Editora brasileira vende livro ‘de luxo’ sem avisar que ilustração era feita com IA e gera indignação


Novo Século utilizou inteligência artificial para ilustrar ‘Alice no País das Maravilhas’. Leitores apontaram uso e editora só admitiu após centenas de críticas, com justificativa de que obra de Lewis Carroll também era ‘disruptiva’

Por Camila Pessôa e Marco Dias

A inteligência artificial já marcou presença na música, no cinema, nos videogames, foi um dos motivos de greve em Hollywood e, agora, chega ao mercado literário brasileiro. O lançamento de uma edição de Alice no País das Maravilhas pela editora Novo Século, ilustrada com o uso da IA, gerou polêmica. A descoberta foi de leitores, e a editora só admitiu que usou o recurso após muitas críticas nas redes.

Com o anúncio da nova versão do clássico livro, divulgada pela editora para o dia 7 de agosto como “edição de luxo”, por R$ 59,90, as ilustrações logo chamaram a atenção dos internautas, que identificaram a utilização da inteligência artificial nas imagens.

De acordo com a publicação feita por uma usuária do Twitter, detalhes como o formato das mãos, textura das roupas e da pele a fizeram identificar que as imagens tinham sido produzidas com o uso da IA. Isso foi confirmado pela editora dois dias após a repercussão.

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Alice no País da Inteligência Artificial

Os internautas criticaram a editora por dispensar a contratação de artistas profissionais e utilizar um programa de computador que é treinado com a combinação de trabalhos de diferentes artistas para produzir imagens. “Uma editora enorme e tradicional abrir mão de contratar artistas para usar IA no lugar só faz parecer que não tem problema nenhum em fazer isso”, afirma a usuária, identificada como @daniellasalamao.

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“Os artistas colocam que isso é um roubo, porque eles não deram autorização e o seu material foi utilizado para treinar a IA” avalia o especialista em inteligência artificial e professor na Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Diogo Cortiz.

Por outro lado, ele aponta que, para alguns estudiosos, a utilização de arte para treinamento de IA não fere direitos autorais, uma vez que ela não copia, mas sim extrai padrões. “E eu fico no meio do caminho, acho que deveria ter uma forma de compensação para esses artistas utilizados para treinar IA”, explica Cortiz.

Marina Garrido, crítica literária e editora associada da DarkLit Press, explica que a comunidade literária é contrária ao uso da IA neste caso. “Quem trabalha na área está revoltado com a inteligência artificial faz tempo, especialmente para criação das capas”, pontua a editora. Ela ainda comenta que a revolta é maior em função do uso indevido de propriedade intelectual, já que as ferramentas são treinados com banco de imagens de trabalhos de outros artistas.

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Em declaração oficial divulgada no Instagram, a editora utiliza a própria obra “disruptiva” de Lewis Carroll para justificar o uso da inteligência artificial. De acordo com o comunicado, assim como Alice, a Novo Século tem “curiosidade pelo novo” e busca inovar e crescer. “A arte está mudando e, por mais que isso incomode, é necessário transpor as barreiras impostas pelo medo do novo”, afirma a editora no post, respondido com mais centenas de críticas. O Estadão procurou a editora, que não quis falar mais sobre o assunto. O espaço segue aberto.

Quais são as regras?

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Para o advogado especialista em Direito Digital Guilherme Celestino, não há proibição nem violação de propriedade intelectual quando a IA é utilizada nestes casos. Além disso, não é obrigatório que a editora indique no livro que as ilustrações foram criadas por inteligência artificial. Mas ele admite que ainda há a necessidade de regulamentação do uso desses recursos. “Como não tem em nenhum lugar falando que pode, nem em nenhum lugar falando que não pode, gera polêmica”, afirma Celestino.

“Não tem como você ter copyright da imagem, então, até como editora, é uma escolha que abre espaço para futuras questões legais, porque você não tem direitos sobre a imagem da inteligência artificial”, comenta Garrido. Ela ainda destaca que a imagem gerada para a capa do livro da Novo Século pode ser reproduzida indefinidamente. “Qualquer pessoa pode pegar aquela imagem e fazer caderno, caneca, blusa, e ainda ganhar dinheiro com isso”, pontua.

Como identificar o uso da IA?

