Conheça livros que explicam o que é o nazismo


A literatura ajuda a compreender as origens do nazismo e os comportamentos nazistas, além de explicar o que é antissemitismo e revelar os horrores do Holocausto

Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

Um vídeo com apoiadores de Jair Bolsonaro fazendo gestos semelhantes à saudação nazista. Um grupo de adolescentes, alunos do colégio Porto Seguro, compartilhando stickers de Hitler, trocando mensagens com teor racista e fazendo apologia ao nazismo após a eleição de Lula como presidente. Kanye West caindo em desgraça após comentários antissemitas. O jogador Kyrie Irving, do Brooklyn Nets, suspenso por cinco jogos na NBA após divulgar filme antissemita no Twitter. Uma célula neonazista desmantela aqui. Grupos nazistas no Telegram ali. O termo nazista nos trend topics do Twitter. Isso tudo, em pleno 2022.

De tempos em tempos, o nazismo volta ao centro do debate - seja por manifestações individuais de anônimos ou de figuras públicas, como Roberto Alvim, um dos primeiros secretários da Cultura de Bolsonaro, ou por tentativas de distorcer a história. Por exemplo, em 2019, durante visita ao Yad Vashem, o Centro de Memória do Holocausto, em Jerusalém, Jair Bolsonaro disse que não “havia dúvidas” de que o nazismo foi um movimento de esquerda. Ele citou o nome do Partido Nazista, liderado por Hitler, para tentar se justificar: Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Anos anos, em 2012, a deputada democrata-cristã alemã Erika Steinbach fez o mesmo.

Para entender a ideologia que levou ao extermínio de cerca de 6 milhões de judeus durante o Holocausto e que encontra adeptos no mundo todo um século depois da fundação do Partido Nazista, selecionamos alguns livros publicados no Brasil.

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Não se trata de uma lista definitiva, já que este é um dos temas mais estudados por historiadores e bastante explorado por ficcionistas. A bibliografia, portanto, é extensa. Quem quiser aprender sobre o nazismo e o Holocausto por meio de filmes, as opções também são diversas e vão de blockbusters como A Lista de Schindler e A Vida é Bela a clássicos como o documentário de mais de nove horas de Claude Lanzmann, Shoah.

Sapatos recolhidos do campo de concentração de Auschwitz, onde mais de um milhão de judeus foram assassinados Foto: Pawel Ulatowski/Reuters
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Livros para entender o nazismo e o antissemitismo e conhecer o Holocausto

Hitler

Nesta monumental biografia de Adolf Hitler publicada no Brasil em 2010 pela Companhia das Letras, Ian Kershaw se debruça sobre a trajetória de uma pessoa que parecia destinada ao fracasso e que acabou comandando um dos países mais desenvolvidos, cultos e complexos da Europa. Ele tenta encontrar uma explicação para a trajetória ascendente de Hitler, o domínio que ele exerceu sobre as elites alemãs e para a catástrofe que ele causou.

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Sobreviventes do campo de concentração de Buchenwald, em abril de 1945 Foto: U.S. National Archive/Reuters

Trilogia de Richard Evans

Richard Evans, um dos mais importantes estudiosos da história alemã, escreveu uma trilogia sobre o nazismo formada por A Chegada do Terceiro Reich, Terceiro Reich no Poder e Terceiro Reich em Guerra. Os livros foram publicados pelo selo Crítica, da Editora Planeta, e ajudam a compreender esse triste capítulo da história.

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Origens do Totalitarismo

Hannah Arendt aborda o crescimento do antissemitismo na Europa Central e Ocidental nos anos 1800, analisa imperialismo colonial europeu desde 1884 até a deflagração da Primeira Guerra Mundial e discute as instituições e operações desses movimentos, centrando-se nos dois principais regimes totalitários da nossa era: a Alemanha nazista e a Rússia stalinista. Origens do Totalitarismo está no catálogo do selo Companhia de Bolso, da Companhia das Letras.

Os Alemães

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Em Os Alemães, lançado aqui pela Zahar, Norbert Elias analisa o desenvolvimento social da Alemanha a partir do século 17, investiga a personalidade, a estrutura social e o comportamento do povo alemão.

O crematório de Auschwitz Foto: AP

É Isto um Homem?

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Até o início da Segunda Guerra Mundial, Primo Levi era um químico italiano de origem judia. Após ser capturado, foi enviado para um campo de concentração em Fossoli e depois para Auschwitz, onde passou 11 meses, até a libertação do campo pelos soviéticos. Depois dessa experiência, Primo Levi se tornou o principal memorialista de Auschwitz, com livros como É Isto um Homem? (Rocco). Neste título publicado em 1947, Levi relembra seu sofrimento num campo de extermínio, sem, contudo, invocar qualquer resquício de autopiedade ou vingança. Outro livro para quem quer conhecer mais sobre sua experiência de sobrevivente é Assim foi Auschwitz, no catálogo da Companhia das Letras, que reúne relatos, depoimentos, cartas e comentários publicados quase até as vésperas da morte de sua morte, em 1987.

O escritor Primo Levi, sobrevivente do Holocauto Foto: Acervo Estadão

À Sombra do Meu Irmão

Na literatura do Holocausto, há muitos relatos de sobreviventes. Há, também, obras de autores que tentam entender como sua família pôde aderir ao nazismo. É o caso de Uwe Timm, que lançou pela Dublinense, À Sombra do Meu Irmão: As Marcas do Nazismo do Pós-Guerra na História de Uma Família Alemã. O irmão do título é Karl-Heinz, que morreu na Ucrânia aos 19 anos combatendo por uma divisão da SS nazista, em 1943, após se alistar voluntariamente alguns anos antes. Usando como matéria-prima um diário escrito a lápis pelo irmão no front, suas próprias lembranças e a trajetória familiar, o autor busca responder quem era esse irmão, por que se alistou, se ele foi obrigado a matar, se realmente não tinha opção, como se pode errar tanto assim e, por fim, por que todos fecharam os olhos e se calaram?

