Flip além da Flip: Editoras fazem seus próprios festivais literários em Paraty; conheça


Abertura da Festa Literária Internacional de Paraty, que se espalha cada vez mais pelas casas de editoras, coletivos e marcas, contou com show de Adriana Calcanhotto e mesa em homenagem a Pagu nesta quarta, 22

Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip 2023) foi aberta na noite desta quarta-feira, 22, com uma mesa sobre Pagu que reuniu a escritora Adriana Armony e o brasilianista David Jackson. Professor de Yale que descobriu Patrícia Galvão ao estudar Oswald de Andrade e se encantou, Jackson disse que Parque Industrial, dela, é um dos grandes romances do Modernismo e que Pagu é uma das maiores escritoras do século 20. Ele, que está lançando, pela Edusp, uma coletânea de 600 páginas com a produção jornalística de Pagu, destacou ainda sua força intelectual, sua solidariedade e seu humor.

Já Adriana Armony, que escolheu a escritora e militante como tema de seu pós-doutorado depois de ler Autobiografia Precoce e voltou da França com o romance Pagu no Metrô (Nós), ressaltou que a homenageada da Flip não foi uma mulher a frente apenas de seu tempo, mas uma mulher a frente do nosso tempo. Adriana destacou ainda que ela conseguiu “a partir de todos os constrangimentos e contradições levantar sua voz”. “Essa uma lição que ela tem para nos dar: uma lição de coragem, de reescrever seu nome; e cabe a nós, leitores, avançar nesses nomes.”

David Jackson, Adriana Armony e Eneida Leal Cunha, que fez a mediação da mesa de abertura da Flip 2023 Foto: Walter Craveiro/Flip
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A mesa, encerrada com sons de uma tempestade que se aproximava na noite abafada, foi seguida por um show morno e conceitual de Adriana Calcanhotto com participação de Cid Campos, filho de Augusto de Campos - autor em destaque nesta Flip e biógrafo de Pagu.

Adriana Calcanhotto fez o show de abertura da Flip 2023 Foto: Sara De Santis

No telão, fotos de Adriana eram sobrepostas a cartas e manuscritos da homenageada e a cantora, cujo show foi anunciado apenas na semana passada, disse que tinha uma diferença entre as duas. “A Pagu largou a antropofagia e eu, não. E ela foi se dedicar às ideias comunistas, que eu larguei.” A música de Rita Lee animou um pouco mais o público.

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Flip pela Centro Histórico

A Flip segue até domingo, 26, e não se concentra apenas ao redor da Praça da Matriz, onde estão o Auditório da Praça, com ingressos a R$ 130, e a Tenda da Flipinha e a do Telão, com acesso gratuito. A cada ano, a programação criada por editoras e coletivos de editoras, por iniciativa e investimento próprios, cresce, se espalha e se consolida - como uma alternativa gratuita e diversa para o público e também como palco de divulgação para escritores e seus livros.

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Tainã Bispo, editora da Claraboia e da Paraquedas, participa pela primeira vez de uma casa coletiva - a Casa Pagã. “Juntas, fizemos um financiamento coletivo para dar vida à nossa festa, uma festa que queríamos democrática e acessível para todes. E foi o que fizemos: criamos uma programação de mesas, oficinas e sessões de autógrafos que envolve 125 escritores. A força do coletivo é isso: não conseguiríamos fazer algo desse tamanho sozinhos, ainda mais sendo editoras independentes.”

As editoras ganham em visibilidade, ela reconhece, mas, com a iniciativa, Tainã acredita que elas estão cumprindo seu papel de estar perto dos leitores e se fazer presente de forma acessível e democrática no debate público. “Exercemos nossa vontade e desejo de ser ponte entre escritores e leitores. E as casas na Flip são isso: ponto de encontro para homenagear e vibrar a força da literatura.” Para ela, a força da Flip hoje e nos anos recentes está na “multiplicidade dessas vozes que é feita de forma muito consistente pelos independentes”.

Casa Pagã é um dos espaços parceiros da Flip onde editores independentes vão promover encontros e outras programações Foto: Virginia Boucault
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“Ter a casa é sobretudo um modo de acolher os autores e autoras. Eu sinto que eles e elas gostam de ter um lugar onde se ancorar na cidade. Então nesse sentido não há absolutamente nenhuma concorrência com as demais casas. É apenas um modo de ter um teto todo nosso para receber bem as pessoas e organizar encontros entre nós. O fato de ser coletiva se deu inicialmente pela necessidade de compartilhar os custos, que não são baixos”, explica Simone Paulino, editora da Nós, que está na Casa Paratodos. A iniciativa, alguns anos atrás, foi dela e de Marcelino Freire. “Com o tempo foi se estabelecendo uma afinidade eletiva entre as editoras que foram passando pela casa até chegar à formação atual.”

Outro espaço de destaque é a Casa Sete Selos. “O nosso grupo se organizou antes mesmo da Flip, justamente para participar de feiras e eventos porque coletivamente conseguimos dividir custos e tarefas, além de aumentar nosso alcance. Muitos dos nossos autores vêm para a Flip e queríamos oferecer a eles um espaço na festa. Além disso, é uma alegria ter a chance de trabalhar com colegas queridos cujos catálogos vemos como complementares”, disseram, coletivamente, os editores, que não veem uma competição entre a programação da Flip e a programação paralela, organizada pelas editoras.

Eles continuam: “A Flip tem espaço para todo mundo e quanto mais casas e espaços para autores e conversas, melhor. Com isso em mente, nesta edição, ampliamos nossa parceria ao convidar a revista Gama, a livraria Megafauna e a editora de audiolivros Supersônica, que se somam aos debates e encontros da festa”.

