Do sonho de desenhar ao maior prêmio de HQs dos EUA: a história dos brasileiros indicados ao Eisner


Quatro brasileiros estão indicados em 2023; conheça suas trajetórias. Premiação é a maior da indústria norte-americana e acontece nesta sexta-feira, 21

Por Laura Abreu
Atualização:

A arte de ilustradores do Brasil vai aterrissar em San Diego, nos EUA, para o Eisner 2023, a maior premiação de quadrinhos da indústria norte-americana. Nesta edição do evento, que acontecerá nesta sexta-feira, 21, durante a Comic Con, quatro brasileiros estão indicados.

A quadrinista Débora Santos e os quadrinistas Alex Lins, Rogê Antônio e Rafael de Latorre são os representantes brasileiros nesta edição do evento, que conta com 32 categorias e 150 títulos, entre impressos e online. No ano passado, dois brasileiros foram premiados nas suas categorias.

Em entrevista ao Estadão, os ilustradores indicados deste ano contaram um pouco de suas trajetórias:

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Débora Santos

A cearense Débora Santos diz que se tornou ilustradora porque é uma criança que nunca parou de desenhar Foto: Tatiana Tavares/Reprodução

O pontapé do trabalho que garantiria uma indicação ao Eisner para a ilustradora e artista sequencial Débora Santos começou online. Mais precisamente, no fórum online Reddit. Uma publicação em que ela oferecia seus trabalhos como quadrinista encontrou Jimmy Stamp, artista dos EUA que entrou em contato com uma missão: ilustrar o conto “The Beekeeper’s Due”, escrito por ele como resultado de um curso de roteiro. A antologia conta a história de um apicultor após uma perda trágica. Débora só não imaginava que este trabalho, que começou na internet, chegaria até a categoria de HQ curta do Eisner.

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Ela foi pega de surpresa quando recebeu o e-mail de Stamp noticiando que tinha inscrito o trabalho na premiação e que eles estavam entre os finalistas. Para a cearense, a indicação já é o prêmio. Essa excitação foi o clima que se instaurou entre seus amigos e colegas da área com a notícia. “Uma amiga minha disse que parecia clima de Copa.”

A ilustradora possui mais de 20 publicações, entre animações, participações em antologias, em quadrinhos, e entre iniciativas independentes e com editoras. Entre os trabalhos dos quais já participou está Luzia, quadrinho em conjunto com Zé Wellington pela Editora Draco e Sapacoco com Márcio Moreira pela Netuno Press.

A história curta “The Beekeeper’s Due” possui roteiro de Jimmy Stamp e ilustração de Débora Santos Foto: Jimmy Stamp/Reprodução
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Débora sempre esteve envolvida com desenho e se nomeia uma “criança que nunca parou de desenhar”. Antes de levar para o lado profissional, ela já publicava tirinhas no Facebook. Mas foi em 2015 que ela começou no mundo dos quadrinhos, época em que se juntou com mais três quadrinistas para criar um coletivo que publicava zines. A partir daí, começou a frequentar e realizar eventos, fez novos trabalhos, começou a dar aulas particulares de quadrinhos e a publicar com outras pessoas. Não parou mais.

Alex Lins

Alex Lins é ilustrador e designer gráfico e mora nos EUA desde 2005 Foto: Ariadne Binderl/Reprodução
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“Será que me indicaram sem querer? Será que está errado?”. Foi esse o questionamento que o ilustrador e designer gráfico Alex Lins teve ao ver o e-mail do seu editor anunciando que seu trabalho em Good Morning, da série Moon Knight: Black, White & Blood da Marvel, foi indicado à categoria história curta do Eisner.

O ilustrador, que se considera novato no mundo dos quadrinhos, já tinha trabalhado com a Marvel. Na verdade, foi pela editora que ele chegou profissionalmente nesta área em 2019. Antes disso, ele havia trabalhado em alguns projetos que considera semiprofissionais, como em coletâneas de histórias, e dividia seu tempo entre os quadrinhos e o design gráfico, profissão no qual ele é formado e escolheu justamente por se aproximar dos desenhos, sua paixão de infância. Alex é baiano, natural de Salvador, mas mora nos Estados Unidos desde 2005.