Sobreviventes de Auschwitz em janeiro de 1945 Foto: B. Fishman-Corbis-Bettmann REUTERS

Holocausto de Memória

Com base em questionamentos como a confiabilidade da memória das vítimas, a possibilidade de se narrar o horror e o direito à memória, o historiador e jornalista Marcos Guterman analisa obras escritas e filmadas sobre o Holocausto a partir dessas narrativas pessoais em Holocausto e Memória (Contexto).

Caça às Suásticas

Um livro mais antigo, disponível em sebos. Caça às Suásticas: O Partido Nazista em São Paulo Sob a Mira da Polícia Política, de Ana maria Dietrich, coeditado pela Humanitas, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e Fapesp, discute a relação que o discurso e a atividade policial estabeleceu com o Partido Nazista em São Paulo durante o Estado Novo (1937-1945) e problematiza tanto os produtores quanto os processos de produção de uma imagem do Partido Nazista e dos chamados “alemães” paulistas. Por falar em Estado Novo, outra dica é Olga, biografia de Olga Benário Prestes, militante comunista judia-alemã que veio para o Brasil, casou-se com Luís Carlos Prestes e acabou sendo enviada para a Alemanha nazista pelo regime de Getúlio Vargas. Olga morreu no campo de extermínio de Bernburg, em 1942.

O Menino do Pijama Listrado

Ficção de John Boyne, o romance virou best-seller e foi adaptada para o cinema - o filme está disponível nas principais plataformas de streaming. O Menino do Pijama Listrado narra a tentativa de duas crianças separadas por uma grade de se tornarem amigas. O protagonista, filho de um agente nazista, não compreende a situação da criança de cabelo raspado que lhe desperta curiosidade.

Eu Sobrevivi ao Holocausto

Nanette Blitz Konig em 2015, aos 86 anos; holandesa radicada no Brasil foi amiga de escola de Anne Frank Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A holandesa Nanette Blitz Konig, radicada em São Paulo, conta sua experiência em campo de concentração no livro Eu Sobrevivi ao Holocausto (Universo dos Livros). Foram 70 anos até que ela pudesse colocar em palavras o que viu e viveu nas mãos dos nazistas. Uma curiosidade: Nanette estava na festinha de aniversário em que a colega de classe Anne Frank ganhou o diário que a tornaria famosa no mundo todo. Confira aqui a entrevista concedida por Nanette quando seu livro foi lançado.

Última Parada: Auschwitz

O interessante deste livro é que ele foi escrito dentro do campo de concentração nazista na Polônia, por Eddy de Wind, médico e prisioneiro. Sobrevivente, ele publicou esta ficção logo após o fim da guerra e o livro foi esquecido. Redescoberto recentemente por seu filho, Última Parada: Auschwitz foi lançado em diversos países - no Brasil, ele saiu pela Planeta. Em 2020, o Estadão conversou com Mercher de Wind, filho de Eddy, sobre o livro e a história de seu pai. Confira aqui.

O Mundo de Anne Frank

Obra de Janny van der Molen sobre Anne Frank tem ilustrações de Martijn van der Linden Foto: Rocco

Para crianças pequenas, O Mundo de Anne Frank conta a história da menina que se escondeu com a família durante a perseguição aos judeus em Amsterdã, na Segunda Guerra Mundial. O livro, publicado no Brasil pela Rocco, foi escrito por Janny Van Der Molen a pedido do Museu Casa de Anne Frank e introduz a história que geralmente é descoberta por leitores na pré-adolescência.

O Diário de Anne Frank

O primeiro diário de Anne Frank em exposição na Casa de Anne Frank em Amsterdã, na Holanda, em 28 de abril de 2010 Foto: Cris Toala Olivares/Reuters

Best-seller há gerações, O Diário de Anne Frank foi publicado há 75 anos, no fim da Segunda Guerra Mundial, como uma homenagem a sua autora que morreu em campo de concentração pouco antes do fim do Holocausto. É o retrato do horror em construção. A insegurança, o medo de uma família que tinha uma ideia do que poderia acontecer caso o esconderijo fosse descoberto, mas que não poderia imaginar o que viria a seguir, pelo olhar de uma menina de 13 anos. O Diário de Anne Frank entrou para a história como um dos principais documentos sobre o Holocausto e já vendeu mais de 30 milhões de cópias no mundo. Existe também uma versão em HQ, de Ari Folman e David Polonsky, publicada pela Record. Aqui, você conhece mais sobre a obra, seus bastidores e sobre sua importância.

Maus e MetaMaus

Ilustração de 'Maus', de Art Spiegelman Foto: Reprodução/Companhia das Letras

A história em quadrinhos de Art Spiegelman, vencedora do Prêmio Pulitzer, é uma obra-prima que narra as vivências do pai de Art Spiegelman, um judeu polonês sobrevivente do Holocausto, mas também aborda os problemas da relação entre Art e seu pai. Em Maus, os judeus são desenhados como ratos e os nazistas ganham feições de gatos; poloneses não-judeus são porcos e americanos, cachorros. A obra está no catálogo da Companhia das Letras, que publicou, este ano, MetaMaus, em que Art Spiegelman volta à sua obra mais famosa para responder a questões como por que Holocausto? Por que ratos? Por que quadrinhos? O volume apresenta a gênese da HQ e traz um DVD com Maus em versão digital, incluindo links para um vasto arquivo de áudios (em inglês) com entrevistas entre Art Spiegelman e seu pai, documentos históricos e uma grande variedade de cadernos de anotações e esboços do autor.

Sonhos No Terceiro Reich

Lançamento recente da Fósforo, Sonhos no Terceiro Reich é o resultado de uma pesquisa empreendida secretamente pela jornalista Charlotte Beradt (1907-1986) a partir de 1933, quando Hitler chega ao poder. Ela entrevistou alemães para coletar sonhos relacionados às recentes mudanças políticas no país e à difusão do terror nazista em larga escala. O trabalho durou até 1939 e só veio à luz em 1966, neste livro em que os sonhos de 300 pessoas ajudam a “interpretar a estrutura de uma realidade prestes a se tornar um pesadelo”.