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A seguir, selecionamos alguns desses espaços - dos mais intimistas (e por isso concorridos), como as casas de editoras, aos mais amplos (mas ainda assim menores do que a tenda principal) - que apresentam e realizam, até domingo, 26, uma programação diversa para todos os públicos.

+ Veja aqui a programação oficial da Flip 2023

A homenagem a Pagu também vai além dos espaços oficiais do evento, que está em sua 21ª edição. Veja outros destaques da programação abaixo.

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Casas independentes

Na Casa Paratodos, as editoras Dublinense, Nós, Relicário, Roça Nova e Tabla vão realizar 16 mesas de debates sobre temas que vão da literatura à política, com convidados brasileiros e estrangeiros. O tema geral é Palanques de Pagu – Ocupações da literatura em tempos de guerra e estarão por lá nomes como Luiza Romão, Adriana Armony, Bruna Beber e a irlandesa Sinéad Gleeson, que estarão também no palco principal, além do moçambicano Manuel Mutimucuio e da portuguesa Joana Bértholo. A casa vai funcionar na Galeria Aecio Sarti (Rua Dr. Samuel Costa, 254), onde o público poderá comprar livros das cinco editoras.

A Casa Pagã (Rua Mal. Deodoro, 378), resultado da colaboração de seis editoras independentes (Claraboia/Paraquedas, Cousa, Fábrica de Cânones, Lote 42, Mireveja e Reformatório), vai funcionar no café, bar e ateliê Matriz Cultura e terá uma ampla programação e homenagens a Pagu e Zé Celso Martinez Corrêa. Estão previstas 13 oficinas, 17 mesas de bate-papo, 25 sessões de autógrafos e mais de 125 autores independentes envolvidos. Lúcia Teixeira, Henrique Rodrigues, Adriana Armony e Mauricio Pereira estão entre os convidados.

Foto de quando Pagu foi presa em Paris, encontrada por Adriana Armony em arquivos públicos na França e incluída no livro Pagu no Metrô Foto: Archives Nationales de Pierrefitte-sur-Seine/Editora Nós

Na Casa Gueto, onde será feita uma homenagem a Tula Pilar, estarão 13 editoras independentes: Aboio, Bambual, Editacuja, Feminas, Kotter, Mondru, MoMA, Patuá, Primata, Quase oito, Reformatório, Rizoma e Urutau. Haverá debates, sarau com microfone aberto, programação para crianças, oficinas e outras atividades. Ela fica na Rua Benedito Telmo Coupê (antiga rua Fresca), nº 277.

O coletivo Sete Selos, formado pelas editoras Ayiné, Bazar do Tempo, Carambaia, Círculo de Poemas, Cobogó, Fósforo e Ubu, também prevê uma ampla programação aberta ao público, em parceria com a revista Gama, a livraria Megafauna e a editora de audiolivros Supersônica, em uma casa montada na Rua da Matriz, nº 107. A Casa Sete Selos+ prevê 11 bate-papos, leituras e happy hours - haverá até um bar no local. Entre os autores convidados estão Eliane Robert Moraes e Sidarta Ribeiro.

Na Casa Edições Sesc, todos livros da editora estarão à venda com 40% de desconto. Ali, também serão realizados lançamentos e encontros a partir do conteúdo de suas publicações, entre outros temas. A entrada é gratuita e o público poderá acompanhar conversas acerca de temas como A independência do Brasil na perspectiva indígena, A literatura negra e literatura periférica e Graciliano, romancista, homem público, antirracista. Ela fica Rua Marechal Santos Dias (antiga Rua da Matriz), 43.

A Record vai levar autores de seu catálogo para conversas em sua casa, onde também vai ocorrer o lançamento do selo Amarcord, com “obras com narrativas incomuns”, e de seus primeiros títulos. Nélida Piñon será homenageada com o lançamento póstumo Os Rostos que Tenho, que só depois do evento chegará às livrarias, e Fernando Sabino também será lembrado em seu centenário. Alana S. Portero, da programação principal, estará por lá, assim como André Janones, Rafael Gallo e Andréa Beltrão, que vai ler trechos de Antígona. A casa está localizada na Rua Doutor Pereira, 396.

No Auditório Praça Aberta, do grupo CCR, localizado do outro lado do rio, o público acompanhará debates sobre empoderamento e sustentabilidade, entre outros temas. Primeira cacica trans do Brasil, Majur Traytowu está entre os convidados, bem como a ativista e escritora Eliane Potiguara, Márcia Kambeba e Kaká Werá.

A escritora Eliane Potiguara, pioneira na literatura indígena Foto: Iberoamerica Social

A Casa Estante Virtual vai receber Conceição Evaristo, Jeferson Tenório, Raphael Montes, Tobias Carvalho, Marcelo Maluf, Jacques Fux, Eliana Alves Cruz, Luciany Aparecida, Bruna Kalil Othero e Maria Homem. Ela fica na rua Marechal Santos Dias, 139.

A Casa Poéticas Negras prevê mais de 40 horas de atividades com mesas literárias, lançamentos de livros, sessão de autógrafos, slam, poesia, exibição do documentário Moa do Katende e shows. A lista de autores convidados inclui Katiuscia Ribeiro, Luciana Barreto, Dani Balbi, Fayda Belo e a cubana Teresa Cárdenas. Haverá ainda lançamentos de livros dedicadas à literatura afrobrasileiras, diaspóricas e indígenas das editoras Coletivo Diversos, FEMINAs, Jandira, Kitembo, Miolo Mole, Pallas e Telha. O endereço é Rua Comendador José Luiz, 398.

Com o tema Aqui + Agora, a programação da Janela Livraria e do selo editorial Mapa lab propõe discussões sobre temas da atualidade. Andréa Beltrão e Ronaldo Fraga são alguns dos convidados e está previsto o lançamento da série Aqui + agora Plaquetes Literárias, com 18 textos de autores como Sérgio Rodrigues, Maria Ribeiro, Carlos Eduardo Pereira, Bianca Ramoneda, Marcelo Moutinho e Mateus Baldi. A Casa Janela Livraria + Mapa Lab fica na Casa da Marilda (Rua Tenente Francisco Antônio, 309 - antigo N°26).

