Análise|‘Bastardos Inglórios’ reais: Churchill teve grupo secreto com Christopher Lee e Ian Fleming; conheça


‘Nazi Killers’ resgata a saga do grupo secreto do primeiro-ministro britânico – criado para espionar e sabotar os nazistas

Por Gabriel Zorzetto
Atualização:

Quando o filme Bastardos Inglórios (2009) foi lançado, Quentin Tarantino claramente não esperava que as pessoas saíssem do filme pensando que aquilo correspondia à realidade total dos fatos, haja vista que personagens fictícios como o Tenente Aldo Raine (Brad Pitt) tinham a intenção clara de proporcionar ao público uma experiência exagerada e divertida dentro daquele universo sanguinário do cineasta.

No entanto, a história da Segunda Guerra Mundial reserva particularidades e segredos que ainda estão sendo descobertos após quase 80 anos desde o fim do conflito. Prova disso é a HQ Nazi Killers: A História do Exército Secreto de Churchill, lançada pela Nova Fronteira, um deleite para os estudiosos do período.

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Capa da HQ 'Nazi Killers' (à esquerda) com pôster promocional; recém-editada pela Nova Fronteira, é um deleite para os estudiosos da 2ª Guerra Foto: Divulgação/Nova Fronteira

Por trás dos traços vibrantes deste trabalho – que vendeu mais de 5 mil cópias na França no ano passado – está o cartunista francês Amazing Ameziane, de 54 anos, mais conhecido pela cinetrilogia biográfica (não lançada no Brasil) dos diretores Martin Scorsese, Francis Ford Coppola e o já citado Tarantino.

A graphic novel transporta o leitor para os bastidores das missões do SOE (Executivo de Operações Especiais), organização britânica criada pelo primeiro-ministro Winston Churchill em 1940 para espionar e sabotar a Alemanha nazista, atuando de forma paralela ao MI6, o serviço de inteligência secreto do Reino Unido. Estima-se que a SOE controlou ou empregou diretamente pouco mais de 13 mil pessoas.

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O diferencial de Nazi Killers, contudo, é ter o ator Christopher Lee (1922-2015) e o escritor Ian Fleming (1908-1964), criador de James Bond, como narradores ilustres. Homens cultos e estrategistas, ambos foram colaboradores diretos do movimento.

O diferencial da HQ 'Nazi Killers' é ter o ator Cristopher Lee (à esquerda) e o escritor Ian Fleming como narradores ilustres Foto: Divulgação/Nova Fronteira
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Muito antes de atuar em grandes franquias de Hollywood como O Senhor dos Anéis e Star Wars, Lee servira como membro do SAS (Serviço Aéreo Especial) e oficial de ligação do SOE. Já o célebre romancista, que atuara na Divisão de Inteligência Naval, ajudou a arquitetar diversas atividades da estrutura secreta e usou suas experiências com espionagem para conceber o emblemático agente da saga 007.

Ninguém sabia sobre o serviço oculto até os devidos arquivos serem liberados ao público do fim dos anos 1990. Nesta publicação, fica claro que o exército de Churchill atuou com perspicácia em prol dos Aliados. Sem ele, a 2ª Guerra teria durado no mínimo mais seis meses e custado a vida de mais alguns milhares de soldados – segundo afirmou certa vez o general Dwight D. Eisenhower (1890-1969), presidente dos EUA entre 1953 e 1961.

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“Quando me pedem para definir meu livro em uma só frase, digo ser a ‘história dos Bastardos Inglórios de Churchill, só que nela tudo é real’”, escreve Ameziane no prefácio, destacando os pontos altos da jornada, como a existência de complôs para matar Hitler e o trabalho audacioso de Christine Granville (1908-1952), também conhecida como Krystyna Skarbek, espiã polonesa que cumpria tarefas que nenhum homem seria capaz.

Um jovem Winston Churchill é traçado na HQ 'Nazi Killers', obra que serve de tributo a homens e mulheres que deram a vida pela liberdade Foto: Divulgação/Nova Fronteira

Uma das histórias mais fascinantes é a de Johnny Ramensky (1906-1972), um criminoso escocês recrutado por Fleming para o grupo a fim de obter documentos sigilosos dos nazistas por meio de suas habilidades de arrombamento de cofres, com explosões. ‘Gentle Johnny’ (Johnny Gentil), cuja trajetória é remontada com uma distinta paleta amarelada, recebeu o apelido por nunca ter reagido com violência nas diversas vezes em que foi apreendido pela polícia.

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A HQ usa as cores como parte fundamental da narrativa, alternando o preto e branco com tons de azul desbotado e sépia, sempre na intenção de fisgar o leitor de maneira quase cinematográfica. Os textos são um pouco densos e há digressões desnecessárias. O esmero do autor para explicar os detalhes, porém, situa o leitor dentro daquela época brutal, compilada em uma obra que serve de tributo a homens e mulheres que deram a vida pela liberdade.