Um vídeo com apoiadores de Jair Bolsonaro fazendo gestos semelhantes à saudação nazista. Um grupo de adolescentes, alunos do colégio Porto Seguro, compartilhando stickers de Hitler, trocando mensagens com teor racista e fazendo apologia ao nazismo após a eleição de Lula como presidente. Kanye West caindo em desgraça após comentários antissemitas. O jogador Kyrie Irving, do Brooklyn Nets, suspenso por cinco jogos na NBA após divulgar filme antissemita no Twitter. Uma célula neonazista desmantela aqui. Grupos nazistas no Telegram ali. O termo nazista nos trend topics do Twitter. Isso tudo, em pleno 2022.

De tempos em tempos, o nazismo volta ao centro do debate - seja por manifestações individuais de anônimos ou de figuras públicas, como Roberto Alvim, um dos primeiros secretários da Cultura de Bolsonaro, ou por tentativas de distorcer a história. Por exemplo, em 2019, durante visita ao Yad Vashem, o Centro de Memória do Holocausto, em Jerusalém, Jair Bolsonaro disse que não “havia dúvidas” de que o nazismo foi um movimento de esquerda. Ele citou o nome do Partido Nazista, liderado por Hitler, para tentar se justificar: Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Anos anos, em 2012, a deputada democrata-cristã alemã Erika Steinbach fez o mesmo.

Para entender a ideologia que levou ao extermínio de cerca de 6 milhões de judeus durante o Holocausto e que encontra adeptos no mundo todo um século depois da fundação do Partido Nazista, selecionamos alguns livros publicados no Brasil.

Não se trata de uma lista definitiva, já que este é um dos temas mais estudados por historiadores e bastante explorado por ficcionistas. A bibliografia, portanto, é extensa. Quem quiser aprender sobre o nazismo e o Holocausto por meio de filmes, as opções também são diversas e vão de blockbusters como A Lista de Schindler e A Vida é Bela a clássicos como o documentário de mais de nove horas de Claude Lanzmann, Shoah.

Sapatos recolhidos do campo de concentração de Auschwitz, onde mais de um milhão de judeus foram assassinados Foto: Pawel Ulatowski/Reuters

Livros para entender o nazismo e o antissemitismo e conhecer o Holocausto

Hitler

Nesta monumental biografia de Adolf Hitler publicada no Brasil em 2010 pela Companhia das Letras, Ian Kershaw se debruça sobre a trajetória de uma pessoa que parecia destinada ao fracasso e que acabou comandando um dos países mais desenvolvidos, cultos e complexos da Europa. Ele tenta encontrar uma explicação para a trajetória ascendente de Hitler, o domínio que ele exerceu sobre as elites alemãs e para a catástrofe que ele causou.

Sobreviventes do campo de concentração de Buchenwald, em abril de 1945 Foto: U.S. National Archive/Reuters

Trilogia de Richard Evans

Richard Evans, um dos mais importantes estudiosos da história alemã, escreveu uma trilogia sobre o nazismo formada por A Chegada do Terceiro Reich, Terceiro Reich no Poder e Terceiro Reich em Guerra. Os livros foram publicados pelo selo Crítica, da Editora Planeta, e ajudam a compreender esse triste capítulo da história.

Origens do Totalitarismo

Hannah Arendt aborda o crescimento do antissemitismo na Europa Central e Ocidental nos anos 1800, analisa imperialismo colonial europeu desde 1884 até a deflagração da Primeira Guerra Mundial e discute as instituições e operações desses movimentos, centrando-se nos dois principais regimes totalitários da nossa era: a Alemanha nazista e a Rússia stalinista. Origens do Totalitarismo está no catálogo do selo Companhia de Bolso, da Companhia das Letras.

Os Alemães

Em Os Alemães, lançado aqui pela Zahar, Norbert Elias analisa o desenvolvimento social da Alemanha a partir do século 17, investiga a personalidade, a estrutura social e o comportamento do povo alemão.

O crematório de Auschwitz Foto: AP

É Isto um Homem?

Até o início da Segunda Guerra Mundial, Primo Levi era um químico italiano de origem judia. Após ser capturado, foi enviado para um campo de concentração em Fossoli e depois para Auschwitz, onde passou 11 meses, até a libertação do campo pelos soviéticos. Depois dessa experiência, Primo Levi se tornou o principal memorialista de Auschwitz, com livros como É Isto um Homem? (Rocco). Neste título publicado em 1947, Levi relembra seu sofrimento num campo de extermínio, sem, contudo, invocar qualquer resquício de autopiedade ou vingança. Outro livro para quem quer conhecer mais sobre sua experiência de sobrevivente é Assim foi Auschwitz, no catálogo da Companhia das Letras, que reúne relatos, depoimentos, cartas e comentários publicados quase até as vésperas da morte de sua morte, em 1987.

O escritor Primo Levi, sobrevivente do Holocauto Foto: Acervo Estadão

À Sombra do Meu Irmão

Na literatura do Holocausto, há muitos relatos de sobreviventes. Há, também, obras de autores que tentam entender como sua família pôde aderir ao nazismo. É o caso de Uwe Timm, que lançou pela Dublinense, À Sombra do Meu Irmão: As Marcas do Nazismo do Pós-Guerra na História de Uma Família Alemã. O irmão do título é Karl-Heinz, que morreu na Ucrânia aos 19 anos combatendo por uma divisão da SS nazista, em 1943, após se alistar voluntariamente alguns anos antes. Usando como matéria-prima um diário escrito a lápis pelo irmão no front, suas próprias lembranças e a trajetória familiar, o autor busca responder quem era esse irmão, por que se alistou, se ele foi obrigado a matar, se realmente não tinha opção, como se pode errar tanto assim e, por fim, por que todos fecharam os olhos e se calaram?

