Escritor Julián Fuks sofre ameaça de morte após distorcerem crônica ‘Precisa-se de terrorista’


'Usei a palavra terrorista em sentido figurado, literariamente evocando uma ação poética', explicou o escritor, vencedor dos prêmios Jabuti e Saramago

Por Redação
Atualização:

Julián Fuks, jornalista, crítico literário e escritor premiado, e sua família sofreram ameaça de morte após a publicação de sua crônica Precisa-se de terrorista, capaz de um ato sutil que transforme a história. O texto foi publicado em sua coluna no UOL, no sábado, 27.

No texto, o escritor critica a postura do Governo diante do coração de Dom Pedro I - tratado com pompas de um chefe de estado nas comemorações pelo bicentenário da Independência. Filhos de Jair Bolsonaro, Flavio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro, além de Mario Frias, ex-secretário especial da Cultura, comentaram o texto em suas redes sociais. A questão também foi abordada em mesa de comentaristas da Jovem Pan News e em sites bolsonaristas.

O escritor e crítico literário Julián Fuks Foto: Denise Andrade/Estadão
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A alegação é que o escritor estaria incitando um ato terrorista contra Bolsonaro.

O texto Precisa-se de terrorista, capaz de um ato sutil que transforme a história começa assim: “Não desses violentos, nunca desses intolerantes e truculentos, jamais desses sanguinários e grosseiros. Precisa-se de um terrorista com máxima aversão ao sangue e à dor alheia, crítico ferrenho da impiedade e da indiferença. Precisa-se de um terrorista incapaz de covardia, contrário a toda crueldade, alérgico às armas e aos dedos em riste que insistem em tomar conta do país. Precisa-se de um terrorista ocioso e sonhador, um desses seres poéticos que se veem tão pouco à vontade em nosso tempo. Precisa-se de um terrorista inadaptado às urgências opressivas do trabalho, mas disposto a trabalhar no feriado de 7 de setembro.” Leia aqui o texto na íntegra.

“Por uma crônica, eu e minha família temos sofrido ameaças qualificadas de morte desde sábado, disparadas por perfis militaristas, e achei importante trazer à tona o que está acontecendo, também por uma questão de autodefesa”, escreve Fuks em seu Instagram. “Usei a palavra “terrorista” em sentido figurado, literariamente evocando uma ação poética contra essa cerimônia, e afirmando desde a primeira linha que a proposta era contrária a toda violência, truculência, brutalidade, grosseria. Afirmei, confiando ingenuamente na boa interpretação do texto, que seria necessário um “terrorista” com total aversão a sangue e crueldade – um não-terrorista, portanto.”

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O escritor segue: “Por causa desse texto, tenho sofrido pesados ataques, agressões e ameaças, numa verdadeira perseguição por parte de bolsonaristas extremos. Trata-se de uma evidente campanha difamatória, com notícias falsas que têm tido enorme alcance. Omitem na difusão todas as partes em que eu esclarecia estar falando de uma ação pacífica, e tudo tem sido divulgado como se eu estivesse incitando um ato terrorista real contra o presidente no 7 de setembro – numa leitura completamente manipulada e desleal.”

“Está claro, para mim, que se trata de uma ação de distorção deliberada e inescrupulosa, para uso da situação com outras finalidades políticas. Desconsideram o teor e a natureza do texto, para forjar um crime que não há. Atacando a mim, querem atacar o UOL e a imprensa de maneira geral, assim como qualquer visão que destoe de sua posição ideológica. Em suposta defesa da liberdade, pedem a prisão de um cronista. Em suposta defesa da paz, me atacam com toda a violência”, finaliza.

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“A esquerda ameaçando a democracia, de verdade!”, escreveu o senador Flávio Bolsonaro no Twitter ao compartilhar notícia do portal Terra Brasil intitulada Colunista da UOL defende contratação de um terrorista para atrapalhar os atos de 7 de setembro.

Seu irmão, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro, compartilhou a mesma notícia

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Mário Frias, ator, ex-secretário especial da Cultura e candidato a deputado federal, escreveu no Instagram: “Colunista da UOL clama por um terrorismo contra o Presidente. Esse tipo de gente não será incluído em nenhum inquérito e nem será chamado de golpista. E como sempre, nada acontece!”

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Escritores e intelectuais se solidarizam com Julián Fuks nas redes sociais. A Companhia das Letras, sua editora, escreveu: “O Grupo Companhia das Letras repudia profundamente as ameaças de morte sofridas pelo escritor Julián Fuks (@julian.fuks) e sua família nos últimos dias.” E ainda: “Todo apoio a Julián Fuks”.

