Festivais literários em casa: veja como será o segundo semestre


Balada Literária, Arte da Palavra e Festival Literário de Iguape serão online; Fliaraxá espera conseguir fazer uma edição presencial e Flip define futuro

Por Maria Fernanda Rodrigues

Este ano, por causa do coronavírus, não vai ter cerveja na Vila Madalena, caipirinha no centro histórico de Paraty ou chimarrão na Praça da Alfândega. Mas vai ter, sim, Balada Literária, Flip e Feira do Livro de Porto Alegre. Em casa, pelo computador e possivelmente com um público maior do que se esses eventos fossem realizados presencialmente.

Um dos mais simpáticos e inclusivos festivais literários do País, capaz de tirar de casa o recluso Raduan Nassar, como fez em 2012, a Balada Literária começa nesta quinta, 3, sua 15.ª edição, em homenagem a Geni Guimarães. “A Balada perde aquele abraço apertado, aquela fraternidade que é sua marca. Perde o bar, o bater perna, de um espaço para o outro. Perde o toque no ombro que o leitor dá em seu autor preferido, ali coladinho a ele. A Balada quis perder a esperança, mas a gente não deixou. Está emocionante esta edição. É uma edição propositiva. Difícil de fazer, porque estamos atravessados por uma pandemia e por uma peste de desgoverno. Estamos baqueados, sofrendo com a morte de muita gente. Vai ser uma Balada que, mesmo abalada, não se conforma, vai e parte para a ação, para a afirmação, para o enfrentamento”, diz o curador Marcelino Freire, que vê o evento que criou se espalhando pelo Brasil – a de Salvador também está começando e a de Teresina foi na semana passada.

Marcelino Freire, idealizador da Balada Literária, em conversa com Nelson Maca, curador do evento em Salvador, e Wellington Soares (abaixo), de Teresina Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Na abertura, transmitida pelo YouTube às 19h, será apresentado o documentário que a cineasta Day Rodrigues fez sobre Geni Guimarães, autora de A Cor da Ternura e que está tendo sua obra resgatada pela Malê, que planeja ainda títulos inéditos. Na sequência, as duas conversam com a bibliotecária Bel Santos Mayer e a escritora Conceição Evaristo. Além da programação de conversas, haverá a Balada da Balada, pelo Zoom, sempre no final do dia, com música, saraus e lançamentos. E duas oficinas, que requerem inscrição: com Daniel Munduruku, sobre literatura indígena, e Ricardo Aleixo, sobre poesia.

Outra coisa boa é que as atrações ficarão gravadas e poderão ser vistas depois – antes, pelos custos, não era possível esse registro. “A Balada não perderá o sentimento por causa dessas novas ferramentas. Ela só estará transmitindo o sentimento. A Balada é de verdade. Basta entrar no site e assistir com a gente. Essa é uma resposta que damos a esse tempo que requer respostas assim: efetivas. Sinceras, urgentes”, finaliza Marcelino (leia a entrevista completa). 

Geni Guimarães, homenageada da Balada Literária, fala a partir de casa, em Barra Bonita Foto: Nuna Nunes
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No dia em que a Balada acaba, começa o Festival Literário de Iguape. Se antes ele era frequentado pelos moradores do Vale do Ribeira, agora qualquer pessoa poderá acompanhar, até o dia 20, a programação pelas redes sociais do festival. Entre os convidados, Ailton Krenak, Ana Maria Gonçalves, Marcelo D’Salete, Amara Moira, Emicida e, no encerramento, Gilberto Gil. 

O Arte da Palavra, projeto do Sesc que leva autores para diversas cidades do País, também vai para a internet, com a mesma vasta programação. Até o dia 12 de dezembro, pelas redes sociais, ele promove 186 atividades, gratuitas e quase diariamente, realizadas por 40 artistas de 24 estados. Tudo ficará gravado, algo que, assim como acontecia com a Balada Literária, era difícil de fazer. Ailton Krenak também está na agenda do Sesc, bem como Itamar Vieira, Rogério Pereira, Mailson Furtado, Aline Bei e Carlos Eduardo Pereira, entre outros.

“Neste ano de tantos cancelamentos de projetos e eventos literários, ficamos muito felizes de poder adaptar o Arte da Palavra para o formato online. É importante que tenhamos acesso às manifestações literárias em todas as diversidades possíveis, seja de gênero, geográfica, étnica, etária e estética”, comenta Henrique Rodrigues, escritor e analista de Cultura do Sesc.