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Apesar da facilidade que os usuários do Twitter tiveram para identificar que as ilustrações do livro foram produzidas com inteligência artificial, Cortiz alerta que não existe uma ferramenta confiável para checar se uma imagem foi gerada ou não com o uso da IA. “É claro que as IAs hoje, principalmente ferramentas como o Midjourney, têm uma estética bem própria, então às vezes você bate o olho e imagina”, explica o especialista.

O Estadão fez um passo a passo para identificar indícios de imagens geradas a partir da inteligência artificial. Clique neste link e confira.

A inteligência artificial já marcou presença na música, no cinema, nos videogames, foi um dos motivos de greve em Hollywood e, agora, chega ao mercado literário brasileiro. O lançamento de uma edição de Alice no País das Maravilhas pela editora Novo Século, ilustrada com o uso da IA, gerou polêmica. A descoberta foi de leitores, e a editora só admitiu que usou o recurso após muitas críticas nas redes.

Com o anúncio da nova versão do clássico livro, divulgada pela editora para o dia 7 de agosto como “edição de luxo”, por R$ 59,90, as ilustrações logo chamaram a atenção dos internautas, que identificaram a utilização da inteligência artificial nas imagens.

De acordo com a publicação feita por uma usuária do Twitter, detalhes como o formato das mãos, textura das roupas e da pele a fizeram identificar que as imagens tinham sido produzidas com o uso da IA. Isso foi confirmado pela editora dois dias após a repercussão.

Alice no País da Inteligência Artificial

Os internautas criticaram a editora por dispensar a contratação de artistas profissionais e utilizar um programa de computador que é treinado com a combinação de trabalhos de diferentes artistas para produzir imagens. “Uma editora enorme e tradicional abrir mão de contratar artistas para usar IA no lugar só faz parecer que não tem problema nenhum em fazer isso”, afirma a usuária, identificada como @daniellasalamao.

“Os artistas colocam que isso é um roubo, porque eles não deram autorização e o seu material foi utilizado para treinar a IA” avalia o especialista em inteligência artificial e professor na Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Diogo Cortiz.

Por outro lado, ele aponta que, para alguns estudiosos, a utilização de arte para treinamento de IA não fere direitos autorais, uma vez que ela não copia, mas sim extrai padrões. “E eu fico no meio do caminho, acho que deveria ter uma forma de compensação para esses artistas utilizados para treinar IA”, explica Cortiz.

Marina Garrido, crítica literária e editora associada da DarkLit Press, explica que a comunidade literária é contrária ao uso da IA neste caso. “Quem trabalha na área está revoltado com a inteligência artificial faz tempo, especialmente para criação das capas”, pontua a editora. Ela ainda comenta que a revolta é maior em função do uso indevido de propriedade intelectual, já que as ferramentas são treinados com banco de imagens de trabalhos de outros artistas.

Em declaração oficial divulgada no Instagram, a editora utiliza a própria obra “disruptiva” de Lewis Carroll para justificar o uso da inteligência artificial. De acordo com o comunicado, assim como Alice, a Novo Século tem “curiosidade pelo novo” e busca inovar e crescer. “A arte está mudando e, por mais que isso incomode, é necessário transpor as barreiras impostas pelo medo do novo”, afirma a editora no post, respondido com mais centenas de críticas. O Estadão procurou a editora, que não quis falar mais sobre o assunto. O espaço segue aberto.

Quais são as regras?

Para o advogado especialista em Direito Digital Guilherme Celestino, não há proibição nem violação de propriedade intelectual quando a IA é utilizada nestes casos. Além disso, não é obrigatório que a editora indique no livro que as ilustrações foram criadas por inteligência artificial. Mas ele admite que ainda há a necessidade de regulamentação do uso desses recursos. “Como não tem em nenhum lugar falando que pode, nem em nenhum lugar falando que não pode, gera polêmica”, afirma Celestino.

“Não tem como você ter copyright da imagem, então, até como editora, é uma escolha que abre espaço para futuras questões legais, porque você não tem direitos sobre a imagem da inteligência artificial”, comenta Garrido. Ela ainda destaca que a imagem gerada para a capa do livro da Novo Século pode ser reproduzida indefinidamente. “Qualquer pessoa pode pegar aquela imagem e fazer caderno, caneca, blusa, e ainda ganhar dinheiro com isso”, pontua.

Como identificar o uso da IA?

Apesar da facilidade que os usuários do Twitter tiveram para identificar que as ilustrações do livro foram produzidas com inteligência artificial, Cortiz alerta que não existe uma ferramenta confiável para checar se uma imagem foi gerada ou não com o uso da IA. “É claro que as IAs hoje, principalmente ferramentas como o Midjourney, têm uma estética bem própria, então às vezes você bate o olho e imagina”, explica o especialista.