Nascido em 1981 em São Paulo, Julián Fuks é mestre em literatura hispano-americana e doutor em teoria literária pela USP. Seu romance A Resistência venceu o Jabuti de Livro do Ano de Ficção e de Melhor Romance (2016), o Prêmio Saramago (2017) e o Anna Seghers (2018). A Ocupação foi finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Oceanos (2020). É autor, ainda, de Romance: História de Uma Ideia.

Julián Fuks, jornalista, crítico literário e escritor premiado, e sua família sofreram ameaça de morte após a publicação de sua crônica Precisa-se de terrorista, capaz de um ato sutil que transforme a história. O texto foi publicado em sua coluna no UOL, no sábado, 27.

No texto, o escritor critica a postura do Governo diante do coração de Dom Pedro I - tratado com pompas de um chefe de estado nas comemorações pelo bicentenário da Independência. Filhos de Jair Bolsonaro, Flavio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro, além de Mario Frias, ex-secretário especial da Cultura, comentaram o texto em suas redes sociais. A questão também foi abordada em mesa de comentaristas da Jovem Pan News e em sites bolsonaristas.

O escritor e crítico literário Julián Fuks Foto: Denise Andrade/Estadão

A alegação é que o escritor estaria incitando um ato terrorista contra Bolsonaro.

O texto Precisa-se de terrorista, capaz de um ato sutil que transforme a história começa assim: “Não desses violentos, nunca desses intolerantes e truculentos, jamais desses sanguinários e grosseiros. Precisa-se de um terrorista com máxima aversão ao sangue e à dor alheia, crítico ferrenho da impiedade e da indiferença. Precisa-se de um terrorista incapaz de covardia, contrário a toda crueldade, alérgico às armas e aos dedos em riste que insistem em tomar conta do país. Precisa-se de um terrorista ocioso e sonhador, um desses seres poéticos que se veem tão pouco à vontade em nosso tempo. Precisa-se de um terrorista inadaptado às urgências opressivas do trabalho, mas disposto a trabalhar no feriado de 7 de setembro.” Leia aqui o texto na íntegra.

“Por uma crônica, eu e minha família temos sofrido ameaças qualificadas de morte desde sábado, disparadas por perfis militaristas, e achei importante trazer à tona o que está acontecendo, também por uma questão de autodefesa”, escreve Fuks em seu Instagram. “Usei a palavra “terrorista” em sentido figurado, literariamente evocando uma ação poética contra essa cerimônia, e afirmando desde a primeira linha que a proposta era contrária a toda violência, truculência, brutalidade, grosseria. Afirmei, confiando ingenuamente na boa interpretação do texto, que seria necessário um “terrorista” com total aversão a sangue e crueldade – um não-terrorista, portanto.”

O escritor segue: “Por causa desse texto, tenho sofrido pesados ataques, agressões e ameaças, numa verdadeira perseguição por parte de bolsonaristas extremos. Trata-se de uma evidente campanha difamatória, com notícias falsas que têm tido enorme alcance. Omitem na difusão todas as partes em que eu esclarecia estar falando de uma ação pacífica, e tudo tem sido divulgado como se eu estivesse incitando um ato terrorista real contra o presidente no 7 de setembro – numa leitura completamente manipulada e desleal.”

“Está claro, para mim, que se trata de uma ação de distorção deliberada e inescrupulosa, para uso da situação com outras finalidades políticas. Desconsideram o teor e a natureza do texto, para forjar um crime que não há. Atacando a mim, querem atacar o UOL e a imprensa de maneira geral, assim como qualquer visão que destoe de sua posição ideológica. Em suposta defesa da liberdade, pedem a prisão de um cronista. Em suposta defesa da paz, me atacam com toda a violência”, finaliza.

“A esquerda ameaçando a democracia, de verdade!”, escreveu o senador Flávio Bolsonaro no Twitter ao compartilhar notícia do portal Terra Brasil intitulada Colunista da UOL defende contratação de um terrorista para atrapalhar os atos de 7 de setembro.

Seu irmão, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro, compartilhou a mesma notícia

Mário Frias, ator, ex-secretário especial da Cultura e candidato a deputado federal, escreveu no Instagram: “Colunista da UOL clama por um terrorismo contra o Presidente. Esse tipo de gente não será incluído em nenhum inquérito e nem será chamado de golpista. E como sempre, nada acontece!”

Escritores e intelectuais se solidarizam com Julián Fuks nas redes sociais. A Companhia das Letras, sua editora, escreveu: “O Grupo Companhia das Letras repudia profundamente as ameaças de morte sofridas pelo escritor Julián Fuks (@julian.fuks) e sua família nos últimos dias.” E ainda: “Todo apoio a Julián Fuks”.

Nascido em 1981 em São Paulo, Julián Fuks é mestre em literatura hispano-americana e doutor em teoria literária pela USP. Seu romance A Resistência venceu o Jabuti de Livro do Ano de Ficção e de Melhor Romance (2016), o Prêmio Saramago (2017) e o Anna Seghers (2018). A Ocupação foi finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Oceanos (2020). É autor, ainda, de Romance: História de Uma Ideia.