A Casa Publishnews vai reunir escritores e profissionais do mercado editorial em discussões sobre audiolivros, estratégias de ESG, políticas públicas do livro, marketing, etc. Entre os convidados estão Conceição Evaristo, Xico Sá e Fabiano dos Santos Piúba, secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura. Diariamente, haverá happy hour no local. A casa fica na Rua Tenente Francisco Antônio (também conhecida como Rua do Comércio), 300 (também conhecida como Rua do Comércio).

E ainda: A Casa Libre, da Liga Brasileira de Editoras, vai realizar 30 atividades gratuitas na Rua da Lapa, 200, em parceria com a Graviola Digital. Políticas públicas do literatura infantil, geopolítica, literatura LGBTQ e o papel da mulher nos livros (com, entre outras, Amelinha Teles, Marcia Kambeba e Teresa Cárdenas) são alguns dos temas em debate. A Encruza Literária, organizada pela Oficina Raquel no Bar Damião (R. Santa Rita, 229), contará com a presença, entre outros, de Conceição Evaristo, Cidinha da Silva, Marcelo Moutinho, Jamil Chade, Daniel Kondo e Paula Gicovate.

Na Casa Baderna haverá saraus, slams, oficinas, mesas e lançamentos Foto: Casa Baderna

A Casa Baderna (Rua Marechal Santos Dias, 27) vai sediar saraus, slams, oficinas, mesas e lançamentos. E Casa Escreva, Garota! receberá Ana Suy, Lilian Cardoso, Cassia Carrenho, Camila Cabete, Sue Hecker e Tatiany Leite, entre outras. Há ainda a Casa Queer, a Casa Enjoei e muitas outras.

Além de editoras e coletivos de editoras, o Sesc Santa Rita, na rua Dona Geralda, 15, prepara uma série de cafés literários para os dias da Flip, com alguns dos principais autores brasileiros como Conceição Evaristo, Giovana Madalosso, Jefferson Tenório, Fabio Porchat, Joca Reiners Terron, Paulliny Tort, Ilan Brenman, Noemi Jaffe, Sérgio Vaz e Roberta Estrela D’Alva.

Pagu para além do palco principal

A jornalista, militante e escritora Patrícia Galvão (1910-1962) será lembrada em diversos cantos da cidade por causa da homenagem na programação principal.

A mostra Viva Pagu, na Casa Estante Virtual, apresenta, a partir das 10h de quinta, 23, cartas, manuscritos e fotografias inéditas de Patrícia Galvão, que deram origem ao livro Cadernos de Pagu, de Lúcia Teixeira, que está sendo lançado pela Nocelli/Unisanta.

Na sexta, 24, a homenagem continua na programação da Encruza Literária às 15h, quando Taty Leite lê Pagu. Às 16h, na Casa Record, Joselia Aguiar, coordenadora da Coleção Brasileiras, da editora Rosa dos Ventos, fala sobre o livro Patrícia Galvão: Pagu, militante irredutível, de Maria Valéria Rezende, que conheceu Pagu em Santos.

Na Casa Paratodos, a partir das 17h, haverá uma conversa entre Luiza Romão e Adriana Armony, autora de Pagu no Metrô, intitulada Nós Somos Pagu. Na Casa Edições Sesc, também às 17h, a escritora é tema da mesa Dos escombros de Pagu, com Tereza Freire, autora de livro homônimo, Rudá K. de Andrade, neto de Pagu.

Às 19h, na Casa Estante Virtual, Paula Febbe e Mell Ferraz participam da mesa As várias facetas de Pagu. Na Casa Gueto, às 20h, Thais Aguiar apresenta o monólogo Pagu - Do Outro Lado do Mundo.

No sábado, 25, às 17h, no Auditório Praça Aberta, a atriz Elizabeth Savalla fará uma leitura dramática de trechos das obras de Pagu.

A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip 2023) foi aberta na noite desta quarta-feira, 22, com uma mesa sobre Pagu que reuniu a escritora Adriana Armony e o brasilianista David Jackson. Professor de Yale que descobriu Patrícia Galvão ao estudar Oswald de Andrade e se encantou, Jackson disse que Parque Industrial, dela, é um dos grandes romances do Modernismo e que Pagu é uma das maiores escritoras do século 20. Ele, que está lançando, pela Edusp, uma coletânea de 600 páginas com a produção jornalística de Pagu, destacou ainda sua força intelectual, sua solidariedade e seu humor.

Já Adriana Armony, que escolheu a escritora e militante como tema de seu pós-doutorado depois de ler Autobiografia Precoce e voltou da França com o romance Pagu no Metrô (Nós), ressaltou que a homenageada da Flip não foi uma mulher a frente apenas de seu tempo, mas uma mulher a frente do nosso tempo. Adriana destacou ainda que ela conseguiu “a partir de todos os constrangimentos e contradições levantar sua voz”. “Essa uma lição que ela tem para nos dar: uma lição de coragem, de reescrever seu nome; e cabe a nós, leitores, avançar nesses nomes.”

David Jackson, Adriana Armony e Eneida Leal Cunha, que fez a mediação da mesa de abertura da Flip 2023 Foto: Walter Craveiro/Flip

A mesa, encerrada com sons de uma tempestade que se aproximava na noite abafada, foi seguida por um show morno e conceitual de Adriana Calcanhotto com participação de Cid Campos, filho de Augusto de Campos - autor em destaque nesta Flip e biógrafo de Pagu.

