Análise|Entenda como Garfield, que reencontra o pai em novo filme, é caso raro na história dos quadrinhos


O gato folgado que adora lasanha e odeia as segundas-feiras faz sucesso há quatro décadas com o bom humor de seu criador, Jim Davis. Agora, ele volta aos cinemas com a animação ‘Garfield - Fora de Casa’

Por Pedro Cirne

O norte-americano Jim Davis é um raro destaque no disputadíssimo mercado de tiras em quadrinhos para jornais. Em junho de 1978, sua tira Garfield estreou em 41 jornais dos Estados Unidos, o que já é um feito. Permanecer neles foi outro. O mais impressionante talvez tenha ocorrido em 2002, quando a tira entrou para o Guinness Books, o livro dos recordes, como a publicada simultaneamente em mais jornais do mundo. E hoje, 22 anos depois, ainda está lá: são aproximadamente 2,1 mil diários de 80 países, atingindo um público estimado em 200 milhões de leitores – praticamente a população do Brasil.

E qual o segredo de Jim Davis? Difícil dizer. As histórias giram em torno de três personagens: um gato (o personagem-título, guloso e preguiçoso), um cachorro (Odie, ingênuo e não muito inteligente) e um humano (o inocente e otimista Jon). Há eventuais participações de coadjuvantes, dos quais poucos retornam às histórias. A animação Garfield - Fora de Casa, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quarta, 1º, explora justamente a chegada de um personagem de fora interferindo na rotina bem estabelecida do trio.

continua após a publicidade

No filme, dirigido por Mark Dindal, Garfield (cuja voz original é dublada por Chris Pratt, uma das estrelas dos filmes de super-heróis da Marvel no papel de Peter Quill, o líder dos Guardiões da Galáxia) é surpreendido pela chegada de ninguém menos do que Vic, seu pai biológico (Samuel L. Jackson, de vários sucessos – inclusive o Nick Fury, também da Marvel).

O pai do Garfield até já foi citado em histórias antes, e chegou a aparecer em produtos de merchandising com o pelo cinza, óculos e o mesmo tamanho do filho, mas esta versão que o Samuel L. Jackson dubla, que parece uma versão ampliada do Garfield, é um personagem criado especialmente para o filme.

continua após a publicidade

As tiras de quadrinhos até recorrerem a personagens além do trio principal – especialmente os também gatos Arlene e Normal -, mas a maioria das tramas foca apenas em Jon, Garfield e Odie. E isso, claro, é dificílimo.

Criar, por mais de quatro décadas, tiras diárias engraçadas é um trabalho hercúleo. Mas Jim Davis encontrou um caminho próprio. Diferentemente de outros grandes nomes do setor, ele segue o caminho do humor pelo humor. Se Charles M. Schulz (Snoopy) alterava humor com lirismo, Garry Trudeau (Doonesbury) criava críticas sociais contundentes e hilárias e Bill Watterson (Calvin e Haroldo) dosava graça com um olhar profundo e severo sobre o cotidiano, Garfield quer fazer rir. E isso não é pouco.

Garfield volta aos cinemas com a animação 'Garfield - Fora de Casa'. Foto: Sony Pictures/Divulgação
continua após a publicidade

A risada em cima do humor físico (trombadas, escorregões), as tiradas sarcásticas (especialmente graças ao folclórico mau-humor do Garfield às segundas) e cenas por vezes surreais, como uma festinha de Natal organizada pelo gato à revelia de Jon em que, dias depois, ainda é possível encontrar renas pela casa... Jim Davis pode mudar a ferramenta de um dia para o outro, mas o objetivo é sempre o mesmo: fazer rir. E aí entra o fator “talento”.

Jim Davis é ótimo em fazer humor. Suas histórias são curtas, sucintas, diretas. Ele não precisa se estender. Seus desenhos, claros e limpos, passam as mensagens de maneira direta, não importa qual seja a ação: um escorregão, um encontro de família, um Papai Noel entalado. Há uma clareza tanto no enredo quanto nas ilustrações que permite que a história - e, sobretudo, a piada - esteja ao alcance de qualquer leitor, não importando a idade. Ou seja, ele é divertido!