Sobreviventes de Auschwitz em janeiro de 1945 Foto: B. Fishman-Corbis-Bettmann REUTERS

Holocausto de Memória

Com base em questionamentos como a confiabilidade da memória das vítimas, a possibilidade de se narrar o horror e o direito à memória, o historiador e jornalista Marcos Guterman analisa obras escritas e filmadas sobre o Holocausto a partir dessas narrativas pessoais em Holocausto e Memória (Contexto).

Caça às Suásticas

Um livro mais antigo, disponível em sebos. Caça às Suásticas: O Partido Nazista em São Paulo Sob a Mira da Polícia Política, de Ana maria Dietrich, coeditado pela Humanitas, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e Fapesp, discute a relação que o discurso e a atividade policial estabeleceu com o Partido Nazista em São Paulo durante o Estado Novo (1937-1945) e problematiza tanto os produtores quanto os processos de produção de uma imagem do Partido Nazista e dos chamados “alemães” paulistas. Por falar em Estado Novo, outra dica é Olga, biografia de Olga Benário Prestes, militante comunista judia-alemã que veio para o Brasil, casou-se com Luís Carlos Prestes e acabou sendo enviada para a Alemanha nazista pelo regime de Getúlio Vargas. Olga morreu no campo de extermínio de Bernburg, em 1942.

O Menino do Pijama Listrado

Ficção de John Boyne, o romance virou best-seller e foi adaptada para o cinema - o filme está disponível nas principais plataformas de streaming. O Menino do Pijama Listrado narra a tentativa de duas crianças separadas por uma grade de se tornarem amigas. O protagonista, filho de um agente nazista, não compreende a situação da criança de cabelo raspado que lhe desperta curiosidade.

Eu Sobrevivi ao Holocausto

Nanette Blitz Konig em 2015, aos 86 anos; holandesa radicada no Brasil foi amiga de escola de Anne Frank Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A holandesa Nanette Blitz Konig, radicada em São Paulo, conta sua experiência em campo de concentração no livro Eu Sobrevivi ao Holocausto (Universo dos Livros). Foram 70 anos até que ela pudesse colocar em palavras o que viu e viveu nas mãos dos nazistas. Uma curiosidade: Nanette estava na festinha de aniversário em que a colega de classe Anne Frank ganhou o diário que a tornaria famosa no mundo todo. Confira aqui a entrevista concedida por Nanette quando seu livro foi lançado.

Última Parada: Auschwitz

O interessante deste livro é que ele foi escrito dentro do campo de concentração nazista na Polônia, por Eddy de Wind, médico e prisioneiro. Sobrevivente, ele publicou esta ficção logo após o fim da guerra e o livro foi esquecido. Redescoberto recentemente por seu filho, Última Parada: Auschwitz foi lançado em diversos países - no Brasil, ele saiu pela Planeta. Em 2020, o Estadão conversou com Mercher de Wind, filho de Eddy, sobre o livro e a história de seu pai. Confira aqui.

O Mundo de Anne Frank

Obra de Janny van der Molen sobre Anne Frank tem ilustrações de Martijn van der Linden Foto: Rocco

Para crianças pequenas, O Mundo de Anne Frank conta a história da menina que se escondeu com a família durante a perseguição aos judeus em Amsterdã, na Segunda Guerra Mundial. O livro, publicado no Brasil pela Rocco, foi escrito por Janny Van Der Molen a pedido do Museu Casa de Anne Frank e introduz a história que geralmente é descoberta por leitores na pré-adolescência.

O Diário de Anne Frank

O primeiro diário de Anne Frank em exposição na Casa de Anne Frank em Amsterdã, na Holanda, em 28 de abril de 2010 Foto: Cris Toala Olivares/Reuters

Best-seller há gerações, O Diário de Anne Frank foi publicado há 75 anos, no fim da Segunda Guerra Mundial, como uma homenagem a sua autora que morreu em campo de concentração pouco antes do fim do Holocausto. É o retrato do horror em construção. A insegurança, o medo de uma família que tinha uma ideia do que poderia acontecer caso o esconderijo fosse descoberto, mas que não poderia imaginar o que viria a seguir, pelo olhar de uma menina de 13 anos. O Diário de Anne Frank entrou para a história como um dos principais documentos sobre o Holocausto e já vendeu mais de 30 milhões de cópias no mundo. Existe também uma versão em HQ, de Ari Folman e David Polonsky, publicada pela Record. Aqui, você conhece mais sobre a obra, seus bastidores e sobre sua importância.

Maus e MetaMaus

Ilustração de 'Maus', de Art Spiegelman Foto: Reprodução/Companhia das Letras

A história em quadrinhos de Art Spiegelman, vencedora do Prêmio Pulitzer, é uma obra-prima que narra as vivências do pai de Art Spiegelman, um judeu polonês sobrevivente do Holocausto, mas também aborda os problemas da relação entre Art e seu pai. Em Maus, os judeus são desenhados como ratos e os nazistas ganham feições de gatos; poloneses não-judeus são porcos e americanos, cachorros. A obra está no catálogo da Companhia das Letras, que publicou, este ano, MetaMaus, em que Art Spiegelman volta à sua obra mais famosa para responder a questões como por que Holocausto? Por que ratos? Por que quadrinhos? O volume apresenta a gênese da HQ e traz um DVD com Maus em versão digital, incluindo links para um vasto arquivo de áudios (em inglês) com entrevistas entre Art Spiegelman e seu pai, documentos históricos e uma grande variedade de cadernos de anotações e esboços do autor.

Sonhos No Terceiro Reich

Lançamento recente da Fósforo, Sonhos no Terceiro Reich é o resultado de uma pesquisa empreendida secretamente pela jornalista Charlotte Beradt (1907-1986) a partir de 1933, quando Hitler chega ao poder. Ela entrevistou alemães para coletar sonhos relacionados às recentes mudanças políticas no país e à difusão do terror nazista em larga escala. O trabalho durou até 1939 e só veio à luz em 1966, neste livro em que os sonhos de 300 pessoas ajudam a “interpretar a estrutura de uma realidade prestes a se tornar um pesadelo”.