Adriana Calcanhotto fez o show de abertura da Flip 2023 Foto: Sara De Santis

No telão, fotos de Adriana eram sobrepostas a cartas e manuscritos da homenageada e a cantora, cujo show foi anunciado apenas na semana passada, disse que tinha uma diferença entre as duas. “A Pagu largou a antropofagia e eu, não. E ela foi se dedicar às ideias comunistas, que eu larguei.” A música de Rita Lee animou um pouco mais o público.

Flip pela Centro Histórico

A Flip segue até domingo, 26, e não se concentra apenas ao redor da Praça da Matriz, onde estão o Auditório da Praça, com ingressos a R$ 130, e a Tenda da Flipinha e a do Telão, com acesso gratuito. A cada ano, a programação criada por editoras e coletivos de editoras, por iniciativa e investimento próprios, cresce, se espalha e se consolida - como uma alternativa gratuita e diversa para o público e também como palco de divulgação para escritores e seus livros.

Tainã Bispo, editora da Claraboia e da Paraquedas, participa pela primeira vez de uma casa coletiva - a Casa Pagã. “Juntas, fizemos um financiamento coletivo para dar vida à nossa festa, uma festa que queríamos democrática e acessível para todes. E foi o que fizemos: criamos uma programação de mesas, oficinas e sessões de autógrafos que envolve 125 escritores. A força do coletivo é isso: não conseguiríamos fazer algo desse tamanho sozinhos, ainda mais sendo editoras independentes.”

As editoras ganham em visibilidade, ela reconhece, mas, com a iniciativa, Tainã acredita que elas estão cumprindo seu papel de estar perto dos leitores e se fazer presente de forma acessível e democrática no debate público. “Exercemos nossa vontade e desejo de ser ponte entre escritores e leitores. E as casas na Flip são isso: ponto de encontro para homenagear e vibrar a força da literatura.” Para ela, a força da Flip hoje e nos anos recentes está na “multiplicidade dessas vozes que é feita de forma muito consistente pelos independentes”.

Casa Pagã é um dos espaços parceiros da Flip onde editores independentes vão promover encontros e outras programações Foto: Virginia Boucault

“Ter a casa é sobretudo um modo de acolher os autores e autoras. Eu sinto que eles e elas gostam de ter um lugar onde se ancorar na cidade. Então nesse sentido não há absolutamente nenhuma concorrência com as demais casas. É apenas um modo de ter um teto todo nosso para receber bem as pessoas e organizar encontros entre nós. O fato de ser coletiva se deu inicialmente pela necessidade de compartilhar os custos, que não são baixos”, explica Simone Paulino, editora da Nós, que está na Casa Paratodos. A iniciativa, alguns anos atrás, foi dela e de Marcelino Freire. “Com o tempo foi se estabelecendo uma afinidade eletiva entre as editoras que foram passando pela casa até chegar à formação atual.”

Outro espaço de destaque é a Casa Sete Selos. “O nosso grupo se organizou antes mesmo da Flip, justamente para participar de feiras e eventos porque coletivamente conseguimos dividir custos e tarefas, além de aumentar nosso alcance. Muitos dos nossos autores vêm para a Flip e queríamos oferecer a eles um espaço na festa. Além disso, é uma alegria ter a chance de trabalhar com colegas queridos cujos catálogos vemos como complementares”, disseram, coletivamente, os editores, que não veem uma competição entre a programação da Flip e a programação paralela, organizada pelas editoras.

Eles continuam: “A Flip tem espaço para todo mundo e quanto mais casas e espaços para autores e conversas, melhor. Com isso em mente, nesta edição, ampliamos nossa parceria ao convidar a revista Gama, a livraria Megafauna e a editora de audiolivros Supersônica, que se somam aos debates e encontros da festa”.

A seguir, selecionamos alguns desses espaços - dos mais intimistas (e por isso concorridos), como as casas de editoras, aos mais amplos (mas ainda assim menores do que a tenda principal) - que apresentam e realizam, até domingo, 26, uma programação diversa para todos os públicos.

+ Veja aqui a programação oficial da Flip 2023

A homenagem a Pagu também vai além dos espaços oficiais do evento, que está em sua 21ª edição. Veja outros destaques da programação abaixo.

Casas independentes

Na Casa Paratodos, as editoras Dublinense, Nós, Relicário, Roça Nova e Tabla vão realizar 16 mesas de debates sobre temas que vão da literatura à política, com convidados brasileiros e estrangeiros. O tema geral é Palanques de Pagu – Ocupações da literatura em tempos de guerra e estarão por lá nomes como Luiza Romão, Adriana Armony, Bruna Beber e a irlandesa Sinéad Gleeson, que estarão também no palco principal, além do moçambicano Manuel Mutimucuio e da portuguesa Joana Bértholo. A casa vai funcionar na Galeria Aecio Sarti (Rua Dr. Samuel Costa, 254), onde o público poderá comprar livros das cinco editoras.

A Casa Pagã (Rua Mal. Deodoro, 378), resultado da colaboração de seis editoras independentes (Claraboia/Paraquedas, Cousa, Fábrica de Cânones, Lote 42, Mireveja e Reformatório), vai funcionar no café, bar e ateliê Matriz Cultura e terá uma ampla programação e homenagens a Pagu e Zé Celso Martinez Corrêa. Estão previstas 13 oficinas, 17 mesas de bate-papo, 25 sessões de autógrafos e mais de 125 autores independentes envolvidos. Lúcia Teixeira, Henrique Rodrigues, Adriana Armony e Mauricio Pereira estão entre os convidados.

Foto de quando Pagu foi presa em Paris, encontrada por Adriana Armony em arquivos públicos na França e incluída no livro Pagu no Metrô Foto: Archives Nationales de Pierrefitte-sur-Seine/Editora Nós

Na Casa Gueto, onde será feita uma homenagem a Tula Pilar, estarão 13 editoras independentes: Aboio, Bambual, Editacuja, Feminas, Kotter, Mondru, MoMA, Patuá, Primata, Quase oito, Reformatório, Rizoma e Urutau. Haverá debates, sarau com microfone aberto, programação para crianças, oficinas e outras atividades. Ela fica na Rua Benedito Telmo Coupê (antiga rua Fresca), nº 277.