Garfield e Odie na animação 'Garfield - Fora de Casa'. Foto: Sony Pictures/Divulgação
continua após a publicidade

Tudo o que Garfield faz na vida, de boa vontade, é comer e dormir. Todo o resto ele faz de má vontade, e apenas por falta de opção – se tivesse alguma, certamente estaria se empanturrando ou tirando uma soneca. Um olhar crítico (e mal-humorado) diria que são dois defeitos – a gula e a preguiça. Seu criador, Jim Davis, não nega que sejam defeitos, mas me disse certa vez que talvez sejam características que até ajudem a explicar seu sucesso.

“Acredito que as pessoas gostem do Garfield porque ele faz com que elas se sintam menos culpadas. Fomos criados para nos sentirmos culpados quando fazemos coisas de que gostamos. Veja só, há toda essa pressão para consumir alimentos pouco calóricos, fazer exercício etc... Garfield defende o nosso direito à gula”, ele disse.

O norte-americano Jim Davis é um raro destaque no disputadíssimo mercado de tiras em quadrinhos para jornais. Em junho de 1978, sua tira Garfield estreou em 41 jornais dos Estados Unidos, o que já é um feito. Permanecer neles foi outro. O mais impressionante talvez tenha ocorrido em 2002, quando a tira entrou para o Guinness Books, o livro dos recordes, como a publicada simultaneamente em mais jornais do mundo. E hoje, 22 anos depois, ainda está lá: são aproximadamente 2,1 mil diários de 80 países, atingindo um público estimado em 200 milhões de leitores – praticamente a população do Brasil.

E qual o segredo de Jim Davis? Difícil dizer. As histórias giram em torno de três personagens: um gato (o personagem-título, guloso e preguiçoso), um cachorro (Odie, ingênuo e não muito inteligente) e um humano (o inocente e otimista Jon). Há eventuais participações de coadjuvantes, dos quais poucos retornam às histórias. A animação Garfield - Fora de Casa, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quarta, 1º, explora justamente a chegada de um personagem de fora interferindo na rotina bem estabelecida do trio.

No filme, dirigido por Mark Dindal, Garfield (cuja voz original é dublada por Chris Pratt, uma das estrelas dos filmes de super-heróis da Marvel no papel de Peter Quill, o líder dos Guardiões da Galáxia) é surpreendido pela chegada de ninguém menos do que Vic, seu pai biológico (Samuel L. Jackson, de vários sucessos – inclusive o Nick Fury, também da Marvel).

O pai do Garfield até já foi citado em histórias antes, e chegou a aparecer em produtos de merchandising com o pelo cinza, óculos e o mesmo tamanho do filho, mas esta versão que o Samuel L. Jackson dubla, que parece uma versão ampliada do Garfield, é um personagem criado especialmente para o filme.

As tiras de quadrinhos até recorrerem a personagens além do trio principal – especialmente os também gatos Arlene e Normal -, mas a maioria das tramas foca apenas em Jon, Garfield e Odie. E isso, claro, é dificílimo.

Criar, por mais de quatro décadas, tiras diárias engraçadas é um trabalho hercúleo. Mas Jim Davis encontrou um caminho próprio. Diferentemente de outros grandes nomes do setor, ele segue o caminho do humor pelo humor. Se Charles M. Schulz (Snoopy) alterava humor com lirismo, Garry Trudeau (Doonesbury) criava críticas sociais contundentes e hilárias e Bill Watterson (Calvin e Haroldo) dosava graça com um olhar profundo e severo sobre o cotidiano, Garfield quer fazer rir. E isso não é pouco.

