14 milhões de cópias no mundo todo.

Quando não está lendo em seus sofás de pelúcia bege claro ou passando tempo com os cinco filhos adultos, Sparks pode ser encontrado em seu escritório, escrevendo.

Sua mesa de carvalho é cercada por estantes embutidas com várias edições dos 24 romances que ele escreveu nos últimos 28 anos.

A biblioteca de Nicholas Sparks. Foto: Mike Belleme/NYT

As prateleiras apresentam exemplares novos de seu último tomo, Counting Miracles, que foi lançado em 24 de setembro. Como todos os seus livros, a obra foi inspirada nas pessoas de sua vida e traz uma história de amor, a Carolina do Norte e um final imprevisível.

“O personagem principal do livro se chama Tanner Hughes”, disse. “Ele foi parcialmente inspirado no meu primo Todd, que também foi uma inspiração para o meu romance de 2007, Querido John.

Ele levou cerca de seis meses para escrevê-lo – algo parecido com Diário de Uma Paixão, que ele escreveu ao longo de um período de seis meses em 1994. Na época, Sparks morava numa casa de 111 metros quadrados em New Bern e ganhava US$ 45.000 por ano como representante de vendas farmacêuticas.

O autor se mudou de Sacramento, Califórnia, para a Carolina do Norte 32 anos atrás por causa da atmosfera de cidadezinha de New Bern, do clima afável e das paisagens costeiras. A região também era financeiramente acessível. “Eu não tinha dinheiro para comprar uma casa na Califórnia”, disse Sparks. “Quando comecei a trabalhar em Diário de Uma Paixão, eu tinha uma hipoteca e dois filhos. Comecei a perceber que precisava começar a perseguir um sonho.”

Para realizar esse sonho, ele enviou um manuscrito de 52 mil palavras intitulado Winter for Two a 25 agentes literários. Uma delas, Theresa Park, respondeu. “Theresa me convenceu de que The Notebook era (um título) mais ressonante, cativante, memorável e significativo”, lembrou Sparks, que mantém uma foto emoldurada de Park segurando seu bebê recém-nascido no escritório.

No canto de trás, uma estante está empilhada com todas as edições do romance e uma caixa dourada. “Esta caixa foi enviada para os críticos”, explicou Sparks. “Ela veio com a edição antecipada, um bilhete e um lenço.”

No início deste ano, a adaptação musical de Diário de Uma Paixão estreou na Broadway e recebeu três indicações ao Tony. Foi a primeira vez que um romance de Nicholas Sparks ganhou vida nos palcos.

“Quando a ideia do musical foi trazida à minha atenção, acho que pensei: ‘Todo mundo já não conhece a história?’”, Sparks brincou antes de acrescentar que o espetáculo é “verdadeiramente lindo”.

Nicholas Sparks em sua casa. Foto: Mike Belleme/NYT

Sparks escreveu seu primeiro romance, The Passing, durante seu primeiro ano na Universidade de Notre Dame com uma bolsa de estudos de atletismo. Sua mãe, Jill Emma Marie Thoene, que morreu em 1989, falou para o filho de 19 anos “escrever um livro para se manter ocupado” depois que ele sofreu uma lesão esportiva: distensão no tendão de Aquiles. O livro, que nunca foi publicado, era um romance de terror inspirado em seu herói literário, Stephen King.

Logo após o lançamento de Diário de Uma Paixão em 1996, Sparks quis dar a King uma cópia autografada do livro durante uma visita a Bangor, Maine. “Estacionei na frente da casa dele e tinha uma corrente baixa na entrada da garagem para desencorajar as pessoas”, disse ele. “Eu me lembro de ficar andando de um lado para o outro, pensando: ‘Agora também sou um autor de best-sellers. Será que esta corrente se aplica a mim?’”