Nazi Killers: A História do Exército Secreto de Churchill

  • Autor: Amazing Ameziane
  • Tradução: Jorge Bastos
  • Editora: Nova Fronteira (144 págs.; R$ 79,90)

Quando o filme Bastardos Inglórios (2009) foi lançado, Quentin Tarantino claramente não esperava que as pessoas saíssem do filme pensando que aquilo correspondia à realidade total dos fatos, haja vista que personagens fictícios como o Tenente Aldo Raine (Brad Pitt) tinham a intenção clara de proporcionar ao público uma experiência exagerada e divertida dentro daquele universo sanguinário do cineasta.

No entanto, a história da Segunda Guerra Mundial reserva particularidades e segredos que ainda estão sendo descobertos após quase 80 anos desde o fim do conflito. Prova disso é a HQ Nazi Killers: A História do Exército Secreto de Churchill, lançada pela Nova Fronteira, um deleite para os estudiosos do período.

Capa da HQ 'Nazi Killers' (à esquerda) com pôster promocional; recém-editada pela Nova Fronteira, é um deleite para os estudiosos da 2ª Guerra Foto: Divulgação/Nova Fronteira

Por trás dos traços vibrantes deste trabalho – que vendeu mais de 5 mil cópias na França no ano passado – está o cartunista francês Amazing Ameziane, de 54 anos, mais conhecido pela cinetrilogia biográfica (não lançada no Brasil) dos diretores Martin Scorsese, Francis Ford Coppola e o já citado Tarantino.

A graphic novel transporta o leitor para os bastidores das missões do SOE (Executivo de Operações Especiais), organização britânica criada pelo primeiro-ministro Winston Churchill em 1940 para espionar e sabotar a Alemanha nazista, atuando de forma paralela ao MI6, o serviço de inteligência secreto do Reino Unido. Estima-se que a SOE controlou ou empregou diretamente pouco mais de 13 mil pessoas.

O diferencial de Nazi Killers, contudo, é ter o ator Christopher Lee (1922-2015) e o escritor Ian Fleming (1908-1964), criador de James Bond, como narradores ilustres. Homens cultos e estrategistas, ambos foram colaboradores diretos do movimento.

O diferencial da HQ 'Nazi Killers' é ter o ator Cristopher Lee (à esquerda) e o escritor Ian Fleming como narradores ilustres Foto: Divulgação/Nova Fronteira

Muito antes de atuar em grandes franquias de Hollywood como O Senhor dos Anéis e Star Wars, Lee servira como membro do SAS (Serviço Aéreo Especial) e oficial de ligação do SOE. Já o célebre romancista, que atuara na Divisão de Inteligência Naval, ajudou a arquitetar diversas atividades da estrutura secreta e usou suas experiências com espionagem para conceber o emblemático agente da saga 007.

Ninguém sabia sobre o serviço oculto até os devidos arquivos serem liberados ao público do fim dos anos 1990. Nesta publicação, fica claro que o exército de Churchill atuou com perspicácia em prol dos Aliados. Sem ele, a 2ª Guerra teria durado no mínimo mais seis meses e custado a vida de mais alguns milhares de soldados – segundo afirmou certa vez o general Dwight D. Eisenhower (1890-1969), presidente dos EUA entre 1953 e 1961.

“Quando me pedem para definir meu livro em uma só frase, digo ser a ‘história dos Bastardos Inglórios de Churchill, só que nela tudo é real’”, escreve Ameziane no prefácio, destacando os pontos altos da jornada, como a existência de complôs para matar Hitler e o trabalho audacioso de Christine Granville (1908-1952), também conhecida como Krystyna Skarbek, espiã polonesa que cumpria tarefas que nenhum homem seria capaz.

Um jovem Winston Churchill é traçado na HQ 'Nazi Killers', obra que serve de tributo a homens e mulheres que deram a vida pela liberdade Foto: Divulgação/Nova Fronteira

Uma das histórias mais fascinantes é a de Johnny Ramensky (1906-1972), um criminoso escocês recrutado por Fleming para o grupo a fim de obter documentos sigilosos dos nazistas por meio de suas habilidades de arrombamento de cofres, com explosões. ‘Gentle Johnny’ (Johnny Gentil), cuja trajetória é remontada com uma distinta paleta amarelada, recebeu o apelido por nunca ter reagido com violência nas diversas vezes em que foi apreendido pela polícia.

A HQ usa as cores como parte fundamental da narrativa, alternando o preto e branco com tons de azul desbotado e sépia, sempre na intenção de fisgar o leitor de maneira quase cinematográfica. Os textos são um pouco densos e há digressões desnecessárias. O esmero do autor para explicar os detalhes, porém, situa o leitor dentro daquela época brutal, compilada em uma obra que serve de tributo a homens e mulheres que deram a vida pela liberdade.