Garfield volta aos cinemas com a animação 'Garfield - Fora de Casa'. Foto: Sony Pictures/Divulgação

A risada em cima do humor físico (trombadas, escorregões), as tiradas sarcásticas (especialmente graças ao folclórico mau-humor do Garfield às segundas) e cenas por vezes surreais, como uma festinha de Natal organizada pelo gato à revelia de Jon em que, dias depois, ainda é possível encontrar renas pela casa... Jim Davis pode mudar a ferramenta de um dia para o outro, mas o objetivo é sempre o mesmo: fazer rir. E aí entra o fator “talento”.

Jim Davis é ótimo em fazer humor. Suas histórias são curtas, sucintas, diretas. Ele não precisa se estender. Seus desenhos, claros e limpos, passam as mensagens de maneira direta, não importa qual seja a ação: um escorregão, um encontro de família, um Papai Noel entalado. Há uma clareza tanto no enredo quanto nas ilustrações que permite que a história - e, sobretudo, a piada - esteja ao alcance de qualquer leitor, não importando a idade. Ou seja, ele é divertido!

Garfield e Odie na animação 'Garfield - Fora de Casa'. Foto: Sony Pictures/Divulgação

Tudo o que Garfield faz na vida, de boa vontade, é comer e dormir. Todo o resto ele faz de má vontade, e apenas por falta de opção – se tivesse alguma, certamente estaria se empanturrando ou tirando uma soneca. Um olhar crítico (e mal-humorado) diria que são dois defeitos – a gula e a preguiça. Seu criador, Jim Davis, não nega que sejam defeitos, mas me disse certa vez que talvez sejam características que até ajudem a explicar seu sucesso.

“Acredito que as pessoas gostem do Garfield porque ele faz com que elas se sintam menos culpadas. Fomos criados para nos sentirmos culpados quando fazemos coisas de que gostamos. Veja só, há toda essa pressão para consumir alimentos pouco calóricos, fazer exercício etc... Garfield defende o nosso direito à gula”, ele disse.

O norte-americano Jim Davis é um raro destaque no disputadíssimo mercado de tiras em quadrinhos para jornais. Em junho de 1978, sua tira Garfield estreou em 41 jornais dos Estados Unidos, o que já é um feito. Permanecer neles foi outro. O mais impressionante talvez tenha ocorrido em 2002, quando a tira entrou para o Guinness Books, o livro dos recordes, como a publicada simultaneamente em mais jornais do mundo. E hoje, 22 anos depois, ainda está lá: são aproximadamente 2,1 mil diários de 80 países, atingindo um público estimado em 200 milhões de leitores – praticamente a população do Brasil.

E qual o segredo de Jim Davis? Difícil dizer. As histórias giram em torno de três personagens: um gato (o personagem-título, guloso e preguiçoso), um cachorro (Odie, ingênuo e não muito inteligente) e um humano (o inocente e otimista Jon). Há eventuais participações de coadjuvantes, dos quais poucos retornam às histórias. A animação Garfield - Fora de Casa, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quarta, 1º, explora justamente a chegada de um personagem de fora interferindo na rotina bem estabelecida do trio.

No filme, dirigido por Mark Dindal, Garfield (cuja voz original é dublada por Chris Pratt, uma das estrelas dos filmes de super-heróis da Marvel no papel de Peter Quill, o líder dos Guardiões da Galáxia) é surpreendido pela chegada de ninguém menos do que Vic, seu pai biológico (Samuel L. Jackson, de vários sucessos – inclusive o Nick Fury, também da Marvel).

O pai do Garfield até já foi citado em histórias antes, e chegou a aparecer em produtos de merchandising com o pelo cinza, óculos e o mesmo tamanho do filho, mas esta versão que o Samuel L. Jackson dubla, que parece uma versão ampliada do Garfield, é um personagem criado especialmente para o filme.

As tiras de quadrinhos até recorrerem a personagens além do trio principal – especialmente os também gatos Arlene e Normal -, mas a maioria das tramas foca apenas em Jon, Garfield e Odie. E isso, claro, é dificílimo.