Sparks decidiu ignorar a corrente e deixar uma cópia de seu livro junto à porta da frente. Ele só teve notícias de King uma década depois, quando uma editora entrou em contato para solicitar uma resenha para o livro de 2006 do romancista de terror, Lisey’s Story. Sem hesitar, Sparks disse sim. Uma edição de capa dura de Lisey’s Story, com um bilhete de King e sua editora Nan Graham, está cuidadosamente postada numa estante que abriga as primeiras edições de O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald, e Matadouro 5, de Kurt Vonnegut.

“Ele só pediu comentário para mais uma pessoa. Michael Chabon. Então, somos três, Stephen King, Michael Chabon e eu. Sempre que penso nisso, ouço aquela música da Vila Sésamo, ‘Uma dessas coisas não é como as outras’”, cantou Sparks. (Ele até que canta bem).

Na biblioteca no andar de cima, livros de todos os gêneros cobrem as paredes. “São alguns dos livros que li ao longo dos anos. Na verdade, li três vezes mais. Tenho que fazer uma limpa de vez em quando.”

O cômodo também conta com um tabuleiro de gamão Hermès, feito de mogno e couro de bezerro, um dos quatro conjuntos em exposição pela casa. Mais nove tabuleiros estão cuidadosamente guardados em várias gavetas, armários e gabinetes.

Uma pintura do artista John Beerman está exibida em um cavalete na biblioteca. Sparks disse que gosta das “cores e paisagens oníricas” de Beerman.

O autor também tem uma queda por globos. “Minhas turnês de livros me levavam por todo o mundo. Então, eu usava os globos para mostrar aos meus filhos, quando eles eram pequenos, para onde eu estava indo.”

A organização sem fins lucrativos do romancista, a Nicholas Sparks Foundation, é dedicada à educação global. Sparks disse que ajudou a financiar excursões de viagens internacionais para centenas de crianças desde 2006.

No total, onze dos romances de Sparks foram adaptados para filmes de Hollywood, entre eles o clássico cult de Nick Cassavetes, Diário de Uma Paixão, que foi lançado em 2004 e estrelado por Ryan Gosling e Rachel McAdams. Cartazes de filmes emoldurados de todos os seus romances que foram adaptados para o cinema, entre eles A Última Música, adornam as paredes do cinema no segundo andar.

Embora tenha produzido seis desses filmes, o autor ganhou apenas um crédito de roteiro, por A Última Música. Por causa do timing, Sparks escreveu o roteiro antes de terminar o livro de mesmo nome, de 2009. Ele usou o roteiro como esboço para o romance.

“Os filmes com certeza fizeram bem para a minha carreira”, disse Sparks. “Apenas uma certa porcentagem de pessoas lê romances, e então uma porcentagem menor lê os meus. Os filmes foram um jeito maravilhoso de apresentar às pessoas as histórias que eu achava que valia a pena contar.” / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

A imensa casa de Nicholas Sparks em New Bern, Carolina do Norte, nem sempre pareceu um museu. Por uns dez anos, a casa de três andares à beira do rio foi dominada pelos cinco filhos do autor, que jogavam futebol na sala de estar e faziam o dever de casa na mesa da sala de jantar, agora totalmente arrumada e feita sob medida para dez pessoas.

Nicholas Sparks em casa, em New Bern, na Carolina do Norte.  Foto: Mike Belleme/NYT

“Foi uma casa ativa e movimentada por muito tempo”, disse Sparks. “Em determinado momento, havia quatro cachorros e umas 13 pessoas morando aqui – eu, minha agora ex-mulher, nossos cinco filhos, um estudante de intercâmbio e amigos.”

Sparks, o prolífico romancista americano de 58 anos que ganhou fama quando seu romance de estreia, Diário de Uma Paixão, foi publicado em 1996, viveu na casa de estilo Low Country nos últimos quinze anos. Ele habita a pitoresca propriedade há 27 anos. (Ele e sua ex-esposa, Catherine Sparks, se divorciaram em 2015).