O coletivo Sete Selos, formado pelas editoras Ayiné, Bazar do Tempo, Carambaia, Círculo de Poemas, Cobogó, Fósforo e Ubu, também prevê uma ampla programação aberta ao público, em parceria com a revista Gama, a livraria Megafauna e a editora de audiolivros Supersônica, em uma casa montada na Rua da Matriz, nº 107. A Casa Sete Selos+ prevê 11 bate-papos, leituras e happy hours - haverá até um bar no local. Entre os autores convidados estão Eliane Robert Moraes e Sidarta Ribeiro.

Na Casa Edições Sesc, todos livros da editora estarão à venda com 40% de desconto. Ali, também serão realizados lançamentos e encontros a partir do conteúdo de suas publicações, entre outros temas. A entrada é gratuita e o público poderá acompanhar conversas acerca de temas como A independência do Brasil na perspectiva indígena, A literatura negra e literatura periférica e Graciliano, romancista, homem público, antirracista. Ela fica Rua Marechal Santos Dias (antiga Rua da Matriz), 43.

A Record vai levar autores de seu catálogo para conversas em sua casa, onde também vai ocorrer o lançamento do selo Amarcord, com “obras com narrativas incomuns”, e de seus primeiros títulos. Nélida Piñon será homenageada com o lançamento póstumo Os Rostos que Tenho, que só depois do evento chegará às livrarias, e Fernando Sabino também será lembrado em seu centenário. Alana S. Portero, da programação principal, estará por lá, assim como André Janones, Rafael Gallo e Andréa Beltrão, que vai ler trechos de Antígona. A casa está localizada na Rua Doutor Pereira, 396.

No Auditório Praça Aberta, do grupo CCR, localizado do outro lado do rio, o público acompanhará debates sobre empoderamento e sustentabilidade, entre outros temas. Primeira cacica trans do Brasil, Majur Traytowu está entre os convidados, bem como a ativista e escritora Eliane Potiguara, Márcia Kambeba e Kaká Werá.

A escritora Eliane Potiguara, pioneira na literatura indígena Foto: Iberoamerica Social

A Casa Estante Virtual vai receber Conceição Evaristo, Jeferson Tenório, Raphael Montes, Tobias Carvalho, Marcelo Maluf, Jacques Fux, Eliana Alves Cruz, Luciany Aparecida, Bruna Kalil Othero e Maria Homem. Ela fica na rua Marechal Santos Dias, 139.

A Casa Poéticas Negras prevê mais de 40 horas de atividades com mesas literárias, lançamentos de livros, sessão de autógrafos, slam, poesia, exibição do documentário Moa do Katende e shows. A lista de autores convidados inclui Katiuscia Ribeiro, Luciana Barreto, Dani Balbi, Fayda Belo e a cubana Teresa Cárdenas. Haverá ainda lançamentos de livros dedicadas à literatura afrobrasileiras, diaspóricas e indígenas das editoras Coletivo Diversos, FEMINAs, Jandira, Kitembo, Miolo Mole, Pallas e Telha. O endereço é Rua Comendador José Luiz, 398.

Com o tema Aqui + Agora, a programação da Janela Livraria e do selo editorial Mapa lab propõe discussões sobre temas da atualidade. Andréa Beltrão e Ronaldo Fraga são alguns dos convidados e está previsto o lançamento da série Aqui + agora Plaquetes Literárias, com 18 textos de autores como Sérgio Rodrigues, Maria Ribeiro, Carlos Eduardo Pereira, Bianca Ramoneda, Marcelo Moutinho e Mateus Baldi. A Casa Janela Livraria + Mapa Lab fica na Casa da Marilda (Rua Tenente Francisco Antônio, 309 - antigo N°26).

A Casa Publishnews vai reunir escritores e profissionais do mercado editorial em discussões sobre audiolivros, estratégias de ESG, políticas públicas do livro, marketing, etc. Entre os convidados estão Conceição Evaristo, Xico Sá e Fabiano dos Santos Piúba, secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura. Diariamente, haverá happy hour no local. A casa fica na Rua Tenente Francisco Antônio (também conhecida como Rua do Comércio), 300 (também conhecida como Rua do Comércio).

E ainda: A Casa Libre, da Liga Brasileira de Editoras, vai realizar 30 atividades gratuitas na Rua da Lapa, 200, em parceria com a Graviola Digital. Políticas públicas do literatura infantil, geopolítica, literatura LGBTQ e o papel da mulher nos livros (com, entre outras, Amelinha Teles, Marcia Kambeba e Teresa Cárdenas) são alguns dos temas em debate. A Encruza Literária, organizada pela Oficina Raquel no Bar Damião (R. Santa Rita, 229), contará com a presença, entre outros, de Conceição Evaristo, Cidinha da Silva, Marcelo Moutinho, Jamil Chade, Daniel Kondo e Paula Gicovate.

Na Casa Baderna haverá saraus, slams, oficinas, mesas e lançamentos Foto: Casa Baderna

A Casa Baderna (Rua Marechal Santos Dias, 27) vai sediar saraus, slams, oficinas, mesas e lançamentos. E Casa Escreva, Garota! receberá Ana Suy, Lilian Cardoso, Cassia Carrenho, Camila Cabete, Sue Hecker e Tatiany Leite, entre outras. Há ainda a Casa Queer, a Casa Enjoei e muitas outras.