Um vídeo com apoiadores de Jair Bolsonaro fazendo gestos semelhantes à saudação nazista. Um grupo de adolescentes, alunos do colégio Porto Seguro, compartilhando stickers de Hitler, trocando mensagens com teor racista e fazendo apologia ao nazismo após a eleição de Lula como presidente. Kanye West caindo em desgraça após comentários antissemitas. O jogador Kyrie Irving, do Brooklyn Nets, suspenso por cinco jogos na NBA após divulgar filme antissemita no Twitter. Uma célula neonazista desmantela aqui. Grupos nazistas no Telegram ali. O termo nazista nos trend topics do Twitter. Isso tudo, em pleno 2022.

De tempos em tempos, o nazismo volta ao centro do debate - seja por manifestações individuais de anônimos ou de figuras públicas, como Roberto Alvim, um dos primeiros secretários da Cultura de Bolsonaro, ou por tentativas de distorcer a história. Por exemplo, em 2019, durante visita ao Yad Vashem, o Centro de Memória do Holocausto, em Jerusalém, Jair Bolsonaro disse que não “havia dúvidas” de que o nazismo foi um movimento de esquerda. Ele citou o nome do Partido Nazista, liderado por Hitler, para tentar se justificar: Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Anos anos, em 2012, a deputada democrata-cristã alemã Erika Steinbach fez o mesmo.

Para entender a ideologia que levou ao extermínio de cerca de 6 milhões de judeus durante o Holocausto e que encontra adeptos no mundo todo um século depois da fundação do Partido Nazista, selecionamos alguns livros publicados no Brasil.

Não se trata de uma lista definitiva, já que este é um dos temas mais estudados por historiadores e bastante explorado por ficcionistas. A bibliografia, portanto, é extensa. Quem quiser aprender sobre o nazismo e o Holocausto por meio de filmes, as opções também são diversas e vão de blockbusters como A Lista de Schindler e A Vida é Bela a clássicos como o documentário de mais de nove horas de Claude Lanzmann, Shoah.

Sapatos recolhidos do campo de concentração de Auschwitz, onde mais de um milhão de judeus foram assassinados Foto: Pawel Ulatowski/Reuters

Livros para entender o nazismo e o antissemitismo e conhecer o Holocausto

Hitler

Nesta monumental biografia de Adolf Hitler publicada no Brasil em 2010 pela Companhia das Letras, Ian Kershaw se debruça sobre a trajetória de uma pessoa que parecia destinada ao fracasso e que acabou comandando um dos países mais desenvolvidos, cultos e complexos da Europa. Ele tenta encontrar uma explicação para a trajetória ascendente de Hitler, o domínio que ele exerceu sobre as elites alemãs e para a catástrofe que ele causou.

Sobreviventes do campo de concentração de Buchenwald, em abril de 1945 Foto: U.S. National Archive/Reuters

Trilogia de Richard Evans

Richard Evans, um dos mais importantes estudiosos da história alemã, escreveu uma trilogia sobre o nazismo formada por A Chegada do Terceiro Reich, Terceiro Reich no Poder e Terceiro Reich em Guerra. Os livros foram publicados pelo selo Crítica, da Editora Planeta, e ajudam a compreender esse triste capítulo da história.

Origens do Totalitarismo

Hannah Arendt aborda o crescimento do antissemitismo na Europa Central e Ocidental nos anos 1800, analisa imperialismo colonial europeu desde 1884 até a deflagração da Primeira Guerra Mundial e discute as instituições e operações desses movimentos, centrando-se nos dois principais regimes totalitários da nossa era: a Alemanha nazista e a Rússia stalinista. Origens do Totalitarismo está no catálogo do selo Companhia de Bolso, da Companhia das Letras.

Os Alemães

Em Os Alemães, lançado aqui pela Zahar, Norbert Elias analisa o desenvolvimento social da Alemanha a partir do século 17, investiga a personalidade, a estrutura social e o comportamento do povo alemão.

O crematório de Auschwitz Foto: AP

É Isto um Homem?

Até o início da Segunda Guerra Mundial, Primo Levi era um químico italiano de origem judia. Após ser capturado, foi enviado para um campo de concentração em Fossoli e depois para Auschwitz, onde passou 11 meses, até a libertação do campo pelos soviéticos. Depois dessa experiência, Primo Levi se tornou o principal memorialista de Auschwitz, com livros como É Isto um Homem? (Rocco). Neste título publicado em 1947, Levi relembra seu sofrimento num campo de extermínio, sem, contudo, invocar qualquer resquício de autopiedade ou vingança. Outro livro para quem quer conhecer mais sobre sua experiência de sobrevivente é Assim foi Auschwitz, no catálogo da Companhia das Letras, que reúne relatos, depoimentos, cartas e comentários publicados quase até as vésperas da morte de sua morte, em 1987.

O escritor Primo Levi, sobrevivente do Holocauto Foto: Acervo Estadão

À Sombra do Meu Irmão

Na literatura do Holocausto, há muitos relatos de sobreviventes. Há, também, obras de autores que tentam entender como sua família pôde aderir ao nazismo. É o caso de Uwe Timm, que lançou pela Dublinense, À Sombra do Meu Irmão: As Marcas do Nazismo do Pós-Guerra na História de Uma Família Alemã. O irmão do título é Karl-Heinz, que morreu na Ucrânia aos 19 anos combatendo por uma divisão da SS nazista, em 1943, após se alistar voluntariamente alguns anos antes. Usando como matéria-prima um diário escrito a lápis pelo irmão no front, suas próprias lembranças e a trajetória familiar, o autor busca responder quem era esse irmão, por que se alistou, se ele foi obrigado a matar, se realmente não tinha opção, como se pode errar tanto assim e, por fim, por que todos fecharam os olhos e se calaram?