A sala de estar de Nicholas Sparks. Foto: Mike Belleme/NYT

“Derrubamos a casa em que estávamos morando, contratamos um arquiteto e projetamos esta”, explicou Sparks. “A primeira casa era moderna, e as mudanças que eu e minha ex-esposa queríamos fazer na época eram tão substanciais que não fazia sentido tentar reformá-la.” A nova residência é retratada numa pintura de Andre Dluhos na sala de estar.

Sua residência atual, construída em dezoito meses, tem seis quartos, uma biblioteca, uma sala de música, uma sala de pub, um espaço de escritório, uma sala de cinema e uma ampla área de estar de conceito aberto com tetos de 4 metros de altura. As portas da sala de estar se abrem para uma varanda de 100 metros quadrados com vista para o rio Trent.

Nicholas Sparks tem até um pub em sua mansão, na Carolina do Norte Foto: Mike Belleme/NYT

“Por causa da linha do telhado e de outros fatores, jamais poderíamos fazer uma varanda na primeira casa”, disse Sparks. “É uma boa ideia ter uma varanda na Carolina do Norte porque às vezes fica quente e desconfortável.”

Quadros de artistas da Carolina do Norte, entre eles os retratos de Richard Fennell de seus filhos mais novos, Landon, Lexie e Savannah, cobrem a parede da escada.

“Tive que pintá-los porque, é claro, os dois primeiros filhos são fotografados o tempo todo”, disse Sparks, referindo-se a seus filhos mais velhos, Miles e Ryan. “Mas quando chega o terceiro, quarto e quinto filho, você pensa: ‘Eh. Vamos tirar fotos no ano que vem’ e, de repente, você não tem fotos das crianças e pensa: ‘Ah, não. Sou um péssimo pai. Tenho que fazer retratos de todos vocês.’”

Quadros de Landon, Lexie e Savannah, filhos mais novos de Nicholas Sparks.  Foto: Mike Belleme/NYT

Antes do fotógrafo e da repórter chegarem à sua casa, Sparks passou a manhã na bancada de granito da cozinha cortando dois frangos assados sem pele e sem osso, alguns talos de aipo e uma cebola Vidalia. Em seguida, ele preparou um molho composto de maionese, picles de endro, picles de jalapeño, vinagre de maçã, sal, pimenta, pimenta-caiena e 16 pacotes de Splenda. “Você pode usar açúcar de verdade, mas por que colocar açúcar se você pode usar Splenda?”, perguntou Sparks, acrescentando que ele tenta evitar carboidratos “na maior parte do tempo”.

O parágrafo inicial de Diário de Uma Paixão está inscrito numa parede atrás de um bar perto do hall de entrada. Baseado na história de amor real dos avós de sua ex-esposa, o livro já vendeu mais de 14 milhões de cópias no mundo todo.

Quando não está lendo em seus sofás de pelúcia bege claro ou passando tempo com os cinco filhos adultos, Sparks pode ser encontrado em seu escritório, escrevendo.

Sua mesa de carvalho é cercada por estantes embutidas com várias edições dos 24 romances que ele escreveu nos últimos 28 anos.

A biblioteca de Nicholas Sparks. Foto: Mike Belleme/NYT

As prateleiras apresentam exemplares novos de seu último tomo, Counting Miracles, que foi lançado em 24 de setembro. Como todos os seus livros, a obra foi inspirada nas pessoas de sua vida e traz uma história de amor, a Carolina do Norte e um final imprevisível.

“O personagem principal do livro se chama Tanner Hughes”, disse. “Ele foi parcialmente inspirado no meu primo Todd, que também foi uma inspiração para o meu romance de 2007, Querido John.

Ele levou cerca de seis meses para escrevê-lo – algo parecido com Diário de Uma Paixão, que ele escreveu ao longo de um período de seis meses em 1994. Na época, Sparks morava numa casa de 111 metros quadrados em New Bern e ganhava US$ 45.000 por ano como representante de vendas farmacêuticas.