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A tradicional Feira do Livro de Porto Alegre ganha a curadoria da jornalista Lu Thomé em sua 66.ª edição, que será totalmente online. Por um lado, isso facilita a logística da agenda cultural e permite, por exemplo, que a escritora chilena Isabel Allende faça a abertura do evento, no dia 30 de outubro. Mas, por outro, impõe um desafio aos livreiros e editores que, há anos, montam suas barraquinhas na Praça da Alfândega. Tito Montenegro, editor e um dos diretores da Câmara Rio-Grandense do Livro, explica que as vendas serão feitas a partir do próprio site dos associados, com o link divulgado na página da feira. E aqui talvez esteja o principal legado desta edição. “Para os associados que ainda não tinham comércio eletrônico, a entidade firmou parceria com uma empresa que desenvolve lojas virtuais para que os expositores possam criar seus sites de vendas em condições especiais. Fizemos também uma parceria com a Metabooks, para uma degustação gratuita de seu banco de metadados de livros. E, por fim, estamos oferecendo, com o Sebrae-RS, uma consultoria para os livreiros qualificarem seus negócios para enfrentar os novos tempos, com ênfase na recuperação pós-pandemia e na crescente digitalização da divulgação e da venda de livros”, explica Montenegro.

A escritora chilena Isabel Allende fará a abertura da Feira do Livro de Porto Alegre Foto: Lori Barra

Quanto à programação de lives diárias, que ainda será divulgada, Lu Thomé ressalta que a ideia é debater, a partir do universo do livro, temas essenciais. “Os eixos serão valorização da cultura (liberdade de expressão), diversidade (feminismo, antirracismo, inclusão), pandemia (reflexos nas relações e na sociedade), sustentabilidade e ciência (importância da divulgação científica). E o objetivo é trazer nomes de destaque que possam colaborar neste debate.”

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Alguns eventos não perderam a esperança de fazer um encontro presencial este ano. A Bienal da Bahia está programada para acontecer no Centro de Convenções de Salvador, entre 27 de novembro e 7 de dezembro. O Fliaraxá está, neste momento, submetendo o protocolo de realização às autoridades de Araxá na tentativa de reunir leitores e escritores no Grande Hotel, entre 28 de outubro e 1º de novembro, numa edição que se pretende híbrida. “Mesmo se o Fliaraxá for 100% digital, o que estamos fazendo de tudo para evitar, ele partirá do Grande Hotel de Araxá”, garante o curador Afonso Borges.

Enquanto isso, a Flip, que não quis dar entrevista ao Estadão, segue às voltas com uma edição conturbada. Sem curador desde a saída de Fernanda Diamant, mês passado, e depois de desistir da homenagem a Elizabeth Bishop, escolha que gerou polêmica por seu apoio ao golpe militar, ela deve anunciar “em breve”, segundo nota enviada pelos organizadores, data e formato.

Festivais literários do segundo semestre de 2020

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  • Balada Literária

3 a 7 de setembro

  • Festival de Iguape

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7 a 20 de setembro

  • Sesc Arte da Palavra

Até 12 de dezembro

  • Fliaraxá

28 de outubro a 1º de novembro

  • Feira de Porto Alegre

30 de outubro a 15 de novembro

  • Bienal do Livro Bahia

27 de novembro a 7 de dezembro

  • Flip

novembro, a definir

Este ano, por causa do coronavírus, não vai ter cerveja na Vila Madalena, caipirinha no centro histórico de Paraty ou chimarrão na Praça da Alfândega. Mas vai ter, sim, Balada Literária, Flip e Feira do Livro de Porto Alegre. Em casa, pelo computador e possivelmente com um público maior do que se esses eventos fossem realizados presencialmente.

Um dos mais simpáticos e inclusivos festivais literários do País, capaz de tirar de casa o recluso Raduan Nassar, como fez em 2012, a Balada Literária começa nesta quinta, 3, sua 15.ª edição, em homenagem a Geni Guimarães. “A Balada perde aquele abraço apertado, aquela fraternidade que é sua marca. Perde o bar, o bater perna, de um espaço para o outro. Perde o toque no ombro que o leitor dá em seu autor preferido, ali coladinho a ele. A Balada quis perder a esperança, mas a gente não deixou. Está emocionante esta edição. É uma edição propositiva. Difícil de fazer, porque estamos atravessados por uma pandemia e por uma peste de desgoverno. Estamos baqueados, sofrendo com a morte de muita gente. Vai ser uma Balada que, mesmo abalada, não se conforma, vai e parte para a ação, para a afirmação, para o enfrentamento”, diz o curador Marcelino Freire, que vê o evento que criou se espalhando pelo Brasil – a de Salvador também está começando e a de Teresina foi na semana passada.

