A escritora J.K. Rowling falou durante uma entrevista ao podcast The Witch Trials of JK Rowling que passou maus bocados com seu ex-marido, o jornalista português Jorge Arantes. Segundo a autora da série Harry Potter, seu ex-companheiro era violento e chegou a esconder os manuscritos da história do bruxinho enquanto ela estava escrevendo.
Rowling contou que, na tentativa de chantageá-la, Arantes teria escondido os originais do livro. Ela ainda disse que todos os dias pegava algumas páginas do texto para tirar cópias, evitando retirar muitas para que o marido não desconfiasse. A escritora britânica contou também que, apesar do relacionamento abusivo, o casamento com Arantes teve coisas boas, como a filha do casal.
A separação veio apenas após o nascimento da filha.
Negativas
Depois de se livrar do seu relacionamento abusivo e do risco de nunca ter seu texto publicado por causa do ex-marido, quase que a história de Harry Potter não ganha as livrarias. Isso porque, de acordo com Rowling, 12 editoras negaram publicar a obra, até ser acolhida pela Bloomsbury Publishing.
“As editoras querem estar com o zeitgeist [espírito da época], que é uma decisão de negócios”, comentou. Rowling diz acreditar que, às vezes, eles podem estar errados. Ela também pontua que outras coisas podem ter ajudado nas respostas negativas que teve: o fato da história se passar em um colégio interno não parecer tão atraente e o tamanho da história, que em seu primeiro volume já contava com mais de 95 mil palavras.
Legado
No mesmo podcast, que tem sete episódios, sendo que dois deles foram liberados, a autora também disse não ser preocupar com o seu legado, após ser questionada sobre como suas falas consideradas transfóbicas impactariam na sua história e na sua trajetória.
A escritora disse que nunca teve a intenção de chatear ninguém. “No entanto, não me senti desconfortável em sair do meu pedestal”, continuou.
Ao se referir a fãs que dizem que ela arruinou seu legado após suas opiniões consideradas transfóbicas, ela disse que eles “não poderiam ter me entendido tão mal”. “Eu não caminho pela minha casa pensando sobre meu legado”, afirmou. “Tanto faz, estarei morta”, continuou.
O podcast The Witch Trials of JK Rowling está disponível nas principais plataformas de streaming de áudio. O programa é apresentado por Megan Phelps-Roper, criada por 26 anos na extremista Igreja Batista de Westboro, de onde saiu em 2012.
A proposta do podcast é relacionar o posicionamento de cristãos radicais que tentaram proibir os livros de Harry Potter no início dos anos 2000 com ativistas que criticam a escritora atualmente.