O autor se mudou de Sacramento, Califórnia, para a Carolina do Norte 32 anos atrás por causa da atmosfera de cidadezinha de New Bern, do clima afável e das paisagens costeiras. A região também era financeiramente acessível. “Eu não tinha dinheiro para comprar uma casa na Califórnia”, disse Sparks. “Quando comecei a trabalhar em Diário de Uma Paixão, eu tinha uma hipoteca e dois filhos. Comecei a perceber que precisava começar a perseguir um sonho.”

Para realizar esse sonho, ele enviou um manuscrito de 52 mil palavras intitulado Winter for Two a 25 agentes literários. Uma delas, Theresa Park, respondeu. “Theresa me convenceu de que The Notebook era (um título) mais ressonante, cativante, memorável e significativo”, lembrou Sparks, que mantém uma foto emoldurada de Park segurando seu bebê recém-nascido no escritório.

No canto de trás, uma estante está empilhada com todas as edições do romance e uma caixa dourada. “Esta caixa foi enviada para os críticos”, explicou Sparks. “Ela veio com a edição antecipada, um bilhete e um lenço.”

No início deste ano, a adaptação musical de Diário de Uma Paixão estreou na Broadway e recebeu três indicações ao Tony. Foi a primeira vez que um romance de Nicholas Sparks ganhou vida nos palcos.

“Quando a ideia do musical foi trazida à minha atenção, acho que pensei: ‘Todo mundo já não conhece a história?’”, Sparks brincou antes de acrescentar que o espetáculo é “verdadeiramente lindo”.

Nicholas Sparks em sua casa. Foto: Mike Belleme/NYT

Sparks escreveu seu primeiro romance, The Passing, durante seu primeiro ano na Universidade de Notre Dame com uma bolsa de estudos de atletismo. Sua mãe, Jill Emma Marie Thoene, que morreu em 1989, falou para o filho de 19 anos “escrever um livro para se manter ocupado” depois que ele sofreu uma lesão esportiva: distensão no tendão de Aquiles. O livro, que nunca foi publicado, era um romance de terror inspirado em seu herói literário, Stephen King.

Logo após o lançamento de Diário de Uma Paixão em 1996, Sparks quis dar a King uma cópia autografada do livro durante uma visita a Bangor, Maine. “Estacionei na frente da casa dele e tinha uma corrente baixa na entrada da garagem para desencorajar as pessoas”, disse ele. “Eu me lembro de ficar andando de um lado para o outro, pensando: ‘Agora também sou um autor de best-sellers. Será que esta corrente se aplica a mim?’”

Sparks decidiu ignorar a corrente e deixar uma cópia de seu livro junto à porta da frente. Ele só teve notícias de King uma década depois, quando uma editora entrou em contato para solicitar uma resenha para o livro de 2006 do romancista de terror, Lisey’s Story. Sem hesitar, Sparks disse sim. Uma edição de capa dura de Lisey’s Story, com um bilhete de King e sua editora Nan Graham, está cuidadosamente postada numa estante que abriga as primeiras edições de O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald, e Matadouro 5, de Kurt Vonnegut.

“Ele só pediu comentário para mais uma pessoa. Michael Chabon. Então, somos três, Stephen King, Michael Chabon e eu. Sempre que penso nisso, ouço aquela música da Vila Sésamo, ‘Uma dessas coisas não é como as outras’”, cantou Sparks. (Ele até que canta bem).

Na biblioteca no andar de cima, livros de todos os gêneros cobrem as paredes. “São alguns dos livros que li ao longo dos anos. Na verdade, li três vezes mais. Tenho que fazer uma limpa de vez em quando.”

O cômodo também conta com um tabuleiro de gamão Hermès, feito de mogno e couro de bezerro, um dos quatro conjuntos em exposição pela casa. Mais nove tabuleiros estão cuidadosamente guardados em várias gavetas, armários e gabinetes.

Uma pintura do artista John Beerman está exibida em um cavalete na biblioteca. Sparks disse que gosta das “cores e paisagens oníricas” de Beerman.

