Claudio Willer traz precioso painel sobre Antonin Artaud


Poeta e pesquisador organiza escritos do pensador francês, um dos grandes autores do século 20

Por Ubiratan Brasil

Nos anos 1980, era escandalosa a escassez de informações em português a respeito da obra do francês Antonin Artaud (1896-1948). Vergonhosa pois se tratava de um artista múltiplo - comediante, encenador, ator e roteirista de cinema, de programas radiofônicos e de música, escritor, poeta, crítico, agitador, ensaísta, artista plástico, cenógrafo, ele transitou, enfim, por quase todos os ramos e sempre propondo a integridade entre a palavra e a coisa, entre o pensamento e o gesto, entre a arte e a existência. Por conta disso, enfrentou, nos últimos anos de vida, dolorosas internações em sanatórios, onde foi tratado à base de eletrochoques.

A única exceção era um livro revelador escrito por Claudio Willer. Desde então, ele se tornou um dos grandes especialistas em Artaud, o que pode ser comprovado com o lançamento agora de Escritos de Antonin Artaud (L&PM), livro que Willer vai autografar a partir das 16h deste sábado, 25, no Sebo Clepsidra Fortunato (Rua Fortunato, 117).

Artaud queria um teatro que conjugasse público e encenação Foto: Man Ray
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“Artaud foi um rebelde dos mais radicais. Por decorrência, um maldito, marginalizado”, comenta ele ao Estado. “Tenho um ensaio sobre poetas malditos, em que mostro que todos eles desceram ao inferno, simbolicamente. Com Artaud, isso aconteceu.” 

Trata-se do homem que revolucionou concepções e práticas do teatro, especialmente em uma época (fim do século 19 e início do 20), durante a qual nasceu o conceito de “modernidade”, em que as artes são tomadas por subversões radicais. E Artaud teve papel fundamental nessa transição, especialmente no questionamento da racionalidade da civilização. “Ele foi fundamental. Não questionou apenas a ordem social e seus valores e instituições, mas a relação entre a linguagem e as coisas. Por isso, exerceu uma influência enorme”, continua Willer. 

Como pensador do teatro, Artaud utilizou a expressão “excluídos da sociedade” na peça Jato de Sangue (1925), para falar de si mesmo e daqueles que, de alguma forma, acabam marginalizados. Com isso, colocou-se como oposto complementar a Bertolt Brecht, na observação do pensador brasileiro. “Brecht defendia o distanciamento para estimular o senso crítico. Daí seus procedimentos cênicos. Artaud, o contrário: queria mais envolvimento, participação, ruptura da separação entre encenação / espetáculo e público / plateia. Propôs uma encenação semelhante a um ritual, a um cerimonial de magia. Interessante que temos encenadores com a pegada simultaneamente de Artaud e de Brecht, como José Celso Martinez Correa, do Oficina, ou Marcelo Marcus Fonseca, do Teatro do Incêndio.”

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O artista, que morreu aos 52 anos, sentado aos pés de sua cama, segurando um sapato, no hospício de Rodez, na França, confirmou-se, ao longo dos anos, como um profeta. Artaud acreditava em um teatro que pudesse mudar o homem psicologicamente e não socialmente, por meio da liberação das forças tenebrosas e latentes de sua alma. Por conta disso, trabalhou na vertente das inquietações dos teóricos simbolistas e surrealistas, levadas às últimas consequências.

Essa alternância entre loucura e sanidade trouxe, de alguma forma, alimento para seu ato criativo. “Artaud ficou internado entre 1937 e 1946, direto. Isso, depois de surtar na volta de uma viagem à Irlanda”, conta Willer. “Antes, já se havia tratado em clínicas psiquiátricas e com psicanalistas. E, como se sabe através de depoimentos - a exemplo daquele de Anaïs Nin que transcrevo em meu livro -, delirava. Sofrendo de dores desde a infância, sequelas de uma meningite, tratava-se com opiáceos, também. Sem dúvida, isso foi determinante de sua existência e se reflete em sua criação: por exemplo, em sua insistência na destruição e reconstrução do corpo, um tema que atravessa toda a sua obra. Mas, como observei em várias ocasiões, doentes, pessoas com sequelas de meningite, delirantes, há muitos - capazes, porém, de converter isso em uma obra colossal e em um modo de pensar inovador, só Artaud.” 

De fato, sua obra se tornou o roteiro de uma existência e influenciaria importantes movimentos cênicos pelo mundo, como o teatro do absurdo (de Adamov e Ionesco) e o trabalho marcado pelo absoluto despojamento dos atores de Grotowski. Como um oceano de ideias, Artaud transbordou pelo mundo.

