Adélia Prado ganha o Prêmio Camões menos de uma semana depois de vencer o Machado de Assis


Escritora mineira de 88 anos foi laureada com o mais importante reconhecimento da literatura em língua portuguesa

Por Redação
Atualização:

A poetisa e escritora mineira Adélia Prado foi anunciada nesta quarta-feira, 26, como a vencedora do Prêmio Camões 2024 – o mais importante reconhecimento da literatura em língua portuguesa.

O anúncio foi feito pelo Ministério da Cultura de Portugal. Além do reconhecimento, ela recebe uma premiação de 100 mil euros.

Na semana passada, a artista de 88 anos também foi laureada com o Prêmio Machado de Assis 2024, a maior honraria da Academia Brasileira de Letras (ABL).

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“Foi com muita alegria e emoção que recebi, hoje, dia 26 de junho, um telefonema da sra. Dalila Rodrigues, ministra da Cultura de Portugal, me informando que fui agraciada com o Prêmio Camões. Estava ainda comemorando o recebimento do Prêmio Machado de Assis, da ABL, e agora estou duplamente em festa. Quero dividir minha alegria com todos os amantes da língua portuguesa, esta fonte poderosa de criação.” disse a autora em nota.

Ela também complementou o agradecimento com um poema. “Na tentativa de expressar meu mais profundo sentimento de gratidão, peço a um de meus poemas que me socorra:”

O que existe são coisas,não palavras. Por issote ouvirei sem cansaço recitar em búlgarocomo olharei montanhas durante horas,ou nuvens.Sinais valem palavras,palavras valem coisas,coisas não valem nada.Entender é um rapto,é o mesmo que desentender.Minha mãe morrendo,não faltou a meu choro este arco-íris:o luto irá bem com meus cabelos claros.Granito, lápide, crepe,são belas coisas ou palavras belas?Mármore, sol, lixívia.Entender me sequestra de palavra e de coisa,arremessa-me ao coração da poesia.Por isso escrevo os poemaspra velar o que ameaça minha fraqueza mortal.Recuso-me a acreditar que homens inventam as línguas,é o Espírito quem me impele,quer ser adoradoe sopra no meu ouvido este hino litúrgico:baldes, vassouras, dívidas e medo,desejo de ver Jonathan e ser condenada ao inferno.Não construí as pirâmides. Sou Deus.

Adélia Prado, O Nascimento do Poema

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A escritora Adélia Prado Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

Adélia Prado nasceu em 1935, na cidade de Divinópolis, em Minas Gerais. A região de pouco mais de 200 mil habitantes teve influência direta na obra da autora, conhecida por recorrer a temas do cotidiano em seus livros.

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Antes de se dedicar integralmente à literatura, Adélia exerceu o magistério por 24 anos. Ela é considerada a maior poetisa viva do Brasil. Sua obra, associada ao Modernismo, é marcada pela sensibilidade para questões existenciais, combinando misticismo e cotidiano.

Seu primeiro trabalho de poesias, Bagagem, foi publicado em 1976 e aclamado por Carlos Drummond de Andrade. O livro se destacou por fazer uso do lirismo e da ironia. O lançamento no Rio de Janeiro contou com a presença de nomes como Antônio Houaiss, Clarice Lispector, Juscelino Kubitschek e Affonso Romano de Sant’Anna.

Em 1978, ela ganhou o Prêmio Jabuti pelo livro O Coração Disparado, cujo tema central é a religiosidade. A obra consagrou Adélia como a voz feminina mais poderosa da poesia brasileira.

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Em 1979, ele estreou em prosa com Soltem os cachorros, que fala sobre amor, relacionamentos, vida e morte.

Em 1980, ela dirigiu o grupo teatral amador Cara e Coragem na montagem de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. No ano seguinte, também sob sua direção, o grupo encenaria A Invasão, de Dias Gomes.

De 1983 a 1988, Adélia exerceu as funções de Chefe da Divisão Cultural da Secretaria Municipal de Educação e da Cultura de Divinópolis.

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Em 2014, Adélia venceu o Prêmio Griffin, no Canadá, considerado um dos principais reconhecimentos da literatura no mundo.

Dentre outros trabalhos de destaque da autora estão Terra de Santa Cruz, O Homem da Mão Seca e O Pelicano.