Julián Fuks, jornalista, crítico literário e escritor premiado, e sua família sofreram ameaça de morte após a publicação de sua crônica Precisa-se de terrorista, capaz de um ato sutil que transforme a história. O texto foi publicado em sua coluna no UOL, no sábado, 27.

No texto, o escritor critica a postura do Governo diante do coração de Dom Pedro I - tratado com pompas de um chefe de estado nas comemorações pelo bicentenário da Independência. Filhos de Jair Bolsonaro, Flavio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro, além de Mario Frias, ex-secretário especial da Cultura, comentaram o texto em suas redes sociais. A questão também foi abordada em mesa de comentaristas da Jovem Pan News e em sites bolsonaristas.

O escritor e crítico literário Julián Fuks Foto: Denise Andrade/Estadão

A alegação é que o escritor estaria incitando um ato terrorista contra Bolsonaro.

O texto Precisa-se de terrorista, capaz de um ato sutil que transforme a história começa assim: “Não desses violentos, nunca desses intolerantes e truculentos, jamais desses sanguinários e grosseiros. Precisa-se de um terrorista com máxima aversão ao sangue e à dor alheia, crítico ferrenho da impiedade e da indiferença. Precisa-se de um terrorista incapaz de covardia, contrário a toda crueldade, alérgico às armas e aos dedos em riste que insistem em tomar conta do país. Precisa-se de um terrorista ocioso e sonhador, um desses seres poéticos que se veem tão pouco à vontade em nosso tempo. Precisa-se de um terrorista inadaptado às urgências opressivas do trabalho, mas disposto a trabalhar no feriado de 7 de setembro.” Leia aqui o texto na íntegra.

“Por uma crônica, eu e minha família temos sofrido ameaças qualificadas de morte desde sábado, disparadas por perfis militaristas, e achei importante trazer à tona o que está acontecendo, também por uma questão de autodefesa”, escreve Fuks em seu Instagram. “Usei a palavra “terrorista” em sentido figurado, literariamente evocando uma ação poética contra essa cerimônia, e afirmando desde a primeira linha que a proposta era contrária a toda violência, truculência, brutalidade, grosseria. Afirmei, confiando ingenuamente na boa interpretação do texto, que seria necessário um “terrorista” com total aversão a sangue e crueldade – um não-terrorista, portanto.”

O escritor segue: “Por causa desse texto, tenho sofrido pesados ataques, agressões e ameaças, numa verdadeira perseguição por parte de bolsonaristas extremos. Trata-se de uma evidente campanha difamatória, com notícias falsas que têm tido enorme alcance. Omitem na difusão todas as partes em que eu esclarecia estar falando de uma ação pacífica, e tudo tem sido divulgado como se eu estivesse incitando um ato terrorista real contra o presidente no 7 de setembro – numa leitura completamente manipulada e desleal.”

“Está claro, para mim, que se trata de uma ação de distorção deliberada e inescrupulosa, para uso da situação com outras finalidades políticas. Desconsideram o teor e a natureza do texto, para forjar um crime que não há. Atacando a mim, querem atacar o UOL e a imprensa de maneira geral, assim como qualquer visão que destoe de sua posição ideológica. Em suposta defesa da liberdade, pedem a prisão de um cronista. Em suposta defesa da paz, me atacam com toda a violência”, finaliza.

“A esquerda ameaçando a democracia, de verdade!”, escreveu o senador Flávio Bolsonaro no Twitter ao compartilhar notícia do portal Terra Brasil intitulada Colunista da UOL defende contratação de um terrorista para atrapalhar os atos de 7 de setembro.

Seu irmão, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro, compartilhou a mesma notícia

Mário Frias, ator, ex-secretário especial da Cultura e candidato a deputado federal, escreveu no Instagram: “Colunista da UOL clama por um terrorismo contra o Presidente. Esse tipo de gente não será incluído em nenhum inquérito e nem será chamado de golpista. E como sempre, nada acontece!”

Escritores e intelectuais se solidarizam com Julián Fuks nas redes sociais. A Companhia das Letras, sua editora, escreveu: “O Grupo Companhia das Letras repudia profundamente as ameaças de morte sofridas pelo escritor Julián Fuks (@julian.fuks) e sua família nos últimos dias.” E ainda: “Todo apoio a Julián Fuks”.

Nascido em 1981 em São Paulo, Julián Fuks é mestre em literatura hispano-americana e doutor em teoria literária pela USP. Seu romance A Resistência venceu o Jabuti de Livro do Ano de Ficção e de Melhor Romance (2016), o Prêmio Saramago (2017) e o Anna Seghers (2018). A Ocupação foi finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Oceanos (2020). É autor, ainda, de Romance: História de Uma Ideia.

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