Além de editoras e coletivos de editoras, o Sesc Santa Rita, na rua Dona Geralda, 15, prepara uma série de cafés literários para os dias da Flip, com alguns dos principais autores brasileiros como Conceição Evaristo, Giovana Madalosso, Jefferson Tenório, Fabio Porchat, Joca Reiners Terron, Paulliny Tort, Ilan Brenman, Noemi Jaffe, Sérgio Vaz e Roberta Estrela D’Alva.

Pagu para além do palco principal

A jornalista, militante e escritora Patrícia Galvão (1910-1962) será lembrada em diversos cantos da cidade por causa da homenagem na programação principal.

A mostra Viva Pagu, na Casa Estante Virtual, apresenta, a partir das 10h de quinta, 23, cartas, manuscritos e fotografias inéditas de Patrícia Galvão, que deram origem ao livro Cadernos de Pagu, de Lúcia Teixeira, que está sendo lançado pela Nocelli/Unisanta.

Na sexta, 24, a homenagem continua na programação da Encruza Literária às 15h, quando Taty Leite lê Pagu. Às 16h, na Casa Record, Joselia Aguiar, coordenadora da Coleção Brasileiras, da editora Rosa dos Ventos, fala sobre o livro Patrícia Galvão: Pagu, militante irredutível, de Maria Valéria Rezende, que conheceu Pagu em Santos.

Na Casa Paratodos, a partir das 17h, haverá uma conversa entre Luiza Romão e Adriana Armony, autora de Pagu no Metrô, intitulada Nós Somos Pagu. Na Casa Edições Sesc, também às 17h, a escritora é tema da mesa Dos escombros de Pagu, com Tereza Freire, autora de livro homônimo, Rudá K. de Andrade, neto de Pagu.

Às 19h, na Casa Estante Virtual, Paula Febbe e Mell Ferraz participam da mesa As várias facetas de Pagu. Na Casa Gueto, às 20h, Thais Aguiar apresenta o monólogo Pagu - Do Outro Lado do Mundo.

No sábado, 25, às 17h, no Auditório Praça Aberta, a atriz Elizabeth Savalla fará uma leitura dramática de trechos das obras de Pagu.

A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip 2023) foi aberta na noite desta quarta-feira, 22, com uma mesa sobre Pagu que reuniu a escritora Adriana Armony e o brasilianista David Jackson. Professor de Yale que descobriu Patrícia Galvão ao estudar Oswald de Andrade e se encantou, Jackson disse que Parque Industrial, dela, é um dos grandes romances do Modernismo e que Pagu é uma das maiores escritoras do século 20. Ele, que está lançando, pela Edusp, uma coletânea de 600 páginas com a produção jornalística de Pagu, destacou ainda sua força intelectual, sua solidariedade e seu humor.

Já Adriana Armony, que escolheu a escritora e militante como tema de seu pós-doutorado depois de ler Autobiografia Precoce e voltou da França com o romance Pagu no Metrô (Nós), ressaltou que a homenageada da Flip não foi uma mulher a frente apenas de seu tempo, mas uma mulher a frente do nosso tempo. Adriana destacou ainda que ela conseguiu “a partir de todos os constrangimentos e contradições levantar sua voz”. “Essa uma lição que ela tem para nos dar: uma lição de coragem, de reescrever seu nome; e cabe a nós, leitores, avançar nesses nomes.”

David Jackson, Adriana Armony e Eneida Leal Cunha, que fez a mediação da mesa de abertura da Flip 2023 Foto: Walter Craveiro/Flip

A mesa, encerrada com sons de uma tempestade que se aproximava na noite abafada, foi seguida por um show morno e conceitual de Adriana Calcanhotto com participação de Cid Campos, filho de Augusto de Campos - autor em destaque nesta Flip e biógrafo de Pagu.

Adriana Calcanhotto fez o show de abertura da Flip 2023 Foto: Sara De Santis

No telão, fotos de Adriana eram sobrepostas a cartas e manuscritos da homenageada e a cantora, cujo show foi anunciado apenas na semana passada, disse que tinha uma diferença entre as duas. “A Pagu largou a antropofagia e eu, não. E ela foi se dedicar às ideias comunistas, que eu larguei.” A música de Rita Lee animou um pouco mais o público.

Flip pela Centro Histórico

A Flip segue até domingo, 26, e não se concentra apenas ao redor da Praça da Matriz, onde estão o Auditório da Praça, com ingressos a R$ 130, e a Tenda da Flipinha e a do Telão, com acesso gratuito. A cada ano, a programação criada por editoras e coletivos de editoras, por iniciativa e investimento próprios, cresce, se espalha e se consolida - como uma alternativa gratuita e diversa para o público e também como palco de divulgação para escritores e seus livros.

Tainã Bispo, editora da Claraboia e da Paraquedas, participa pela primeira vez de uma casa coletiva - a Casa Pagã. “Juntas, fizemos um financiamento coletivo para dar vida à nossa festa, uma festa que queríamos democrática e acessível para todes. E foi o que fizemos: criamos uma programação de mesas, oficinas e sessões de autógrafos que envolve 125 escritores. A força do coletivo é isso: não conseguiríamos fazer algo desse tamanho sozinhos, ainda mais sendo editoras independentes.”

As editoras ganham em visibilidade, ela reconhece, mas, com a iniciativa, Tainã acredita que elas estão cumprindo seu papel de estar perto dos leitores e se fazer presente de forma acessível e democrática no debate público. “Exercemos nossa vontade e desejo de ser ponte entre escritores e leitores. E as casas na Flip são isso: ponto de encontro para homenagear e vibrar a força da literatura.” Para ela, a força da Flip hoje e nos anos recentes está na “multiplicidade dessas vozes que é feita de forma muito consistente pelos independentes”.