O autor também tem uma queda por globos. “Minhas turnês de livros me levavam por todo o mundo. Então, eu usava os globos para mostrar aos meus filhos, quando eles eram pequenos, para onde eu estava indo.”

A organização sem fins lucrativos do romancista, a Nicholas Sparks Foundation, é dedicada à educação global. Sparks disse que ajudou a financiar excursões de viagens internacionais para centenas de crianças desde 2006.

No total, onze dos romances de Sparks foram adaptados para filmes de Hollywood, entre eles o clássico cult de Nick Cassavetes, Diário de Uma Paixão, que foi lançado em 2004 e estrelado por Ryan Gosling e Rachel McAdams. Cartazes de filmes emoldurados de todos os seus romances que foram adaptados para o cinema, entre eles A Última Música, adornam as paredes do cinema no segundo andar.

Embora tenha produzido seis desses filmes, o autor ganhou apenas um crédito de roteiro, por A Última Música. Por causa do timing, Sparks escreveu o roteiro antes de terminar o livro de mesmo nome, de 2009. Ele usou o roteiro como esboço para o romance.

“Os filmes com certeza fizeram bem para a minha carreira”, disse Sparks. “Apenas uma certa porcentagem de pessoas lê romances, e então uma porcentagem menor lê os meus. Os filmes foram um jeito maravilhoso de apresentar às pessoas as histórias que eu achava que valia a pena contar.” / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

A imensa casa de Nicholas Sparks em New Bern, Carolina do Norte, nem sempre pareceu um museu. Por uns dez anos, a casa de três andares à beira do rio foi dominada pelos cinco filhos do autor, que jogavam futebol na sala de estar e faziam o dever de casa na mesa da sala de jantar, agora totalmente arrumada e feita sob medida para dez pessoas.

Nicholas Sparks em casa, em New Bern, na Carolina do Norte.  Foto: Mike Belleme/NYT

“Foi uma casa ativa e movimentada por muito tempo”, disse Sparks. “Em determinado momento, havia quatro cachorros e umas 13 pessoas morando aqui – eu, minha agora ex-mulher, nossos cinco filhos, um estudante de intercâmbio e amigos.”

Sparks, o prolífico romancista americano de 58 anos que ganhou fama quando seu romance de estreia, Diário de Uma Paixão, foi publicado em 1996, viveu na casa de estilo Low Country nos últimos quinze anos. Ele habita a pitoresca propriedade há 27 anos. (Ele e sua ex-esposa, Catherine Sparks, se divorciaram em 2015).

A sala de estar de Nicholas Sparks. Foto: Mike Belleme/NYT

“Derrubamos a casa em que estávamos morando, contratamos um arquiteto e projetamos esta”, explicou Sparks. “A primeira casa era moderna, e as mudanças que eu e minha ex-esposa queríamos fazer na época eram tão substanciais que não fazia sentido tentar reformá-la.” A nova residência é retratada numa pintura de Andre Dluhos na sala de estar.

Sua residência atual, construída em dezoito meses, tem seis quartos, uma biblioteca, uma sala de música, uma sala de pub, um espaço de escritório, uma sala de cinema e uma ampla área de estar de conceito aberto com tetos de 4 metros de altura. As portas da sala de estar se abrem para uma varanda de 100 metros quadrados com vista para o rio Trent.

Nicholas Sparks tem até um pub em sua mansão, na Carolina do Norte Foto: Mike Belleme/NYT

“Por causa da linha do telhado e de outros fatores, jamais poderíamos fazer uma varanda na primeira casa”, disse Sparks. “É uma boa ideia ter uma varanda na Carolina do Norte porque às vezes fica quente e desconfortável.”

Quadros de artistas da Carolina do Norte, entre eles os retratos de Richard Fennell de seus filhos mais novos, Landon, Lexie e Savannah, cobrem a parede da escada.