Sobreviventes de Auschwitz em janeiro de 1945 Foto: B. Fishman-Corbis-Bettmann REUTERS

Holocausto de Memória

Com base em questionamentos como a confiabilidade da memória das vítimas, a possibilidade de se narrar o horror e o direito à memória, o historiador e jornalista Marcos Guterman analisa obras escritas e filmadas sobre o Holocausto a partir dessas narrativas pessoais em Holocausto e Memória (Contexto).

Caça às Suásticas

Um livro mais antigo, disponível em sebos. Caça às Suásticas: O Partido Nazista em São Paulo Sob a Mira da Polícia Política, de Ana maria Dietrich, coeditado pela Humanitas, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e Fapesp, discute a relação que o discurso e a atividade policial estabeleceu com o Partido Nazista em São Paulo durante o Estado Novo (1937-1945) e problematiza tanto os produtores quanto os processos de produção de uma imagem do Partido Nazista e dos chamados “alemães” paulistas. Por falar em Estado Novo, outra dica é Olga, biografia de Olga Benário Prestes, militante comunista judia-alemã que veio para o Brasil, casou-se com Luís Carlos Prestes e acabou sendo enviada para a Alemanha nazista pelo regime de Getúlio Vargas. Olga morreu no campo de extermínio de Bernburg, em 1942.

O Menino do Pijama Listrado

Ficção de John Boyne, o romance virou best-seller e foi adaptada para o cinema - o filme está disponível nas principais plataformas de streaming. O Menino do Pijama Listrado narra a tentativa de duas crianças separadas por uma grade de se tornarem amigas. O protagonista, filho de um agente nazista, não compreende a situação da criança de cabelo raspado que lhe desperta curiosidade.

Eu Sobrevivi ao Holocausto

Nanette Blitz Konig em 2015, aos 86 anos; holandesa radicada no Brasil foi amiga de escola de Anne Frank Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A holandesa Nanette Blitz Konig, radicada em São Paulo, conta sua experiência em campo de concentração no livro Eu Sobrevivi ao Holocausto (Universo dos Livros). Foram 70 anos até que ela pudesse colocar em palavras o que viu e viveu nas mãos dos nazistas. Uma curiosidade: Nanette estava na festinha de aniversário em que a colega de classe Anne Frank ganhou o diário que a tornaria famosa no mundo todo. Confira aqui a entrevista concedida por Nanette quando seu livro foi lançado.

Última Parada: Auschwitz

O interessante deste livro é que ele foi escrito dentro do campo de concentração nazista na Polônia, por Eddy de Wind, médico e prisioneiro. Sobrevivente, ele publicou esta ficção logo após o fim da guerra e o livro foi esquecido. Redescoberto recentemente por seu filho, Última Parada: Auschwitz foi lançado em diversos países - no Brasil, ele saiu pela Planeta. Em 2020, o Estadão conversou com Mercher de Wind, filho de Eddy, sobre o livro e a história de seu pai. Confira aqui.

O Mundo de Anne Frank

Obra de Janny van der Molen sobre Anne Frank tem ilustrações de Martijn van der Linden Foto: Rocco

Para crianças pequenas, O Mundo de Anne Frank conta a história da menina que se escondeu com a família durante a perseguição aos judeus em Amsterdã, na Segunda Guerra Mundial. O livro, publicado no Brasil pela Rocco, foi escrito por Janny Van Der Molen a pedido do Museu Casa de Anne Frank e introduz a história que geralmente é descoberta por leitores na pré-adolescência.

O Diário de Anne Frank

O primeiro diário de Anne Frank em exposição na Casa de Anne Frank em Amsterdã, na Holanda, em 28 de abril de 2010 Foto: Cris Toala Olivares/Reuters

Best-seller há gerações, O Diário de Anne Frank foi publicado há 75 anos, no fim da Segunda Guerra Mundial, como uma homenagem a sua autora que morreu em campo de concentração pouco antes do fim do Holocausto. É o retrato do horror em construção. A insegurança, o medo de uma família que tinha uma ideia do que poderia acontecer caso o esconderijo fosse descoberto, mas que não poderia imaginar o que viria a seguir, pelo olhar de uma menina de 13 anos. O Diário de Anne Frank entrou para a história como um dos principais documentos sobre o Holocausto e já vendeu mais de 30 milhões de cópias no mundo. Existe também uma versão em HQ, de Ari Folman e David Polonsky, publicada pela Record. Aqui, você conhece mais sobre a obra, seus bastidores e sobre sua importância.

Maus e MetaMaus

Ilustração de 'Maus', de Art Spiegelman Foto: Reprodução/Companhia das Letras

A história em quadrinhos de Art Spiegelman, vencedora do Prêmio Pulitzer, é uma obra-prima que narra as vivências do pai de Art Spiegelman, um judeu polonês sobrevivente do Holocausto, mas também aborda os problemas da relação entre Art e seu pai. Em Maus, os judeus são desenhados como ratos e os nazistas ganham feições de gatos; poloneses não-judeus são porcos e americanos, cachorros. A obra está no catálogo da Companhia das Letras, que publicou, este ano, MetaMaus, em que Art Spiegelman volta à sua obra mais famosa para responder a questões como por que Holocausto? Por que ratos? Por que quadrinhos? O volume apresenta a gênese da HQ e traz um DVD com Maus em versão digital, incluindo links para um vasto arquivo de áudios (em inglês) com entrevistas entre Art Spiegelman e seu pai, documentos históricos e uma grande variedade de cadernos de anotações e esboços do autor.

Sonhos No Terceiro Reich

Lançamento recente da Fósforo, Sonhos no Terceiro Reich é o resultado de uma pesquisa empreendida secretamente pela jornalista Charlotte Beradt (1907-1986) a partir de 1933, quando Hitler chega ao poder. Ela entrevistou alemães para coletar sonhos relacionados às recentes mudanças políticas no país e à difusão do terror nazista em larga escala. O trabalho durou até 1939 e só veio à luz em 1966, neste livro em que os sonhos de 300 pessoas ajudam a “interpretar a estrutura de uma realidade prestes a se tornar um pesadelo”.