Nazi Killers: A História do Exército Secreto de Churchill

  • Autor: Amazing Ameziane
  • Tradução: Jorge Bastos
  • Editora: Nova Fronteira (144 págs.; R$ 79,90)

Quando o filme Bastardos Inglórios (2009) foi lançado, Quentin Tarantino claramente não esperava que as pessoas saíssem do filme pensando que aquilo correspondia à realidade total dos fatos, haja vista que personagens fictícios como o Tenente Aldo Raine (Brad Pitt) tinham a intenção clara de proporcionar ao público uma experiência exagerada e divertida dentro daquele universo sanguinário do cineasta.

No entanto, a história da Segunda Guerra Mundial reserva particularidades e segredos que ainda estão sendo descobertos após quase 80 anos desde o fim do conflito. Prova disso é a HQ Nazi Killers: A História do Exército Secreto de Churchill, lançada pela Nova Fronteira, um deleite para os estudiosos do período.

Capa da HQ 'Nazi Killers' (à esquerda) com pôster promocional; recém-editada pela Nova Fronteira, é um deleite para os estudiosos da 2ª Guerra Foto: Divulgação/Nova Fronteira

Por trás dos traços vibrantes deste trabalho – que vendeu mais de 5 mil cópias na França no ano passado – está o cartunista francês Amazing Ameziane, de 54 anos, mais conhecido pela cinetrilogia biográfica (não lançada no Brasil) dos diretores Martin Scorsese, Francis Ford Coppola e o já citado Tarantino.

A graphic novel transporta o leitor para os bastidores das missões do SOE (Executivo de Operações Especiais), organização britânica criada pelo primeiro-ministro Winston Churchill em 1940 para espionar e sabotar a Alemanha nazista, atuando de forma paralela ao MI6, o serviço de inteligência secreto do Reino Unido. Estima-se que a SOE controlou ou empregou diretamente pouco mais de 13 mil pessoas.

O diferencial de Nazi Killers, contudo, é ter o ator Christopher Lee (1922-2015) e o escritor Ian Fleming (1908-1964), criador de James Bond, como narradores ilustres. Homens cultos e estrategistas, ambos foram colaboradores diretos do movimento.

O diferencial da HQ 'Nazi Killers' é ter o ator Cristopher Lee (à esquerda) e o escritor Ian Fleming como narradores ilustres Foto: Divulgação/Nova Fronteira

Muito antes de atuar em grandes franquias de Hollywood como O Senhor dos Anéis e Star Wars, Lee servira como membro do SAS (Serviço Aéreo Especial) e oficial de ligação do SOE. Já o célebre romancista, que atuara na Divisão de Inteligência Naval, ajudou a arquitetar diversas atividades da estrutura secreta e usou suas experiências com espionagem para conceber o emblemático agente da saga 007.

Ninguém sabia sobre o serviço oculto até os devidos arquivos serem liberados ao público do fim dos anos 1990. Nesta publicação, fica claro que o exército de Churchill atuou com perspicácia em prol dos Aliados. Sem ele, a 2ª Guerra teria durado no mínimo mais seis meses e custado a vida de mais alguns milhares de soldados – segundo afirmou certa vez o general Dwight D. Eisenhower (1890-1969), presidente dos EUA entre 1953 e 1961.

“Quando me pedem para definir meu livro em uma só frase, digo ser a ‘história dos Bastardos Inglórios de Churchill, só que nela tudo é real’”, escreve Ameziane no prefácio, destacando os pontos altos da jornada, como a existência de complôs para matar Hitler e o trabalho audacioso de Christine Granville (1908-1952), também conhecida como Krystyna Skarbek, espiã polonesa que cumpria tarefas que nenhum homem seria capaz.

Um jovem Winston Churchill é traçado na HQ 'Nazi Killers', obra que serve de tributo a homens e mulheres que deram a vida pela liberdade Foto: Divulgação/Nova Fronteira

Uma das histórias mais fascinantes é a de Johnny Ramensky (1906-1972), um criminoso escocês recrutado por Fleming para o grupo a fim de obter documentos sigilosos dos nazistas por meio de suas habilidades de arrombamento de cofres, com explosões. ‘Gentle Johnny’ (Johnny Gentil), cuja trajetória é remontada com uma distinta paleta amarelada, recebeu o apelido por nunca ter reagido com violência nas diversas vezes em que foi apreendido pela polícia.

A HQ usa as cores como parte fundamental da narrativa, alternando o preto e branco com tons de azul desbotado e sépia, sempre na intenção de fisgar o leitor de maneira quase cinematográfica. Os textos são um pouco densos e há digressões desnecessárias. O esmero do autor para explicar os detalhes, porém, situa o leitor dentro daquela época brutal, compilada em uma obra que serve de tributo a homens e mulheres que deram a vida pela liberdade.

Nazi Killers: A História do Exército Secreto de Churchill

  • Autor: Amazing Ameziane
  • Tradução: Jorge Bastos
  • Editora: Nova Fronteira (144 págs.; R$ 79,90)
Análise por Gabriel Zorzetto

Repórter de Cultura do Estadão

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