“Tive que pintá-los porque, é claro, os dois primeiros filhos são fotografados o tempo todo”, disse Sparks, referindo-se a seus filhos mais velhos, Miles e Ryan. “Mas quando chega o terceiro, quarto e quinto filho, você pensa: ‘Eh. Vamos tirar fotos no ano que vem’ e, de repente, você não tem fotos das crianças e pensa: ‘Ah, não. Sou um péssimo pai. Tenho que fazer retratos de todos vocês.’”

Quadros de Landon, Lexie e Savannah, filhos mais novos de Nicholas Sparks.  Foto: Mike Belleme/NYT

Antes do fotógrafo e da repórter chegarem à sua casa, Sparks passou a manhã na bancada de granito da cozinha cortando dois frangos assados sem pele e sem osso, alguns talos de aipo e uma cebola Vidalia. Em seguida, ele preparou um molho composto de maionese, picles de endro, picles de jalapeño, vinagre de maçã, sal, pimenta, pimenta-caiena e 16 pacotes de Splenda. “Você pode usar açúcar de verdade, mas por que colocar açúcar se você pode usar Splenda?”, perguntou Sparks, acrescentando que ele tenta evitar carboidratos “na maior parte do tempo”.

O parágrafo inicial de Diário de Uma Paixão está inscrito numa parede atrás de um bar perto do hall de entrada. Baseado na história de amor real dos avós de sua ex-esposa, o livro já vendeu mais de 14 milhões de cópias no mundo todo.

Quando não está lendo em seus sofás de pelúcia bege claro ou passando tempo com os cinco filhos adultos, Sparks pode ser encontrado em seu escritório, escrevendo.

Sua mesa de carvalho é cercada por estantes embutidas com várias edições dos 24 romances que ele escreveu nos últimos 28 anos.

A biblioteca de Nicholas Sparks. Foto: Mike Belleme/NYT

As prateleiras apresentam exemplares novos de seu último tomo, Counting Miracles, que foi lançado em 24 de setembro. Como todos os seus livros, a obra foi inspirada nas pessoas de sua vida e traz uma história de amor, a Carolina do Norte e um final imprevisível.

“O personagem principal do livro se chama Tanner Hughes”, disse. “Ele foi parcialmente inspirado no meu primo Todd, que também foi uma inspiração para o meu romance de 2007, Querido John.

Ele levou cerca de seis meses para escrevê-lo – algo parecido com Diário de Uma Paixão, que ele escreveu ao longo de um período de seis meses em 1994. Na época, Sparks morava numa casa de 111 metros quadrados em New Bern e ganhava US$ 45.000 por ano como representante de vendas farmacêuticas.

O autor se mudou de Sacramento, Califórnia, para a Carolina do Norte 32 anos atrás por causa da atmosfera de cidadezinha de New Bern, do clima afável e das paisagens costeiras. A região também era financeiramente acessível. “Eu não tinha dinheiro para comprar uma casa na Califórnia”, disse Sparks. “Quando comecei a trabalhar em Diário de Uma Paixão, eu tinha uma hipoteca e dois filhos. Comecei a perceber que precisava começar a perseguir um sonho.”

Para realizar esse sonho, ele enviou um manuscrito de 52 mil palavras intitulado Winter for Two a 25 agentes literários. Uma delas, Theresa Park, respondeu. “Theresa me convenceu de que The Notebook era (um título) mais ressonante, cativante, memorável e significativo”, lembrou Sparks, que mantém uma foto emoldurada de Park segurando seu bebê recém-nascido no escritório.

No canto de trás, uma estante está empilhada com todas as edições do romance e uma caixa dourada. “Esta caixa foi enviada para os críticos”, explicou Sparks. “Ela veio com a edição antecipada, um bilhete e um lenço.”

No início deste ano, a adaptação musical de Diário de Uma Paixão estreou na Broadway e recebeu três indicações ao Tony. Foi a primeira vez que um romance de Nicholas Sparks ganhou vida nos palcos.

“Quando a ideia do musical foi trazida à minha atenção, acho que pensei: ‘Todo mundo já não conhece a história?’”, Sparks brincou antes de acrescentar que o espetáculo é “verdadeiramente lindo”.