O projeto Good Morning é especial, uma vez que le gosta de trabalhar em histórias em que pode brincar com a sequência linear. “Eu lembro que há 20 anos a Marvel lançou uma história parecida, e eu pensei que seria bacana fazer algo assim. Eu já tinha vontade de brincar na forma de contar uma história. Mas tem a questão do tempo, de tentar se adaptar à Marvel e às expectativas dos leitores. Eu estava meio que tateando”, disse ele, comentando que a indicação foi uma validação.

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Definindo o seu estilo como um desenho entre o alternativo e o mainstream, o ilustrador tem como uma de suas referências o Will Eisner, quadrinista que dá nome ao prêmio ao qual está indicado. Dentre seus trabalhos recentes está a série HellCat, além de projetos em andamento com outras editorias, como a Image Comics.

Rogê Antônio

O gaúcho Rogê Antônio foi indicado pela primeira vez ao prêmio Eisner neste ano com o seu trabalho em She Hullk Foto: Rogê Antonio/Reprodução
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O dia mal tinha começado para Rogê Antônio quando ele recebeu mensagens de amigos e de seu agente parabenizando pela indicação do seu trabalho em She Hulk à categoria melhor série continuada no Eisner. Foi sua primeira indicação à premiação.

A carreira do gaúcho começou nos “bastidores”. Rogê era assistente de Rafael Albuquerque - desenhista de peso no mercado brasileiro- e chegou a dar aulas em 2009. Já em 2013, quando estava em um evento em Nova York, visitou a DC Comics, oportunidade que aproveitou para mostrar seu trabalho aos editores.

Mais tarde, recebeu uma mensagem: “Hello DC Friends”, indicando que ele estava sendo convidado para ilustrar. Dentre seus trabalhos na editora, há Batman 2, Batman e Robin e Injustice. Em 2017, a Marvel o convidou para fazer parte do time. Rogê entrou ilustrando a série do X-men Red, trabalho que mais gostou de fazer, e deste então já ilustrou as histórias de Connan, Carnage e Batgirl.

Seguindo a trajetória natural dos quadrinistas, Rogê era um apaixonado por desenho quando criança. Mas foi uma revista específica que virou a chave para tornar a paixão uma profissão: o número 368 do Ucanny X-Men, que ele leu após furtar da banca onde comprava suas HQs, como conta aos risos.

A história Good Morning está na série Moon Knight:Black, White & Blood da Marvel e foi indicada na categoria história curta do prêmio Eisner 2023 Foto: Good Morning/Reprodução

Sobre o processo de produção de She Hulk, Rogê confessa que foi um desafio e que nunca havia desenhado nada parecido. ”Costumo usar muitas áreas escuras e pretas nos meus desenhos. Como vou lidar com um quadrinho que não é pesado?”.

Dentre os trabalhos mais recentes de Rogê, está a série Carnage. Atualmente, ele está ilustrando o Homem-Aranha 2099, que deve sair no início do ano que vem. Acumulando personagens amados pelo público de HQs, como o Batman, o ilustrador finaliza expressando o desejo de ilustrar a revista solo de Wolverine.

Rafael de Latorre

Nascido em Piracicaba, o ilustrador Rafael de Latorre foi indicado ao prêmio Eisner pelo seu trabalho em Demolidor Foto: Beto Skubs/Reprodução

Uma mensagem chegou no celular do ilustrador Rafael de Latorre com um print: uma matéria com os indicados do prêmio Eisner. Lá estava seu nome. Foi assim que o ilustrador ficou sabendo de sua indicação à categoria melhor série continuada com Demolidor. O remetente da boa notícia era Rogê Antônio, outro brasileiro indicado à premiação.

Diretamente de Piracicaba, Rafael já atuou com ilustração editorial, publicitária e de games. Como quadrinista, a sua primeira publicação foi em 2012 com o Fade Out: Suicídio sem Dor. Desde então, já ilustrou diversos projetos, como Animosity e SuperZero da Aftershock Comics, Hailstone da Stout Comics, Black Widow, e o indicado ao Eisner, o Demolidor da Marvel Comics.

Com um processo de produção todo digital, Rafael recebeu a proposta para trabalhar em Demolidor após ilustrar o título Daredevil - Woman Without Fear.

Demolidor concorre na categoria de melhor série regular no Prêmio Eisner 2023 Foto: Demolidor, Marvel/Rep

Assim como os outros ilustradores brasileiros indicados neste ano, essa também é a primeira indicação ao Eisner de Rafael. Agora, o ilustrador já está trabalhando na série do famoso personagem do Pinguim da DC Comics, junto do escritor Tom King e do colorista Marcelo Maiolo. Para o futuro, o ilustrador confessa ter vontade de se debruçar em projetos autorais, se envolvendo mais no processo do roteiro.