Criar, por mais de quatro décadas, tiras diárias engraçadas é um trabalho hercúleo. Mas Jim Davis encontrou um caminho próprio. Diferentemente de outros grandes nomes do setor, ele segue o caminho do humor pelo humor. Se Charles M. Schulz (Snoopy) alterava humor com lirismo, Garry Trudeau (Doonesbury) criava críticas sociais contundentes e hilárias e Bill Watterson (Calvin e Haroldo) dosava graça com um olhar profundo e severo sobre o cotidiano, Garfield quer fazer rir. E isso não é pouco.

Garfield volta aos cinemas com a animação 'Garfield - Fora de Casa'. Foto: Sony Pictures/Divulgação

A risada em cima do humor físico (trombadas, escorregões), as tiradas sarcásticas (especialmente graças ao folclórico mau-humor do Garfield às segundas) e cenas por vezes surreais, como uma festinha de Natal organizada pelo gato à revelia de Jon em que, dias depois, ainda é possível encontrar renas pela casa... Jim Davis pode mudar a ferramenta de um dia para o outro, mas o objetivo é sempre o mesmo: fazer rir. E aí entra o fator “talento”.

Jim Davis é ótimo em fazer humor. Suas histórias são curtas, sucintas, diretas. Ele não precisa se estender. Seus desenhos, claros e limpos, passam as mensagens de maneira direta, não importa qual seja a ação: um escorregão, um encontro de família, um Papai Noel entalado. Há uma clareza tanto no enredo quanto nas ilustrações que permite que a história - e, sobretudo, a piada - esteja ao alcance de qualquer leitor, não importando a idade. Ou seja, ele é divertido!

Garfield e Odie na animação 'Garfield - Fora de Casa'. Foto: Sony Pictures/Divulgação

Tudo o que Garfield faz na vida, de boa vontade, é comer e dormir. Todo o resto ele faz de má vontade, e apenas por falta de opção – se tivesse alguma, certamente estaria se empanturrando ou tirando uma soneca. Um olhar crítico (e mal-humorado) diria que são dois defeitos – a gula e a preguiça. Seu criador, Jim Davis, não nega que sejam defeitos, mas me disse certa vez que talvez sejam características que até ajudem a explicar seu sucesso.

“Acredito que as pessoas gostem do Garfield porque ele faz com que elas se sintam menos culpadas. Fomos criados para nos sentirmos culpados quando fazemos coisas de que gostamos. Veja só, há toda essa pressão para consumir alimentos pouco calóricos, fazer exercício etc... Garfield defende o nosso direito à gula”, ele disse.

O norte-americano Jim Davis é um raro destaque no disputadíssimo mercado de tiras em quadrinhos para jornais. Em junho de 1978, sua tira Garfield estreou em 41 jornais dos Estados Unidos, o que já é um feito. Permanecer neles foi outro. O mais impressionante talvez tenha ocorrido em 2002, quando a tira entrou para o Guinness Books, o livro dos recordes, como a publicada simultaneamente em mais jornais do mundo. E hoje, 22 anos depois, ainda está lá: são aproximadamente 2,1 mil diários de 80 países, atingindo um público estimado em 200 milhões de leitores – praticamente a população do Brasil.

E qual o segredo de Jim Davis? Difícil dizer. As histórias giram em torno de três personagens: um gato (o personagem-título, guloso e preguiçoso), um cachorro (Odie, ingênuo e não muito inteligente) e um humano (o inocente e otimista Jon). Há eventuais participações de coadjuvantes, dos quais poucos retornam às histórias. A animação Garfield - Fora de Casa, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quarta, 1º, explora justamente a chegada de um personagem de fora interferindo na rotina bem estabelecida do trio.

No filme, dirigido por Mark Dindal, Garfield (cuja voz original é dublada por Chris Pratt, uma das estrelas dos filmes de super-heróis da Marvel no papel de Peter Quill, o líder dos Guardiões da Galáxia) é surpreendido pela chegada de ninguém menos do que Vic, seu pai biológico (Samuel L. Jackson, de vários sucessos – inclusive o Nick Fury, também da Marvel).