Nos anos 1980, era escandalosa a escassez de informações em português a respeito da obra do francês Antonin Artaud (1896-1948). Vergonhosa pois se tratava de um artista múltiplo - comediante, encenador, ator e roteirista de cinema, de programas radiofônicos e de música, escritor, poeta, crítico, agitador, ensaísta, artista plástico, cenógrafo, ele transitou, enfim, por quase todos os ramos e sempre propondo a integridade entre a palavra e a coisa, entre o pensamento e o gesto, entre a arte e a existência. Por conta disso, enfrentou, nos últimos anos de vida, dolorosas internações em sanatórios, onde foi tratado à base de eletrochoques.

A única exceção era um livro revelador escrito por Claudio Willer. Desde então, ele se tornou um dos grandes especialistas em Artaud, o que pode ser comprovado com o lançamento agora de Escritos de Antonin Artaud (L&PM), livro que Willer vai autografar a partir das 16h deste sábado, 25, no Sebo Clepsidra Fortunato (Rua Fortunato, 117).

Artaud queria um teatro que conjugasse público e encenação Foto: Man Ray

“Artaud foi um rebelde dos mais radicais. Por decorrência, um maldito, marginalizado”, comenta ele ao Estado. “Tenho um ensaio sobre poetas malditos, em que mostro que todos eles desceram ao inferno, simbolicamente. Com Artaud, isso aconteceu.” 

Trata-se do homem que revolucionou concepções e práticas do teatro, especialmente em uma época (fim do século 19 e início do 20), durante a qual nasceu o conceito de “modernidade”, em que as artes são tomadas por subversões radicais. E Artaud teve papel fundamental nessa transição, especialmente no questionamento da racionalidade da civilização. “Ele foi fundamental. Não questionou apenas a ordem social e seus valores e instituições, mas a relação entre a linguagem e as coisas. Por isso, exerceu uma influência enorme”, continua Willer. 

Como pensador do teatro, Artaud utilizou a expressão “excluídos da sociedade” na peça Jato de Sangue (1925), para falar de si mesmo e daqueles que, de alguma forma, acabam marginalizados. Com isso, colocou-se como oposto complementar a Bertolt Brecht, na observação do pensador brasileiro. “Brecht defendia o distanciamento para estimular o senso crítico. Daí seus procedimentos cênicos. Artaud, o contrário: queria mais envolvimento, participação, ruptura da separação entre encenação / espetáculo e público / plateia. Propôs uma encenação semelhante a um ritual, a um cerimonial de magia. Interessante que temos encenadores com a pegada simultaneamente de Artaud e de Brecht, como José Celso Martinez Correa, do Oficina, ou Marcelo Marcus Fonseca, do Teatro do Incêndio.”

O artista, que morreu aos 52 anos, sentado aos pés de sua cama, segurando um sapato, no hospício de Rodez, na França, confirmou-se, ao longo dos anos, como um profeta. Artaud acreditava em um teatro que pudesse mudar o homem psicologicamente e não socialmente, por meio da liberação das forças tenebrosas e latentes de sua alma. Por conta disso, trabalhou na vertente das inquietações dos teóricos simbolistas e surrealistas, levadas às últimas consequências.

Essa alternância entre loucura e sanidade trouxe, de alguma forma, alimento para seu ato criativo. “Artaud ficou internado entre 1937 e 1946, direto. Isso, depois de surtar na volta de uma viagem à Irlanda”, conta Willer. “Antes, já se havia tratado em clínicas psiquiátricas e com psicanalistas. E, como se sabe através de depoimentos - a exemplo daquele de Anaïs Nin que transcrevo em meu livro -, delirava. Sofrendo de dores desde a infância, sequelas de uma meningite, tratava-se com opiáceos, também. Sem dúvida, isso foi determinante de sua existência e se reflete em sua criação: por exemplo, em sua insistência na destruição e reconstrução do corpo, um tema que atravessa toda a sua obra. Mas, como observei em várias ocasiões, doentes, pessoas com sequelas de meningite, delirantes, há muitos - capazes, porém, de converter isso em uma obra colossal e em um modo de pensar inovador, só Artaud.” 

De fato, sua obra se tornou o roteiro de uma existência e influenciaria importantes movimentos cênicos pelo mundo, como o teatro do absurdo (de Adamov e Ionesco) e o trabalho marcado pelo absoluto despojamento dos atores de Grotowski. Como um oceano de ideias, Artaud transbordou pelo mundo.