A mais nova vencedora do Camões prepara um novo livro para ser lançado em breve, com título provisório de Jardim das Oliveiras, uma referência ao lugar onde, segundo a tradição cristã, Jesus rezou na véspera da crucificação.

A poetisa e escritora mineira Adélia Prado foi anunciada nesta quarta-feira, 26, como a vencedora do Prêmio Camões 2024 – o mais importante reconhecimento da literatura em língua portuguesa.

O anúncio foi feito pelo Ministério da Cultura de Portugal. Além do reconhecimento, ela recebe uma premiação de 100 mil euros.

Na semana passada, a artista de 88 anos também foi laureada com o Prêmio Machado de Assis 2024, a maior honraria da Academia Brasileira de Letras (ABL).

“Foi com muita alegria e emoção que recebi, hoje, dia 26 de junho, um telefonema da sra. Dalila Rodrigues, ministra da Cultura de Portugal, me informando que fui agraciada com o Prêmio Camões. Estava ainda comemorando o recebimento do Prêmio Machado de Assis, da ABL, e agora estou duplamente em festa. Quero dividir minha alegria com todos os amantes da língua portuguesa, esta fonte poderosa de criação.” disse a autora em nota.

Ela também complementou o agradecimento com um poema. “Na tentativa de expressar meu mais profundo sentimento de gratidão, peço a um de meus poemas que me socorra:”

O que existe são coisas,não palavras. Por issote ouvirei sem cansaço recitar em búlgarocomo olharei montanhas durante horas,ou nuvens.Sinais valem palavras,palavras valem coisas,coisas não valem nada.Entender é um rapto,é o mesmo que desentender.Minha mãe morrendo,não faltou a meu choro este arco-íris:o luto irá bem com meus cabelos claros.Granito, lápide, crepe,são belas coisas ou palavras belas?Mármore, sol, lixívia.Entender me sequestra de palavra e de coisa,arremessa-me ao coração da poesia.Por isso escrevo os poemaspra velar o que ameaça minha fraqueza mortal.Recuso-me a acreditar que homens inventam as línguas,é o Espírito quem me impele,quer ser adoradoe sopra no meu ouvido este hino litúrgico:baldes, vassouras, dívidas e medo,desejo de ver Jonathan e ser condenada ao inferno.Não construí as pirâmides. Sou Deus.

Adélia Prado, O Nascimento do Poema

A escritora Adélia Prado Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

Adélia Prado nasceu em 1935, na cidade de Divinópolis, em Minas Gerais. A região de pouco mais de 200 mil habitantes teve influência direta na obra da autora, conhecida por recorrer a temas do cotidiano em seus livros.

Antes de se dedicar integralmente à literatura, Adélia exerceu o magistério por 24 anos. Ela é considerada a maior poetisa viva do Brasil. Sua obra, associada ao Modernismo, é marcada pela sensibilidade para questões existenciais, combinando misticismo e cotidiano.

Seu primeiro trabalho de poesias, Bagagem, foi publicado em 1976 e aclamado por Carlos Drummond de Andrade. O livro se destacou por fazer uso do lirismo e da ironia. O lançamento no Rio de Janeiro contou com a presença de nomes como Antônio Houaiss, Clarice Lispector, Juscelino Kubitschek e Affonso Romano de Sant’Anna.

Em 1978, ela ganhou o Prêmio Jabuti pelo livro O Coração Disparado, cujo tema central é a religiosidade. A obra consagrou Adélia como a voz feminina mais poderosa da poesia brasileira.

Em 1979, ele estreou em prosa com Soltem os cachorros, que fala sobre amor, relacionamentos, vida e morte.

Em 1980, ela dirigiu o grupo teatral amador Cara e Coragem na montagem de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. No ano seguinte, também sob sua direção, o grupo encenaria A Invasão, de Dias Gomes.

De 1983 a 1988, Adélia exerceu as funções de Chefe da Divisão Cultural da Secretaria Municipal de Educação e da Cultura de Divinópolis.

Em 2014, Adélia venceu o Prêmio Griffin, no Canadá, considerado um dos principais reconhecimentos da literatura no mundo.

Dentre outros trabalhos de destaque da autora estão Terra de Santa Cruz, O Homem da Mão Seca e O Pelicano.