Marcelino Freire, idealizador da Balada Literária, em conversa com Nelson Maca, curador do evento em Salvador, e Wellington Soares (abaixo), de Teresina Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Na abertura, transmitida pelo YouTube às 19h, será apresentado o documentário que a cineasta Day Rodrigues fez sobre Geni Guimarães, autora de A Cor da Ternura e que está tendo sua obra resgatada pela Malê, que planeja ainda títulos inéditos. Na sequência, as duas conversam com a bibliotecária Bel Santos Mayer e a escritora Conceição Evaristo. Além da programação de conversas, haverá a Balada da Balada, pelo Zoom, sempre no final do dia, com música, saraus e lançamentos. E duas oficinas, que requerem inscrição: com Daniel Munduruku, sobre literatura indígena, e Ricardo Aleixo, sobre poesia.

Outra coisa boa é que as atrações ficarão gravadas e poderão ser vistas depois – antes, pelos custos, não era possível esse registro. “A Balada não perderá o sentimento por causa dessas novas ferramentas. Ela só estará transmitindo o sentimento. A Balada é de verdade. Basta entrar no site e assistir com a gente. Essa é uma resposta que damos a esse tempo que requer respostas assim: efetivas. Sinceras, urgentes”, finaliza Marcelino (leia a entrevista completa). 

Geni Guimarães, homenageada da Balada Literária, fala a partir de casa, em Barra Bonita Foto: Nuna Nunes

No dia em que a Balada acaba, começa o Festival Literário de Iguape. Se antes ele era frequentado pelos moradores do Vale do Ribeira, agora qualquer pessoa poderá acompanhar, até o dia 20, a programação pelas redes sociais do festival. Entre os convidados, Ailton Krenak, Ana Maria Gonçalves, Marcelo D’Salete, Amara Moira, Emicida e, no encerramento, Gilberto Gil. 

O Arte da Palavra, projeto do Sesc que leva autores para diversas cidades do País, também vai para a internet, com a mesma vasta programação. Até o dia 12 de dezembro, pelas redes sociais, ele promove 186 atividades, gratuitas e quase diariamente, realizadas por 40 artistas de 24 estados. Tudo ficará gravado, algo que, assim como acontecia com a Balada Literária, era difícil de fazer. Ailton Krenak também está na agenda do Sesc, bem como Itamar Vieira, Rogério Pereira, Mailson Furtado, Aline Bei e Carlos Eduardo Pereira, entre outros.

“Neste ano de tantos cancelamentos de projetos e eventos literários, ficamos muito felizes de poder adaptar o Arte da Palavra para o formato online. É importante que tenhamos acesso às manifestações literárias em todas as diversidades possíveis, seja de gênero, geográfica, étnica, etária e estética”, comenta Henrique Rodrigues, escritor e analista de Cultura do Sesc.

A tradicional Feira do Livro de Porto Alegre ganha a curadoria da jornalista Lu Thomé em sua 66.ª edição, que será totalmente online. Por um lado, isso facilita a logística da agenda cultural e permite, por exemplo, que a escritora chilena Isabel Allende faça a abertura do evento, no dia 30 de outubro. Mas, por outro, impõe um desafio aos livreiros e editores que, há anos, montam suas barraquinhas na Praça da Alfândega. Tito Montenegro, editor e um dos diretores da Câmara Rio-Grandense do Livro, explica que as vendas serão feitas a partir do próprio site dos associados, com o link divulgado na página da feira. E aqui talvez esteja o principal legado desta edição. “Para os associados que ainda não tinham comércio eletrônico, a entidade firmou parceria com uma empresa que desenvolve lojas virtuais para que os expositores possam criar seus sites de vendas em condições especiais. Fizemos também uma parceria com a Metabooks, para uma degustação gratuita de seu banco de metadados de livros. E, por fim, estamos oferecendo, com o Sebrae-RS, uma consultoria para os livreiros qualificarem seus negócios para enfrentar os novos tempos, com ênfase na recuperação pós-pandemia e na crescente digitalização da divulgação e da venda de livros”, explica Montenegro.

A escritora chilena Isabel Allende fará a abertura da Feira do Livro de Porto Alegre Foto: Lori Barra

Quanto à programação de lives diárias, que ainda será divulgada, Lu Thomé ressalta que a ideia é debater, a partir do universo do livro, temas essenciais. “Os eixos serão valorização da cultura (liberdade de expressão), diversidade (feminismo, antirracismo, inclusão), pandemia (reflexos nas relações e na sociedade), sustentabilidade e ciência (importância da divulgação científica). E o objetivo é trazer nomes de destaque que possam colaborar neste debate.”