O Estadão fez um passo a passo para identificar indícios de imagens geradas a partir da inteligência artificial. Clique neste link e confira.

A inteligência artificial já marcou presença na música, no cinema, nos videogames, foi um dos motivos de greve em Hollywood e, agora, chega ao mercado literário brasileiro. O lançamento de uma edição de Alice no País das Maravilhas pela editora Novo Século, ilustrada com o uso da IA, gerou polêmica. A descoberta foi de leitores, e a editora só admitiu que usou o recurso após muitas críticas nas redes.

Com o anúncio da nova versão do clássico livro, divulgada pela editora para o dia 7 de agosto como “edição de luxo”, por R$ 59,90, as ilustrações logo chamaram a atenção dos internautas, que identificaram a utilização da inteligência artificial nas imagens.

De acordo com a publicação feita por uma usuária do Twitter, detalhes como o formato das mãos, textura das roupas e da pele a fizeram identificar que as imagens tinham sido produzidas com o uso da IA. Isso foi confirmado pela editora dois dias após a repercussão.

Alice no País da Inteligência Artificial

Os internautas criticaram a editora por dispensar a contratação de artistas profissionais e utilizar um programa de computador que é treinado com a combinação de trabalhos de diferentes artistas para produzir imagens. “Uma editora enorme e tradicional abrir mão de contratar artistas para usar IA no lugar só faz parecer que não tem problema nenhum em fazer isso”, afirma a usuária, identificada como @daniellasalamao.

“Os artistas colocam que isso é um roubo, porque eles não deram autorização e o seu material foi utilizado para treinar a IA” avalia o especialista em inteligência artificial e professor na Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Diogo Cortiz.

Por outro lado, ele aponta que, para alguns estudiosos, a utilização de arte para treinamento de IA não fere direitos autorais, uma vez que ela não copia, mas sim extrai padrões. “E eu fico no meio do caminho, acho que deveria ter uma forma de compensação para esses artistas utilizados para treinar IA”, explica Cortiz.

Marina Garrido, crítica literária e editora associada da DarkLit Press, explica que a comunidade literária é contrária ao uso da IA neste caso. “Quem trabalha na área está revoltado com a inteligência artificial faz tempo, especialmente para criação das capas”, pontua a editora. Ela ainda comenta que a revolta é maior em função do uso indevido de propriedade intelectual, já que as ferramentas são treinados com banco de imagens de trabalhos de outros artistas.

Em declaração oficial divulgada no Instagram, a editora utiliza a própria obra “disruptiva” de Lewis Carroll para justificar o uso da inteligência artificial. De acordo com o comunicado, assim como Alice, a Novo Século tem “curiosidade pelo novo” e busca inovar e crescer. “A arte está mudando e, por mais que isso incomode, é necessário transpor as barreiras impostas pelo medo do novo”, afirma a editora no post, respondido com mais centenas de críticas. O Estadão procurou a editora, que não quis falar mais sobre o assunto. O espaço segue aberto.

Quais são as regras?

Para o advogado especialista em Direito Digital Guilherme Celestino, não há proibição nem violação de propriedade intelectual quando a IA é utilizada nestes casos. Além disso, não é obrigatório que a editora indique no livro que as ilustrações foram criadas por inteligência artificial. Mas ele admite que ainda há a necessidade de regulamentação do uso desses recursos. “Como não tem em nenhum lugar falando que pode, nem em nenhum lugar falando que não pode, gera polêmica”, afirma Celestino.

“Não tem como você ter copyright da imagem, então, até como editora, é uma escolha que abre espaço para futuras questões legais, porque você não tem direitos sobre a imagem da inteligência artificial”, comenta Garrido. Ela ainda destaca que a imagem gerada para a capa do livro da Novo Século pode ser reproduzida indefinidamente. “Qualquer pessoa pode pegar aquela imagem e fazer caderno, caneca, blusa, e ainda ganhar dinheiro com isso”, pontua.

Como identificar o uso da IA?

Apesar da facilidade que os usuários do Twitter tiveram para identificar que as ilustrações do livro foram produzidas com inteligência artificial, Cortiz alerta que não existe uma ferramenta confiável para checar se uma imagem foi gerada ou não com o uso da IA. “É claro que as IAs hoje, principalmente ferramentas como o Midjourney, têm uma estética bem própria, então às vezes você bate o olho e imagina”, explica o especialista.