Nos anos 1980, era escandalosa a escassez de informações em português a respeito da obra do francês Antonin Artaud (1896-1948). Vergonhosa pois se tratava de um artista múltiplo - comediante, encenador, ator e roteirista de cinema, de programas radiofônicos e de música, escritor, poeta, crítico, agitador, ensaísta, artista plástico, cenógrafo, ele transitou, enfim, por quase todos os ramos e sempre propondo a integridade entre a palavra e a coisa, entre o pensamento e o gesto, entre a arte e a existência. Por conta disso, enfrentou, nos últimos anos de vida, dolorosas internações em sanatórios, onde foi tratado à base de eletrochoques.

A única exceção era um livro revelador escrito por Claudio Willer. Desde então, ele se tornou um dos grandes especialistas em Artaud, o que pode ser comprovado com o lançamento agora de Escritos de Antonin Artaud (L&PM), livro que Willer vai autografar a partir das 16h deste sábado, 25, no Sebo Clepsidra Fortunato (Rua Fortunato, 117).

Artaud queria um teatro que conjugasse público e encenação Foto: Man Ray

“Artaud foi um rebelde dos mais radicais. Por decorrência, um maldito, marginalizado”, comenta ele ao Estado. “Tenho um ensaio sobre poetas malditos, em que mostro que todos eles desceram ao inferno, simbolicamente. Com Artaud, isso aconteceu.” 

Trata-se do homem que revolucionou concepções e práticas do teatro, especialmente em uma época (fim do século 19 e início do 20), durante a qual nasceu o conceito de “modernidade”, em que as artes são tomadas por subversões radicais. E Artaud teve papel fundamental nessa transição, especialmente no questionamento da racionalidade da civilização. “Ele foi fundamental. Não questionou apenas a ordem social e seus valores e instituições, mas a relação entre a linguagem e as coisas. Por isso, exerceu uma influência enorme”, continua Willer. 

Como pensador do teatro, Artaud utilizou a expressão “excluídos da sociedade” na peça Jato de Sangue (1925), para falar de si mesmo e daqueles que, de alguma forma, acabam marginalizados. Com isso, colocou-se como oposto complementar a Bertolt Brecht, na observação do pensador brasileiro. “Brecht defendia o distanciamento para estimular o senso crítico. Daí seus procedimentos cênicos. Artaud, o contrário: queria mais envolvimento, participação, ruptura da separação entre encenação / espetáculo e público / plateia. Propôs uma encenação semelhante a um ritual, a um cerimonial de magia. Interessante que temos encenadores com a pegada simultaneamente de Artaud e de Brecht, como José Celso Martinez Correa, do Oficina, ou Marcelo Marcus Fonseca, do Teatro do Incêndio.”

O artista, que morreu aos 52 anos, sentado aos pés de sua cama, segurando um sapato, no hospício de Rodez, na França, confirmou-se, ao longo dos anos, como um profeta. Artaud acreditava em um teatro que pudesse mudar o homem psicologicamente e não socialmente, por meio da liberação das forças tenebrosas e latentes de sua alma. Por conta disso, trabalhou na vertente das inquietações dos teóricos simbolistas e surrealistas, levadas às últimas consequências.

Essa alternância entre loucura e sanidade trouxe, de alguma forma, alimento para seu ato criativo. “Artaud ficou internado entre 1937 e 1946, direto. Isso, depois de surtar na volta de uma viagem à Irlanda”, conta Willer. “Antes, já se havia tratado em clínicas psiquiátricas e com psicanalistas. E, como se sabe através de depoimentos - a exemplo daquele de Anaïs Nin que transcrevo em meu livro -, delirava. Sofrendo de dores desde a infância, sequelas de uma meningite, tratava-se com opiáceos, também. Sem dúvida, isso foi determinante de sua existência e se reflete em sua criação: por exemplo, em sua insistência na destruição e reconstrução do corpo, um tema que atravessa toda a sua obra. Mas, como observei em várias ocasiões, doentes, pessoas com sequelas de meningite, delirantes, há muitos - capazes, porém, de converter isso em uma obra colossal e em um modo de pensar inovador, só Artaud.” 

De fato, sua obra se tornou o roteiro de uma existência e influenciaria importantes movimentos cênicos pelo mundo, como o teatro do absurdo (de Adamov e Ionesco) e o trabalho marcado pelo absoluto despojamento dos atores de Grotowski. Como um oceano de ideias, Artaud transbordou pelo mundo.