A arte de ilustradores do Brasil vai aterrissar em San Diego, nos EUA, para o Eisner 2023, a maior premiação de quadrinhos da indústria norte-americana. Nesta edição do evento, que acontecerá nesta sexta-feira, 21, durante a Comic Con, quatro brasileiros estão indicados.

A quadrinista Débora Santos e os quadrinistas Alex Lins, Rogê Antônio e Rafael de Latorre são os representantes brasileiros nesta edição do evento, que conta com 32 categorias e 150 títulos, entre impressos e online. No ano passado, dois brasileiros foram premiados nas suas categorias.

Em entrevista ao Estadão, os ilustradores indicados deste ano contaram um pouco de suas trajetórias:

Débora Santos

A cearense Débora Santos diz que se tornou ilustradora porque é uma criança que nunca parou de desenhar Foto: Tatiana Tavares/Reprodução

O pontapé do trabalho que garantiria uma indicação ao Eisner para a ilustradora e artista sequencial Débora Santos começou online. Mais precisamente, no fórum online Reddit. Uma publicação em que ela oferecia seus trabalhos como quadrinista encontrou Jimmy Stamp, artista dos EUA que entrou em contato com uma missão: ilustrar o conto “The Beekeeper’s Due”, escrito por ele como resultado de um curso de roteiro. A antologia conta a história de um apicultor após uma perda trágica. Débora só não imaginava que este trabalho, que começou na internet, chegaria até a categoria de HQ curta do Eisner.

Ela foi pega de surpresa quando recebeu o e-mail de Stamp noticiando que tinha inscrito o trabalho na premiação e que eles estavam entre os finalistas. Para a cearense, a indicação já é o prêmio. Essa excitação foi o clima que se instaurou entre seus amigos e colegas da área com a notícia. “Uma amiga minha disse que parecia clima de Copa.”

A ilustradora possui mais de 20 publicações, entre animações, participações em antologias, em quadrinhos, e entre iniciativas independentes e com editoras. Entre os trabalhos dos quais já participou está Luzia, quadrinho em conjunto com Zé Wellington pela Editora Draco e Sapacoco com Márcio Moreira pela Netuno Press.

A história curta “The Beekeeper’s Due” possui roteiro de Jimmy Stamp e ilustração de Débora Santos Foto: Jimmy Stamp/Reprodução

Débora sempre esteve envolvida com desenho e se nomeia uma “criança que nunca parou de desenhar”. Antes de levar para o lado profissional, ela já publicava tirinhas no Facebook. Mas foi em 2015 que ela começou no mundo dos quadrinhos, época em que se juntou com mais três quadrinistas para criar um coletivo que publicava zines. A partir daí, começou a frequentar e realizar eventos, fez novos trabalhos, começou a dar aulas particulares de quadrinhos e a publicar com outras pessoas. Não parou mais.

Alex Lins

Alex Lins é ilustrador e designer gráfico e mora nos EUA desde 2005 Foto: Ariadne Binderl/Reprodução

“Será que me indicaram sem querer? Será que está errado?”. Foi esse o questionamento que o ilustrador e designer gráfico Alex Lins teve ao ver o e-mail do seu editor anunciando que seu trabalho em Good Morning, da série Moon Knight: Black, White & Blood da Marvel, foi indicado à categoria história curta do Eisner.

O ilustrador, que se considera novato no mundo dos quadrinhos, já tinha trabalhado com a Marvel. Na verdade, foi pela editora que ele chegou profissionalmente nesta área em 2019. Antes disso, ele havia trabalhado em alguns projetos que considera semiprofissionais, como em coletâneas de histórias, e dividia seu tempo entre os quadrinhos e o design gráfico, profissão no qual ele é formado e escolheu justamente por se aproximar dos desenhos, sua paixão de infância. Alex é baiano, natural de Salvador, mas mora nos Estados Unidos desde 2005.

O projeto Good Morning é especial, uma vez que le gosta de trabalhar em histórias em que pode brincar com a sequência linear. “Eu lembro que há 20 anos a Marvel lançou uma história parecida, e eu pensei que seria bacana fazer algo assim. Eu já tinha vontade de brincar na forma de contar uma história. Mas tem a questão do tempo, de tentar se adaptar à Marvel e às expectativas dos leitores. Eu estava meio que tateando”, disse ele, comentando que a indicação foi uma validação.