O pai do Garfield até já foi citado em histórias antes, e chegou a aparecer em produtos de merchandising com o pelo cinza, óculos e o mesmo tamanho do filho, mas esta versão que o Samuel L. Jackson dubla, que parece uma versão ampliada do Garfield, é um personagem criado especialmente para o filme.

As tiras de quadrinhos até recorrerem a personagens além do trio principal – especialmente os também gatos Arlene e Normal -, mas a maioria das tramas foca apenas em Jon, Garfield e Odie. E isso, claro, é dificílimo.

Criar, por mais de quatro décadas, tiras diárias engraçadas é um trabalho hercúleo. Mas Jim Davis encontrou um caminho próprio. Diferentemente de outros grandes nomes do setor, ele segue o caminho do humor pelo humor. Se Charles M. Schulz (Snoopy) alterava humor com lirismo, Garry Trudeau (Doonesbury) criava críticas sociais contundentes e hilárias e Bill Watterson (Calvin e Haroldo) dosava graça com um olhar profundo e severo sobre o cotidiano, Garfield quer fazer rir. E isso não é pouco.

Garfield volta aos cinemas com a animação 'Garfield - Fora de Casa'. Foto: Sony Pictures/Divulgação

A risada em cima do humor físico (trombadas, escorregões), as tiradas sarcásticas (especialmente graças ao folclórico mau-humor do Garfield às segundas) e cenas por vezes surreais, como uma festinha de Natal organizada pelo gato à revelia de Jon em que, dias depois, ainda é possível encontrar renas pela casa... Jim Davis pode mudar a ferramenta de um dia para o outro, mas o objetivo é sempre o mesmo: fazer rir. E aí entra o fator “talento”.

Jim Davis é ótimo em fazer humor. Suas histórias são curtas, sucintas, diretas. Ele não precisa se estender. Seus desenhos, claros e limpos, passam as mensagens de maneira direta, não importa qual seja a ação: um escorregão, um encontro de família, um Papai Noel entalado. Há uma clareza tanto no enredo quanto nas ilustrações que permite que a história - e, sobretudo, a piada - esteja ao alcance de qualquer leitor, não importando a idade. Ou seja, ele é divertido!

Garfield e Odie na animação 'Garfield - Fora de Casa'. Foto: Sony Pictures/Divulgação

Tudo o que Garfield faz na vida, de boa vontade, é comer e dormir. Todo o resto ele faz de má vontade, e apenas por falta de opção – se tivesse alguma, certamente estaria se empanturrando ou tirando uma soneca. Um olhar crítico (e mal-humorado) diria que são dois defeitos – a gula e a preguiça. Seu criador, Jim Davis, não nega que sejam defeitos, mas me disse certa vez que talvez sejam características que até ajudem a explicar seu sucesso.

“Acredito que as pessoas gostem do Garfield porque ele faz com que elas se sintam menos culpadas. Fomos criados para nos sentirmos culpados quando fazemos coisas de que gostamos. Veja só, há toda essa pressão para consumir alimentos pouco calóricos, fazer exercício etc... Garfield defende o nosso direito à gula”, ele disse.

O norte-americano Jim Davis é um raro destaque no disputadíssimo mercado de tiras em quadrinhos para jornais. Em junho de 1978, sua tira Garfield estreou em 41 jornais dos Estados Unidos, o que já é um feito. Permanecer neles foi outro. O mais impressionante talvez tenha ocorrido em 2002, quando a tira entrou para o Guinness Books, o livro dos recordes, como a publicada simultaneamente em mais jornais do mundo. E hoje, 22 anos depois, ainda está lá: são aproximadamente 2,1 mil diários de 80 países, atingindo um público estimado em 200 milhões de leitores – praticamente a população do Brasil.