O Estadão fez um passo a passo para identificar indícios de imagens geradas a partir da inteligência artificial. Clique neste link e confira.

A inteligência artificial já marcou presença na música, no cinema, nos videogames, foi um dos motivos de greve em Hollywood e, agora, chega ao mercado literário brasileiro. O lançamento de uma edição de Alice no País das Maravilhas pela editora Novo Século, ilustrada com o uso da IA, gerou polêmica. A descoberta foi de leitores, e a editora só admitiu que usou o recurso após muitas críticas nas redes.

Com o anúncio da nova versão do clássico livro, divulgada pela editora para o dia 7 de agosto como “edição de luxo”, por R$ 59,90, as ilustrações logo chamaram a atenção dos internautas, que identificaram a utilização da inteligência artificial nas imagens.

De acordo com a publicação feita por uma usuária do Twitter, detalhes como o formato das mãos, textura das roupas e da pele a fizeram identificar que as imagens tinham sido produzidas com o uso da IA. Isso foi confirmado pela editora dois dias após a repercussão.

Alice no País da Inteligência Artificial

Os internautas criticaram a editora por dispensar a contratação de artistas profissionais e utilizar um programa de computador que é treinado com a combinação de trabalhos de diferentes artistas para produzir imagens. “Uma editora enorme e tradicional abrir mão de contratar artistas para usar IA no lugar só faz parecer que não tem problema nenhum em fazer isso”, afirma a usuária, identificada como @daniellasalamao.

“Os artistas colocam que isso é um roubo, porque eles não deram autorização e o seu material foi utilizado para treinar a IA” avalia o especialista em inteligência artificial e professor na Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Diogo Cortiz.

Por outro lado, ele aponta que, para alguns estudiosos, a utilização de arte para treinamento de IA não fere direitos autorais, uma vez que ela não copia, mas sim extrai padrões. “E eu fico no meio do caminho, acho que deveria ter uma forma de compensação para esses artistas utilizados para treinar IA”, explica Cortiz.

Marina Garrido, crítica literária e editora associada da DarkLit Press, explica que a comunidade literária é contrária ao uso da IA neste caso. “Quem trabalha na área está revoltado com a inteligência artificial faz tempo, especialmente para criação das capas”, pontua a editora. Ela ainda comenta que a revolta é maior em função do uso indevido de propriedade intelectual, já que as ferramentas são treinados com banco de imagens de trabalhos de outros artistas.

Em declaração oficial divulgada no Instagram, a editora utiliza a própria obra “disruptiva” de Lewis Carroll para justificar o uso da inteligência artificial. De acordo com o comunicado, assim como Alice, a Novo Século tem “curiosidade pelo novo” e busca inovar e crescer. “A arte está mudando e, por mais que isso incomode, é necessário transpor as barreiras impostas pelo medo do novo”, afirma a editora no post, respondido com mais centenas de críticas. O Estadão procurou a editora, que não quis falar mais sobre o assunto. O espaço segue aberto.

Quais são as regras?

Para o advogado especialista em Direito Digital Guilherme Celestino, não há proibição nem violação de propriedade intelectual quando a IA é utilizada nestes casos. Além disso, não é obrigatório que a editora indique no livro que as ilustrações foram criadas por inteligência artificial. Mas ele admite que ainda há a necessidade de regulamentação do uso desses recursos. “Como não tem em nenhum lugar falando que pode, nem em nenhum lugar falando que não pode, gera polêmica”, afirma Celestino.

“Não tem como você ter copyright da imagem, então, até como editora, é uma escolha que abre espaço para futuras questões legais, porque você não tem direitos sobre a imagem da inteligência artificial”, comenta Garrido. Ela ainda destaca que a imagem gerada para a capa do livro da Novo Século pode ser reproduzida indefinidamente. “Qualquer pessoa pode pegar aquela imagem e fazer caderno, caneca, blusa, e ainda ganhar dinheiro com isso”, pontua.

Como identificar o uso da IA?

Apesar da facilidade que os usuários do Twitter tiveram para identificar que as ilustrações do livro foram produzidas com inteligência artificial, Cortiz alerta que não existe uma ferramenta confiável para checar se uma imagem foi gerada ou não com o uso da IA. “É claro que as IAs hoje, principalmente ferramentas como o Midjourney, têm uma estética bem própria, então às vezes você bate o olho e imagina”, explica o especialista.