Definindo o seu estilo como um desenho entre o alternativo e o mainstream, o ilustrador tem como uma de suas referências o Will Eisner, quadrinista que dá nome ao prêmio ao qual está indicado. Dentre seus trabalhos recentes está a série HellCat, além de projetos em andamento com outras editorias, como a Image Comics.

Rogê Antônio

O gaúcho Rogê Antônio foi indicado pela primeira vez ao prêmio Eisner neste ano com o seu trabalho em She Hullk Foto: Rogê Antonio/Reprodução

O dia mal tinha começado para Rogê Antônio quando ele recebeu mensagens de amigos e de seu agente parabenizando pela indicação do seu trabalho em She Hulk à categoria melhor série continuada no Eisner. Foi sua primeira indicação à premiação.

A carreira do gaúcho começou nos “bastidores”. Rogê era assistente de Rafael Albuquerque - desenhista de peso no mercado brasileiro- e chegou a dar aulas em 2009. Já em 2013, quando estava em um evento em Nova York, visitou a DC Comics, oportunidade que aproveitou para mostrar seu trabalho aos editores.

Mais tarde, recebeu uma mensagem: “Hello DC Friends”, indicando que ele estava sendo convidado para ilustrar. Dentre seus trabalhos na editora, há Batman 2, Batman e Robin e Injustice. Em 2017, a Marvel o convidou para fazer parte do time. Rogê entrou ilustrando a série do X-men Red, trabalho que mais gostou de fazer, e deste então já ilustrou as histórias de Connan, Carnage e Batgirl.

Seguindo a trajetória natural dos quadrinistas, Rogê era um apaixonado por desenho quando criança. Mas foi uma revista específica que virou a chave para tornar a paixão uma profissão: o número 368 do Ucanny X-Men, que ele leu após furtar da banca onde comprava suas HQs, como conta aos risos.

A história Good Morning está na série Moon Knight:Black, White & Blood da Marvel e foi indicada na categoria história curta do prêmio Eisner 2023 Foto: Good Morning/Reprodução

Sobre o processo de produção de She Hulk, Rogê confessa que foi um desafio e que nunca havia desenhado nada parecido. ”Costumo usar muitas áreas escuras e pretas nos meus desenhos. Como vou lidar com um quadrinho que não é pesado?”.

Dentre os trabalhos mais recentes de Rogê, está a série Carnage. Atualmente, ele está ilustrando o Homem-Aranha 2099, que deve sair no início do ano que vem. Acumulando personagens amados pelo público de HQs, como o Batman, o ilustrador finaliza expressando o desejo de ilustrar a revista solo de Wolverine.

Rafael de Latorre

Nascido em Piracicaba, o ilustrador Rafael de Latorre foi indicado ao prêmio Eisner pelo seu trabalho em Demolidor Foto: Beto Skubs/Reprodução

Uma mensagem chegou no celular do ilustrador Rafael de Latorre com um print: uma matéria com os indicados do prêmio Eisner. Lá estava seu nome. Foi assim que o ilustrador ficou sabendo de sua indicação à categoria melhor série continuada com Demolidor. O remetente da boa notícia era Rogê Antônio, outro brasileiro indicado à premiação.

Diretamente de Piracicaba, Rafael já atuou com ilustração editorial, publicitária e de games. Como quadrinista, a sua primeira publicação foi em 2012 com o Fade Out: Suicídio sem Dor. Desde então, já ilustrou diversos projetos, como Animosity e SuperZero da Aftershock Comics, Hailstone da Stout Comics, Black Widow, e o indicado ao Eisner, o Demolidor da Marvel Comics.

Com um processo de produção todo digital, Rafael recebeu a proposta para trabalhar em Demolidor após ilustrar o título Daredevil - Woman Without Fear.

Demolidor concorre na categoria de melhor série regular no Prêmio Eisner 2023 Foto: Demolidor, Marvel/Rep

Assim como os outros ilustradores brasileiros indicados neste ano, essa também é a primeira indicação ao Eisner de Rafael. Agora, o ilustrador já está trabalhando na série do famoso personagem do Pinguim da DC Comics, junto do escritor Tom King e do colorista Marcelo Maiolo. Para o futuro, o ilustrador confessa ter vontade de se debruçar em projetos autorais, se envolvendo mais no processo do roteiro.