A mais nova vencedora do Camões prepara um novo livro para ser lançado em breve, com título provisório de Jardim das Oliveiras, uma referência ao lugar onde, segundo a tradição cristã, Jesus rezou na véspera da crucificação.

A poetisa e escritora mineira Adélia Prado foi anunciada nesta quarta-feira, 26, como a vencedora do Prêmio Camões 2024 – o mais importante reconhecimento da literatura em língua portuguesa.

O anúncio foi feito pelo Ministério da Cultura de Portugal. Além do reconhecimento, ela recebe uma premiação de 100 mil euros.

Na semana passada, a artista de 88 anos também foi laureada com o Prêmio Machado de Assis 2024, a maior honraria da Academia Brasileira de Letras (ABL).

“Foi com muita alegria e emoção que recebi, hoje, dia 26 de junho, um telefonema da sra. Dalila Rodrigues, ministra da Cultura de Portugal, me informando que fui agraciada com o Prêmio Camões. Estava ainda comemorando o recebimento do Prêmio Machado de Assis, da ABL, e agora estou duplamente em festa. Quero dividir minha alegria com todos os amantes da língua portuguesa, esta fonte poderosa de criação.” disse a autora em nota.

Ela também complementou o agradecimento com um poema. “Na tentativa de expressar meu mais profundo sentimento de gratidão, peço a um de meus poemas que me socorra:”

O que existe são coisas,não palavras. Por issote ouvirei sem cansaço recitar em búlgarocomo olharei montanhas durante horas,ou nuvens.Sinais valem palavras,palavras valem coisas,coisas não valem nada.Entender é um rapto,é o mesmo que desentender.Minha mãe morrendo,não faltou a meu choro este arco-íris:o luto irá bem com meus cabelos claros.Granito, lápide, crepe,são belas coisas ou palavras belas?Mármore, sol, lixívia.Entender me sequestra de palavra e de coisa,arremessa-me ao coração da poesia.Por isso escrevo os poemaspra velar o que ameaça minha fraqueza mortal.Recuso-me a acreditar que homens inventam as línguas,é o Espírito quem me impele,quer ser adoradoe sopra no meu ouvido este hino litúrgico:baldes, vassouras, dívidas e medo,desejo de ver Jonathan e ser condenada ao inferno.Não construí as pirâmides. Sou Deus.

Adélia Prado, O Nascimento do Poema

A escritora Adélia Prado Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

Adélia Prado nasceu em 1935, na cidade de Divinópolis, em Minas Gerais. A região de pouco mais de 200 mil habitantes teve influência direta na obra da autora, conhecida por recorrer a temas do cotidiano em seus livros.

Antes de se dedicar integralmente à literatura, Adélia exerceu o magistério por 24 anos. Ela é considerada a maior poetisa viva do Brasil. Sua obra, associada ao Modernismo, é marcada pela sensibilidade para questões existenciais, combinando misticismo e cotidiano.

Seu primeiro trabalho de poesias, Bagagem, foi publicado em 1976 e aclamado por Carlos Drummond de Andrade. O livro se destacou por fazer uso do lirismo e da ironia. O lançamento no Rio de Janeiro contou com a presença de nomes como Antônio Houaiss, Clarice Lispector, Juscelino Kubitschek e Affonso Romano de Sant’Anna.

Em 1978, ela ganhou o Prêmio Jabuti pelo livro O Coração Disparado, cujo tema central é a religiosidade. A obra consagrou Adélia como a voz feminina mais poderosa da poesia brasileira.

Em 1979, ele estreou em prosa com Soltem os cachorros, que fala sobre amor, relacionamentos, vida e morte.

Em 1980, ela dirigiu o grupo teatral amador Cara e Coragem na montagem de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. No ano seguinte, também sob sua direção, o grupo encenaria A Invasão, de Dias Gomes.

De 1983 a 1988, Adélia exerceu as funções de Chefe da Divisão Cultural da Secretaria Municipal de Educação e da Cultura de Divinópolis.

Em 2014, Adélia venceu o Prêmio Griffin, no Canadá, considerado um dos principais reconhecimentos da literatura no mundo.

Dentre outros trabalhos de destaque da autora estão Terra de Santa Cruz, O Homem da Mão Seca e O Pelicano.

A mais nova vencedora do Camões prepara um novo livro para ser lançado em breve, com título provisório de Jardim das Oliveiras, uma referência ao lugar onde, segundo a tradição cristã, Jesus rezou na véspera da crucificação.