Casa Pagã é um dos espaços parceiros da Flip onde editores independentes vão promover encontros e outras programações Foto: Virginia Boucault

“Ter a casa é sobretudo um modo de acolher os autores e autoras. Eu sinto que eles e elas gostam de ter um lugar onde se ancorar na cidade. Então nesse sentido não há absolutamente nenhuma concorrência com as demais casas. É apenas um modo de ter um teto todo nosso para receber bem as pessoas e organizar encontros entre nós. O fato de ser coletiva se deu inicialmente pela necessidade de compartilhar os custos, que não são baixos”, explica Simone Paulino, editora da Nós, que está na Casa Paratodos. A iniciativa, alguns anos atrás, foi dela e de Marcelino Freire. “Com o tempo foi se estabelecendo uma afinidade eletiva entre as editoras que foram passando pela casa até chegar à formação atual.”

Outro espaço de destaque é a Casa Sete Selos. “O nosso grupo se organizou antes mesmo da Flip, justamente para participar de feiras e eventos porque coletivamente conseguimos dividir custos e tarefas, além de aumentar nosso alcance. Muitos dos nossos autores vêm para a Flip e queríamos oferecer a eles um espaço na festa. Além disso, é uma alegria ter a chance de trabalhar com colegas queridos cujos catálogos vemos como complementares”, disseram, coletivamente, os editores, que não veem uma competição entre a programação da Flip e a programação paralela, organizada pelas editoras.

Eles continuam: “A Flip tem espaço para todo mundo e quanto mais casas e espaços para autores e conversas, melhor. Com isso em mente, nesta edição, ampliamos nossa parceria ao convidar a revista Gama, a livraria Megafauna e a editora de audiolivros Supersônica, que se somam aos debates e encontros da festa”.

A seguir, selecionamos alguns desses espaços - dos mais intimistas (e por isso concorridos), como as casas de editoras, aos mais amplos (mas ainda assim menores do que a tenda principal) - que apresentam e realizam, até domingo, 26, uma programação diversa para todos os públicos.

+ Veja aqui a programação oficial da Flip 2023

A homenagem a Pagu também vai além dos espaços oficiais do evento, que está em sua 21ª edição. Veja outros destaques da programação abaixo.

Casas independentes

Na Casa Paratodos, as editoras Dublinense, Nós, Relicário, Roça Nova e Tabla vão realizar 16 mesas de debates sobre temas que vão da literatura à política, com convidados brasileiros e estrangeiros. O tema geral é Palanques de Pagu – Ocupações da literatura em tempos de guerra e estarão por lá nomes como Luiza Romão, Adriana Armony, Bruna Beber e a irlandesa Sinéad Gleeson, que estarão também no palco principal, além do moçambicano Manuel Mutimucuio e da portuguesa Joana Bértholo. A casa vai funcionar na Galeria Aecio Sarti (Rua Dr. Samuel Costa, 254), onde o público poderá comprar livros das cinco editoras.

A Casa Pagã (Rua Mal. Deodoro, 378), resultado da colaboração de seis editoras independentes (Claraboia/Paraquedas, Cousa, Fábrica de Cânones, Lote 42, Mireveja e Reformatório), vai funcionar no café, bar e ateliê Matriz Cultura e terá uma ampla programação e homenagens a Pagu e Zé Celso Martinez Corrêa. Estão previstas 13 oficinas, 17 mesas de bate-papo, 25 sessões de autógrafos e mais de 125 autores independentes envolvidos. Lúcia Teixeira, Henrique Rodrigues, Adriana Armony e Mauricio Pereira estão entre os convidados.

Foto de quando Pagu foi presa em Paris, encontrada por Adriana Armony em arquivos públicos na França e incluída no livro Pagu no Metrô Foto: Archives Nationales de Pierrefitte-sur-Seine/Editora Nós

Na Casa Gueto, onde será feita uma homenagem a Tula Pilar, estarão 13 editoras independentes: Aboio, Bambual, Editacuja, Feminas, Kotter, Mondru, MoMA, Patuá, Primata, Quase oito, Reformatório, Rizoma e Urutau. Haverá debates, sarau com microfone aberto, programação para crianças, oficinas e outras atividades. Ela fica na Rua Benedito Telmo Coupê (antiga rua Fresca), nº 277.

O coletivo Sete Selos, formado pelas editoras Ayiné, Bazar do Tempo, Carambaia, Círculo de Poemas, Cobogó, Fósforo e Ubu, também prevê uma ampla programação aberta ao público, em parceria com a revista Gama, a livraria Megafauna e a editora de audiolivros Supersônica, em uma casa montada na Rua da Matriz, nº 107. A Casa Sete Selos+ prevê 11 bate-papos, leituras e happy hours - haverá até um bar no local. Entre os autores convidados estão Eliane Robert Moraes e Sidarta Ribeiro.

Na Casa Edições Sesc, todos livros da editora estarão à venda com 40% de desconto. Ali, também serão realizados lançamentos e encontros a partir do conteúdo de suas publicações, entre outros temas. A entrada é gratuita e o público poderá acompanhar conversas acerca de temas como A independência do Brasil na perspectiva indígena, A literatura negra e literatura periférica e Graciliano, romancista, homem público, antirracista. Ela fica Rua Marechal Santos Dias (antiga Rua da Matriz), 43.

A Record vai levar autores de seu catálogo para conversas em sua casa, onde também vai ocorrer o lançamento do selo Amarcord, com “obras com narrativas incomuns”, e de seus primeiros títulos. Nélida Piñon será homenageada com o lançamento póstumo Os Rostos que Tenho, que só depois do evento chegará às livrarias, e Fernando Sabino também será lembrado em seu centenário. Alana S. Portero, da programação principal, estará por lá, assim como André Janones, Rafael Gallo e Andréa Beltrão, que vai ler trechos de Antígona. A casa está localizada na Rua Doutor Pereira, 396.