Nos anos 1980, era escandalosa a escassez de informações em português a respeito da obra do francês Antonin Artaud (1896-1948). Vergonhosa pois se tratava de um artista múltiplo - comediante, encenador, ator e roteirista de cinema, de programas radiofônicos e de música, escritor, poeta, crítico, agitador, ensaísta, artista plástico, cenógrafo, ele transitou, enfim, por quase todos os ramos e sempre propondo a integridade entre a palavra e a coisa, entre o pensamento e o gesto, entre a arte e a existência. Por conta disso, enfrentou, nos últimos anos de vida, dolorosas internações em sanatórios, onde foi tratado à base de eletrochoques.

A única exceção era um livro revelador escrito por Claudio Willer. Desde então, ele se tornou um dos grandes especialistas em Artaud, o que pode ser comprovado com o lançamento agora de Escritos de Antonin Artaud (L&PM), livro que Willer vai autografar a partir das 16h deste sábado, 25, no Sebo Clepsidra Fortunato (Rua Fortunato, 117).

Artaud queria um teatro que conjugasse público e encenação Foto: Man Ray

“Artaud foi um rebelde dos mais radicais. Por decorrência, um maldito, marginalizado”, comenta ele ao Estado. “Tenho um ensaio sobre poetas malditos, em que mostro que todos eles desceram ao inferno, simbolicamente. Com Artaud, isso aconteceu.” 

Trata-se do homem que revolucionou concepções e práticas do teatro, especialmente em uma época (fim do século 19 e início do 20), durante a qual nasceu o conceito de “modernidade”, em que as artes são tomadas por subversões radicais. E Artaud teve papel fundamental nessa transição, especialmente no questionamento da racionalidade da civilização. “Ele foi fundamental. Não questionou apenas a ordem social e seus valores e instituições, mas a relação entre a linguagem e as coisas. Por isso, exerceu uma influência enorme”, continua Willer. 

Como pensador do teatro, Artaud utilizou a expressão “excluídos da sociedade” na peça Jato de Sangue (1925), para falar de si mesmo e daqueles que, de alguma forma, acabam marginalizados. Com isso, colocou-se como oposto complementar a Bertolt Brecht, na observação do pensador brasileiro. “Brecht defendia o distanciamento para estimular o senso crítico. Daí seus procedimentos cênicos. Artaud, o contrário: queria mais envolvimento, participação, ruptura da separação entre encenação / espetáculo e público / plateia. Propôs uma encenação semelhante a um ritual, a um cerimonial de magia. Interessante que temos encenadores com a pegada simultaneamente de Artaud e de Brecht, como José Celso Martinez Correa, do Oficina, ou Marcelo Marcus Fonseca, do Teatro do Incêndio.”

O artista, que morreu aos 52 anos, sentado aos pés de sua cama, segurando um sapato, no hospício de Rodez, na França, confirmou-se, ao longo dos anos, como um profeta. Artaud acreditava em um teatro que pudesse mudar o homem psicologicamente e não socialmente, por meio da liberação das forças tenebrosas e latentes de sua alma. Por conta disso, trabalhou na vertente das inquietações dos teóricos simbolistas e surrealistas, levadas às últimas consequências.

Essa alternância entre loucura e sanidade trouxe, de alguma forma, alimento para seu ato criativo. “Artaud ficou internado entre 1937 e 1946, direto. Isso, depois de surtar na volta de uma viagem à Irlanda”, conta Willer. “Antes, já se havia tratado em clínicas psiquiátricas e com psicanalistas. E, como se sabe através de depoimentos - a exemplo daquele de Anaïs Nin que transcrevo em meu livro -, delirava. Sofrendo de dores desde a infância, sequelas de uma meningite, tratava-se com opiáceos, também. Sem dúvida, isso foi determinante de sua existência e se reflete em sua criação: por exemplo, em sua insistência na destruição e reconstrução do corpo, um tema que atravessa toda a sua obra. Mas, como observei em várias ocasiões, doentes, pessoas com sequelas de meningite, delirantes, há muitos - capazes, porém, de converter isso em uma obra colossal e em um modo de pensar inovador, só Artaud.” 

De fato, sua obra se tornou o roteiro de uma existência e influenciaria importantes movimentos cênicos pelo mundo, como o teatro do absurdo (de Adamov e Ionesco) e o trabalho marcado pelo absoluto despojamento dos atores de Grotowski. Como um oceano de ideias, Artaud transbordou pelo mundo.

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