Nicholas Sparks em sua casa. Foto: Mike Belleme/NYT

Sparks escreveu seu primeiro romance, The Passing, durante seu primeiro ano na Universidade de Notre Dame com uma bolsa de estudos de atletismo. Sua mãe, Jill Emma Marie Thoene, que morreu em 1989, falou para o filho de 19 anos “escrever um livro para se manter ocupado” depois que ele sofreu uma lesão esportiva: distensão no tendão de Aquiles. O livro, que nunca foi publicado, era um romance de terror inspirado em seu herói literário, Stephen King.

Logo após o lançamento de Diário de Uma Paixão em 1996, Sparks quis dar a King uma cópia autografada do livro durante uma visita a Bangor, Maine. “Estacionei na frente da casa dele e tinha uma corrente baixa na entrada da garagem para desencorajar as pessoas”, disse ele. “Eu me lembro de ficar andando de um lado para o outro, pensando: ‘Agora também sou um autor de best-sellers. Será que esta corrente se aplica a mim?’”

Sparks decidiu ignorar a corrente e deixar uma cópia de seu livro junto à porta da frente. Ele só teve notícias de King uma década depois, quando uma editora entrou em contato para solicitar uma resenha para o livro de 2006 do romancista de terror, Lisey’s Story. Sem hesitar, Sparks disse sim. Uma edição de capa dura de Lisey’s Story, com um bilhete de King e sua editora Nan Graham, está cuidadosamente postada numa estante que abriga as primeiras edições de O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald, e Matadouro 5, de Kurt Vonnegut.

“Ele só pediu comentário para mais uma pessoa. Michael Chabon. Então, somos três, Stephen King, Michael Chabon e eu. Sempre que penso nisso, ouço aquela música da Vila Sésamo, ‘Uma dessas coisas não é como as outras’”, cantou Sparks. (Ele até que canta bem).

Na biblioteca no andar de cima, livros de todos os gêneros cobrem as paredes. “São alguns dos livros que li ao longo dos anos. Na verdade, li três vezes mais. Tenho que fazer uma limpa de vez em quando.”

O cômodo também conta com um tabuleiro de gamão Hermès, feito de mogno e couro de bezerro, um dos quatro conjuntos em exposição pela casa. Mais nove tabuleiros estão cuidadosamente guardados em várias gavetas, armários e gabinetes.

Uma pintura do artista John Beerman está exibida em um cavalete na biblioteca. Sparks disse que gosta das “cores e paisagens oníricas” de Beerman.

O autor também tem uma queda por globos. “Minhas turnês de livros me levavam por todo o mundo. Então, eu usava os globos para mostrar aos meus filhos, quando eles eram pequenos, para onde eu estava indo.”

A organização sem fins lucrativos do romancista, a Nicholas Sparks Foundation, é dedicada à educação global. Sparks disse que ajudou a financiar excursões de viagens internacionais para centenas de crianças desde 2006.

No total, onze dos romances de Sparks foram adaptados para filmes de Hollywood, entre eles o clássico cult de Nick Cassavetes, Diário de Uma Paixão, que foi lançado em 2004 e estrelado por Ryan Gosling e Rachel McAdams. Cartazes de filmes emoldurados de todos os seus romances que foram adaptados para o cinema, entre eles A Última Música, adornam as paredes do cinema no segundo andar.

Embora tenha produzido seis desses filmes, o autor ganhou apenas um crédito de roteiro, por A Última Música. Por causa do timing, Sparks escreveu o roteiro antes de terminar o livro de mesmo nome, de 2009. Ele usou o roteiro como esboço para o romance.

“Os filmes com certeza fizeram bem para a minha carreira”, disse Sparks. “Apenas uma certa porcentagem de pessoas lê romances, e então uma porcentagem menor lê os meus. Os filmes foram um jeito maravilhoso de apresentar às pessoas as histórias que eu achava que valia a pena contar.” / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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