Alguns eventos não perderam a esperança de fazer um encontro presencial este ano. A Bienal da Bahia está programada para acontecer no Centro de Convenções de Salvador, entre 27 de novembro e 7 de dezembro. O Fliaraxá está, neste momento, submetendo o protocolo de realização às autoridades de Araxá na tentativa de reunir leitores e escritores no Grande Hotel, entre 28 de outubro e 1º de novembro, numa edição que se pretende híbrida. “Mesmo se o Fliaraxá for 100% digital, o que estamos fazendo de tudo para evitar, ele partirá do Grande Hotel de Araxá”, garante o curador Afonso Borges.

Enquanto isso, a Flip, que não quis dar entrevista ao Estadão, segue às voltas com uma edição conturbada. Sem curador desde a saída de Fernanda Diamant, mês passado, e depois de desistir da homenagem a Elizabeth Bishop, escolha que gerou polêmica por seu apoio ao golpe militar, ela deve anunciar “em breve”, segundo nota enviada pelos organizadores, data e formato.

Festivais literários do segundo semestre de 2020

  • Balada Literária

3 a 7 de setembro

  • Festival de Iguape

7 a 20 de setembro

  • Sesc Arte da Palavra

Até 12 de dezembro

  • Fliaraxá

28 de outubro a 1º de novembro

  • Feira de Porto Alegre

30 de outubro a 15 de novembro

  • Bienal do Livro Bahia

27 de novembro a 7 de dezembro

  • Flip

novembro, a definir

Este ano, por causa do coronavírus, não vai ter cerveja na Vila Madalena, caipirinha no centro histórico de Paraty ou chimarrão na Praça da Alfândega. Mas vai ter, sim, Balada Literária, Flip e Feira do Livro de Porto Alegre. Em casa, pelo computador e possivelmente com um público maior do que se esses eventos fossem realizados presencialmente.

Um dos mais simpáticos e inclusivos festivais literários do País, capaz de tirar de casa o recluso Raduan Nassar, como fez em 2012, a Balada Literária começa nesta quinta, 3, sua 15.ª edição, em homenagem a Geni Guimarães. “A Balada perde aquele abraço apertado, aquela fraternidade que é sua marca. Perde o bar, o bater perna, de um espaço para o outro. Perde o toque no ombro que o leitor dá em seu autor preferido, ali coladinho a ele. A Balada quis perder a esperança, mas a gente não deixou. Está emocionante esta edição. É uma edição propositiva. Difícil de fazer, porque estamos atravessados por uma pandemia e por uma peste de desgoverno. Estamos baqueados, sofrendo com a morte de muita gente. Vai ser uma Balada que, mesmo abalada, não se conforma, vai e parte para a ação, para a afirmação, para o enfrentamento”, diz o curador Marcelino Freire, que vê o evento que criou se espalhando pelo Brasil – a de Salvador também está começando e a de Teresina foi na semana passada.

Marcelino Freire, idealizador da Balada Literária, em conversa com Nelson Maca, curador do evento em Salvador, e Wellington Soares (abaixo), de Teresina Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Na abertura, transmitida pelo YouTube às 19h, será apresentado o documentário que a cineasta Day Rodrigues fez sobre Geni Guimarães, autora de A Cor da Ternura e que está tendo sua obra resgatada pela Malê, que planeja ainda títulos inéditos. Na sequência, as duas conversam com a bibliotecária Bel Santos Mayer e a escritora Conceição Evaristo. Além da programação de conversas, haverá a Balada da Balada, pelo Zoom, sempre no final do dia, com música, saraus e lançamentos. E duas oficinas, que requerem inscrição: com Daniel Munduruku, sobre literatura indígena, e Ricardo Aleixo, sobre poesia.

Outra coisa boa é que as atrações ficarão gravadas e poderão ser vistas depois – antes, pelos custos, não era possível esse registro. “A Balada não perderá o sentimento por causa dessas novas ferramentas. Ela só estará transmitindo o sentimento. A Balada é de verdade. Basta entrar no site e assistir com a gente. Essa é uma resposta que damos a esse tempo que requer respostas assim: efetivas. Sinceras, urgentes”, finaliza Marcelino (leia a entrevista completa). 