E qual o segredo de Jim Davis? Difícil dizer. As histórias giram em torno de três personagens: um gato (o personagem-título, guloso e preguiçoso), um cachorro (Odie, ingênuo e não muito inteligente) e um humano (o inocente e otimista Jon). Há eventuais participações de coadjuvantes, dos quais poucos retornam às histórias. A animação Garfield - Fora de Casa, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quarta, 1º, explora justamente a chegada de um personagem de fora interferindo na rotina bem estabelecida do trio.

No filme, dirigido por Mark Dindal, Garfield (cuja voz original é dublada por Chris Pratt, uma das estrelas dos filmes de super-heróis da Marvel no papel de Peter Quill, o líder dos Guardiões da Galáxia) é surpreendido pela chegada de ninguém menos do que Vic, seu pai biológico (Samuel L. Jackson, de vários sucessos – inclusive o Nick Fury, também da Marvel).

O pai do Garfield até já foi citado em histórias antes, e chegou a aparecer em produtos de merchandising com o pelo cinza, óculos e o mesmo tamanho do filho, mas esta versão que o Samuel L. Jackson dubla, que parece uma versão ampliada do Garfield, é um personagem criado especialmente para o filme.

As tiras de quadrinhos até recorrerem a personagens além do trio principal – especialmente os também gatos Arlene e Normal -, mas a maioria das tramas foca apenas em Jon, Garfield e Odie. E isso, claro, é dificílimo.

Criar, por mais de quatro décadas, tiras diárias engraçadas é um trabalho hercúleo. Mas Jim Davis encontrou um caminho próprio. Diferentemente de outros grandes nomes do setor, ele segue o caminho do humor pelo humor. Se Charles M. Schulz (Snoopy) alterava humor com lirismo, Garry Trudeau (Doonesbury) criava críticas sociais contundentes e hilárias e Bill Watterson (Calvin e Haroldo) dosava graça com um olhar profundo e severo sobre o cotidiano, Garfield quer fazer rir. E isso não é pouco.

Garfield volta aos cinemas com a animação 'Garfield - Fora de Casa'. Foto: Sony Pictures/Divulgação

A risada em cima do humor físico (trombadas, escorregões), as tiradas sarcásticas (especialmente graças ao folclórico mau-humor do Garfield às segundas) e cenas por vezes surreais, como uma festinha de Natal organizada pelo gato à revelia de Jon em que, dias depois, ainda é possível encontrar renas pela casa... Jim Davis pode mudar a ferramenta de um dia para o outro, mas o objetivo é sempre o mesmo: fazer rir. E aí entra o fator “talento”.

Jim Davis é ótimo em fazer humor. Suas histórias são curtas, sucintas, diretas. Ele não precisa se estender. Seus desenhos, claros e limpos, passam as mensagens de maneira direta, não importa qual seja a ação: um escorregão, um encontro de família, um Papai Noel entalado. Há uma clareza tanto no enredo quanto nas ilustrações que permite que a história - e, sobretudo, a piada - esteja ao alcance de qualquer leitor, não importando a idade. Ou seja, ele é divertido!

Garfield e Odie na animação 'Garfield - Fora de Casa'. Foto: Sony Pictures/Divulgação

Tudo o que Garfield faz na vida, de boa vontade, é comer e dormir. Todo o resto ele faz de má vontade, e apenas por falta de opção – se tivesse alguma, certamente estaria se empanturrando ou tirando uma soneca. Um olhar crítico (e mal-humorado) diria que são dois defeitos – a gula e a preguiça. Seu criador, Jim Davis, não nega que sejam defeitos, mas me disse certa vez que talvez sejam características que até ajudem a explicar seu sucesso.

“Acredito que as pessoas gostem do Garfield porque ele faz com que elas se sintam menos culpadas. Fomos criados para nos sentirmos culpados quando fazemos coisas de que gostamos. Veja só, há toda essa pressão para consumir alimentos pouco calóricos, fazer exercício etc... Garfield defende o nosso direito à gula”, ele disse.

Análise por Pedro Cirne

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.