No Auditório Praça Aberta, do grupo CCR, localizado do outro lado do rio, o público acompanhará debates sobre empoderamento e sustentabilidade, entre outros temas. Primeira cacica trans do Brasil, Majur Traytowu está entre os convidados, bem como a ativista e escritora Eliane Potiguara, Márcia Kambeba e Kaká Werá.

A escritora Eliane Potiguara, pioneira na literatura indígena Foto: Iberoamerica Social

A Casa Estante Virtual vai receber Conceição Evaristo, Jeferson Tenório, Raphael Montes, Tobias Carvalho, Marcelo Maluf, Jacques Fux, Eliana Alves Cruz, Luciany Aparecida, Bruna Kalil Othero e Maria Homem. Ela fica na rua Marechal Santos Dias, 139.

A Casa Poéticas Negras prevê mais de 40 horas de atividades com mesas literárias, lançamentos de livros, sessão de autógrafos, slam, poesia, exibição do documentário Moa do Katende e shows. A lista de autores convidados inclui Katiuscia Ribeiro, Luciana Barreto, Dani Balbi, Fayda Belo e a cubana Teresa Cárdenas. Haverá ainda lançamentos de livros dedicadas à literatura afrobrasileiras, diaspóricas e indígenas das editoras Coletivo Diversos, FEMINAs, Jandira, Kitembo, Miolo Mole, Pallas e Telha. O endereço é Rua Comendador José Luiz, 398.

Com o tema Aqui + Agora, a programação da Janela Livraria e do selo editorial Mapa lab propõe discussões sobre temas da atualidade. Andréa Beltrão e Ronaldo Fraga são alguns dos convidados e está previsto o lançamento da série Aqui + agora Plaquetes Literárias, com 18 textos de autores como Sérgio Rodrigues, Maria Ribeiro, Carlos Eduardo Pereira, Bianca Ramoneda, Marcelo Moutinho e Mateus Baldi. A Casa Janela Livraria + Mapa Lab fica na Casa da Marilda (Rua Tenente Francisco Antônio, 309 - antigo N°26).

A Casa Publishnews vai reunir escritores e profissionais do mercado editorial em discussões sobre audiolivros, estratégias de ESG, políticas públicas do livro, marketing, etc. Entre os convidados estão Conceição Evaristo, Xico Sá e Fabiano dos Santos Piúba, secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura. Diariamente, haverá happy hour no local. A casa fica na Rua Tenente Francisco Antônio (também conhecida como Rua do Comércio), 300 (também conhecida como Rua do Comércio).

E ainda: A Casa Libre, da Liga Brasileira de Editoras, vai realizar 30 atividades gratuitas na Rua da Lapa, 200, em parceria com a Graviola Digital. Políticas públicas do literatura infantil, geopolítica, literatura LGBTQ e o papel da mulher nos livros (com, entre outras, Amelinha Teles, Marcia Kambeba e Teresa Cárdenas) são alguns dos temas em debate. A Encruza Literária, organizada pela Oficina Raquel no Bar Damião (R. Santa Rita, 229), contará com a presença, entre outros, de Conceição Evaristo, Cidinha da Silva, Marcelo Moutinho, Jamil Chade, Daniel Kondo e Paula Gicovate.

Na Casa Baderna haverá saraus, slams, oficinas, mesas e lançamentos Foto: Casa Baderna

A Casa Baderna (Rua Marechal Santos Dias, 27) vai sediar saraus, slams, oficinas, mesas e lançamentos. E Casa Escreva, Garota! receberá Ana Suy, Lilian Cardoso, Cassia Carrenho, Camila Cabete, Sue Hecker e Tatiany Leite, entre outras. Há ainda a Casa Queer, a Casa Enjoei e muitas outras.

Além de editoras e coletivos de editoras, o Sesc Santa Rita, na rua Dona Geralda, 15, prepara uma série de cafés literários para os dias da Flip, com alguns dos principais autores brasileiros como Conceição Evaristo, Giovana Madalosso, Jefferson Tenório, Fabio Porchat, Joca Reiners Terron, Paulliny Tort, Ilan Brenman, Noemi Jaffe, Sérgio Vaz e Roberta Estrela D’Alva.

Pagu para além do palco principal

A jornalista, militante e escritora Patrícia Galvão (1910-1962) será lembrada em diversos cantos da cidade por causa da homenagem na programação principal.

A mostra Viva Pagu, na Casa Estante Virtual, apresenta, a partir das 10h de quinta, 23, cartas, manuscritos e fotografias inéditas de Patrícia Galvão, que deram origem ao livro Cadernos de Pagu, de Lúcia Teixeira, que está sendo lançado pela Nocelli/Unisanta.

Na sexta, 24, a homenagem continua na programação da Encruza Literária às 15h, quando Taty Leite lê Pagu. Às 16h, na Casa Record, Joselia Aguiar, coordenadora da Coleção Brasileiras, da editora Rosa dos Ventos, fala sobre o livro Patrícia Galvão: Pagu, militante irredutível, de Maria Valéria Rezende, que conheceu Pagu em Santos.

Na Casa Paratodos, a partir das 17h, haverá uma conversa entre Luiza Romão e Adriana Armony, autora de Pagu no Metrô, intitulada Nós Somos Pagu. Na Casa Edições Sesc, também às 17h, a escritora é tema da mesa Dos escombros de Pagu, com Tereza Freire, autora de livro homônimo, Rudá K. de Andrade, neto de Pagu.

Às 19h, na Casa Estante Virtual, Paula Febbe e Mell Ferraz participam da mesa As várias facetas de Pagu. Na Casa Gueto, às 20h, Thais Aguiar apresenta o monólogo Pagu - Do Outro Lado do Mundo.

No sábado, 25, às 17h, no Auditório Praça Aberta, a atriz Elizabeth Savalla fará uma leitura dramática de trechos das obras de Pagu.

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