Um vídeo com apoiadores de Jair Bolsonaro fazendo gestos semelhantes à saudação nazista. Um grupo de adolescentes, alunos do colégio Porto Seguro, compartilhando stickers de Hitler, trocando mensagens com teor racista e fazendo apologia ao nazismo após a eleição de Lula como presidente. Kanye West caindo em desgraça após comentários antissemitas. O jogador Kyrie Irving, do Brooklyn Nets, suspenso por cinco jogos na NBA após divulgar filme antissemita no Twitter. Uma célula neonazista desmantela aqui. Grupos nazistas no Telegram ali. O termo nazista nos trend topics do Twitter. Isso tudo, em pleno 2022.

De tempos em tempos, o nazismo volta ao centro do debate - seja por manifestações individuais de anônimos ou de figuras públicas, como Roberto Alvim, um dos primeiros secretários da Cultura de Bolsonaro, ou por tentativas de distorcer a história. Por exemplo, em 2019, durante visita ao Yad Vashem, o Centro de Memória do Holocausto, em Jerusalém, Jair Bolsonaro disse que não “havia dúvidas” de que o nazismo foi um movimento de esquerda. Ele citou o nome do Partido Nazista, liderado por Hitler, para tentar se justificar: Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Anos anos, em 2012, a deputada democrata-cristã alemã Erika Steinbach fez o mesmo.

Para entender a ideologia que levou ao extermínio de cerca de 6 milhões de judeus durante o Holocausto e que encontra adeptos no mundo todo um século depois da fundação do Partido Nazista, selecionamos alguns livros publicados no Brasil.

Não se trata de uma lista definitiva, já que este é um dos temas mais estudados por historiadores e bastante explorado por ficcionistas. A bibliografia, portanto, é extensa. Quem quiser aprender sobre o nazismo e o Holocausto por meio de filmes, as opções também são diversas e vão de blockbusters como A Lista de Schindler e A Vida é Bela a clássicos como o documentário de mais de nove horas de Claude Lanzmann, Shoah.

Sapatos recolhidos do campo de concentração de Auschwitz, onde mais de um milhão de judeus foram assassinados Foto: Pawel Ulatowski/Reuters

Livros para entender o nazismo e o antissemitismo e conhecer o Holocausto

Hitler

Nesta monumental biografia de Adolf Hitler publicada no Brasil em 2010 pela Companhia das Letras, Ian Kershaw se debruça sobre a trajetória de uma pessoa que parecia destinada ao fracasso e que acabou comandando um dos países mais desenvolvidos, cultos e complexos da Europa. Ele tenta encontrar uma explicação para a trajetória ascendente de Hitler, o domínio que ele exerceu sobre as elites alemãs e para a catástrofe que ele causou.

Sobreviventes do campo de concentração de Buchenwald, em abril de 1945 Foto: U.S. National Archive/Reuters

Trilogia de Richard Evans

Richard Evans, um dos mais importantes estudiosos da história alemã, escreveu uma trilogia sobre o nazismo formada por A Chegada do Terceiro Reich, Terceiro Reich no Poder e Terceiro Reich em Guerra. Os livros foram publicados pelo selo Crítica, da Editora Planeta, e ajudam a compreender esse triste capítulo da história.

Origens do Totalitarismo

Hannah Arendt aborda o crescimento do antissemitismo na Europa Central e Ocidental nos anos 1800, analisa imperialismo colonial europeu desde 1884 até a deflagração da Primeira Guerra Mundial e discute as instituições e operações desses movimentos, centrando-se nos dois principais regimes totalitários da nossa era: a Alemanha nazista e a Rússia stalinista. Origens do Totalitarismo está no catálogo do selo Companhia de Bolso, da Companhia das Letras.

Os Alemães

Em Os Alemães, lançado aqui pela Zahar, Norbert Elias analisa o desenvolvimento social da Alemanha a partir do século 17, investiga a personalidade, a estrutura social e o comportamento do povo alemão.

O crematório de Auschwitz Foto: AP

É Isto um Homem?

Até o início da Segunda Guerra Mundial, Primo Levi era um químico italiano de origem judia. Após ser capturado, foi enviado para um campo de concentração em Fossoli e depois para Auschwitz, onde passou 11 meses, até a libertação do campo pelos soviéticos. Depois dessa experiência, Primo Levi se tornou o principal memorialista de Auschwitz, com livros como É Isto um Homem? (Rocco). Neste título publicado em 1947, Levi relembra seu sofrimento num campo de extermínio, sem, contudo, invocar qualquer resquício de autopiedade ou vingança. Outro livro para quem quer conhecer mais sobre sua experiência de sobrevivente é Assim foi Auschwitz, no catálogo da Companhia das Letras, que reúne relatos, depoimentos, cartas e comentários publicados quase até as vésperas da morte de sua morte, em 1987.

O escritor Primo Levi, sobrevivente do Holocauto Foto: Acervo Estadão

À Sombra do Meu Irmão

Na literatura do Holocausto, há muitos relatos de sobreviventes. Há, também, obras de autores que tentam entender como sua família pôde aderir ao nazismo. É o caso de Uwe Timm, que lançou pela Dublinense, À Sombra do Meu Irmão: As Marcas do Nazismo do Pós-Guerra na História de Uma Família Alemã. O irmão do título é Karl-Heinz, que morreu na Ucrânia aos 19 anos combatendo por uma divisão da SS nazista, em 1943, após se alistar voluntariamente alguns anos antes. Usando como matéria-prima um diário escrito a lápis pelo irmão no front, suas próprias lembranças e a trajetória familiar, o autor busca responder quem era esse irmão, por que se alistou, se ele foi obrigado a matar, se realmente não tinha opção, como se pode errar tanto assim e, por fim, por que todos fecharam os olhos e se calaram?