Geni Guimarães, homenageada da Balada Literária, fala a partir de casa, em Barra Bonita Foto: Nuna Nunes

No dia em que a Balada acaba, começa o Festival Literário de Iguape. Se antes ele era frequentado pelos moradores do Vale do Ribeira, agora qualquer pessoa poderá acompanhar, até o dia 20, a programação pelas redes sociais do festival. Entre os convidados, Ailton Krenak, Ana Maria Gonçalves, Marcelo D’Salete, Amara Moira, Emicida e, no encerramento, Gilberto Gil. 

O Arte da Palavra, projeto do Sesc que leva autores para diversas cidades do País, também vai para a internet, com a mesma vasta programação. Até o dia 12 de dezembro, pelas redes sociais, ele promove 186 atividades, gratuitas e quase diariamente, realizadas por 40 artistas de 24 estados. Tudo ficará gravado, algo que, assim como acontecia com a Balada Literária, era difícil de fazer. Ailton Krenak também está na agenda do Sesc, bem como Itamar Vieira, Rogério Pereira, Mailson Furtado, Aline Bei e Carlos Eduardo Pereira, entre outros.

“Neste ano de tantos cancelamentos de projetos e eventos literários, ficamos muito felizes de poder adaptar o Arte da Palavra para o formato online. É importante que tenhamos acesso às manifestações literárias em todas as diversidades possíveis, seja de gênero, geográfica, étnica, etária e estética”, comenta Henrique Rodrigues, escritor e analista de Cultura do Sesc.

A tradicional Feira do Livro de Porto Alegre ganha a curadoria da jornalista Lu Thomé em sua 66.ª edição, que será totalmente online. Por um lado, isso facilita a logística da agenda cultural e permite, por exemplo, que a escritora chilena Isabel Allende faça a abertura do evento, no dia 30 de outubro. Mas, por outro, impõe um desafio aos livreiros e editores que, há anos, montam suas barraquinhas na Praça da Alfândega. Tito Montenegro, editor e um dos diretores da Câmara Rio-Grandense do Livro, explica que as vendas serão feitas a partir do próprio site dos associados, com o link divulgado na página da feira. E aqui talvez esteja o principal legado desta edição. “Para os associados que ainda não tinham comércio eletrônico, a entidade firmou parceria com uma empresa que desenvolve lojas virtuais para que os expositores possam criar seus sites de vendas em condições especiais. Fizemos também uma parceria com a Metabooks, para uma degustação gratuita de seu banco de metadados de livros. E, por fim, estamos oferecendo, com o Sebrae-RS, uma consultoria para os livreiros qualificarem seus negócios para enfrentar os novos tempos, com ênfase na recuperação pós-pandemia e na crescente digitalização da divulgação e da venda de livros”, explica Montenegro.

A escritora chilena Isabel Allende fará a abertura da Feira do Livro de Porto Alegre Foto: Lori Barra

Quanto à programação de lives diárias, que ainda será divulgada, Lu Thomé ressalta que a ideia é debater, a partir do universo do livro, temas essenciais. “Os eixos serão valorização da cultura (liberdade de expressão), diversidade (feminismo, antirracismo, inclusão), pandemia (reflexos nas relações e na sociedade), sustentabilidade e ciência (importância da divulgação científica). E o objetivo é trazer nomes de destaque que possam colaborar neste debate.”

Alguns eventos não perderam a esperança de fazer um encontro presencial este ano. A Bienal da Bahia está programada para acontecer no Centro de Convenções de Salvador, entre 27 de novembro e 7 de dezembro. O Fliaraxá está, neste momento, submetendo o protocolo de realização às autoridades de Araxá na tentativa de reunir leitores e escritores no Grande Hotel, entre 28 de outubro e 1º de novembro, numa edição que se pretende híbrida. “Mesmo se o Fliaraxá for 100% digital, o que estamos fazendo de tudo para evitar, ele partirá do Grande Hotel de Araxá”, garante o curador Afonso Borges.

Enquanto isso, a Flip, que não quis dar entrevista ao Estadão, segue às voltas com uma edição conturbada. Sem curador desde a saída de Fernanda Diamant, mês passado, e depois de desistir da homenagem a Elizabeth Bishop, escolha que gerou polêmica por seu apoio ao golpe militar, ela deve anunciar “em breve”, segundo nota enviada pelos organizadores, data e formato.

Festivais literários do segundo semestre de 2020

  • Balada Literária

3 a 7 de setembro

  • Festival de Iguape

7 a 20 de setembro

  • Sesc Arte da Palavra

Até 12 de dezembro

  • Fliaraxá

28 de outubro a 1º de novembro

  • Feira de Porto Alegre

30 de outubro a 15 de novembro

  • Bienal do Livro Bahia

27 de novembro a 7 de dezembro

  • Flip

novembro, a definir

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