O Estadão fez um passo a passo para identificar indícios de imagens geradas a partir da inteligência artificial. Clique neste link e confira.

A inteligência artificial já marcou presença na música, no cinema, nos videogames, foi um dos motivos de greve em Hollywood e, agora, chega ao mercado literário brasileiro. O lançamento de uma edição de Alice no País das Maravilhas pela editora Novo Século, ilustrada com o uso da IA, gerou polêmica. A descoberta foi de leitores, e a editora só admitiu que usou o recurso após muitas críticas nas redes.

Com o anúncio da nova versão do clássico livro, divulgada pela editora para o dia 7 de agosto como “edição de luxo”, por R$ 59,90, as ilustrações logo chamaram a atenção dos internautas, que identificaram a utilização da inteligência artificial nas imagens.

De acordo com a publicação feita por uma usuária do Twitter, detalhes como o formato das mãos, textura das roupas e da pele a fizeram identificar que as imagens tinham sido produzidas com o uso da IA. Isso foi confirmado pela editora dois dias após a repercussão.

Alice no País da Inteligência Artificial

Os internautas criticaram a editora por dispensar a contratação de artistas profissionais e utilizar um programa de computador que é treinado com a combinação de trabalhos de diferentes artistas para produzir imagens. “Uma editora enorme e tradicional abrir mão de contratar artistas para usar IA no lugar só faz parecer que não tem problema nenhum em fazer isso”, afirma a usuária, identificada como @daniellasalamao.

“Os artistas colocam que isso é um roubo, porque eles não deram autorização e o seu material foi utilizado para treinar a IA” avalia o especialista em inteligência artificial e professor na Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Diogo Cortiz.

Por outro lado, ele aponta que, para alguns estudiosos, a utilização de arte para treinamento de IA não fere direitos autorais, uma vez que ela não copia, mas sim extrai padrões. “E eu fico no meio do caminho, acho que deveria ter uma forma de compensação para esses artistas utilizados para treinar IA”, explica Cortiz.

Marina Garrido, crítica literária e editora associada da DarkLit Press, explica que a comunidade literária é contrária ao uso da IA neste caso. “Quem trabalha na área está revoltado com a inteligência artificial faz tempo, especialmente para criação das capas”, pontua a editora. Ela ainda comenta que a revolta é maior em função do uso indevido de propriedade intelectual, já que as ferramentas são treinados com banco de imagens de trabalhos de outros artistas.

Em declaração oficial divulgada no Instagram, a editora utiliza a própria obra “disruptiva” de Lewis Carroll para justificar o uso da inteligência artificial. De acordo com o comunicado, assim como Alice, a Novo Século tem “curiosidade pelo novo” e busca inovar e crescer. “A arte está mudando e, por mais que isso incomode, é necessário transpor as barreiras impostas pelo medo do novo”, afirma a editora no post, respondido com mais centenas de críticas. O Estadão procurou a editora, que não quis falar mais sobre o assunto. O espaço segue aberto.

Quais são as regras?

Para o advogado especialista em Direito Digital Guilherme Celestino, não há proibição nem violação de propriedade intelectual quando a IA é utilizada nestes casos. Além disso, não é obrigatório que a editora indique no livro que as ilustrações foram criadas por inteligência artificial. Mas ele admite que ainda há a necessidade de regulamentação do uso desses recursos. “Como não tem em nenhum lugar falando que pode, nem em nenhum lugar falando que não pode, gera polêmica”, afirma Celestino.

“Não tem como você ter copyright da imagem, então, até como editora, é uma escolha que abre espaço para futuras questões legais, porque você não tem direitos sobre a imagem da inteligência artificial”, comenta Garrido. Ela ainda destaca que a imagem gerada para a capa do livro da Novo Século pode ser reproduzida indefinidamente. “Qualquer pessoa pode pegar aquela imagem e fazer caderno, caneca, blusa, e ainda ganhar dinheiro com isso”, pontua.

Como identificar o uso da IA?

Apesar da facilidade que os usuários do Twitter tiveram para identificar que as ilustrações do livro foram produzidas com inteligência artificial, Cortiz alerta que não existe uma ferramenta confiável para checar se uma imagem foi gerada ou não com o uso da IA. “É claro que as IAs hoje, principalmente ferramentas como o Midjourney, têm uma estética bem própria, então às vezes você bate o olho e imagina”, explica o especialista.

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