Sobreviventes de Auschwitz em janeiro de 1945 Foto: B. Fishman-Corbis-Bettmann REUTERS

Holocausto de Memória

Com base em questionamentos como a confiabilidade da memória das vítimas, a possibilidade de se narrar o horror e o direito à memória, o historiador e jornalista Marcos Guterman analisa obras escritas e filmadas sobre o Holocausto a partir dessas narrativas pessoais em Holocausto e Memória (Contexto).

Caça às Suásticas

Um livro mais antigo, disponível em sebos. Caça às Suásticas: O Partido Nazista em São Paulo Sob a Mira da Polícia Política, de Ana maria Dietrich, coeditado pela Humanitas, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e Fapesp, discute a relação que o discurso e a atividade policial estabeleceu com o Partido Nazista em São Paulo durante o Estado Novo (1937-1945) e problematiza tanto os produtores quanto os processos de produção de uma imagem do Partido Nazista e dos chamados “alemães” paulistas. Por falar em Estado Novo, outra dica é Olga, biografia de Olga Benário Prestes, militante comunista judia-alemã que veio para o Brasil, casou-se com Luís Carlos Prestes e acabou sendo enviada para a Alemanha nazista pelo regime de Getúlio Vargas. Olga morreu no campo de extermínio de Bernburg, em 1942.

O Menino do Pijama Listrado

Ficção de John Boyne, o romance virou best-seller e foi adaptada para o cinema - o filme está disponível nas principais plataformas de streaming. O Menino do Pijama Listrado narra a tentativa de duas crianças separadas por uma grade de se tornarem amigas. O protagonista, filho de um agente nazista, não compreende a situação da criança de cabelo raspado que lhe desperta curiosidade.

Eu Sobrevivi ao Holocausto

Nanette Blitz Konig em 2015, aos 86 anos; holandesa radicada no Brasil foi amiga de escola de Anne Frank Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A holandesa Nanette Blitz Konig, radicada em São Paulo, conta sua experiência em campo de concentração no livro Eu Sobrevivi ao Holocausto (Universo dos Livros). Foram 70 anos até que ela pudesse colocar em palavras o que viu e viveu nas mãos dos nazistas. Uma curiosidade: Nanette estava na festinha de aniversário em que a colega de classe Anne Frank ganhou o diário que a tornaria famosa no mundo todo. Confira aqui a entrevista concedida por Nanette quando seu livro foi lançado.

Última Parada: Auschwitz

O interessante deste livro é que ele foi escrito dentro do campo de concentração nazista na Polônia, por Eddy de Wind, médico e prisioneiro. Sobrevivente, ele publicou esta ficção logo após o fim da guerra e o livro foi esquecido. Redescoberto recentemente por seu filho, Última Parada: Auschwitz foi lançado em diversos países - no Brasil, ele saiu pela Planeta. Em 2020, o Estadão conversou com Mercher de Wind, filho de Eddy, sobre o livro e a história de seu pai. Confira aqui.

O Mundo de Anne Frank

Obra de Janny van der Molen sobre Anne Frank tem ilustrações de Martijn van der Linden Foto: Rocco

Para crianças pequenas, O Mundo de Anne Frank conta a história da menina que se escondeu com a família durante a perseguição aos judeus em Amsterdã, na Segunda Guerra Mundial. O livro, publicado no Brasil pela Rocco, foi escrito por Janny Van Der Molen a pedido do Museu Casa de Anne Frank e introduz a história que geralmente é descoberta por leitores na pré-adolescência.

O Diário de Anne Frank

O primeiro diário de Anne Frank em exposição na Casa de Anne Frank em Amsterdã, na Holanda, em 28 de abril de 2010 Foto: Cris Toala Olivares/Reuters

Best-seller há gerações, O Diário de Anne Frank foi publicado há 75 anos, no fim da Segunda Guerra Mundial, como uma homenagem a sua autora que morreu em campo de concentração pouco antes do fim do Holocausto. É o retrato do horror em construção. A insegurança, o medo de uma família que tinha uma ideia do que poderia acontecer caso o esconderijo fosse descoberto, mas que não poderia imaginar o que viria a seguir, pelo olhar de uma menina de 13 anos. O Diário de Anne Frank entrou para a história como um dos principais documentos sobre o Holocausto e já vendeu mais de 30 milhões de cópias no mundo. Existe também uma versão em HQ, de Ari Folman e David Polonsky, publicada pela Record. Aqui, você conhece mais sobre a obra, seus bastidores e sobre sua importância.

Maus e MetaMaus

Ilustração de 'Maus', de Art Spiegelman Foto: Reprodução/Companhia das Letras

A história em quadrinhos de Art Spiegelman, vencedora do Prêmio Pulitzer, é uma obra-prima que narra as vivências do pai de Art Spiegelman, um judeu polonês sobrevivente do Holocausto, mas também aborda os problemas da relação entre Art e seu pai. Em Maus, os judeus são desenhados como ratos e os nazistas ganham feições de gatos; poloneses não-judeus são porcos e americanos, cachorros. A obra está no catálogo da Companhia das Letras, que publicou, este ano, MetaMaus, em que Art Spiegelman volta à sua obra mais famosa para responder a questões como por que Holocausto? Por que ratos? Por que quadrinhos? O volume apresenta a gênese da HQ e traz um DVD com Maus em versão digital, incluindo links para um vasto arquivo de áudios (em inglês) com entrevistas entre Art Spiegelman e seu pai, documentos históricos e uma grande variedade de cadernos de anotações e esboços do autor.

Sonhos No Terceiro Reich

Lançamento recente da Fósforo, Sonhos no Terceiro Reich é o resultado de uma pesquisa empreendida secretamente pela jornalista Charlotte Beradt (1907-1986) a partir de 1933, quando Hitler chega ao poder. Ela entrevistou alemães para coletar sonhos relacionados às recentes mudanças políticas no país e à difusão do terror nazista em larga escala. O trabalho durou até 1939 e só veio à luz em 1966, neste livro em que os sonhos de 300 pessoas ajudam a “interpretar a estrutura de uma realidade prestes a se tornar um pesadelo”.

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