A arte de ilustradores do Brasil vai aterrissar em San Diego, nos EUA, para o Eisner 2023, a maior premiação de quadrinhos da indústria norte-americana. Nesta edição do evento, que acontecerá nesta sexta-feira, 21, durante a Comic Con, quatro brasileiros estão indicados.

A quadrinista Débora Santos e os quadrinistas Alex Lins, Rogê Antônio e Rafael de Latorre são os representantes brasileiros nesta edição do evento, que conta com 32 categorias e 150 títulos, entre impressos e online. No ano passado, dois brasileiros foram premiados nas suas categorias.

Em entrevista ao Estadão, os ilustradores indicados deste ano contaram um pouco de suas trajetórias:

Débora Santos

A cearense Débora Santos diz que se tornou ilustradora porque é uma criança que nunca parou de desenhar Foto: Tatiana Tavares/Reprodução

O pontapé do trabalho que garantiria uma indicação ao Eisner para a ilustradora e artista sequencial Débora Santos começou online. Mais precisamente, no fórum online Reddit. Uma publicação em que ela oferecia seus trabalhos como quadrinista encontrou Jimmy Stamp, artista dos EUA que entrou em contato com uma missão: ilustrar o conto “The Beekeeper’s Due”, escrito por ele como resultado de um curso de roteiro. A antologia conta a história de um apicultor após uma perda trágica. Débora só não imaginava que este trabalho, que começou na internet, chegaria até a categoria de HQ curta do Eisner.

Ela foi pega de surpresa quando recebeu o e-mail de Stamp noticiando que tinha inscrito o trabalho na premiação e que eles estavam entre os finalistas. Para a cearense, a indicação já é o prêmio. Essa excitação foi o clima que se instaurou entre seus amigos e colegas da área com a notícia. “Uma amiga minha disse que parecia clima de Copa.”

A ilustradora possui mais de 20 publicações, entre animações, participações em antologias, em quadrinhos, e entre iniciativas independentes e com editoras. Entre os trabalhos dos quais já participou está Luzia, quadrinho em conjunto com Zé Wellington pela Editora Draco e Sapacoco com Márcio Moreira pela Netuno Press.

A história curta “The Beekeeper’s Due” possui roteiro de Jimmy Stamp e ilustração de Débora Santos Foto: Jimmy Stamp/Reprodução

Débora sempre esteve envolvida com desenho e se nomeia uma “criança que nunca parou de desenhar”. Antes de levar para o lado profissional, ela já publicava tirinhas no Facebook. Mas foi em 2015 que ela começou no mundo dos quadrinhos, época em que se juntou com mais três quadrinistas para criar um coletivo que publicava zines. A partir daí, começou a frequentar e realizar eventos, fez novos trabalhos, começou a dar aulas particulares de quadrinhos e a publicar com outras pessoas. Não parou mais.

Alex Lins

Alex Lins é ilustrador e designer gráfico e mora nos EUA desde 2005 Foto: Ariadne Binderl/Reprodução

“Será que me indicaram sem querer? Será que está errado?”. Foi esse o questionamento que o ilustrador e designer gráfico Alex Lins teve ao ver o e-mail do seu editor anunciando que seu trabalho em Good Morning, da série Moon Knight: Black, White & Blood da Marvel, foi indicado à categoria história curta do Eisner.

O ilustrador, que se considera novato no mundo dos quadrinhos, já tinha trabalhado com a Marvel. Na verdade, foi pela editora que ele chegou profissionalmente nesta área em 2019. Antes disso, ele havia trabalhado em alguns projetos que considera semiprofissionais, como em coletâneas de histórias, e dividia seu tempo entre os quadrinhos e o design gráfico, profissão no qual ele é formado e escolheu justamente por se aproximar dos desenhos, sua paixão de infância. Alex é baiano, natural de Salvador, mas mora nos Estados Unidos desde 2005.

O projeto Good Morning é especial, uma vez que le gosta de trabalhar em histórias em que pode brincar com a sequência linear. “Eu lembro que há 20 anos a Marvel lançou uma história parecida, e eu pensei que seria bacana fazer algo assim. Eu já tinha vontade de brincar na forma de contar uma história. Mas tem a questão do tempo, de tentar se adaptar à Marvel e às expectativas dos leitores. Eu estava meio que tateando”, disse ele, comentando que a indicação foi uma validação.