A poetisa e escritora mineira Adélia Prado foi anunciada nesta quarta-feira, 26, como a vencedora do Prêmio Camões 2024 – o mais importante reconhecimento da literatura em língua portuguesa.

O anúncio foi feito pelo Ministério da Cultura de Portugal. Além do reconhecimento, ela recebe uma premiação de 100 mil euros.

Na semana passada, a artista de 88 anos também foi laureada com o Prêmio Machado de Assis 2024, a maior honraria da Academia Brasileira de Letras (ABL).

“Foi com muita alegria e emoção que recebi, hoje, dia 26 de junho, um telefonema da sra. Dalila Rodrigues, ministra da Cultura de Portugal, me informando que fui agraciada com o Prêmio Camões. Estava ainda comemorando o recebimento do Prêmio Machado de Assis, da ABL, e agora estou duplamente em festa. Quero dividir minha alegria com todos os amantes da língua portuguesa, esta fonte poderosa de criação.” disse a autora em nota.

Ela também complementou o agradecimento com um poema. “Na tentativa de expressar meu mais profundo sentimento de gratidão, peço a um de meus poemas que me socorra:”

O que existe são coisas,não palavras. Por issote ouvirei sem cansaço recitar em búlgarocomo olharei montanhas durante horas,ou nuvens.Sinais valem palavras,palavras valem coisas,coisas não valem nada.Entender é um rapto,é o mesmo que desentender.Minha mãe morrendo,não faltou a meu choro este arco-íris:o luto irá bem com meus cabelos claros.Granito, lápide, crepe,são belas coisas ou palavras belas?Mármore, sol, lixívia.Entender me sequestra de palavra e de coisa,arremessa-me ao coração da poesia.Por isso escrevo os poemaspra velar o que ameaça minha fraqueza mortal.Recuso-me a acreditar que homens inventam as línguas,é o Espírito quem me impele,quer ser adoradoe sopra no meu ouvido este hino litúrgico:baldes, vassouras, dívidas e medo,desejo de ver Jonathan e ser condenada ao inferno.Não construí as pirâmides. Sou Deus.

Adélia Prado, O Nascimento do Poema

A escritora Adélia Prado Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

Adélia Prado nasceu em 1935, na cidade de Divinópolis, em Minas Gerais. A região de pouco mais de 200 mil habitantes teve influência direta na obra da autora, conhecida por recorrer a temas do cotidiano em seus livros.

Antes de se dedicar integralmente à literatura, Adélia exerceu o magistério por 24 anos. Ela é considerada a maior poetisa viva do Brasil. Sua obra, associada ao Modernismo, é marcada pela sensibilidade para questões existenciais, combinando misticismo e cotidiano.

Seu primeiro trabalho de poesias, Bagagem, foi publicado em 1976 e aclamado por Carlos Drummond de Andrade. O livro se destacou por fazer uso do lirismo e da ironia. O lançamento no Rio de Janeiro contou com a presença de nomes como Antônio Houaiss, Clarice Lispector, Juscelino Kubitschek e Affonso Romano de Sant’Anna.

Em 1978, ela ganhou o Prêmio Jabuti pelo livro O Coração Disparado, cujo tema central é a religiosidade. A obra consagrou Adélia como a voz feminina mais poderosa da poesia brasileira.

Em 1979, ele estreou em prosa com Soltem os cachorros, que fala sobre amor, relacionamentos, vida e morte.

Em 1980, ela dirigiu o grupo teatral amador Cara e Coragem na montagem de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. No ano seguinte, também sob sua direção, o grupo encenaria A Invasão, de Dias Gomes.

De 1983 a 1988, Adélia exerceu as funções de Chefe da Divisão Cultural da Secretaria Municipal de Educação e da Cultura de Divinópolis.

Em 2014, Adélia venceu o Prêmio Griffin, no Canadá, considerado um dos principais reconhecimentos da literatura no mundo.

Dentre outros trabalhos de destaque da autora estão Terra de Santa Cruz, O Homem da Mão Seca e O Pelicano.

A mais nova vencedora do Camões prepara um novo livro para ser lançado em breve, com título provisório de Jardim das Oliveiras, uma referência ao lugar onde, segundo a tradição cristã, Jesus rezou na véspera da crucificação.