Definindo o seu estilo como um desenho entre o alternativo e o mainstream, o ilustrador tem como uma de suas referências o Will Eisner, quadrinista que dá nome ao prêmio ao qual está indicado. Dentre seus trabalhos recentes está a série HellCat, além de projetos em andamento com outras editorias, como a Image Comics.

Rogê Antônio

O gaúcho Rogê Antônio foi indicado pela primeira vez ao prêmio Eisner neste ano com o seu trabalho em She Hullk Foto: Rogê Antonio/Reprodução

O dia mal tinha começado para Rogê Antônio quando ele recebeu mensagens de amigos e de seu agente parabenizando pela indicação do seu trabalho em She Hulk à categoria melhor série continuada no Eisner. Foi sua primeira indicação à premiação.

A carreira do gaúcho começou nos “bastidores”. Rogê era assistente de Rafael Albuquerque - desenhista de peso no mercado brasileiro- e chegou a dar aulas em 2009. Já em 2013, quando estava em um evento em Nova York, visitou a DC Comics, oportunidade que aproveitou para mostrar seu trabalho aos editores.

Mais tarde, recebeu uma mensagem: “Hello DC Friends”, indicando que ele estava sendo convidado para ilustrar. Dentre seus trabalhos na editora, há Batman 2, Batman e Robin e Injustice. Em 2017, a Marvel o convidou para fazer parte do time. Rogê entrou ilustrando a série do X-men Red, trabalho que mais gostou de fazer, e deste então já ilustrou as histórias de Connan, Carnage e Batgirl.

Seguindo a trajetória natural dos quadrinistas, Rogê era um apaixonado por desenho quando criança. Mas foi uma revista específica que virou a chave para tornar a paixão uma profissão: o número 368 do Ucanny X-Men, que ele leu após furtar da banca onde comprava suas HQs, como conta aos risos.

A história Good Morning está na série Moon Knight:Black, White & Blood da Marvel e foi indicada na categoria história curta do prêmio Eisner 2023 Foto: Good Morning/Reprodução

Sobre o processo de produção de She Hulk, Rogê confessa que foi um desafio e que nunca havia desenhado nada parecido. ”Costumo usar muitas áreas escuras e pretas nos meus desenhos. Como vou lidar com um quadrinho que não é pesado?”.

Dentre os trabalhos mais recentes de Rogê, está a série Carnage. Atualmente, ele está ilustrando o Homem-Aranha 2099, que deve sair no início do ano que vem. Acumulando personagens amados pelo público de HQs, como o Batman, o ilustrador finaliza expressando o desejo de ilustrar a revista solo de Wolverine.

Rafael de Latorre

Nascido em Piracicaba, o ilustrador Rafael de Latorre foi indicado ao prêmio Eisner pelo seu trabalho em Demolidor Foto: Beto Skubs/Reprodução

Uma mensagem chegou no celular do ilustrador Rafael de Latorre com um print: uma matéria com os indicados do prêmio Eisner. Lá estava seu nome. Foi assim que o ilustrador ficou sabendo de sua indicação à categoria melhor série continuada com Demolidor. O remetente da boa notícia era Rogê Antônio, outro brasileiro indicado à premiação.

Diretamente de Piracicaba, Rafael já atuou com ilustração editorial, publicitária e de games. Como quadrinista, a sua primeira publicação foi em 2012 com o Fade Out: Suicídio sem Dor. Desde então, já ilustrou diversos projetos, como Animosity e SuperZero da Aftershock Comics, Hailstone da Stout Comics, Black Widow, e o indicado ao Eisner, o Demolidor da Marvel Comics.

Com um processo de produção todo digital, Rafael recebeu a proposta para trabalhar em Demolidor após ilustrar o título Daredevil - Woman Without Fear.

Demolidor concorre na categoria de melhor série regular no Prêmio Eisner 2023 Foto: Demolidor, Marvel/Rep

Assim como os outros ilustradores brasileiros indicados neste ano, essa também é a primeira indicação ao Eisner de Rafael. Agora, o ilustrador já está trabalhando na série do famoso personagem do Pinguim da DC Comics, junto do escritor Tom King e do colorista Marcelo Maiolo. Para o futuro, o ilustrador confessa ter vontade de se debruçar em projetos autorais, se envolvendo mais no processo do roteiro.

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