A poetisa e escritora mineira Adélia Prado foi anunciada nesta quarta-feira, 26, como a vencedora do Prêmio Camões 2024 – o mais importante reconhecimento da literatura em língua portuguesa.

O anúncio foi feito pelo Ministério da Cultura de Portugal. Além do reconhecimento, ela recebe uma premiação de 100 mil euros.

Na semana passada, a artista de 88 anos também foi laureada com o Prêmio Machado de Assis 2024, a maior honraria da Academia Brasileira de Letras (ABL).

“Foi com muita alegria e emoção que recebi, hoje, dia 26 de junho, um telefonema da sra. Dalila Rodrigues, ministra da Cultura de Portugal, me informando que fui agraciada com o Prêmio Camões. Estava ainda comemorando o recebimento do Prêmio Machado de Assis, da ABL, e agora estou duplamente em festa. Quero dividir minha alegria com todos os amantes da língua portuguesa, esta fonte poderosa de criação.” disse a autora em nota.

Ela também complementou o agradecimento com um poema. “Na tentativa de expressar meu mais profundo sentimento de gratidão, peço a um de meus poemas que me socorra:”

O que existe são coisas,não palavras. Por issote ouvirei sem cansaço recitar em búlgarocomo olharei montanhas durante horas,ou nuvens.Sinais valem palavras,palavras valem coisas,coisas não valem nada.Entender é um rapto,é o mesmo que desentender.Minha mãe morrendo,não faltou a meu choro este arco-íris:o luto irá bem com meus cabelos claros.Granito, lápide, crepe,são belas coisas ou palavras belas?Mármore, sol, lixívia.Entender me sequestra de palavra e de coisa,arremessa-me ao coração da poesia.Por isso escrevo os poemaspra velar o que ameaça minha fraqueza mortal.Recuso-me a acreditar que homens inventam as línguas,é o Espírito quem me impele,quer ser adoradoe sopra no meu ouvido este hino litúrgico:baldes, vassouras, dívidas e medo,desejo de ver Jonathan e ser condenada ao inferno.Não construí as pirâmides. Sou Deus.

Adélia Prado, O Nascimento do Poema

A escritora Adélia Prado Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

Adélia Prado nasceu em 1935, na cidade de Divinópolis, em Minas Gerais. A região de pouco mais de 200 mil habitantes teve influência direta na obra da autora, conhecida por recorrer a temas do cotidiano em seus livros.

Antes de se dedicar integralmente à literatura, Adélia exerceu o magistério por 24 anos. Ela é considerada a maior poetisa viva do Brasil. Sua obra, associada ao Modernismo, é marcada pela sensibilidade para questões existenciais, combinando misticismo e cotidiano.

Seu primeiro trabalho de poesias, Bagagem, foi publicado em 1976 e aclamado por Carlos Drummond de Andrade. O livro se destacou por fazer uso do lirismo e da ironia. O lançamento no Rio de Janeiro contou com a presença de nomes como Antônio Houaiss, Clarice Lispector, Juscelino Kubitschek e Affonso Romano de Sant’Anna.

Em 1978, ela ganhou o Prêmio Jabuti pelo livro O Coração Disparado, cujo tema central é a religiosidade. A obra consagrou Adélia como a voz feminina mais poderosa da poesia brasileira.

Em 1979, ele estreou em prosa com Soltem os cachorros, que fala sobre amor, relacionamentos, vida e morte.

Em 1980, ela dirigiu o grupo teatral amador Cara e Coragem na montagem de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. No ano seguinte, também sob sua direção, o grupo encenaria A Invasão, de Dias Gomes.

De 1983 a 1988, Adélia exerceu as funções de Chefe da Divisão Cultural da Secretaria Municipal de Educação e da Cultura de Divinópolis.

Em 2014, Adélia venceu o Prêmio Griffin, no Canadá, considerado um dos principais reconhecimentos da literatura no mundo.

Dentre outros trabalhos de destaque da autora estão Terra de Santa Cruz, O Homem da Mão Seca e O Pelicano.

A mais nova vencedora do Camões prepara um novo livro para ser lançado em breve, com título provisório de Jardim das Oliveiras, uma referência ao lugar onde, segundo a tradição cristã, Jesus rezou na véspera da crucificação.

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